segunda-feira, 23 de junho de 2014

Safe Place


Eu digo:
Temos aqui um talento a crescer!
Não propriamente como argumentista (ainda é cedo para falar dele nestes termos), mas como desenhador este André Pereira vai dar cartas se não se perder!

Este mini-comic foi uma aposta do editor Mário Freitas (Kingpin) que quando viu o trabalho de André Pereira nesta BD imediatamente lhe propôs a edição desta publicação! Sim, porque era mesma para ser um fanzine que iria chegar a meia dúzia de pessoas…

E pegando no parágrafo anterior, e sacando fora a minha amizade com o Mário Freitas, esta pequena editora está a tornar-se grande dentro da realidade portuguesa. Apostas em autores portugueses, sempre com as tiragens em subida, e agora também a “esticar-se” para obras do mercado Europeu de qualidade como aconteceu com As Serpentes de Água.

Retornando a um lugar seguro…
André Pereira possui uma capacidade inata para contar histórias graficamente, como o provam muitas páginas deste Safe Place. Podemos seguir as duas personagens facilmente pois os seus gestos e expressões não necessitam de muitas palavras para contar a história. Dou o exemplo da personagem feminina, Dragoon, que na página 5 tem um gesto tão natural que o olhar do leitor passa por ele sem dar conta: arranjar o cabelo. Parece simples, e é. Mas para o executar desta forma tão casual, que quase passa despercebido, o autor tem de ter algo. São estes pequenos pormenores que me fizeram gostar bastante deste pequeno livro.

Ao contrário do que fez em Super Pig: O Impaciente Inglês, em que utilizou traços quase grotescos por vezes, André Pereira usou aqui um desenho expressivo e elegante. Muitas vezes fez-me lembrar Charles Burns (o autor de Black Hole) com o preto e branco bem trabalhado sobretudo nos primeiros planos. Claro que André usou mais que isso como se pode verificar pelos tons de cinzento e tramas.

A representação gráfica das personagens, tanto Dragoon como o seu amigo Magus, é bastante original, assim como a relação de amizade entre os dois… quase silenciosos, a narrativa gráfica é apenas entre-cortada pelo que tem de ser dito, fazendo com que o leitor se sinta mais confortável durante esta leitura.

A história é como se fosse um jogo de computador. Os dois jovens combinam encontrar-se com outros amigos, que não chegam a aparecer. Tudo parece super casual, desde a sua caminhada até ao ponto de encontro, a espera, o matar o tempo. Mas de repente percebemos que estamos num jogo! Isto sente-se quando aparecem “cães selvagens”, e os jovens fazem uso de poderes adquiridos em “prendas” de jogo, e quando vencem o combate com os “cães” ganham mais alguns “goodies”!

A história do epílogo, de Paula Almeida, fica um pouco estranha e ainda não percebi bem como a encaixar verdadeiramente em todo o resto. Tenho a minha ideia sobre isso, mas não a vou veicular aqui. Cada um que faça o seu juízo.
:D
Podem ver trabalhos em preparação de André Pereira no seu blog:

Robô Independente

E isto para além de outras páginas deste livro no post de lançamento deste mini-comic:

Lançamento Kingpin Books: Safe Place



Nota: o meu scanner não se dá bem com as tramas cinzentas, por isso as imagens apresentadas não fazem jus ao que na realidade é apresentado.


Boas leituras

Revista
Criado por: André Pereira com Paula Almeida
Editado em 2014 pela Kingpin Books
Nota: 8,5 em 10

15 comentários:

  1. Olha, Nuno, não sei se percebo o teu comentário sobre isto "ir ser um fanzine e ser lido por dez pessoas". Não percebo se é uma concepção enraízada sobre o que é um fanzine. Isso diminui alguém? Achas que fazer coisas nesse formato é responsabilidade do autor? Quando não pagam a ninguém pelo seu trabalho, é estúpido que ele faça coisas no seu próprio ritmo e condições?

