terça-feira, 27 de agosto de 2013

Os Comics e os Anos 90: Top Cow - The Darkness & Witchblade [14]


No princípio existiam duas forças primordiais, a luz e as trevas.
Guerrearam-se desde o início do universo, mas houve uma altura que fizeram tréguas e amaram-se.
Tiveram um filho: Witchblade!

O primeiro post desta rubrica versou sobre o aparecimento da Image como uma editora diferente e concorrente das duas grandes, Marvel e DC Comics.
Como foi dito, os vários artistas que fundaram a Image criaram debaixo dela vários estúdios. Um deles chama-se Top Cow, e foi fundada por Marc Silvestri.

O início da Top Cow foi tudo menos famoso… o título inicial nunca conseguiu arrebatar o público. Este título chamava-se Cyberforce e estávamos em 1992. Como o resultado inicial não foi grande coisa, a Top Cow apresentou um relançamento da Cyberforce: Strikeforce!
Continuou a não convencer… seguiram-se inúmeros spin-offs de Cyberforce com o mesmo resultado.

Em 1995 a Top Cow recebeu na sua equipa alguns elementos que lhe vieram dar mais força e estrutura. Estamos a falar de Garth Ennis e David Wohl. A estes juntaram-se David Finch e uma pedra preponderante para aquilo que iria acontecer: Michael Turner!
As autores Brian Haberlin e Christina Z juntou-se o desenhador Michael Turner para criarem Witchblade, com a bênção de Marc Silvestri e David Wohl.

Este título teve a atenção do público e tornou-se num produto bem comercial, que a Top Cow tanto precisava para singrar! Mas não ficaram por aqui.
Em 1996 Marc Silvestri, David Wohl e Garth Ennis criaram The Darkness. Um anti-herói por natureza que também agradou ao público! Mais… em 1997 é criado The Angelus pelos mesmo criadores de Darkness, e dá-se início ao universo Top Cow!

Foram criadas mais personagens para este universo, como a Aphrodite IX (David Finch e David Wohl – 1996) e a Magdalena (Joe Benitez, David Wohl e Malachy Coney – 1998).


Esta foi a base para um universo muito rico e consistente que temos hoje em dia, com arcos bem estruturados, crossover perfeitos e emoção a rodos. Mas isso é hoje…
Na altura, e apesar do sucesso comercial destas personagens foram feitas muitas críticas á pouca consistência das histórias, e que a Top Cow só se preocupava com o aspecto gráfico relegando para segundo plano o resto.

Apresento-vos a Witchblade e The Darkness!

Como disse atrás, a Witchblade é o filho dos dois poderes primordiais: The Darkness (escuridão) e The Angelus (luz). Um dos seus nomes é “Equilíbrio” (Balance), visto que essa é uma das suas funções, fazer com que nunca o Darkness ou o Angelus consiga sobrepor-se ao seu adversário.
Como a Wichblade é masculina na sua natureza, apenas concede o seu poder a figuras femininas. Toma a forma de um artefacto em forma de luva, e a partir do momento em que encontra uma portadora entra em união física e mental com ela. Embora haja várias histórias do passado em que se conta as aventuras de outras portadoras, no nosso tempo é a polícia Sara Pezzini que acidentalmente consegue unir-se ao artefacto! Numa operação policial com o seu colega, Sara Pezzini entra em casa do vilão todo-poderoso Kenneth Irons. Este tinha encontrado o artefacto na Grécia, e o seu sonho era usar o seu poder. Mas o problema é que a Witchblade recusava portadores masculinos, castigando-os severamente, assim como figuras femininas que não lhe agradassem. Durante uma destas sessões os dois polícias entram no apartamento de Irons, mas acabam por se dar mal. Ian Nottingham (um dos homens de Irons) não é uma pessoa normal e Sara mais o seu colega são mortalmente atingidos por este ex oficial da RAF.

