terça-feira, 13 de maio de 2008

Fábula de Bagdad


Não sei qual é o plano editorial para este ano da BD Mania, mas este livro arrisca-se a ser um dos melhores lançamentos deste ano em Portugal!
Embora digam que é um livro para leitores com uma certa maturidade, pois tem cenas bem violentas, parece-me que os nossos pré-adolescentes não perdiam nada se o lessem, pelo contrário, teriam muito a ganhar. Já que jogam GTA e vêem filmes com litros de sangue, acho que esta fábula lhes mostraria, metaforicamente, outra parte da guerra.


O contexto espacial e temporal desta fábula é Bagdad, Iraque, durante a invasão dos Estados Unidos da América em Março de 2003, já durante da fuga do ditador Saddam Hussein. As bombas rebentam por toda a cidade de Bagdad e acabam por libertar os animais do Jardim Zoológico local. Aqui, quatro leões se põem em fuga pela outrora bela Bagdad, agora completamente devastada pelos bombardeamentos dos EUA.

A cidade é mostrada vazia de personagens humanos, sendo os mortos os únicos que aparecem em algumas vinhetas. O grupo de leões também não foi escolhido à toa... uma fêmea velha e cega de um olho (Safa), uma fêmea nova que anseia, acima de tudo, pela liberdade (Noor), um macho reticente (Zill) e uma pequena e inexperiente cria (Ali).

Esta não é uma história simplista! Conta aquele conturbado período que antecede a invasão por parte dos EUA, mas do ponto de vista dos leões. Estes envolvem-se em muitas discussões sobre o que se vai fazer a seguir, visto que todos eles têm pontos de vista diferentes. Não são só os leões a serem antropomorfizados... outros animais intervenientes são-no também.

A fábula faz-nos sentir bem o preço da liberdade e a perda de entes queridos. O autor consegue ser isento ao longo da história, nunca tomando partido por ninguém, antes, mostrando todos os conflitos morais e necessidades físicas pelas quais o grupo passa. De notar que o título original tem um duplo sentido: Pride of Bagdad! "Pride" tanto pode ser traduzido como "orgulho" ou como "família" ou "grupo" de leões. Não vou contar a fábula, porque esta é para ser lida e assimilada com a excelente arte que possui e faz com que este conto passe para um dos meus livros de eleição.

A história é contada por Brian K. Vaughan, conhecido na 9ª Arte por ser o autor de "Y, the Last Man" e "Ex Machina", e é muito bem conseguida, dura e bela quanto chegue. Nunca demonizou os soldados Norte-Americanos, antes sempre mantendo um discurso neutro, embora com conflitos sempre presentes. É uma excelente fábula contada por animais!

A arte, do até agora desconhecido para mim Niko Henrichon, é "fabulástica", e transporta-nos directamente para Bagdad e arredores! Aquela paleta de cores acrescida de um traço muito bonito, dá vida ao conto de Vaughan! Muito bom!
Também é uma bela edição, pois a BD Mania editou a versão capa dura da Vertigo!
Depois disto tudo, só me resta recomendar vivamente este livro para toda a família!

Nota: tenho de referir alguns prémios desta publicação:
- Obra vencedora dos prémios Harvey 2007 para "Melhor Álbum Original"
- Eagle 2007 para "Álbum Favorito"
- Nomeada para o Harvey 2007 na categoria de "Melhor História"
- Eisner 2007 na categoria de "Melhor Desenhador"
- Shuster 2007 para "Melhor Artista Canadiano

Hardcover
Criado por: Brian K. Vaughan e Niko Henrichon
Editado em 2008 por BD Mania

Nota : 10 em 10

14 comentários:

  1. Parece-me bastante interessante.
    Já vi o livro em inglês, mas nunca o folheei.
    talvez dê uma olhadela lá no mundo fantasma.
    fica bem

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  2. esse livro não é para dar uma olhadela... é para ler, analisar e pensar! Não parece, mas tem a sua profundidade! Não é só desenhos bonitos.

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  3. Muito bom mesmo. A primeira vez que o vi, tinha ao meu lado um rapazito e sua namoradita que tinha o livro na mão, e ele, cheio de sabedoria, diz: - Isso é para miúdos. É do género Lion King. Não te metas nisso.
    Ia-me dando uma coisinha má! Eu que não sou de me meter nas conversas dos outros, não resisti, e, sem enxovalhar o piqueno à frente de sua Dulcineia, lá tentei explicar que o livro era provavelmente uma das melhores histórias de 2007 e que a menina de certeza que iria gostar, para além de outros argumentos. Fiz a minha boa acção do dia :-)

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  4. Podes dizer-me o preço desta edição para comparar os valores entre a original e da versão portuguesa é que se compensar como isto anda mal de finanças acho que compro esta.

    Abraço

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  5. Na BDMania:
    -Português(Hardcover)=16,5 Euros.
    -Original (paperback)=15 Euros.(não têm o HC).

    Na Amazon.com (Pride of Baghdad):
    -Paperback= 10,39 Dólares + portes.
    -HC= $13,59 + portes.

    Na Amazon.co.uk:
    -Hardcover = 13,29 Libras + portes.

    Na BookDepositary.co.uk:

    - HC= 11,84 Libras já com portes.
    - TPB= 6,25 Libras já com portes.

    Mais rápido e mais barato em original HC= bookdepositary.co.uk fica por 14,88 Euros mais taxas de Visa (cerca de 17 centimos).

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  6. Obrigado Bongop recebi a tua resposta e obrigado ao Refém por esta fabulosa lista, já me estou a inclinar para o original na book depository, é que podendo escolher prefiro ler na língua original.

    Abraço

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  7. Para mim sempre que possivel... em Português please !

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  8. Estou à espera do livro, só por altura da Feira do livro (que está aí á porta) é que devo comprar. Parece ser obrigatório.

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  9. Só pela arte, este HC já vale a pena comprar. ;-)

    E sendo escrito por Brian K. Vaughan, então é quase uma obrigação. :-)

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  10. Acho piada à censura que tentam colocar em certas obras, dizendo que não são para os mais novos. A mais ridícula que vi recentemente foi uma música dos Ncikel Beck (ou parecido) em que colocavam um piiiiii por cima de palavras ofensivas, tais como "dealer". Palhaços... quanto ao livro, vou amarfanhar um na FNAC e depois falamos...

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  11. uiii ... nota 10 ... deve ser bom.

    se tiver oportunidade numa "fnac" perto de mim, vou tentar dar uma vista de olhos.

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  12. Eu só tenho de agradecer, pois fui presenteado com este magnífico livro na festarola do meu aniversário no passado mês.
    Está em espera para ser lido e eu em pulgas para o ler. Desde a primeira crítica que tive vontade de ler este livro, pela forma inteligente como aborda o vasto tema da guerra e tudo aquilo que se lhe fica pegado.

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  13. Eu acho que é muito agradável de ler esse tipo de coisa quando você está relaxado e pode desfrutar por isso que eu sempre consigo um tablet para ler este em restaurantes de Bela Vista

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Bongadas