    Acompanho-te nos encómios ao André Pereira, mas ao ler o teu blog percebo que não são casuais. Lês o que te põem à frente, e se for da Kingpin tendes a achar maravilhoso. Fazes elogios absurdos e glorificas uma ideia mágica da bd. "O André possui uma capacidade inata". Não. Ele fez uma coisa, depois outra, e depois outra, e foi ficando melhor. E duvido que apoiasses o trabalho dele no seu início. Porque eram "fanzines".

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  2. João
    não sei se percebo o teu comentário sobre isto "ir ser um fanzine e ser lido por dez pessoas"
    Um fanzine tem por norma uma perfuração muito limitada comercialmente falando, e por norma tem tiragens muito pequenas. Era a isso que me referia e acho que é assim mesmo, sobretudo em Portugal. A mesma publicação se for editada por uma editora aparece à venda para o grande público com tiragens maiores. Estou a dizer alguma mentira?

    Sim, leio o que me põem à frente, mas aquilo que compro que é bastante mais do que aquilo que me põem à frente. E este foi um dos que comprei (em Beja).
    O eu ser amigo (porque sou) do editor da Kingpin não tem a ver com isto. O mário soube rodear-se por uma excelente geração de desenhadores e argumentistas a trabalhar em Portugal. E quando não gosto de um livro não faço crítica por norma. Se eu gosto faço! Elogio, não sei absurdamente, aquilo que gosto sim, é verdade também. Não me costumas ver fazer críticas negativas (contam-se pelos dedos de uma mão as que já fiz aqui no LBD), porque por e simplesmente não as faço a livro que não gostei, a não ser que me sinta enganado!
    Acho que deverás ver exactamente o que quer dizer inato. Uma coisa inata já nasce com a pessoa, é tu estás a falar de treino em "Não. Ele fez uma coisa, depois outra, e depois outra, e foi ficando melhor.". Qualquer pessoa que tenha uma capacidade inata precisa de fazer (treinar) muitas vezes para colocar essa capacidade num patamar superior. Acho o desenho do André neste Safe Place melhor que no Super Pig, por exemplo. Pelo menos gostei mais.
    Acho que rebaixaste o trabalho do André quando dás a ideia que a minha crítica muito positiva ao Safe Place foi porque eu sou amigo do Mário. Sorry, mas não achei isso nada bem.
    Por último. Duvido que apoiasses dizes tu. Porque dizes uma coisas dessas? A sério, fiquei perplexo!
    Porque eram fanzines dizes tu?
    lol
    Não.
    Eu não me movo no circuito dos fanzines, é verdade. Mas tenho fanzines em casa, aqueles que gostei e só esses! E ninguém me obriga a comprar uma brochura em papel de fotocópia com gatafunhos feios de que eu não gosto. Mas isto é apenas uma vertente dos fanzines, porque como disse atrás tem fanzines que eu gosto. E inclusivamente existem lançamentos de fanzines no LBD. Agora eu só posso divulgar quando me mandam material (capa, um pequeno texto, uma ou duas páginas). Quando não fazem isso eu não divulgo. Este tipo de trabalho gosto de o fazer bem, e não vou fazer copy & past de outros blogues por uma razão muito simples: uma das poucas vezes que fiz isso no início do LBD dei informações erradas porque a pessoa de onde tirei essas mesmas informações também as colocou erradamente. Assim, só faço divulgação com material do autor ou da editora.
    E não, não preciso que me ofereçam fanzines... basta mandarem material de divulgação.
    Muita diz que eu sou contra os fanzines. Eu não sou contra os fanzines. Os fanzines são excelentes quando estás no início de carreira, são excelentes para experimentalismos e por vezes quando já se é muito conhecido e queres fazer uma obra nesse formato sem ingerências de ninguém, o fanzine também é uma boa alternativa.
    O que eu tenho contra os "fanzines" é apenas a vertente dos gatafunhos, e alguns autores que poderiam dar uma salto para o grande público ficarem viciados em publicações para amigos.
    E João, qualquer editora portuguesa que queira divulgar livros sabe o que fazer em relação ao LBD. E qualquer autor que queira divulgar os seus fanzines no LBD também sabe o que fazer.
    Isto já foi clarificado várias vezes por mim. Lançamentos faço de toda a gente, críticas só de livros que eu possua.
    ;)

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  3. Agradeço a tua resposta longa.