Mas a Witchblade sentiu a força desta agente da polícia e une-se a ela provocando o caos no salão. A Witchblade deu-lhe a força e curou as suas feridas…
A partir daqui começa uma relação de amor/ódio entre Sara Pezzini e a Witchblade. E no meio desta relação temos um Kenneth Irons fazendo jogo duplo para se apoderar do artefacto e poder usá-lo. Para isso serve-se de Ian Nottingham e muita magia!


No final, Sara acaba por aceitar o seu artefacto. Este tenta sobrepor-se à vontade dela, mas Sara tem uma personalidade muito forte e acabam por viver numa relativa harmonia… e Irons… bem… não acaba lá muito bem no final do arco “Origens”, publicado no nosso país em dois volumes pela Devir (2002).
























Não referi isto, deveria ter sido logo no início mas ainda vai a tempo. Este artefacto dá força e agilidade sobre-humana à sua portadora, inclusivamente torna possível o voo. Consoante o perigo forma um exosqueleto que protege a portadora, quanto maior o perigo mais fechada se torna esta protecção. Deste exosqueleto podem sair excrescências, tipo tentáculo rígido, com que ataca os seus adversários.

Sara é polícia. Logo investiga criminosos… e isto leva-nos ao mafioso Jackie Estacado!
E quem é Jackie Estacado? É apenas o portador da força primordial The Darkness!
As relações entre os dois são sempre tensas, mas existe algo que os atrai um no outro. Os crossover são mais que muitos, e normalmente como aliados.


A entidade Darkness é passada de pai para filho, mas existe um problema… a partir do momento em que o portador da entidade concebe um filho, imediatamente morre passando a entidade para a criança ainda no útero.

Pois é! Ironia do destino, o playboy mafioso Jackie Estacado quando sabe desta situação entra em pânico! Afinal o hobby dele são mulheres bonitas! Preservativos? Será que vale o risco e morrer? Tantas perguntas para Jackie Estacado quando é informado, por uma irmandade tenebrosa dedicada a esta entidade, destes problemazitos… Estes aparecem quando os poderes se começam a manifestar quando faz 21 anos!

Esta entidade negra sempre submeteu os portadores da família Estacado ao seu poder. Com Jackie encontra um problema! O mafioso continua com vontade própria e comanda o seu destino! Isto amedronta a tal Irmandade da Escuridão, tornando-se inimiga da pessoa que deveria proteger!

Jackie Estacado foi entregue ao “Padrinho” Frankie Franchetti por Sonatine (o big boss da Irmandade), dizendo que com aquele rapaz ele se iria tornar um mafioso importante. E assim foi! Jackie Estacado perdeu a virgindade aos 14 durante um interrogatório da polícia, e matou pela primeira vez aos 16. Mafioso playboy violento, e controlado pela família Franchetti!

Depois de vários acontecimentos Jackie Estacado afasta-se da sua vida de mafioso (acaba por se voltar contra FranchettI), sobretudo depois de ter falado com Batman.
A partir daqui passa a ser o anti-herói perfeito. Tentando fazer coisas certas, mas com muitos defeitos na personalidade. Para mais, com os ataques do Angelus ele tinha de estar em paz com boa parte da sua vida…

Com isto tudo, a entidade Darkness pela primeira vez não está satisfeita com o seu portador!
Isto dá azo a muitos arcos na história desta personagem.

A entidade Darkness cria um exosqueleto completo ao seu portador, força e agilidade sobre-humana, factor de cura elevado e cria, para além disto tudo, os Darklings! Esta foi uma excelente criação dos autores desta personagem. Os Darklings criados pelo Darkness são seres monstruosos, mas com vida própria. Pensam e são completamente loucos de cómicos! São os grandes aliados do Darkness contra os seus inimigos!
O poder do Darkness não se consegue manifestar na luz, mas este consegue criar as suas sombras…

Tanto a Witchblade como o Darkness são muitas vezes aliados em batalhas contra inimigos comuns, e no futuro acabam por… er… não digo.
O grande inimigo (sobretudo do Darkness ) é mesmo a entidade feminina Angelus. E aqui se pode dizer que nem a Escuridão é tão má como parece, nem o Anjo da Luz é tão bom como poderia transparecer!

