terça-feira, 2 de junho de 2015

Vertigo: Pré-Vertigo Parte 5
A história que antecede o selo: 1990

A entrada dos anos 90 cristalizou de vez a linha adulta da DC, com o lançamento de mais uma revista que faria parte da lançamento da Vertigo, além de que o título mais antigo de revistas adultas, Swamp Thing, chegou ao número 100 no mês de Outubro.

O novo título surgiu em Julho, chamado Shade, the Changing Man. A personagem titular tinha sido criado por Steve Ditko em 1977, fazendo parte de uma das tentativas da DC de expandir a linha com novas propriedades intelectuais. O alienígena Rac Shade (e o seu colete que lhe dava superpoderes) foi utilizado no ambiente pós-Crise no Esquadrão Suicida, mas essa história foi imediatamente esquecida quando Peter Milligan e Chris Bachalo lançaram uma nova série, em que Shade continuava a ser um alienígena, mas o seu colete protegia-o de uma onde de loucura que ameaçava consumir o planeta. A história durou 70 números, em que foram explorados temas como psicanálise, identidade pessoal, trans-sexualidade e trauma. Pelo caminho, Shade morreu várias vezes e foi ressuscitado noutros corpos.

Embora continuasse ocupado com Sandman, Neil Gaiman aproveitou para criar uma nova mini-série para a DC, chamada Books of Magic, chegando às bancas em Dezembro, com quatro edições em arte pintada, cada uma com um artista diferente. Na série, uma criança de nome Tim Hunter é identificada como o mago da nova era e um grupo de aventureiros com poderes mágicos, o Vingador Fantasma (no capítulo ilustrado por John Bolton), John Constantine (pintado por Scott Hampton), o Doutor Oculto (com Charles Vess na arte) e Mister E (com um expressivo Paul Johnson), decide mostrar ao futuro feiticeiro o passado, o presente e o futuro do Universo DC, bem como um mundo mágico paralelo ao universo real. Esta foi uma excelente viagem de transformação de um jovem sob a forma de um conto de fadas. A série tem participações especiais ou curtas de vários personagens, incluindo o Espectro, Deadman, Zatanna, Arion, Mordru e a personificação da Morte de Sandman, além de introduzir Titania, a rainha das fadas. A história foi encadernada em 1993, já na Vertigo, antes do crossover “The Children's Crusade” e da subsequente série mensal de Tim Hunter, também chamada Books of Magic, mas com John Ney Rieber no lugar de Gaiman.

Num espectro completamente diferente, outra mini-série de quatro números, Breathtaker, chegou às bancas em Setembro. Criada por Mark Wheatley e Marc Hempel, contava a história de Chase Darrow, uma mulher vítima de experiências científicas governamentais que a deixavam viciada em encontrar o verdadeiro amor. No entanto, cada vez que um homem se apaixonava por ela, ele envelhecia prematuramente e morria. A história era simples, traduzindo para uma temática de ficção científica a lenda do súcubo, um demónio sob forma de mulher, que consome a energia vital dos seus parceiros sob a forma de actividade sexual. Breathtaker foi reimpresso pela Vertigo em 1994.

Uma grande variedade de mini-séries foi lançada em 1990, começando em Março com Tempus Fugitive, com quatro números da autoria do detalhado mas pouco prolífico Ken Steacy. A série, que teve atrasos de publicação entre cada número, conta a história de Ray 27, que viaja no tempo para o passado de modo a acabar com o futuro perfeito onde vive. The Nazz chegou ao mercado em Novembro, por Tom Veitch e Bryan Talbot. As quatro edições em formato prestígio contaram a história de um homem, Michael Nazareth, em busca da perfeição, que na sua mente se manifesta em superpoderes. Mas Nazareth não pode ser controlado, levando à sua transformação num deus, pressionado pela paranóia do governo americano. Em Dezembro foi a vez de World without End, com seis números escritos por Jamie Delano e pintados por John Higgins. Uma história de ficção científica, é uma guerra dos sexos entre formas conceptuais masculinas e femininas, com o destino da humanidade como pano de fundo. Nenhuma das três foi reimpressa.

Duas adaptações de outros meios foram publicadas em 1990. Em Janeiro foi lançada a mini-série Ring of the Nibelung, adaptando para a BD a ópera de Richard Wagner, o que aliás é um tema constante em várias editoras. Neste caso, o saudosista profissional Roy Thomas (que já tinha visitado este tema em histórias do Thor) uniu-se a Gil Kane e Jim Woodring para produzir uma história num esquema mais clássico, com quatro números em formato prestige. A história foi reimpressa em 1991, apenas. Em Maio chegou ao mercado a mini-série em quatro números adaptando o filme The Adventures of Ford Fairlane, uma ópera rock com comédia nonsense. Gerard Jones, Russell Braun e José Delbo foram responsáveis pela adaptação, que não era exactamente material Vertigo, ainda que tivesse na capa o aviso para leitores adultos.

Uma excelente graphic novel, entretanto reimpressa várias vezes, acabou por nunca fazer parte da Vertigo, apesar de não necessitar de fazer parte da linha regular da DC. Lançado em Novembro, Enemy Ace: War Idyll, é um belíssimo trabalho de George Pratt, com arte pintada, que vê um idoso Hans von Hammer, exímio e lendário aviador alemão durante a Primeira Grande Guerra, contar as suas memórias a um jornalista. Outro material que estava próximo da linha Vertigo, mas demasiado colado à cronologia normal foi o terceiro volume de Etrigan, com uma nova série mensal de The Demon a chegar em Julho, escrita no início por Alan Grant, num ambiente urbano e com uma boa quantidade de humor. Finalmente, outra revista para adultos foi a mini-série de cinco números The Butcher, de Alan Grant e Shea Anton Pensa, um nativo americano em guerra com uma corporação.









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