    Desculpa, entraste num domínio pernicioso, porque ao ler a tua resposta é como se me convidasses a dizer como deveria ser o teu blog. E tratando-se dum blog pessoal, não sinto que deva fazê-lo.

    O que posso dizer-te é que não considero que o critério da crítica deva ser "escrever sobre aquilo que se gosta". Do meu ponto de vista, é claro que qualquer coisa que compres parte de uma afinidade, de um interesse. Mas isso não quer dizer que se acerte sempre, ou que a única coisa que se possa dizer sobre o que se leu é "bem" ou "mal". Muitas apreciações que faço, ou que tenho interesse ler, vão para lá desta dicotomia. Porque há mais coisas a dizer além desse juízo básico.

    Excusas de esclarecer-me sobre o significado de "inato" porque sei o que disse. Não sei se o André vinha com a bd antes de aprender a fazê-la. Pertence ao domínio da indecidibilidade e portanto não interessa. O que sei é que o que ele faz agora resulta de um longo processo de maturação e desenvolvimento de técnicas que, lá está, não estavam presentes na arte dele do início. Percebes? Não é como um homem de 2 metros que vai jogar basket.

    Sobre a questão dos fanzines, acho a tua grelha de interpretação confusa. Porque a coisa já há muito que extravasou a ideia de publicação "de fãs", portanto amadora. Acaba por ser uma questão de tiragens e investimento na qualidade da impressão, o que depende do capital disponível e dos meios logísticos de cada um, coisa em que o trabalho do Mário está à vista e é bem comendável. E isso também explica o outro lado da questão — não são os autores que têm culpa de não ter ainda público (embora, a ideia de que o "grande público" é desejável e atingível depende do observador). É mesmo assim. Fazes zines porque não tens editora.

    Dizeres que alguém está viciado nisso, ou pior, que faz gatafunhos (porque não entendes ou não gostas do que se faz), é falhar a questão. Qualquer autor, tendo oportunidade de ter uma maior divulgação do seu trabalho, apanhá-la-á. Foi o que aconteceu com o André e fez muito bem. Mas ninguém tem que mudar o seu trabalho, a sua forma de expressão, para se adequar a uma ideia de mercado que é inexistente. Ainda estamos numa fase em que as oportunidades existentes garantem sobretudo exposição. Mas os artistas não são remunerados pelas horas de trabalho, e no dia em que começam a sentir pressões económicas para pagar a sua vida, saem do meio.

    Quanto ao resto, sobre o que divulgas ou não neste blog, voltando ao início, parece-me fugir ao domínio da conversa. Ou se tem interesse em banda desenhada ou não. Quer seja emergente, quer seja consolidada. Não acho que faça sentido esperar pelo "press release", como se cada autor fosse um agência de comunicação, e se pões o teu cunho pessoal numa crítica, o "press release" parece insosso, como se não quisesses comprometer-te com o conteúdo da coisa. Acho que podes sempre manter os dois regimes, mas melhor era se te deixasses de preconceitos e fosses mais atencioso ao que se vai fazendo.

