quinta-feira, 3 de abril de 2014

Michel Vaillant: Em Nome do Filho


Pelos vistos eu vou ser a voz dissonante em relação a esta nova temporada de Michel Vaillant.
E já vão ver porquê.

Em 2004 Jean Graton, o autor e desenhador da série, com a provecta idade de 80 anos decidiu retirar-se de vez da série dando lugar ao seu filho Phillip Graton nos argumentos, e o desenho para o Studio Graton.

Em 2012 é inaugurada a chamada Nouvelle Saison em que Phillip Graton continua com os argumentos, juntamente, com Denis Lapière e o desenho com Marc Bourgne e Benjamin Benéteau. A cor ficou a cargo de Christian Lerolle.
É caso para dizer que com tantas mãos no mesmo livro alguém se ia atrapalhar!

O argumento é típico de uma história desta série. Os problemas familiares e amorosos, e corridas de alta velocidade. Os argumentistas deram-lhe um toque de modernidade com os problemas do pai ausente e o filho rebelde. Também se fala nas novas tecnologias, o carro eléctrico, e fala-se do número de hits no Youtube… (lol).
Mas não é pela história, que já não cabe num só volume como antigamente, que eu não gosto do livro. Apesar desta ser bastante simples, lê-se bem.

O que me incomoda mesmo são os desenhos horríveis de alguém que não consegue criar duas caras iguais. Incomoda-me as expressões estáticas horríveis que muitas vezes as personagens têm. Incomoda-me que numa série com a história que esta tem, um desenhador coloque as personagens em movimentos simples como andar, mal posicionadas.
As cenas de corrida automóvel estão confusas, muito saturadas.

E depois a cor… por amor de Deus… "kékéisto"!?
Nem vou comentar a cor….

Por estes motivos não gostei do livro. O que sempre me atraiu em Michel Vaillant foi o desenho, as páginas dinâmicas que Jean Graton conseguia magistralmente! Ora isso deixou de existir, ficando-me apenas com a história… ora eu já comprei muitos livros pelo argumento, não gostando do estilo do desenhador. Mas as histórias eram muito boas! De outro modo nunca os compraria. Ora… este não é o caso. Não iria comprar nunca este livro só pela história, apesar de se ler sem grandes problemas, porque na realidade o argumento não é nada do outro mundo!

Michel Vaillant perdeu a alma, ou neste caso… o motor!

O clã Vaillant reúne-se para falar de negócios. A marca havia abandonado as corridas ficando-se apenas pela produção de automóveis, e Michel Vaillant sentia-se vazio com a falta da adrenalina da velocidade.
Jean-Pierre tenta convencer o velho Henri Vaillant a pensar na tecnologia do carro eléctrico, mas o chefe de família é irredutível em relação a esta inovação! Com ele vivo nunca!

Mas a boa notícia é que Jean-Pierre conseguiu um parceiro para que a Vaillant voltasse ao asfalto em alta velocidade. Neste caso as corridas WTCC.

Mas nem tudo corre bem na família de Michel. O seu filho desapareceu da escola! Depois de uma primeira e brilhante corrida Michel nunca mais conseguiu concentrar-se porque as notícias que ia recebendo do filho não eram as melhores.

O livro está barato e à venda, por isso não desvendo mais nada da história. De qualquer modo anseio muito mais pelos números mais antigos pertencentes a esta colecção, do que propriamente do seguimento deste novo livro: Voltagem.



Boas leituras

Softcover
Criado por: Phillip Graton, Denis Lapière, Marc Bourgne, Benjamin Benéteau e Christian Lerolle
Editado em 2014 pela ASA
Nota: 5 em 10

11 comentários:

  1. deixaste-me apreensivo..

    eu não conhecia a série, mas depois de ouvir tantos elogios lá arrisquei e comprei com intenção de fazer a colecção.
    mas o teu tecto deixou-me preocupado.. e agora não sei se compro os vol. todos ou so os mais antigos. e logo eu que detesto deixar as coisas a meio ou incompletas..

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  2. musicslave
    Pelos vistos sou o único que acha aquilo "fraquinho"... só oiço e leio elogios!
    :D
    Portanto não há nada melhor do que experimentar!
    ;)
    De qualquer modo não deixes de fazer a colecção completa. Só este e o seguinte é que são Nouvelle Saison!
    :)

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  3. Nuno,
    Falando do pessoal que me é mais próximo, parece que a desilusão é geral. Pessoalmente já não sigo a série. Portanto, não és o único a olhar o céu... ;)


    Jorge Fernandes

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  4. Estive quase a comprar pelos vistos safei-me de boa.

