quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Em Busca do Pássaro do Tempo - 2º Ciclo



Em Setembro de 2008 falei aqui no Leituras de BD nesta série: Em Busca do Pássaro do Tempo
O primeiro ciclo estava todo publicado em português e decidi deixar um livro de fora que também tinha sido editado na nossa língua, O Meu Amigo Javin, por pertencer a um segundo ciclo. Este segundo ciclo da série estava incompleto em português, embora tivesse sido publicado o seu segundo livro em França no ano anterior.

A ASA em conjunto com o jornal Público decidiu incluir em 2011 na colecção Os Incontornáveis da Banda Desenhada um álbum duplo referente a este segundo ciclo, reeditando o livro que tinha saído pela Meribérica, o já referido O Meu Amigo Javin, e o álbum de 2007 O Livro dos Deuses.
Nesta altura já tinha saído em França o terceiro livro desta fase da série (o sétimo no total da série).

De notar que não foi só a ASA que demorou a publicar este livro, os autores também não se têm despachado a terminar este segundo ciclo, senão vejamos:
  • O Meu Amigo Javin - 1998
  • O Livro dos Deuses - 2007
  • La Voie du Rige - 2010
Esperamos então pelo quarto e último livro do ciclo!

Esta série move-se num tema da Banda Desenhada que é o meu preferido, Fantasia Heróica! É um tema típico da BD europeia onde tem grandes mestres e muito público comprador.
Aliás, esta série está rotulada como uma das melhores dentro do tema, e há quem diga que foi ela que relançou a Fantasia-Heróica em França, onde tinha estagnado!
Por isso será sempre uma série importante.

Porque é que eu não esperei pela conclusão desta série para fazer a minha crítica?
Porque perdi as esperanças que alguma vez seja concluída em Portugal.

O que há de diferente entre este ciclo e o anterior?
Este ciclo é uma prequela, focando-se na juventude de Bragon e Mara. Outra situação diferente, o primeiro ciclo teve como autor Serge Le Tendre e Régis Loisel no desenho e cor. Este novo ciclo já mexe um pouco na equipa criativa, onde temos como autores Serge Le Tendre e Régis Loisel, e no desenho Lidwine (O meu Amigo Javin) e Mohamed Auoamri (O livro dos Deuses) no desenho.

Esta diferença na equipa criativa leva-me a pensar que Serge Le Tendre e Régis Loisel não andam com muito tempo para a série... o que se pode notar pelo espaço de publicação entre cada livro!
Bem, só falta mais um! De notar que no terceiro livro, que não está editado em português (La Voie du Rige), o desenhador muda novamente, passando a ser Vincent Mallié.

O que é que eu posso dizer do trabalho de Serge Le Tendre e Régis Loisel no argumento? Bem, eles são bons... mesmo!
A narrativa tem uma cadência excelente, ideias novas para um mundo já mostrado no anterior ciclo, e a descrição do mundo onde se movem (Akbar) é excelente.
A arte está muito boa, mas há diferença entre os dois desenhadores. Gosto bastante mais de Mohamed Auoamri, que faz um excelente trabalho n'O Livro dos Deuses, do que de Lidwine n'O Amigo Javin.

Penso que diferença está na tentativa de colagem de Lidwine ao estilo de Loisel. O problema é que Lidwine não é Loisel e o desenho ficou bom, mas descaracterizado. N'O Livro dos Deuses isso já não se passa, Auoamri tem um desenho excelente e com personalidade própria. Como Loisel só há Loisel, portanto não vale a pena tentar copiar um estilo tão particular de desenhar!

Vou tratar este livro como se de um só se tratasse, é mais fácil...
:)
Esta prequela inicia-se na aldeia de Bragon, onde este se tenta escapar de todas as maneira e feitios às tarefas do campo, visto que o seu sangue chamava por aventura e demandas heróicas.
Mas... a quinta de sua mãe era o seu mundo. A lavoura e os animais tinham de ser cuidados e muito a contragosto lá tinha de tratar da quinta. Mas ter de levar a fêmea Bruvela para ser coberta a uma quinta vizinha... isso foi o cúmulo!

