quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Lançamento Polvo: Duas Luas (com mini-entrevista aos autores André Diniz e Pablo Mayer)


Aproxima-se o 24º Amadora BD e começam a aparecer algumas novidades.
Desta vez é a Polvo que apresenta um novo e exclusivo livro: Duas Luas

Os autores são André Diniz (Argumento) e Pablo Mayer (Desenhos). Ambos são conhecidos de outro livro publicado pela Polvo, Morro da Favela, onde o argumento e o desenho foi de André Diniz, mas onde Pablo Mayer desenhou desenhou algumas ilustrações.

O Leituras de BD apresenta também uma breve conversa com André Diniz acerca deste livro, e da exposição "Seis esquinas de Inquietação" no Amadora BD. Esta exposição foca, para além de André Diniz, mais cinco autores brasileiros.

Fiquem com a nora de imprensa da Polvo, e no final uma pequena conversa com André Diniz e ainda tive tempo para fazer duas perguntas ao Pablo Mayer!
:)



DUAS LUAS
André Diniz (Argumento) e Pablo Mayer (Desenhos)

O LIVRO

NILO, proprietário do Bar do Lourenço (de onde virá o nome?), está interessado em vendê-lo para se poder dedicar mais à sua amada Natali e à filha que está para nascer, fruto do amor de ambos. Mas as coisas não são assim tão lineares e enquanto a venda não se concretiza Nilo terá de enfrentar e resolver uma série de questões, tentando manter sempre a sua integridade imaculada. Bandidos, estranhos sonhos, insónias, mortes, clientes metediços e uma velha prostituta (iniciada na profissão pelo pai de Nilo), são alguns dos ingredientes desta intrigante história saída directamente da imaginação do prolífico André Diniz e habilmente desenhada pelo virtuoso Pablo Mayer.

Edição: Polvo
AUTORES: André Diniz e Pablo Mayer
DATA: Outubro 2013
Format o: 165 x 230 mm
Páginas : 136, a preto e branco
CAPA: a 4 cores, com badanas
PVP (IVA n/incluído): 12,90 euros

OS AUTORES

ANDRÉ DINIZ é argumentista e desenhador de Banda Desenhada e autor e ilustrador de livros infanto-juvenis. No Brasil, já ganhou mais de uma dezena de prémios, entre eles o de melhor roteirista, melhor graphic novel, melhor edição de quadrinhos, melhor site de quadrinhos, entre outros. Em 2012 venceu o conceituado prémio HQ MIX, como melhor roteirista nacional, através de “Morro da Favela”, editado em Portugal pela Polvo, em 2013. Vive em S. Paulo, Brasil.

PABLO MAYER, ítalo-brasileiro, é ilustrador e desenhador de Banda Desenhada.
Colabora há mais de meia dúzia de anos com ilustrações para jornais, revistas e livros infantis de grande circulação na imprensa brasileira (Folha de São Paulo, Editora Abril, Globo...). Faz também ilustrações para videojogos e publicidade.
Publicou a tira Brabos Comics, no jornal ANotícia. Foi um dos autores brasileiros convidados para a versão editada em Portugal de “Morro da Favela”. Hoje, vive com a sua esposa Carolina em Dublin, na Irlanda.


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E agora uma pequena conversa com André Diniz...
:)

Não me queres dizer como surgiu este Duas Luas?

Bom, eu já tinha o roteiro escrito há uns dois anos. Faz um tempo que comecei a ler muito sobre simbolismos, mitos e sonhos, São temas que, explícita ou implicitamente vai estar cada vez mais nas minhas BD.
Duas Luas, porém, é quase uma brincadeira sobre esse tema dos sonhos.
Desde então, o cenário das BD autorais perdeu um pouco do espaço nas editoras aqui no Brasil, principalmente pelo fim da editora Barba Negra (que havia me publicado com Morro da Favela). Nisso, acabei dedicando-me a outros projetos de BDs minhas, projetos que interessavam mais às editoras daqui por se encaixarem no programa PNBE, onde o governo compra BDs para as bibliotecas das escolas públicas brasileiras.
Aí, nesse ano, fiz algo que nunca havia feito antes: ofereci o roteiro a um desenhista que eu não conhecia antes (só como leitor). E o fiz por gostar muito do traço do Pablo Mayer. Ele adorou a ideia da nossa parceria e, finalmente, o roteiro ganhou vida.

























Como entrou o Pablo Mayer nisto tudo? Sei que já tinha colaborado contigo em Morro da Favela. Foi escolha tua, ou aconteceu por e simplesmente?

