quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Arqueiro Verde: Os Caçadores
Esta série da Levoir trouxe algumas pérolas que eu já conhecia, como Crise de Identidade, Joker: O Último a Rir, Batwoman: Elegia e Crise na Terras Infinitas.
Este eu não conhecia, embora já tivesse bastantes vezes para o comprar no original. Em boa hora foi publicado em português! Devido a esta feliz coincidência decidi fazer este artigo.
No original tem o título Green Arrow: The Longbow Hunters, e o artista em foco é Mike Grell.
Este autor/desenhador norte-americano sempre foi dos meus preferidos. Tive o primeiro contacto com a sua obra através do Mundo Aventuras com um dos meus heróis favoritos: Warlord, a preto e branco (garanto que se me sair o Euromilhões eu publico integralmente esta série em português…). Como eu adorava o desenho de Grell! A história era mistura de clichés, mas tudo feito de tal modo que eu ansiava sempre pela próxima aventura de Warlord em Skartaris!
Grell teve excelentes trabalhos em Tarzan e claro, trabalhou muito para a DC nos seus maiores títulos. Para a Marvel pouco trabalhou, apenas Iron Man e X-Men Forever.
Os Caçadores datam de 1987, uma altura em que se lutava por trazer temáticas mais adultas para os comics. Era a época do “Grim and gritty”!
Grell redefiniu o Arqueiro Verde tornando-o num caçador urbano, com temáticas sociais fortes, abandonando a antigas batalhas com super-vilões. Aqui os vilões eram bem retratados e formatados socialmente. Desde bandidos de meia tigela até mafiosos do mais alto gabarito, tudo passou neste livro.
Digamos que há um crescimento deste Robin dos Bosques moderno. Deixou de ser um playboy, deixou aquelas cruzadas sociais de outros tempos, e claro, aqui não há lutas contra super-vilões (leia-se tipos maus com super poderes). Oliver está mais velho, mais sábio como pessoa e também mais introspectivo. Acaba por ser um livro complexo, apesar da aparente simplicidade com que Grell vai contando a história. Daí eu dizer que há duas maneiras de ler este livro: ou simplesmente lendo vorazmente uma aventura com acção, ou então lendo mais lentamente tomando atenção às entrelinhas.
Grell esquematizou o Arqueiro Verde como um verdadeiro “vigilante” urbano, na companhia da Canário Negro. A caça era a mesma, os predadores diferentes. Grell retrata muito bem os predadores urbanos no seu habitat de betão, com as suas taras e loucuras, nos monólogos do Arqueiro e (claro) com o seu maravilhoso lápis, num registo muito realista.
Grell não se coíbe de mostrar alguma nudez, tortura e sangue. A cena em que Dinah (Canário Negro) está a ser torturado é um belo momento gráfico e psicológico. Ela está nua e da maneira como os traficantes a estão a tratar está implícita, para além da tortura pura e simples, também a violação. Oliver está com um dos maiores dilemas da sua vida… o homem que jurou a si mesmo não matar tem aqui uma escolha muito difícil! Grell trabalhou muito bem esta cena, tanto na escrita como no grafismo.
Para dar mais substância à história, Grell criou Shado, a filha de um Yakuza que é treinada nas artes do Kyudô (arte marcial japonesa do arco e flecha).
Shado é a personagem que une toda a trama deste livro. Treinada para matar e vingar a desonra que um grupo especial norte-americano provocou na sua família.
Oliver Queen cria uma relação ambivalente com esta guerreira. Por um lado não quer que ela vá matando a seu bel-prazer, por outro lado… eles são bandidos do piorio e ela está a dar cabo deles!
Bom, estruturando a trama da história… Oliver e Dinah mudam-se para Seattle.
Aqui dão-se conta de vários crimes que tomam conta dos jornais da região. Um assassino em série que vai somando prostitutas, e um misterioso arqueiro que vai matando aparentemente de forma aleatória.
Dinah segue uma pista de narcotraficantes, Oliver vai atrás do misterioso arqueiro.
No final tudo se une numa excelente história de Grell.
Relativamente ao desenho, eu sou suspeito. Adoro Grell! Acho que a grande atracção deste livro é mesmo a arte. E sim, eu gosto deste género. Sem brilhos "photoshopados", sem brincadeiras no computador. O que está ali é Grell, lápis e papel!
Neste livro ele tem vários registos gráficos, conforme o que está a retractar. Mas a sua narrativa gráfica nunca se perde nestas mudanças, antes pelo contrário, fazendo com que o leitor nunca saiba que tipo de desenho vem na página seguinte.
Teve uma grande ajudante que soube interpretar bem o que ele pretendia: a colorista Julia Lacquement!
Este foi um dos livros que mais me surpreendeu nesta colecção. Sem dúvida que recomendo este nº 12 da série Super-Heróis DC Comics.
Hardcover
Criado por: Mike Grell
Editado em 2013 pela Levoir
Nota: 9,5 em 10
Excelente post, Nuno!
ResponderEliminarTambem a mim Nuno.Este e Batwoman foram dos melhores surpresas..já Flash Renascer nem por isso.
ResponderEliminarEm Portugal, esta minissérie em 3 números chegou às bancas no segundo semestre de 1989, graças à importação das revistas brasileiras da Editora Abril. A série tinha a designação “de luxo” não só devido à qualidade do papel mas também ao formato norte-americano, ao invés do denominado “formatinho”.
ResponderEliminarO sucesso da minissérie fez a Abril avançar com uma série mensal homónima em formato norte-americano (que durou 15 números), onde publicaram histórias do Arqueiro Verde, Batman, Questão, Sombra, Mulher-Gato, Falcão Negro e Canário Negro, a qual foi também distribuída em Portugal.
Bom post, Nuno. Tenho o livro em casa para ler e estou com bastante curiosidade para o fazer, já que não apanehei nunca a versão original (como tu), nem a versão em brasileiro que o enanenes relembra que saiu por cá em 1989.
ResponderEliminarLembro-me de ter apanhado essa coleção que coleccionava as suas posteriores aventuras, junto com outras de outros personagens. Tenho particular carinho pelas do Questão.
Ben
ResponderEliminarObrigado!
:)
Optimus
ResponderEliminarJá tinha o original Flash Rebirth, mas claro que comprei também este. A história torna-se por vezes um pouco confuso... é o defeito desse livro. Quanto à Batwoman, já tinha feito uma crítica bem positiva quando saiu há uns anos (no original). É um excelente livro.
Este, na realidade não conhecia. Tive para comprar várias vezes o TPB, mas estive sempre à espera de um HC. Afinal o Hardcover saiu de onde eu menos esperava... e em português!
:D
enanenes
ResponderEliminarNunca cheguei a ler essa mini da Abril. Passou-me completamente ao lado!
Mas quem espera sempre alcança e agora tenho este livro no seu melhor formato, mesmo internacionalmente falando. Acho que a DC nunca o editou em capa dura (HC).
;)
SAM
ResponderEliminarObrigado!
:)
Acho que deves satisfazer essa tua curiosidade em relação a este livro ainda hoje! Vale a pena.
;)