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  4. João
    Relativamente ao, escrever sobre aquilo que se gosta e não escrever sobre aquilo que não se gosta é fácil. O meu tempo é limitado (felizmente tenho trabalho remunerado), portanto não perco tempo a escrever sobre livros que não gosto. Lá está, se de alguma maneira me sentir enganado sou capaz de o fazer. Eu faço críticas pessoais, mas não sou um crítico. Para isso alguém teria de me pagar, o que não acontece. E na realidade estás a falar de livros que eu compro. Porque existem livros que me oferecem e nesse caso como deves calcular existem alguns de que eu não gosto. Mas se me oferecem nunca me sinto enganado, e como tal excuso-me a criticar... aliás antes isso do que fazer críticas "nim" a livros horríveis como eu já vi por aí, só para ficarem de bem com Deus e com o Diabo.
    Uma pessoa de 2 metros quase nunca tem um dom inato para jogar basquetebol, não me percebeste com certeza. Podia dar-te 1001 razões para isso mas iria fugir ao assunto. Uma pessoa que apresenta a qualidade de traço que o André já tem tão novo, garantidamente o dom já nasceu com ele. Claro que a técnica se vai apurando com o tempo e experiência. Acho que isto nem sequer tem muita discussão. Agora não tenho a culpa de só ouvir falar do André a seguir ao Super Pig! Lá está! Quando se sai do mundo dos fanzines os autores passam a ser conhecidos por mais pessoas. Sim, muita gente faz zines porque não tem editora e eu respeito isso. Existem muitas nuances no mundo dos fanzines, sobretudo em Portugal que tem um mercado minúsculo, que faz com que muito autores apenas consigam publicar assim. Nada contra! Aliás eu não sou contra os fanzines, nem tenho que ser! Não compreendo é porque alguns autores que têm possibilidades de sair desse meio e publicar livros para o "grande público" não o façam! Porque não querem adaptar-se, ou "prostituir-se" (como já ouvi) na sua arte. Para mim é simples, ou avançam adaptando-se ao que o público e a editora quer e depois se houver sucesso terem a "folga" editorial para fazer aquilo que gostam mais; ou então continuam onde estão a fazer o que querem ou o que podem (ou o que conseguem) mas não culpem o mundo por isso.
    Já vi muitos fanzines de qualidade feitos por pessoas com nome. É escape que muitas vezes um artista que trabalha para uma editora tem para dar a conhecer obras mais pessoais e intimistas.
    Para mim tudo bem!
    E quanto aos gatafunhos que eu não entendo, bem, não me sinto sozinho nisso, acho que a maioria da população que gosta de BD tem a mesma opinião que eu. Há por aí gente com arremedos de "artista" que não vale um caracol. aí a desculpa é que são todos burros e não entendem a "arte". Sim, gatafunhos. E não retiro.
    E infelizmente acho que ninguém consegue fazer da BD profissão única, também é verdade e concordo perfeitamente contigo. O que conta neste momento é a exposição que um livro por vezes dá e que por vezes também consegue fazer com que se arragem trabalhos sobretudo dentro da ilustração (que dá mais dinheiro).

    (Acho que já me perdi um bocado... lol)
    :D

    Em relação ao último parágrafo já te respondo que agora não posso. Tempo escasso...
    ;)

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  5. Desculpa, Nuno, gostaria de continuar a debater contigo, mas não sou capaz de acompanhar o regime do "há pessoas", "há por aí gente", "há artistas". Há, quem? Estamos a discutir o quê em concreto? Barulhos do vento?

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  6. João, recomendo-te que vejas este documentário: https://www.youtube.com/watch?v=MNS8E0GmBjA

    O escrever press release, o enviar informação, o disseminar de informação sempre esteve inerente ao fanzine,só que nessa altura chamava-se flyers.

    O fazer fanzines para 50 pessoas hoje em dia é absurdo, ninguém tem é obrigado a ter capital para investir em tiragens grandes, agora, quando existe uma coisa chamada internet que permite alcançar um número vasto de pessoas é absurdo limitar um publicação a tiragens limitadas de 30/50 exemplares em vez de se colocar o trabalho online (seja como e-zine ou webcomic) limitando esse trabalho a tiragens impressas reduzidas. Nota: a edição online não significa abdicar da edição em papel.

    Se o objectivo de fazer uma publicação é chegar às pessoas, então o fazer a promoção do trabalho também faz parte do trabalho de editor/autor de fanzines, a menos que só se queira mesmo ficar pelos 50 exemplares.

    Nota: A Polvo é uma editora cuja génese é a edição de fanzines. era isso que os seu fundadores, para além do Rui Brito andavam a fazer antes de resolverem fazer edições mais "profissionais".

    Falar de imposições de mercado quando se fala do mercado de BD português, tem piada, quais imposições de mercado? Quais imposições de editores?

    Existe gente que faz gatafunhos, mas também existe gente que é capaz de julgar pela mesma bitola o Fazenda e o Farrajota, quando um é um dos melhores desenhistas nacionais (e não só) e o outro é um mau desenhista...

