terça-feira, 25 de setembro de 2012
12 - A Doce
Este é o primeiro livro de François Schuiten a “solo”.
E este não é um livro da série “Cidades Obscuras”. O ambiente gráfico é muito parecido, mas logo à partida falta uma “pequenina coisa”: o argumentista Benoît Peeters!
Este livro é directamente inspirado numa locomotiva real, que foi campeã de velocidade no seu tempo. E era linda, como podem ver pelos desenhos fiéis de François Schuiten!
Este livro “acompanha” também o restauro actual desta locomotiva que percorreu os caminhos-de-ferro Belgas nos anos 30 atingindo a velocidade espantosa de 165 Km/hora, sendo que era a vapor. O seu perfil altamente aerodinâmico talhava-a para a velocidade, assim como o seu poderoso motor. A 2ª Grande Guerra acabou com ela…
François Schuiten já foi amplamente apresentado neste blogue, basta clicar no nome dele e terão mais obras e referências a este espantoso desenhador. Mas um espantoso desenhador não quer dizer o mesmo que um espantoso argumentista… nota-se que falta alguma solidez no argumento, com alguns buracos e alguma falta de desenvolvimento em algumas cenas que ganhariam muito com isso. Nota-se perfeitamente o amor que François Schuiten tem por estas locomotivas, amor este amplamente transposto para a personagem principal, Leon Van Bel.
Também é notório como François Schuiten se refugia num ambiente confortável para ele, um ambiente que é um perfeito paradoxo temporal em que temos uma locomotiva dos anos 30, mas o vestuário das personagens não é desta altura, assim como muita da arquitectura. Ou seja, um ambiente típico da série “Cidades Obscuras”! Nem faltam os componentes completamente fora de tempo e de dimensão real, como a enorme linha de teleféricos que substituía os caminhos-de-ferro.
O desenho a preto e branco de Schuiten é irrepreensível, a construção das páginas e os pormenores que este desenhador consegue fazer sobressair em vinhetas de página inteira são extraordinários! O jogo entre a luz e a sombra leva o grafismo deste livro a ganhos de expressividade fora do normal, e sem nunca esquecer os pormenores, levam a arte para patamares bem elevados dentro deste género. Dos grandes planos pode-se dizer que são enormes, os close-ups plenos de expressividade.
Esta é uma história de amor, no fundo e basicamente. O amor de um velho condutor pela sua locomotiva, uma luta contra a extinção de uma forma de estar, que foi o conforto de Leon Van Bel durante toda a sua vida. E no fim da sua vida querem-lhe tirar a “menina dos seus olhos”, pior, substituí-la por um transporte electrico sem história… Leon AMA mesmo a sua locomotiva, “A Doce”, e por ela faz tudo! As estações estão a fechar, os comboios estacionam em gigantescos cemitérios, o país está inundado. O transporte substituto é o teleférico, grandes linhas atravessam aereamente os campos inundados, talvez pelas barragens necessárias para gerar a grande quantidade de eletricidade que este meio de transporte de pessoas e mercadorias absorvia.
Os fogueiros unem-se para salvar a 12, mas esta união em volta do sonho de Leon cai quando este defende uma jovem ladra de ser violada pelos restantes fogueiros e condutores de locomotivas. A 12 desaparece para lugar incerto. Aqui nasce uma relação um pouco estranha entre um velho doente, e uma bela jovem muda: Elya.
Vão até ao fim do mundo para descobrir para onde levaram a Doce!
De notar que esta é uma bela edição da ASA, e que este livro sai em Portugal com duas capas, uma delas pertencente a uma tiragem limitada. A nota que eu vou dar é essencialmente pelo desenho de François Schuiten.
Boas leituras
Hardcover
Criado por: François Schuiten
Editado em 2012 pela ASA
Nota 9 em 10
Uma grande edição e no fim do livro fizeram muito bem em colocar extras sobre a história real da locomotiva.
ResponderEliminarUma arte embasbacante! Tenho que pegar o babador pra continuar lendo! :D
ResponderEliminarEu acho os desenhos e os extras muito bem conseguidos..
ResponderEliminarJá a história ficou demasiado "agarrada" aos dominios das cidades obscuras..
O François Schuiten deveria agarrar mais o leitor ao contar a história duma forma bem mais simples (sem se agarrar tanto ao método arquitectónico das cidades obscuras e mais ao amor do personagem pela locomotiva nem que fosse somente com uns meros desenhos num trilho qualquer ou num campo na procura da mesma).. Este albúm poderia ser autêntica poesia em movimento..
O Schuiten perdeu aqui uma grande oportunidade de fazer uma das melhores bandas desenhadas de sempre.. E é isso que me deixa triste, porque a temática e os desenhos do Schuiten neste albúm são fascinantes mesmo..