Mas é aaí que le vai conhecer um viajante aventureiro: Javin!
Javin acaba por desafiar Bragon, mas este sente que tem de ajudar a mãe...
No caminho para casa só acontecem desgraças a Bragon, terminando num belo banho de bosta literalmente. Isto fez com que ele se decidisse!

Fez-se ao caminho para ainda tentar apanhar Javin!
Mas o mundo fora da sua quinta é perigoso, e o jovem é apanhado por um bando pertencente a uma seita, e lançado num buraco para não fugir... quem é que está no buraco? Javin!
Pois, não vou contar tudo! Apenas digo que se dirigiram ao país dos Palfangeus para assistir ao "Dia dos Ch'tines", uma grande festa à qual iriam assistir o Príncipe Feiticeiro, Humon, e a sua filha a princesa Mara. Bragon ficou logo ali caidinho...

Durante a festa há uma tentativa de assassinato, e Bragon acaba por salvar a Princesa. Com isto os dois aventureiros são aceites no palácio e começam a treinar as artes de defesa e ataque para fazerem parte da segurança da princesa!

Começa a haver uma grande ligação entre os três. Isso irá acabar no final do primeiro livro.
Bragon deixa o palácio e parte para criar nome como grande guerreiro, acabando por ser o preferido do público em lutas de de arena em Vaguamare.

Entretanto os príncipes herdeiros de tronos nos reinos circundante começam a ser misteriosamente mortos. Mara tem de partir incógnita e tentar buscar o Livro dos Deuses... o seu caminho cruza-se mais uma vez com o de Bragon naquela cidade.
Bragon decide acompanhar a princesa na sua demanda...

Isto nem um resumo é! A história tem muitos pormenores, sobretudo se tiverem lido o primeiro ciclo.
Podem ler a minha crítica a esse conjunto anterior de livros neste link:
Em Busca do Pássaro do Tempo - 1º Ciclo

É uma boa aventura sem dúvida. Gostaria que a ASA se interesse por publicar o terceiro volume, e o quarto, claro, quando sair em França. Mas se isso não acontecer, que pelo menos a editora brasileira Nemo me faça a vontade!
;)

Boas leituras

Softcover
Criado por: Serge Le Tendre, Régis Loisel, Lidwine e  Mohamed Auoamri
Publicado em 2011 pela ASA
Nota: 9 em 10

12 comentários:

  1. A primeira série foi uma das coisas que me puxou novamente para a BD. Sempre foi este estilo o mais forte na BD franco belga e sem par na nipónica e na americana. O meu sonho de puto era fazer este tipo de albuns e estes dois autores reviveram essa memória.
    Por muito que goste dos dois, não há nada como ver os traços de Loisel. Nesta série e noutras eu fico a babar com as páginas deste mestre de desenho. O traço dele tem uma qualidade (a todos os niveis) que demonstra muito estudo, e é um tipo de estilo e de escola que infelizmente cada vez se vê menos na Bd Europeia.

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  2. A razão do atraso é que não há duas edições pelo mesmo desenhador...

    O terceiro álbum é desenhado por Vincent Mallié. Parece que o quarto (que sai este ano!) é desenhado por ele também, mas nesta BD tudo pode acontecer!

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  3. Ora aí está uma leitura que tenho em atraso. Obrigado pela lembrança, Nuno :-)

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  4. Luis Sanches
    Loisel é inconfundível, tem um estilo muito próprio, e ou se gosta muito ou não se gosta de todo... acho que não é há meio termo!
    :)
    O problema do Lidwime, que é um excelente desenhador, foi tentar-se colar ao registo de Loisel. Não está mal, mas sente-se que não é a mesma coisa. O argelino Mohamed Auoamri já não o fez e o resultado é superior na minha opinião.