Entre as séries destas duas personagens, sobretudo ao início, Darkness tem histórias francamente melhores que a Witchblade. Mas no futuro ambas atingirão um bom patamar de qualidade (com uns arcos melhores e outros piores...) e acabarão por se mesclar em crossover contínuo.
Foram as duas primeiras séries de sucesso da Top Cow, e lançaram bons artistas para o mercado dos comics. São emblemáticos dos anos 90 com certeza.


Posso dizer que actualmente a Witchblade já leva mais de 160 revistas on-going. O Darkness teve algumas interrupções, mas também penso que já passou das 100.

Espero que esta leve incursão pelo centro do universo Top Cow vos tenha agradado. Devido aos meus livros serem muito pesados como podem ver na foto (mais de 1000 páginas cada um), vou sacar imagens da internet em vez dos scans.

Podem ver os outros artigos desta rubrica nos seguintes links:
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Queda do Morcego
Os Comics e os Anos 90: Crossovers entre várias Editoras 
Os Comics e os Anos 90: Dark Horse - Hellboy
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Onslaught 
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Elseworlds: Golden Age
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Heroes Reborn 
Os Comics e os Anos 90: Wizard Magazine
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Os Monos da Marvel
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Hal Jordan: Ascensão, Queda e Redenção
Os Comics e os Anos 90: Alex Ross
Os Comics e os Anos 90: A Falência da Marvel


Boas leituras

10 comentários:

  1. Realmente nunca foram a minha onda, exceptuando a arte de Silvestri no Darkness. Isso sim valia a pena, agora de resto :S:S:S As histórias no principio (só conheci o principio) eram terriveis. Ao mesmo tempo na altura (e um pouco ainda hoje) já não podia ver mulheres com ancas exageradamente minusculas, por isso quando vi a heroina de Witchblade quase que não me apeteceu ler de todo. O que é uma pena porque em termos artisticos o Silvestri é um espéctáculo, mas estes gajos (o Lee sofre do mesmo) passaram demasiado tempo a desenhar mulheres de livros de super herois e aquilo sai uma coisa que não tem nada a ver com o corpo de uma mulher.

    Por fim, e um pequeno aparte só visto que já falámos sobre isto, a sério, como é que podes gostar do tanto do artista da primeira imagem (até já me esqueci do nome dele mas salta-me sempre aos olhos as suas 'pinturas'). Faz lá um zoom nessa primeira imagem e diz-me que aquilo não é terrivel (!!)... Pronto, eu sei, já me calei :S

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  2. Luis Sanches
    A Witchblade a partir do #95 começa a ter excelentes histórias. Até aí eram histórias de massa com feijão, mas todo o universo Top Cow a partir dessa data passa a ser muito bom e consistente. Eles uniram e expandiram todo o universo deles criando crossovers permanentes em todas as personagens (Witchblade, Darkness, Angelus, Cyberforce, Magdalena, Aphrodite IX e Hunter Killer). Como expandiram? Criando um ponto de união entre todo o universo deles, primeiro com First Born e logo de seguida com Broken Trinity, e partindo depois para a mega saga Artifacts. Nesta altura em vez de teres 3 entidades passas a ter 13. Foi um pouo como a cena do Geoff Johns no Lanterna Verde quando criou o "Espectro Emocional" com os seus 9 corpos de Lanternas. As possibilidades tornaram-se infinitas.
    O sucesso de Artifacts foi tão grande que passou de uma série de 13 partes, para uma série ongoing!