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  7. Não acompanho essa mitificação da internet, pelo simples facto de que a internet não é garante de visibilidade e se pode estar no cu de judas na internet também. Com o papel vês as pessoas, e há dinheiro a circular. É qualquer coisa, mas não acho que se excluam ou contraditem.

    Julgo que quase todos os autores de fanzines divulgam o trabalho da uma maneira ou doutra, sim, mas como disse, duvido que divulguem "press releases", uma fórmula própria para a imprensa. Por isso acho que vocês, que fazem divulgação, não devem ser taxativos com isso. Se não vos enviam, podem ir à procura.

    É preciso não confundir autores e caixeiros viajantes. Não acho que os autores façam tão mau trabalho quanto isso, e julgá-los por serem mais ou menos populares, venderem(-se) mais ou menos, não é coisa que me ocorra.

    O resto não sei se é para mim. Também padeces do problema do "há gente", aliás "existe gente".

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  8. Granda LOL!

    Com os fanzines existe dinheiro a circular! Oh yeah, 50 exemplares a 4 ou 5 euros em que metade do dinheiro vai para a pagar a impressão! Que granda maquia de dinheiro os autores fazem com os zines!

    Na net também podes estar no cú de judas? Pois podes, basta que não vás à procura dos leitores e divulgues o teu trabalho enviando para os sitio onde podem ser divulgado e para as pessoas que podem divulga-lo.

    1º queres que uma pessoa vá à procura de informação onde? É que para as pessoas saberem que algo existe isso tem de ser divulgado em algum sitio.

    2º Porque raio é que as pessoas se vão dar ao trabalho de ir procurar, existem casos de pessoas que não enviam informação para certos sitios porque não querem ser divulgados lá!

    3º E se quem escreve achar que não vale a pena ou não tiver interesse numa publicação, porque é que vai andar a correr atrás de informação - que lhe vai dar trabalho que não é remunerado e na maioria dos caso quase ninguem vai ler?

    Enviar um mail custa muito? É que se dá trabalho enviar um mail, olha, que escrever um texto de raiz para divulgar um trabalho quando não existe informação sobre o conteúdo da obra ou a bibliografia e biografia do autor ainda dá mais!

    E já agora: Minizine #02: 11,158 impressões no issuu, não ganhei um tostão, mas não gastei um tostão e cheguei a um número de pessoas que não seria possível através de uma edição impressa (por não ter capital para tiragens elevadas). Obviamente só possível chegar a um número elevado de pessoas porque foi enviada informação para que as pessoas soubessem que o zine existia!

    Quanto ás generalizações não tenho problemas em identificar pessoas quando são casos particulares, quando são situações que não são particulares prefiro utilizar generalizações para não estar a salientar uma pessoa quando o mesmo erro, falha ou acto é realizado por diversas pessoas. E no capítulo da divulgação, deixa-me salientar que engloba pessoas dos zines, das pequenas editoras e das grandes.

    Exactamente o que é que querias saber se era dirigido a ti? É só perguntares, já sabes que não tenho problemas em responder. ;)

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  9. Sobre o dinheiro, não me referi a "fazer dinheiro" mas sim "pagar a impressão e uns trocos". Por oposição a não fazer nenhum. E não vale a pena isolares aspecto do outro, que é conheceres as pessoas.

    Quanto ao resto, não sei se vale a pena comentar, até porque nem saberia o que estaria a comentar, e quem é que estaria a defender. Disse para existir um equilíbrio entre press releases e pesquisa própria, vais tentar convencer-me que isso não é senso comum? Queres ser tratado como a imprensa. O que é que achas que a imprensa faz?
    Queres que seja eu a fazer o teu trabalho por ti?

    Parabéns por esses números do Minizine, óbvia marca de qualidade da obra.

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  10. Conhecer pessoas é porreiro, mas eu como sou anti-social prefiro ter leitores....

    É preciso saberes quem são os prevaricadores para teres opinião sobre questões como os benefícios ou não de utilizar os meus de divulgação existentes? Para falar de questões de como edição digital ou edição papel limitada precisas de saber quem faz o quê para teres opinião, para saberes quem estás a defender (ou não)?

