terça-feira, 29 de maio de 2018

Os Malditos Livro 1: Antes do Dilúvio



E Deus viu que a maldade do Homem era grande na Terra,
e todos os pensamentos do seu coração estavam continuadamente voltados para o mal,
E Deus arrependeu-se de ter criado o Homem na Terra, 
e teve o coração ferido de íntima dor

Génesis 6 : 5 - 6

Que porra bruta de livro a G.Floy nos trouxe este ano!
Uma "Bíblia" completamente selvagem que se passa 1600 anos depois da expulsão de Adão e Eva do Éden, numa Terra suja e seca preparada para um grande Dilúvio.

E assim começa uma história escrita por Jason Aaron, desenhado por Guéra e colorida por Giulia Brusco, completamente negra ambientada no Antigo Testamento. Aaron fugiu ao cliché de Sodoma e Gomorra bíblicos e "limpinhos" mostrando-nos uma Terra estéril, feia e fétida, onde a violência e a brutalidade imperam.

Mas o pior em tudo isto são os Humanos.
Desgrenhados, feios por dentro e por fora, enfim, o esgoto de todas as facetas negativas que um homem pode ter, ampliadas a uma elevada potência. Não é um livro bom para quem acredita no Velho Testamento...

Temos um Caim, o inventor do homicídio, amaldiçoado por Deus e impedido de morrer às mãos Humanas. Vagueia por esta terra em busca da mortalidade impossível... e temos um horrível Noé... esclavagista, torturador, louco, aprisionando em jaulas os animais que vê e rebentando pelo caminho qualquer árvore que encontre para a construção do seu barco. Crê ter sido iluminado por Deus... para mim a personagem mais abominável do livro.

No meio disto tudo cresce uma pequena centelha de Humanidade, mas para o resto comprem o livro que vale muito a pena.

O trabalho de Aaron é muito bom, narrativa muito fluída, tudo muito bem sequenciado, conseguindo uma história coerente no meio de tanta loucura de ideias, e de braço dado com uma boa dose de niilismo.

Por vezes existem pequenos pormenores que à sua maneira são mais ou menos importantes para o leitor, dependendo sempre da sensibilidade deste em relação ao assunto que está à sua frente. Gostei bastante da comparação não muito aparente entre o rapaz-osso e Lodo, filho de Aga. Um tem e larga, o outro não tem e quer. Nenhum deles atinge o fim que pretendia.


Quanto a Guéra, a sua arte apocalíptica adequa-se perfeitamente à narrativa de Aaron, Consegue detalhes infernais e grotescos com a mesma facilidade com que imprime acção e movimento à narrativa. Muita paixão e energia deste desenhador Sérvio nas páginas deste livro, gostei muito!

O Leituras de BD aconselha vivamente este livro (a pessoas que não se ofendam facilmente)!
Ansioso pelo próximo :)




Boas leituras





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