Continuamos
aqui a visita aos anos 50 da Atlas Comics, o nome que a Marvel usava nessa
altura, e em que uma série de novos heróis passou pelas bancas
norte-americanas, sem deixar grande marca nas vendas da época, mas contribuindo
para engrandecer a história da editora.
Estes
heróis passaram por uma série de temáticas, e não necessariamente pelos
super-heróis. Continuamos a listagem dos heróis aventureiros que a Marvel
publicou nesta fase, alguns deles acabando por ficar conhecidos pelo público
português, mesmo não sabendo que faziam parte do Universo Marvel. Tal como
explicámos na primeira parte, não vamos listar os heróis dos westerns e das
revistas de guerra, que foram em número bem maior.
Heróis do espaço
Marvel Boy é Bob Grayson, filho do cientista Matthew
Grayson, que fugiu com o pai para o planeta Urano no início da Segunda Guerra
Mundial. Durante a infância, Bob Grayson foi treinado pelos cientistas
uranianos para utilizar um par de pulseiras energéticas, podendo assim retornar
à Terra como um adolescente, para enfrentar ameaças comunistas ou terroristas
que usavam ciência avançada, muitas vezes fornecida por invasores alienígenas.
Era geralmente ajudado (ou atrapalhado) por Lilli, uma uraniana. Marvel Boy foi
depois recuperado nos anos 70 como um vilão numa história do Quarteto
Fantástico, numa história da revista What If? (como membro de uma equipa
de Vingadores activa em 1958), reciclado no herói Quasar (membro da SHIELD e
dos Vingadores, usando as pulseiras quânticas, agora relacionadas com a
entidade cósmica Eon) e novamente reintroduzido no Universo Marvel, décadas
mais tarde, como parte da série Agents of Atlas.
A revista Space Squadron era uma espécie de
antologia, onde todos os personagens estavam ligados. O herói principal era o
capitão Jet Dixon, acompanhado pelos seus assistentes, o cadete Rusty Blake e o
guerreiro marciano Max, e pela sua namorada Dawn Revere, filha do comandante do
esquadrão, Blast Revere. As histórias passavam-se no então longínquo ano 2000, onde
viagens extra-planetárias eram comuns e o sistema solar pululava com espécies
alienígenas. As histórias secundárias tinham como heróis um jovem Blast Revere
em início de carreira e a tira “Famous Explorers of Space”, que explorava o
passado recente do mundo de Space
Squadron.
Speed Carter era o herói da revista Spaceman, onde Carter liderava um esquadrão de Sentinelas do
Espaço, no ano 2075. Tal como o seu congénere Jet Dixon, habita um futuro onde
a humanidade se espalhou pelas estrelas e onde é necessário enfrentar muitas
ameaças alienígenas, dentro e fora do Sistema Solar. Speed Carter lidera uma
unidade que inclui o seu assistente, Crash Morgan, a sua namorada, Stellar
Stone (filha do comandante dos Sentinelas) e o cadete Johnny Day, um
adolescente. Tal como em Space Squadron,
a revista Spaceman incluía a rubrica
“Famous Explorers of Space”, mas desta vez relacionada com Carter em vez de Jet
Dixon. Aliás, o mundo de Spaceman não era o futuro de Space Squadron.
Histórias
publicadas em: Marvel Boy #1-2 e Astonishing #3-6; Space
Squadron #1-5 e Space Worlds #6; Spaceman #1-6.
Heróis da selva
Existiram duas revistas separadas passadas na selva com
mulheres como personagens principais. A mais bem-sucedida foi Lorna, Rainha da
Selva, um clone óbvio de Sheena, mais à vontade no mato africano que em
qualquer lugar civilizado. As histórias eram típicas, envolvendo animais
selvagens, caçadores furtivos e, estranhamente, uma atitude mais progressiva
com os africanos nativos do que era normal para a época. De Julho de 1954 a
Agosto de 1957, teve uma publicação longa. O caçador Greg Knight
(romanticamente interessado em Lorna), o chefe tribal M’tuba e o chimpanzé
Mikki constituíam o elenco, com Knight a ter direito a histórias próprias
dentro da revista.
Jann da Selva (em português, Jana da Selva, como chegou a
aparecer na revista Mundo de Aventuras) não era muito diferente de
Lorna, embora as suas habilidades acrobáticas tenham sido aprendidas no circo,
onde era uma trapezista com o nome Jane Hastings. Jann encabeçava uma antologia
com personagens não relacionadas, incluindo o príncipe Waku (o primeiro
personagem negro a ter histórias próprias numa editora americana convencional)
e o caçador Cliff Mason, que, ao contrário da relação de Greg Knight com Lorna,
nunca conheceu Jann. O seu principal aliado era o chefe tribal Kuba.
Existiu também a antologia Jungle Action, com vários
personagens recorrentes, Lo-Zar, muito parecido com Ka-Zar (tanto que, quando
as histórias foram republicadas nos anos 70, foi renomeado Tharn), que protegia
a selva africana de invasores comunistas; Jungle Boy, um adolescente filho de
um caçador, inspirado no filho de Tarzan, Korak, e que também tinha um ódio
visceral a comunistas (enfim, eram os anos 50); Leopard Girl, uma heroína que
usava uma pele de leopardo que lhe cobria todo o corpo; e Man-oo the Mighty, um
gorila inteligente. Embora nunca se tivessem encontrado, muitos destes tinham
um fio condutor recorrente nas suas respectivas histórias, a cobra gigante
Serpo.
Material de
leitura: Lorna the Jungle Queen #1-5 e Lorna the Jungle Girl
#6-26; Jungle Tales #1-7 e Jann of the Jungle #8-17; Jungle
Action #1-6.
Leia também a Parte 1.