    E sim, FantasiaHeróica é com os europeus... os americanos e japoneses não conseguem os mesmo resultados, excepto talvez em Conan.
    ;)

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  5. Hunter
    Sim eu referi isso no post, que Mallié tinha sido o desenhador do 3º livro (não editado em português).
    De qualquer modo não penso que mudar de desenhador faça com que existem lapsos temporais de mais de 3 anos entre os livros...
    De qualquer modo Serge Le Tendre já disse que estava tudo alinhavado e que iria haver um 3º ciclo, que se passará temporalmente após a série inicial e que terminará com a morte de... upsss... não posso dizer, senão matam-me!
    :D
    :D

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  6. Enanenes
    Bolas, tens mesmo esta leitura atrasada!
    :D

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  7. "E sim, FantasiaHeróica é com os europeus... os americanos e japoneses não conseguem os mesmo resultados, excepto talvez em Conan."

    Game of Trones,Warlands.
    Essa nunca li.

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  8. Optimus
    Estava a falar de BD original e não adaptações da literatura, como em várias BDs que eu também tenho, casos de Game of Thrones, The Legend of Drizzt, Dragonlance, Magician, etc.
    Warlands é uma BD de raiz, não é uma adaptação, mas nunca li.
    ;)

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  9. Optimus e Nuno, eu estava a falar de Fantasia Heroica genuinamente no estilo europeu em termos tanto te arte como de narrativa. O Conan (apesar de ser das minhas Bds favoritas de todos os tempos) está bem enquadrada no estilo americano com bastante semelhanças tanto em arte como em narrativa com o resto que se vai publicando nos States. Todas as outras séries de que falaram, pelo menos em arte, acho que são uma deviação do que anteriormente era o grosso da fantasia da Bd Europeia. Personagens maioritariamente hiper musculados já me chegam nos americanos. Não é que não goste de algumas séries actuais Europeias, mas para mim andam a perder há muito o que as tornava unica. É por isso que aprecio tanto o trabalho de Loisel. Segue uma linha que hoje em dia está cada vez mais a desaparecer. O pessoal que desenha como ele anda a escapar todo para animação ou arte conceptual de jogos de computador.

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  10. Luis Sanches
    Quando falei em Conan foi pelo ambiente onde se mexe o Bárbaro. Espada, magia, sensualidade e monstros, claro...
    :D
    Conan teria sempre de ter músculos! De outra maneira não seria Conan...
    :P
    Os americanos também têm fantasia heróica na BD, mas como disse ao Optimus, são tudo adaptações de literatura. Adorei Dragonlance e The Legend of Drizzt, mas não são ideias de um argumentista de BD. É apenas aproveitar algo já feito em livro.
    Mas existem outras séries boas em França de fantasia-heróica que eu sei! Uma delas é Lanfeust de Troy, com todo o seu universo. Mas há muitas mais, como Ythaq e afins! Quando tive em Angoulême há dois anos havia centenas de séries de fantasia heróica exposta!
    Por aqui é que não passa nada...
    :(

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  11. Ainda hoje em França « em busca do pássaro do tempo» é considerada por muitos bedéfilos como a melhor bd de heroic fantasy. Uma escolha muito dificil se considerarmos concorrentes como Thorgal, o grande poder do chninckel, la legende des contrées oubliées, os Korrigans, o lanfeust de Troy e talvez mais umas centenas delas lol. Aliás sempre pensei que o Lanfeust de Troy fosse uma dessas BD capaz de vingar em Portugal pois reúne muitos ingredientes que agradam, mas de fecto como se veio a confirmar o mercado de BD português é muito sui generis. Relativamente ao Loisel sou mais apreciador enquanto desenhador dos tais que segue a tal ligne claire FB de que sou grande fã do que argumentista.

    De resto venha o Blacksad amarillo e uw2 e o Asterix chez les pictes ( a ver vamos o que sai daí)

    Abraço Blaise

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  12. Blaise
    Para mim não é a melhor, mas deu um grande impulso na altura.
    Loisel é muito bom, adoro Peter Pan e Armazém Central!
    ;)

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Bongadas