terça-feira, 3 de novembro de 2009

BRK


Desde o tempo em que saía no BD Jornal que eu tinha uma certa curiosidade em relação a esta obra de Filipe Pina e Filipe Andrade. Visto que eu não era fã do formato do BD Jornal nunca o comprei, logo desta Banda Desenhada apenas conhecia algumas páginas que iam sendo colocadas pelos autores no Fórum do Portal Central Comics. Gostei do “aspecto geral” da arte, visto que não sabia nada da estória, apenas a sinopse.
Filipe Pina (texto) e Filipe Andrade (desenho) são dois jovens autores (30 e 23 anos, respectivamente) que se juntaram em 2006 para este projecto. E é um bom projecto! Faz falta na nossa BD nacional este tipo de livro pois é chamativo para os jovens, ou não seja o protagonista e a maior parte das personagens bastante jovens. Gostei de ver no Amadora BD muitos jovens com o BRK debaixo do braço. E em relação a uma mini polémica que ouvi entre gente mais adulta acerca do protagonista fumar… bem, foi assim que foi idealizado e é assim que fica bem! Como costumo dizer, ninguém começa a fumar por causa da Banda Desenhada e ninguém deixa de fumar por causa dela. Há personagens que para mim perderam o completamente o carisma quando lhe retiraram o cigarro, com a desculpa de que seria um mau exemplo para a juventude, ex.: Lucky Luke. Espero que o David continue a ser como é! Se deixar de fumar, que seja naturalmente…
Li o livro com bastante agrado, a estória corre fluida e com bom ritmo. O protagonista, David, está muito bem tratado psicologicamente e a Bia está “quase lá”. Acredito que no próximo volume também ela será mais bem caracterizada. Gostei muito de Ana, a super inteligente irmã de David, e espero que tenha uma boa utilização posterior! A arte está boa, recebendo influências várias e mescladas da melhor maneira, podendo conquistar assim leitores dos vários quadrantes da BD (Franco-Belga, Manga e Comics norte-americanos).
David é um jovem adolescente na” idade do armário”, mas com ideias bem sólidas sobre o mundo que o rodeia. A globalização para ele não é uma palavra oca! Devido a isso, é contactado pela ruiva Bia para fazer parte de uma organização não violenta que quer fazer uma revolução mental na sociedade vigente. É apresentado na sede da organização “Estalo” (BRK) e consegue ser aceite como membro, a partir daqui a acção torna-se mais rápida e com umas reviravoltas bem conseguidas! Claro que não vou pôr-me a contar a estória do livro, este terá de ser lido e recomendo-o aos jovens.
Espero que o segundo volume saia rápido, pois não convém deixar este tipo de estória pendurada, os jovens têm pouca paciência…
Dos livros novos de autores portugueses que estão a ser promovidos no Amadora BD, este foi o que eu gostei mais, embora haja outro (que eu ainda não li nem possuo) do Rui Lacas que me parece muito bom: Asteroid Fighters.
Boas leituras!

Softcover
Criado por: Filipe Pina e Filipe Andrade
Editado em 2009 pela ASA
Nota : 8,5 em 10

9 comentários:

  1. Hardcover? és especial ou não será softcover :P

    Também acho que há uma lacuna neste género de BD por cá e é bom ver livros como "BRK" surgir.
    Quanto ao fumar epá, já chega a sério. Pobre do Lucky Luke agoa tem que andar com adesivos de nicotina e desenvolveu uma fixação oral por uma palha.

    Ahe o asteroid ficghters já cá canta.