Confesso que não sou muito fã de ilustrações em preto e branco, mas as dessa BD estão fantásticas.
ResponderEliminarNuno, apenas uma nota (respondendo-me a mim próprio): na Fnac.pt, aparece já a referência à "Edição Exclusiva Fnac", pelo que a segunda variante da capa corresponde a uma edição Fnac. No site aparece ainda como indisponível...
ResponderEliminarAmbas as capas estão disponíveis na Fnac, eu também reparei nisso no site e é uma gralha. Aliás a capa comum já davam como disponível ainda antes de os livros estarem na loja.
ResponderEliminarAndré Azevedo
ResponderEliminarTens razão, os extras são muito bons!
E ficando a saber a história real da locomotiva ajuda-nos a perceber parte da envolvência do livro.
;)
Alex D'ates
Se te estás babar vais ter de ir buscar um lençol, pois tens muito para babar!
:P
Bacchus
É um facto que o argumento não está À altura da arte, por vezes vacila um pouco, mas Schuiten queria fazer este livro e foi para a frente sózinho porque o Peeters estava a trabalhar noutro projecto, embora tenha dado força a Schuiten para ele ir para a frente com este livro a solo!
:)
João Roberto
ResponderEliminarPreferencialmente inclino-me sempre para a HQ colorida, mas existem muitas obras a preto e branco espantosas. Aliás, não faziam sentido serem a cor.
O preto e branco têm a vantagem de que se forem bem trabalhados dão muita expressividade ao desenho.
:)
Luis
Perguntei à ASA se a edição limitada era exclusiva da FNAC e responderam que não tinham indicações nesse sentido. Aliás quando sai a nota de imprensa de livros em que consta uma tiragem limitada com capa diferente exclusiva para a FNAC isso costuma ser referido e desta vez não foi.
Portanto presumo que não seja exclusiva da FNAC. Pode ser que me apareça mais informação sobre isso!
:)
Loot
No post de lançamento as datas que aparecem são as datas de distribuição do livro, ou seja, a data em que eles saem do armazém. O que acontece muitas vezes é que eles ficam alguns dias na "arrecadação" das lojas, em vez de irem para as prateleiras...
:D
Percebo, o que queria dizer é que no site da fnac já dizia disponível antes de os livros estarem nas prateleiras, excepto o da capa especial que diz indisponível (e já está).
ResponderEliminarAgora tenho de confirmar, mas no que comprei acho que também diz capa exclusiva da fnac, ou seja, não é só no site.
Boa tarde,
ResponderEliminarpassei pela Buchulz na 5ª Feira passada e informaram-me que já tinham solicitado o 12 com capa especial ao armazém. Vou lá amanha saber se já o têm para compra-lo. Parto, por isso, do principio que a edição não é exclusiva da Fnac.
Pedro Gomes
errata: livraria Buchholz
ResponderEliminarPedro Gomes
Loot
ResponderEliminarProvavelmente aconteceu aquilo que eu disse. Eles receberam os livros, foram para aos armazéns deles, mas as guias em papel seguiram para a frente, e quem os pôs como acessíveis para compra nem sequer tem contacto directo com a loja. Pela minha experiência, entre o livros serem distribuidos e expostos na FNAC (conforme as FNACs também) demora uns diazitos... mas é uma situação normal, têm de desembalar, contar e verificar que está tudo de acordo com a encomenda.
;)
Pedro Gomes
Tenho quase a certeza que esta edição limitada não é exclusiva da FNAC. Na Buccholz aconselho-te a reservar, pois não sei qual a tiragem da edição limitada. Se for mesmo pequena pode desaparecer num instante visto a capa é muito mais bonita!
;)
Bom dia,
ResponderEliminarnão é uma edição exclusiva da Fnac. Tornei-me o feliz possuidor de um album (capa portuguesa), que comprei na Buchholz.
Ainda não o li, mas algo me diz que vai ser um bom fim de semana de leitura.
A edição limitada é de 500 exemplares segundo a loja.
Pedro Gomes
Pedro Gomes
ResponderEliminarMuito Obrigado pela confirmação, e informação da tiragem limitada!
:)
Eu não duvidava que não fosse uma edição exclusiva, a minha dúvida era se a fnac não andaria a fazer passar a ideia de que seria :P
ResponderEliminarMas como a minha memória é tão boa esqueci-me ontem de confirmar o que dizia no meu :P
também não é nada importante
Loot
ResponderEliminarGarantidamente este não é exclusivo da FNAC, o que é bom!
:D
Alguém já tentou ver a "realidade aumentada"? Esta expressão é mesmo para um grande LOL (mesmo que funcione)..
ResponderEliminarLuis
ResponderEliminarEu ainda não tentei... tenho de descobrir primeiro como ligar a câmara do portatil! É novo e eu nunca usei!
LOL
:D