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  5. Séries que já deviam ter acabado:

    -Spirou, após Tome & Janry

    -Astérix, após saída de Goscinny, o Uderzo ainda sabia desenhar mas para escrever era péssimo, só fazia pastiches de antigas histórias e isto continua com novos escritores, falta-lhes a todos o humor peculiar de Goscinny que era a alma do Astérix.

    - Michel Vaillant, após saída de Graton

    - Blake & Mortimer, devia ter acabado com a póstuma das fórmulas do Sato.

    E estes dos que me lembro agora, também exise o caso de autores que continuam a criar obras apesar da fórmula ter secado e que se imitam a si próprios mas isto já são outros 500.

    Mas claro que é preciso continuar a espremer as tetas da vaca apesar dela estar tão velha e seca que nem serve para bifes e quem sabe não se pode enganar as novas gerações que não conhecem as histórias mais antigas e apelar ao saudosismo e nostalgia dos antigos leitores.

    Sim, também eu vou comprar os antigos, pelo menos os Cavaleiros de Konigsfeld não escapa, anda a preços proibitivos nos leilões e ainda por cima podres. Pena o Fantasma das 24h não ser reeditado também assim como N'O Inferno do Safari que foi um pagode de peripécias.




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  6. Bem, grande rasia :-D

    Sinceramente gostei bastante do livro. Posso admitir realmente algumas imperfeições mas elas também existem nos livros do Jean Graton, como em praticamente todos os livros. Podemos ter aqui talvez algumas expressões infelizes e um ou outro andar menos conseguido, mas no geral acho que o livro está bastante bom. É uma clara tentativa de adaptação ao mundo de hoje e não acho isso mau. É verdade que a história é um pouco mais light, mas também sinceramente, há alguns livros do Graton que a narrativa se torna demasiado pesada e pormenorizada a um ponto quase de exaustão. É um novo ciclo e para já não fiquei desapontado.

    Concordo com o que diz o Pedro Santos, em relação a algumas séries e também não gosto das "expremidelas" que se fazem em muitas dessas colecções, então no Astérix os últimos livros eram uma desgraça completa.

    Abraço para todos

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  7. Já me habituei aos desenhos, apesar de concordar que as expressões faciais são horríveis. Em particular, o Jean-Pierre e o Steve Warson, no segundo volume, estavam irreconhecíveis nos primeiros painéis em que aparecem. Não tenho problemas as cores, até gosto mais assim.

    A acção está mais parada, mesmo com os VRROOOAAARR típicos. Parece que o cuidado foi em ter reproduções fiéis dos carros em detrimento do ambiente a que pertencem.

    Alguns personagens tiveram mudanças de personalidade incompreensíveis. Françoise, a mulher de Michel, está muito mais controladora, fria e crítica. O pai Vaillant, Henri, que se encontrava semi-reformado e feliz da vida, surge do nada a armar jogos de poder contra Jean-Pierre e a criar obstáculos contra inovações necessárias para a saúde financeira da companhia.

    O sentido de aventura perdeu-se (vá lá, o segundo volume é nas Speedweeks de Salt Lake City, onde ainda há malucos), mas é apenas uma representação da realidade, onde tudo é muito asséptico e politicamente correcto.

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  8. Partilho da opinião do Paulo Costa, embora não me tenha habituado aos desenhos (e o mais certo é não me habituar). Uma coisa que eu gostava era a coesão da família Vaillant, e é isto que me estraga por completo esta nova orientação. Desnecessário, triste. Fim.

    refemdabd

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  9. Bolas, eu não me habituei aos desenhos. Sinceramente... Às vezes estamos a apontar o dedo a desenhadores nacionais e depois vêem estes franceses de qualidade MUITO duvidosa e já são desculpados??
    Sorry mas não... estes tipos têm todas as condições que são possíveis a autores e desenhadores de BD, e fazem isto??
    Desculpem, mas para esta série que se pode chamar histórica dentro da BD franco-belga, não é admissível esta falta de qualidade.

    Tenho dito!
    :|

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  10. Sou grande fã da série orginal Michel Vaillant e partilho da sua opinião na totalidade quanto aos desenhos e argumento.

    Deixo aqui a minha opinião de quando li a obra na versão francesa:
    http://livrosadoi2.blogspot.pt/2013/02/au-nom-du-fils.html

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  11. TheKhan
    Obrigado pela visita e comentário! Irei ler com certeza a tua crítica a este livro.
    :)

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Bongadas