    Abraço

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  2. Boas!
    Acho que fizeste uma critica simplesmente óptima e os com pontos que deviam realmente ser focados!
    Adoro a arte em geral do livro tendo em conta que tem, e muito,misturas de estilos. E como alguns sabem, esse factor é BASTANTE criticado ...e muitas vezes negativamente...Eu pessoalmente gostei muito!
    Em relação ao factor "Fumar"....*riso* se fosse só esse o problema "politicamente" incorrecto...Há muitos outros aspectos sociais que são massacrados (calma que estou a tentar não me exaltar ehehe)!
    Gostaria , nem que por um bocadinho, fazer ver ao público português que a banda desenhada e a animação não são exclusivamente para UM público mas sim para várias formas de pensar e ....estar na vida =)
    Fiquem bem malta =D

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  3. Olá Bongop!!
    Fizeste uma boa análise do BRK, como são todas as tuas análises... só não concordo numa coisa, o livro não é bom... é excelente!!
    Eu nem queria acreditar quando o li pela primeira vez, fiquei muito surpreendido quer pela qualidade da história quer, especialmente, pela qualidade da arte. O traço do Filipe Andrade é muito bom (mesmo!!), nem queria acreditar que era português!!
    Quando dizem que tem várias influências, gostava de saber qual o desenhador que não recebe influências de outros, é natural que o Filipe esteja à procura de um estilo próprio (afinal ainda é muito novo), mas já se nota traços únicos. A arte tem um aspecto manga, muito graças aos olhos expressivos e às reacções exageradas dos personagens. A técnica do Filipe faz-me lembrar outro grande desenhador, o excelente Humberto Ramos.
    O BRK é o primeiro livro que comprei faz muito tempo e vale cada cêntimo...
    Uma nota final para o argumento de Filipe Pina, que foge à tendência portuguesa "estilo Manoel de Oliveira", e que nos trás uma história muito viva e com dinamismo, que aborda um tema actual e que não cai na tentação de demasiadas reflexões filosóficas, que só agrada a meia dúzia de "eruditos" e que explica as baixas vendas da BD nacional.

    Espero sinceramente que a Asa continue a apostar nesta dupla, e em muitas outras que fogem ao padrão português do Oliveirismo.

    Um abraço.

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  4. A única cena de nu que metes é com um gaijo? Já formulei a minha opinião sobre esta BD. E para que conste é negativa.

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  5. looT
    Diz lá que não ficaste banzado com o meu hardcover?
    :D
    (Foi engano... já alterei, thanks)
    Vou ver se arranjo um Asteroid Fighters, pois quero fazer de rajada os posts sobre os livros de autores portugueses promovidos, ou lançados, neste Amadora BD.
    :)

    Bárbara
    Obrigado pelo elogio! Sou um bocado sensível a estas censuras sobre o tabaco, visto que fui um fumador durante 30 anos, e acho isso completamente estúpido, tanto a censura como começar a fumar. Se eu soubesse o que sei hoje, provavelmente nunca teria começado a fumar, mas a censura sobre os fumadores ainda é mais estúpida. Quem fuma é um viciado legal que não tem as benesses do estado para tratamentos como têm os viciados ilegais (vulgarmente chamados de toxicodependentes) existindo neste momento empresas que não empregam fumadores, embora seja legal o consumo de tabaco na nossa sociedade.
    :s

    Luca
    Ainda bem que gostaste do livro e o compraste! É um bom livro de BD portuguesa, e este crescendo de qualidade dos autores portugueses, sobretudo de quem faz a estória, é de louvar! Já chega de "Oliveirices" como tu dizes!
    :D

    Rafeiro
    Tarado!

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  6. Muito boa qualidade. Prova totalmente o que venho há muito a dizer: há grandes (novos) talentos na BD em Portugal e estes jovens são bem prova disso. Espero que continuem a editar todo este pessoal, para que possam "crescer" conforme merecem, porque nós (bedéfilos) também creio que merecemos.