    Mas, creio que vou seguir o teu conselho e começar a comportar-me como a imprensa que ignora 90% do que se faz em portugal na área da BD, quer a nível de edição quer a nível de eventos.

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  11. Não sei como é que deste essa volta, a ponto de inventares um "conselho" que é o oposto daquilo que disse. O resto, a oposição imaginária entre "pessoas" e "leitores", a conversa difusa sobre "prevaricadores".. mais invenções tuas. Julgo que estás satisfeito em falar sozinho, portanto assim ficarás.

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  12. "Queres ser tratado como a imprensa. O que é que achas que a imprensa faz?"
    Isto não era um conselho para eu me comportar como a imprensa, como um "jornalista a sério"?

    Os leitores também são pessoas, mas isso não quer dizer que todas as pessoas sejam leitores, ou sendo mais concreto: eu conheço muitas pessoas que não são meus leitores, seja de ficção ou outro tipo de trabalhos, e tenho muitos leitores que não conheço de lado nenhum. Percebes a diferença?

    "A conversa difusa sobre prevaricadores" era no gozo, estavam a ser indicados comportamentos que não são um exclusivo de uma pessoa, mas parece que não és capaz de falar sobre a situação a menos que sejam nomeados nomes, quando não é um comportamento de uma pessoa, e indicar nomes é um bocado irrelevante para a conversa.

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  13. João
    Presumo que sejas o João Machado do Clube do Inferno. Não tinha sido mau apresentares-te, já que se fores essa pessoa trabalhas com o André Pereira nesse selo de fanzines.

    Quem falou em divulgação em primeiro lugar foste tu. Por isso referi as minhas regras de divulgação. Se eu não tivesse interesse pela BD não tinha este blogue, não tinha já no activo 3 exposições em Beja, não tinha página de BD no FB, não tinha grupo de BD no FB, não tinha para além deste mais dois blogues de BD, e com certeza não teria sido jurado nos PNBD e TCC, e ainda organizador dos PPBD. E claro... não tinha os milhares de livros de BD que tenho (sem contar com revistas, fanzines, páginas originais e comics).
    Espero que isso tenha ficado claro.

    O LBD é a minha "casa", portanto é natural que hajam algumas regras e maneiras de actuar da minha pessoa. Umas são consensuais, outras nem por isso.
    E uma delas é por princípio só divulgar material de que recebo de autores ou editoras. O trabalho que estes intervenientes têm no processo é o mais fácil e simples: basta mandar um mail.
    Eu tenho um bocadinho mais de trabalho... tenho de apresentar e formatar o melhor possível o material que mandam, (tentar) torná-lo interessante, e divulgar por dezenas de grupos do FB, Pinterest, G+ e por vezes em fóruns. Alguma vez protestei por ter todo este trabalho? Não! Agora os autores e editores que se mexem um bocadinho também... basta mandar um mail com meia dúzia de linhas sobre o trabalho, uma capa e uma página. Isso dá muito trabalho?? lol Muito trabalho dá a mim.
    E não, não me comprometo com o teor dos press releases, visto que divulgar costumo fazer a todos os que me mandam material, fazer uma crítica, isso já é bastante diferente pois tenho de me comprometer. E para me comprometer tenho de ler a obra, e não se não gostar dela existe uma probabilidade bastante alta de não fazer a crítica.

    Não acho que faça sentido esperar pelo "press release", como se cada autor fosse um agência de comunicação, ... Desculpa? E eu sou o quê? Uma agência de espionagem e comunicação? Não... eu sou mecânico de reactores de avião. Isto da BD é um trabalho que faço por gosto para os outros. Gosto de falar de BD. Gosto de vibrar com a BD. Gosto de pôr emoção nos meus textos sobre BD.
    Eu tento ser o mais atento possível ao que sai, mas garantidamente não conheço nem tenho conhecimento de tudo o que sai. Para isso pede-se a ajuda das editores e dos autores.

