sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Piteco: As Sombras da Vida
Esta é uma das grandes histórias que eu li há muitos anos, saída da mente de Maurício de Sousa!
Saiu originalmente na revista Mônica #129 de Janeiro de 1981, pela editora Abril.
É uma história baseada na "Alegoria da Caverna" de Platão, e em que Maurício de Sousa faz uma adaptação cortante relativamente aos dias de hoje.
As páginas contêm humor inteligente, e a cadência entre elas é extraordinária. Contar este mito em cinco páginas não é para qualquer um.
E aquela passagem temporal do Piteco pré-histórico para os dias de hoje mudando o estilo de roupa ao longo dos séculos é muito bem apanhada.
Adorei isto!
Obrigado ao Sidney Gusman pela autorização de publicação integral de "As Sombras da Vida" e pelas informações preciosas que deu relativamente à datação da história, e do título onde foi publicada originalmente.
:)
No final publicarei uma cópia de um texto que tem o resumo da "Alegoria da Caverna", que faz parte de um livro de Platão chamado "A República". O link ao texto indicará o local de onde foi retirado.
O Mito da Caverna, também conhecido como “Alegoria da Caverna” é uma passagem do livro “A República” do filósofo grego Platão. É mais uma alegoria do que propriamente um mito. É considerada uma das mais importantes alegorias da história da Filosofia. Através desta metáfora é possível conhecer uma importante teoria platónica: como, através do conhecimento, é possível captar a existência do mundo sensível (conhecido através dos sentidos) e do mundo inteligível (conhecido somente através da razão).
O mito fala sobre prisioneiros (desde o nascimento) que vivem presos em correntes numa caverna e que passam todo tempo olhando para a parede do fundo que é iluminada pela luz gerada por uma fogueira. Nesta parede são projectadas sombras de estátuas representando pessoas, animais, plantas e objectos, mostrando cenas e situações do dia-a-dia. Os prisioneiros ficam dando nomes às imagens (sombras), analisando e julgando as situações.
Vamos imaginar que um dos prisioneiros fosse forçado a sair das correntes para poder explorar o interior da caverna e o mundo externo. Entraria em contacto com a realidade e perceberia que passou a vida toda analisando e julgando apenas imagens projectadas por estátuas. Ao sair da caverna e entrar em contacto com o mundo real ficaria encantado com os seres de verdade, com a natureza, com os animais e etc. Voltaria para a caverna para passar todo conhecimento adquirido fora da caverna para seus colegas ainda presos. Porém, seria ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu, pois seus colegas só conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna. Os prisioneiros vão o chamar de louco, ameaçando-o de morte caso não pare de falar daquelas ideias consideradas absurdas.
Os seres humanos tem uma visão distorcida da realidade. No mito, os prisioneiros somos nós que enxergamos e acreditamos apenas em imagens criadas pela cultura, conceitos e informações que recebemos durante a vida. A caverna simboliza o mundo, pois nos apresenta imagens que não representam a realidade. Só é possível conhecer a realidade, quando nos libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna.
Boas leituras
Esta é uma história que costumo classificar como do tipo 'Quadrinhos para Sempre'. Jamais vão envelhecer, tamanha a qualidade e o sentimento que transmitem.
ResponderEliminarPaulo Langer
ResponderEliminar(Acho que és tu, pelo menos, tens toda a razão. Uma pequena história que ficou enterrada na minha memória até aos dias de hoje!
:)
Eu já conhecia essa HQ, mas foi muito bom poder rever. Continua atual ainda hoje, só poderia trocar a TV pela internet. Ótima matéria, Nuno!
ResponderEliminarEverton Veras
ResponderEliminarAcho que esta história está mais actual do que nunca!
A informação completamente manipulada que recebemos através de ecrãs, sejam de TV, computador, telefone, Ipad, tablet, etc., estão tão truncada e nós estamos tão crentes que aceitamos como verdade tudo o que aparece por lá. Estamos na Era da Desinformação...
:(