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  7. Já agora, pedi ao Achdé que me desenhasse um Lucky Luke com o cigarro...recusou-se terminantemente. Não quis desrespeitar a intenção do criador, nem (pelo que percebi) a dos editores.
    Por mim, que sou fumador, não discordo com a ideia de "limpar" o tabaco dos locais de trabalho e restaurante e cafés. Obviamente com ressalvas: defendo que quanto aos bares, restaurantes e cafés, deveria ficar ao critério do dono do estabelecimento deixar ou não fumar, colocando um dístico de uma qualquer cor a informar os potenciais clientes se é um local de fumadores ou não (os trabalhadores desses estabelecimentos aquando da contratação seriam informados que ali estariam sujeitos ao fumo passivo). Quanto ao local de trabalho, concordo plenamente com a proibição, desde que existam espaços próprios para quem fume o possa fazer (existe muita falta de respeito pelo próximo, convenhamos). Da mesma maneira não discordo que um qualquer patrão não queira contratar um fumador; estatisticamente arriscam-se a mais doenças e param de trabalhar para ir fumar. Se eu fosse patrão também preferia alguém que não fosse fumador, assim como não contrataria um alcoólico ou um toxicodependente de drogas ilegais ou legais. Claro que defendo que exista um plano de higiene e medicina do trabalho que tente convencer (a bem!) as pessoas a deixarem de fumar, dando-lhes todo o apoio científico possível, seja médico, seja psicológico, sejam ambos.
    Perseguição é que não! Afinal, quantos alcoólatras e toxicodependentes é que não existirão nos locais de trabalho e não são perseguidos?!
    É polémico, claro. Mas a minha liberdade deve acabar quando interfere com a liberdade do próximo, ou não?!

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  8. Refem
    Concordo com as proibições no local de trabalho, concordo com a escolha do dono do restaurante, concordo com tudo! Excepto uma coizinha... na escolha parte do trabalho! O tabaco é legal, logo não pode haver essa discriminação no emprego. Isso é o mesmo que estares a dizer que não empregas mulheres porque podem ficar grávidas!

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  9. Não é a mesma coisa, mas eu compreendo aonde queres chegar.

    Existe, por lei, um descanso obrigatório por cada x horas de trabalho; se o empregado utilizar esse descanso para fumar, o empregador não pode apontar o que seja. De qualquer maneira a discriminação entre ser mulher (ou homem, convenhamos, pois já têm a possibilidade legal de partilharem a licença de parto) não se iguala nunca àquela que se terá com um toxicodependente, sejam drogas (legais), seja álcool (legal), seja tabaco...ou tu contratarias um tipo que andasse com uma grande moca de Serenal todo o dia? Ou um que se levante de 20 em 20 minutos para ir fumar, negligenciando o telefone e o trabalho? Ou um que chegue borracho, ao almoço fique mais e à tarde já não consegue fazer coisa alguma? Sem dúvida, seria discriminatório.

    Não contratar uma mulher porque pode ficar grávida e ter depois um filho para criar não só seria discriminatório, à semelhança dos outros tristes exemplos, como seria atentar para o crescimento e sustentabilidade do País, entre muitos outros factores de uma complicada equação, com gravosos efeitos futuros se generalizado pelas empresas. Seria também um crime de lesa-pátria.

    Pedir a alguém, por obrigação legal, que não fume no local de trabalho, não é a mesma coisa do que lhe exigir que se torne um não-fumador. Concordo contigo. No entanto, continuo a medir os meus ganhos enquanto potencial empregador, e gostaria, convinha-me mais, se o potencial empregado fosse um não-fumador.
    O fumador pode sempre mentir na entrevista e facilmente, se cumprir a lei, nunca ser colocado em xeque. Os outros também podem enganar, mas aí a lei protege-los, pois não é permitido despedir alguém por ser toxicodependente (existirão outras maneiras de o fazer, é certo!).
    Enfim... é uma discussão que daria pano-para-mangas.
    O que na realidade se passa é que o Patrão escolherá o não-fumador na vez do fumador, e se confrontado com a escolha, explicará que o perfil académico, ou a interacção pessoal do escolhido, adequava-se melhor à vaga oferecida.

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Bongadas