- Lá, estará uma jovem de olhos claros à minha espera. Ela aquecer-me-á o coração com o seu sorriso.
Não vale a pena falar de Hermann, de como ele influenciou o meu gosto pela BD desde pequeno, com a série Jugurtha (o que eu adorava essa série), e depois de outras como Comanche, Bernard Prince ou Jeremiah que eu tenho no coração.
Muitos outros livros ele desenhou e pintou, uns melhores que
outros, mas houve características que se foram ganhando e outras perdendo. A
sua capacidade para grandes cenários com excelentes ambiências foi-se tornando
mais rica com a idade, na minha opinião, em contrapartida a figura humana foi
ficando mais feia, sendo que neste livro as faces das personagens por vezes
roçam o grotesco. Esta também é a minha opinião.
Neste Brigantus, publicado em Portugal pela Arte de Autor, e analisando a sua arte, acho que é isso que acontece. Os cenários enevoados e pantanosos estão maravilhosos, mas alguns legionários romanos e habitantes Pictos poderiam fazer parte da minha colecção de personagens de pesadelos. Para dar um pouco de cor a estes soturnos cenários escoceses usa o sangue, e a cor dos uniformes romanos para contrastar com os mortiços cinzentos.
E dito isto, não tenho nada a apontar à sequência gráfica
aplicada à narrativa. É fluida e bem executada por um mestre
extraordinariamente experiente neste mister.
Quem se lembra da última personagem (masculina ou feminina)
bonita que Hermann desenhou? 😏 Não é
que seja obrigatório haver “gente gira” a salpicar toda e qualquer história,
mas é muita gente feia junta nos últimos livros Hermann.
Pronto, ele queria mostrar fealdade humana nesta série, em
que pela primeira vez Hermann e Yves H. se cruzam com o mundo Romano, digamos que
conseguiu… tanto na fealdade física, como a fealdade da alma.
Quanto à história propriamente dita é apenas uma
apresentação simples do legionário Brigantus, denominado pelos seus “companheiros” como
O Picto. Neste aspecto está mesmo um pouco básico.
Yves H. nunca escreveu histórias de renome ou excelência que
me lembre, na minha opinião é competente e acompanha o seu pai Hermann já há
muito tempo, o que lhe dá visibilidade no mundo da BD. Neste Brigantus faz
apenas uma apresentação, uma bastante violenta por sinal, da principal personagem, a única que é minimamente trabalhada é Brigantus, sendo as outras
meramente coadjuvantes para esse efeito.
O cenário geral é a tentativa de Roma conquistar toda a ilha Britânica, o que nunca conseguiu, e neste caso a Centúria de Brigantus estava a caminho dos fortes romanos mais a norte, já na Caledónia (Escócia), para os reforçar.
Mas não é fácil… existe o tempo adverso, a paisagem
pantanosa, com a sua névoa típica e existem…
os Pictos que são uns chatos! 😋
Há muito a fazer pela história ainda, e o Leituras de BD
espera que o segundo volume seja mais trabalhado por Yves H., porque na
realidade um cartão de visita de 54 páginas sabe a pouco como apresentação.
Autores: Hermann & Yves H.
Edição: Cartonada
Número de páginas: 56 a cores
Impressão: a cores
Data de Edição: Março 2024
ISBN: 978-989-9094-43-7
PVP: 18,50€
Editora: Arte de Autor
Desde já as minhas desculpas pela qualidade das
digitalizações. Infelizmente não consegui fazer melhor, não fazem justiça às
páginas de onde saíram.
Boas leituras