    Infelizmente o preconceito criado desde o final dos anos 90 (as personagens tinham histórias fracas) dura até hoje e os leitores estão a perder um dos melhores universos (na minha opinião), que mete Marvel e DC a um canto. De notar que o sucesso de First Born / Broken Trinity e Artifacts foi tão grande que a Top Cow fez "Absolutes" com cada uma destas sagas. Já agora, Absolutes de alta qualidade com poster gigante no interior!
    A arte vai variando conforme o desenhador, e depois também depende do gosto pessoal de cada um. O Stjepan Šejić tem coisas que eu gosto, outras nem por isso!
    ;)
    ;)

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  3. Txiiii!... Só a partir do 95?? Bem, vou ver se espreito então a partir desse numero. Não sabia que actualmente esse universo estava tão bem considerado nem imaginava que um tipo como o Garth Ennis estivesse envolvido no assunto. É claro que só isso faz-me logo água na boca. Acho que vou exprimentar para ver se gosto... :)

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  4. Luis Sanches
    Repara... a partir desse número começa a ser muito interessante, mas existe muita mitologia para trás disso que é o fundamento dessas novas histórias. Mas presumo que bastará ler artigos na internet sobre essas séries para se ficar minimamente com bases para se perceber o porquê e como de First Born. É a partir desse crossover que tudo começa a sério. Salvo erro First Born inicia-se no #100 da Witchblade. De qualquer modo a partir de First Born minimamente alguém que deseje começar a a partir daí não terá dificuldades em acompanhar os títulos. A grande mudança deu-se quando Ron Marz ficou responsável pelos principais títulos.
    Garth Ennis só esteve "presente" no início do Darkness. Não foi por acaso que as histórias iniciais do Darkness são bem melhores que as da Witchblade...
    ;)

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  5. Nem imaginava que ainda houvesse livros da Witchblade, lol. Lembro-me de comprar ainda uns em português ou brasileiro ou americano(uns dos 3 foi lol) de Tomb Raider & Witchblade. Também cheguei a comprar alguns números de Magdalena que me faz lembrar outra "heroína" que saiu também em português que me falha o nome agora..

    O Darkness parecia melhor mas nunca tive nenhum contacto com ele. O Michael Turner também era um homem de extremos havia desenhos que deixam água na boca, outros que parecia que tinham sido desenhados por uma pessoa completamente diferente.

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  6. alucardscorner
    Existem e cada vez melhores. Como podes ver na última foto do post, cada calhamaço daqueles possui 100 comics, e em Janeiro sai o volume 3, que vai da #100 à #150.
    O Darkness na altura era desenhado pelo próprio Silvestri e chegou a ter argumentos do Ennis. Daí a sua qualidade inicial ser superior à Wirchblade.
    ;)

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  7. Witchblade já tentei ler 2a vez versao globo mini serie que larguei a meio e num relancamento recente com o tpb a preço modico nunca levai avante.
    O Darkness apesar de achar mais interessante pelo que li num Image Firts tal como Savage Dragon nao te nenhuma colecão de tpbs desde 1.

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  8. Optimus
    A Witchblade tem continuidade. As histórias iniciais são fraquitas, mas vai melhorando com o tempo, e só perseverando se consegue chegar até ao ponto em que vale mesmo a pena. O universo Top Cow neste momento é dos mais interessantes a nível de histórias e conceitos.
    ;)

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  9. Amei essas séries, eram bastante diferentes dos tradicionais comics de super heróis.
    A arte do falecido Michel Turner era deslumbrante e diferente do que estávamos habituados, como também o foi J. scot Campbel com Gen 13
    Pena não existir esses compendium em português :)

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  10. Jony da Costa
    Pois, só há mesmo em inglês. Mas para quem quer ter todo o backgound destas personagens não há melhor! Têm lá praticamente tudo!
    :)
    Como eu disse atrás, é um dos universos mais interessantes neste momento, dentro dos comics dos EUA
    ;)

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Bongadas