Quando eu o convidei pra fazer uma ilustração pra edição portuguesa do Morro da Favela (essas ilustrações são exclusivas da edição de Portugal), nós já tínhamos começado a parceria no Duas Luas. Daí, quando eu o fiz o convite, foi no escuro mesmo. Eu não o conhecia nem pessoal nem "digitalmente", embora fôssemos "amigos" no Facebook. Nunca convidei nenhum parceiro de trabalho sem que eu o conhecesse pessoalmente e já o chamasse de amigo, pois é nisso o que eu acredito: antes de tudo, a parceria artística pra mim tem que ser uma amizade. É uma parceria muito delicada, onde cada um tem que ceder um pouco e embarcar na visão do outro. Ao menos aqui no Brasil, é um meio ainda muito difícil, e se não for um trabalho encomendado por uma editora, vai ter que haver compreensão e cumplicidade dos dois para fazer a HQ vingar de alguma forma. Daí, fazer uma HQ no escuro, sem dinheiro nas mãos, sem editora ou sem um destino definido com alguém que você não conhece é um risco grande, as chances de haverem aborrecimentos e desentendimentos é grande. Mas eu já era fã do trabalho do Pablo, e ao menos uma vez na minha vida resolvi ouvir a minha intuição. Não me arrependi: hoje, posso chamar já o Pablo também de amigo. Sem falar que amei o resultado da BD. Não houve um segundo sequer de desentendimento entre os dois, mesmo que sutil (claro, podíamos ter opiniões diferentes em algumas situações, mas essas poucas discordâncias - que são muito saudáveis e importantes - foram resolvidas em segundos).

A aposta no preto e branco nos teus livros é escolha preferencial tua, ou tem a ver com facilidade no desenho e impressão?

Até um tempo atrás, era muito difícil fazer um álbum de BD em cores aqui. O que podemos chamar de mercado para BDs brasileiras voltou a se ressurgir do nada por volta de 2004, talvez. Nessa época, a disposição das editoras de investir em BDs nacionais era muito pequena, elas ainda eram muito cautelosas. Isso praticamente impunha o PB às BDs formato álbum. Para mim, isso não era exatamente um problema, como leitor e também como autor sempre gostei das páginas em PB. Mas é fato que algumas BDs específicas ganham mais com a cor. Isso passou a ser uma possibilidade alguns anos depois, e nos últimos anos tenho trabalhado bastante com cores também, em parceria com Marcela Mannheimer (parceria na vida pessoal também, pois somos casados). Pelo fato do livro aqui ainda ser muito caro, opto pelo PB na maior parte dos meus títulos mais autorais, até como uma forma de baratear a edição ao leitor.

Como vês a produção actual da HQ brasileira? Tenho alguns livros que gostei muito, como o Encantarias, a colectânea do Laerte, o Astronauta do Beyruth ou Daytripper. Está em expansão ou são casos pontuais de sucesso?

Bom, infelizmente esses títulos não refletem a produção nacional em termos de números e alcance, até porque cada uma tem particularidades que influenciaram nisso: Daytripper é uma publicação da Vertigo, portanto não ilustra o mercado nacional. O Astronauta do Beyruth é uma publicação dos estúdios do Maurício de Sousa que, em termos de quadrinhos, é mais forte no Brasil do que Disney, Marvel e DC juntos. Já o livro do Laerte... Bom, Laerte é Laerte. Infelizmente, acho que o nosso auge foi 2011. De lá pra cá, venho sentido uma retração em número de lançamentos, na diversidade e no espaço para as BDs nas livrarias brasileiras.

























Vens a Portugal para o 24º Amadora BD?

Quanto a ir a Portugal... SIM! Vamos nos conhecer lá pessoalmente? Aliás, faço questão de registrar aqui que estive em Portugal pela primeira vez em janeiro desse ano. Não digo isso só por dizer, pois tu nem me perguntaste nada sobre isso, mas posso afirmar-te que o povo português é o mais amável, dócil e simpático do planeta inteiro, e talvez de outros planetas também. Nunca fiz tantos amigos em tão pouco tempo, nem jamais fui tão bem recebido onde quer que eu fosse. Eu e minha família ficamos hospedados na casa do Paulo Monteiro, a quem já tinha conhecido no Brasil, e a hospitalidade dele é algo que nunca vi parecido (vou ter que me esforçar pra retribuir na próxima vez que ele vier ao Brasil!). Trabalhar com o Rui Brito, editor da Polvo, também é maravilhoso, de um profissionalismo e seriedade que, infelizmente, não se encontra toda hora.

Muito obrigado André, e claro que nos vamos encontrar!
:)

E agora duas perguntinhas que fiz ao Pablo Mayer!

Sketch da capa

Pablo, como vês este livro, o Duas Luas? Foi bem conseguido, o que sentiste ao desenhá-lo?

Eu me sinto muito honrado em poder desenhar essa história. Desde que o André me enviou o roteiro (acho que foi em Dezembro de 2012) eu senti que a queria desenhar. Só tive que esperar um momento em que eu tivesse mais tempo para começar (Maio deste ano). Para mim a história é muito boa, e tem todos os elementos que eu gosto e busco em uma história - humor, drama, aventura. E foi também um desafio como desenhista, já que essa BD é bem dinâmica.

Vens a Portugal ao Amadora BD?

Não vou a Amadora...
:(

Obrigado Pablo, pela resposta e pelas imagens!

Boas leituras

4 comentários:

  1. Que belíssimo aspecto que isso tem! A minha vénia ao Rui Brito pela aposta. E é bom saber que um dos autores vem cá durante o Amadora BD.

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  2. Mário Freitas
    Infelizmente o desenhador (Pablo Mayer) não vem...
    :(

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  3. Uma pena o album não ser todo colorido. A primeira imagem que mostras está muito boa. Adorei o estilo visual do desenhador.

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  4. Luis Sanches
    Sim, e se casar bem com a história, então ficará mesmo muito bom!
    ;)

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