    E na realidade não sou perfeito e como TODA a gente tenho preconceitos e defeitos. Mas neste caso não tens razão. Queres que eu divulgue fanzines do Clube do Inferno? É muito fácil, manda-me o material. Assim como de qualquer autor de fanzines. Mas também sei que os autores militantes de fanzines não gostam deste blogue mainstream, comercial e cheio de "lixo" como os patos, ratos, super-heróis, Tintins e turmas do Maurício. O preconceito é evidente. Misturar os nossos belos fanzines com esse "lixo"? Nunca! (lol) E eu é que sou preconceituoso...:D
    ;)
    E já agora não falo em nomes porque não está em discussão nenhuma obra concreta, evento, editora desses que eu não disse o nome, nem vou dizer. Vou refugiar-me paulatinamente dessa possível contenda que possa envolver mais gente. A obra em concreto neste post é a do André Pereira que fez um trabalho que adorei (mesmo).
    :)

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  14. Também eu gostei imenso deste livro. Mário, depois digo porquê, se quiseres ;)

    Quanto à troca de ideias que aqui vai, também eu tenho algo a dizer sobre Fanzines. Não gosto deles, sejam quais forem, os maus e os bons, e mesmo aqueles que até são bons e eu não gosto. Por muitas razões não gosto eu de Fanzines:
    Quando era mais novo, já apaixonado pela BD e um colector de livros (não coleccionador, porque não o sou e nunca fui), tinha extrema dificuldade em que me arranjassem Fanzines. Eram como os convites para as melhores festas em que só o pessoal mais social, "na onda", era convidado (estes arranjava na boa!), só uns eleitos é que tinham direito a tê-los. "Desculpa, não dá, tenho poucos e é para o pessoal xyz."; "Pois, ´tás a ver, é para quem percebe de BD.". Esta ultima dava cabo de mim e só me apetecia partir-lhes a cara toda. A sério?! Só para quem percebe?! E quem são esses que percebem? Nesse tempo, meados dos anos 80, eram aqueles tipos que andavam na António Arroio e eram artistas, tipos sensíveis, macambúzios alguns, mas acima de tudo eram para aquele pessoal que não lia Astérix ou Luc Orient, ou Comics Norte-Americanos (em formatinho brasileiro, e mesmo no formato original que custavam os olhos da cara). Portanto, como eu não pertencia a esse grupo, não tinha direito a receber os Fanzines.

    Em suma, não gosto de Fanzines porque o pessoal que os faziam não gostavam de mim, ou quem eu aparentava ser. Ganhei-lhes asco, desprezava aquela malta com a puta da mania que eram os novos Crepax, pseudo-Bilal. Eram tão à frente e cheios de si que metiam raiva. Metiam raiva porque eu acabava por ler as fanzines, pois sempre conhecia alguém "da onda" que me conhecia realmente por aquilo que eu era e não pelo que eu parecia ser, e a esmagadora maioria daquelas cenas não prestavam mesmo, nem conceptualmente, nem o desenho (que eu não considero factor principal) e nem o argumento quando existia. Por vezes lá pensava "Bom esforço"; por vezes lá aparecia alguém que não gostava de complicar e se via que tinha empregue mais do que umas duas horitas naquilo. Em suma, não gostava mesmo. Claro que estava sempre muito limitado apenas àquilo que aparecia na minha zona.

    Hoje haverão excelentes fanzines, ou mesmo muito boas, e, sem dúvida, também as más. Mas, lá está, pertencem à elite que por algum motivo lá consegue arranjá-las e, acima, de tudo que tem a capacidade de compreender o trabalho do autor, ou que finge muito bem conseguir compreender o autor. Estou a ser injusto com aquelas que são mais sinceras e honestas.

    refemdabd

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  15. Refem
    LOL
    Estás mais ou menos como eu... os únicos fanzines a que tinha acesso no liceu eram aqueles que apareciam expostos publicamente na escola quando algum "artista" fazia uma história acerca de algum professor, e normalmente não muito abonatório para o referido professor....
    De resto era um circuito muito fechado a que só um círculo de "eleitos" tinha direito.
    Agora estão bem mais divulgados porque aparecem online.
    Tudo isto independentemente da sua qualidade, ou não (a maior parte cabia no "não").
    :)

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Bongadas