quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Nós também somos o Charlie: Olá! O meu nome é MEDO.

Por favor desfrutem deste cartoon culturalmente etnicamente religiosamente e politicamente correcto, com responsabilidade.
Obrigado


O escreveu ontem sobre esta temática, o massacre no Charlie Hebdo, que vitimou alguns dos melhores cartunistas mundiais em nome de uma fé.
Costuma-se esperar à volta de 24 horas para o próximo artigo de opinião, mas este assunto na minha óptica é premente. Assim, com autorização do , reduz-se o tempo a metade para também eu falar de Liberdade Criativa e Liberdade de Imprensa.

Wolinski
A chamada sociedade ocidental, com os seus valores de liberdade demorou muito tempo para conseguir esses mesmo valores. Foram séculos de mortes, massacres, tortura, guerra para que hoje um indivíduo possa falar, escrever, representar, desenhar sem ter medo de ser preso, torturado ou morto.

Quer queiramos quer não o massacre de cartunistas de ontem vai deixar mazelas. O ser Humano na sua generalidade tem anseios, medos e temores. Toda a gente os tem em maior ou menor grau. E o ser humano para responder a estes sentimentos tem algo chamado auto-preservação.

Esta auto-preservação vai fazer com que outros se “encolham” agora, pois o valor “Liberdade” afastou-se do seu companheiro “Segurança”. A liberdade de expressão levou um grande murro no estômago e, ou a civilização europeia dá uma resposta rápida e cabal e este problema ou a liberdade de expressão ficará com esta mazela reumática para sempre, e que irá doer sempre que faça frio.

O Charlie Hebdo é um jornal satírico. Em liberdade só compra quem quer! Quem não gostar do que lá se escreve ou se desenha tem bom remédio: não compra. E se ninguém comprar ele desaparece. É assim em liberdade.

Este jornal satirizava tudo, dá a ideia pelas notícias que correm que só satirizava Maomé! Isto não é verdade, eles satirizavam tanto a família Le Pen (extrema-direita) como os árabes. Todos foram alvos dos artistas deste jornal: Deus, cristãos, judeus, patrões, extrema-direita, extrema esquerda, Governo, Presidentes de Estado enfim, tudo quanto é vulgar existir numa sociedade europeia.


Wolinski

Existem seres que se acham acima de sátira… são os mais fáceis de satirizar por isso mesmo. Para eles sátira é crime, e é punível com a morte. Enganaram-se com certeza na civilização onde vivem. E punindo com a morte à revelia de qualquer lei do país onde vivem, provocam o medo. E sim, tenho a certeza que muitos jornalistas agora irão pensar duas vezes antes de falar ou escrever sobre o Islão. Esta é a mais pura das verdades! O objectivo dos terroristas foi conseguido, a não ser que a sociedade francesa dê uma resposta brutal a este massacre (o que eu não acredito, somos tolerantes…)


Wolinski
Charb


























Charbonnier (Charb) era um homem sem medo. O seu instinto de auto-preservação devia ser quase nulo, como confirma a sua frase:
“Je Préfère mourir debout que vivre à genoux”
(“ Eu prefiro morrer de pé que viver de joelhos”)

E isto diz tudo sobre a filosofia que presidia aos criativos deste jornal:
Charb (Stéphane Charbonnier), Tignous (Bernard Verlhac), Cabu (Jean Cabut), George Wolinski e Philippe Honoré.

Uma amiga, a Madalena Vidal, escreveu isto que eu subscrevo a 100%:

"Dizer que "a França colheu o que plantou" neste caso é a mesma coisa que dizer, por exemplo, que uma mulher de mini-saia está a pedir para ser violada ou que um miúdo de óculos está a pedir para levar uma tareia na escola. A culpa NUNCA é da vítima, é SEMPRE do agressor. Vejam lá se metem isto na cabeça de uma vez por todas!"

Para os que acham que estes homens livres, castigados neste massacre, se "puseram a jeito" só posso dizer que merecem o meu vómito, e que não merecem viver nesta sociedade.


Charb
Tignous


























E já agora fiquem com um excerto do artigo de Miguel Esteves Cardoso para o jornal Público sobre este assunto:

"Não se percebe a gabarolice dos estúpidos assassinos quando gritaram "Matámos a Charlie Hebdo".
Não se pode matar a Charlie Hebdo. Não se pode matar a valente e hilariante revista que goza com tudo e com todos desde os tempos em que se chamava Hara-Kiri. Muitos poderosos tentaram censurar os satíricos da Charlie Hebdo. Nunca conseguiram. Nunca conseguirão.
O que se pode matar é a liberdade de expressão." (Clicar aqui para continuar a ler o artigo)


Cabu, Charb, Tignous e Wolinski, descansem paz ou então aproveitem o Álem para atormentar algumas almas que o merecem.


Fiquem com alguns cartoons criados por vários artistas em homenagem aos criativos do jornal Charlie Hebdo:



David Pope


Magnus Shaw



Loïc Sécheresse
Neelabh Banerjee
























Nate Beeler



Carlos Latuff



JM:o



Este atentado foi diferente de todos os outros até aqui. Tinham sido sempre contra alvos indiscriminados e em que os perpetradores desses mesmo atentados se suicidavam levando consigo o máximo de gente possível.
Este massacre foi uma execução, teve um alvo definido e os assassinos fugiram, não se suicidaram. O alvo foram desenhadores. O alvo foi a nossa liberdade, e dentro desta duas das mais importantes e mais queridas dentro da nossa sociedade: a Liberdade de Expressão e a Liberdade Artística.

PS: Nunca coloquei o avatar que circula em toda a net ("Je suis Charlie") por uma questão de respeito. Eu não sou Charlie, de maneira nenhuma. Nem perto nem longe! Não tenho 1/10 da coragem daquela gente, por isso faço esta ressalva.

Boas leituras

10 comentários:

  1. Plenamente de acordo. Se há um valor que vale a pena lutarmor por é exactamente esse: A Liberdade de Expressão. Vivemos em sociedade, quem se sente ofendido por algo tem à sua disposição meios legais para se fazer ouvir e protestar. O que aconteceu ontem é um exemplo do que certa gente quer: um retrocesso civilizacional. Pela minha parte não o conseguirão.

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  2. Qué terrible que un atentado como este haya sucedido. Tenemos que apoyar a Charlie Hebdo.

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  3. Muito bem é uma vergonha essas açoes contra a liberdades alheias.

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  4. Nunca coloquei o avatar que circula em toda a net ("Je suis Charlie") por uma questão de respeito. Eu não sou Charlie, de maneira nenhuma. Nem perto nem longe! Não tenho 1/10 da coragem daquela gente, por isso faço esta ressalva.

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  5. Eu diria que a Europa está a começar a colher o que semeou, na medida em que permitiu por demasiado tempo a tolerância para com a intolerância, e tudo em nome do politicamente correcto, tudo para defender as minorias (é justo, mas e as maiorias, já não contam?), tudo para que os dirigentes, sociólogos e opinion-makers que nos impingem este status quo possam mostrar a eles próprios e aos outros, numa hipócrita masturbação intelecto-moral soft, como são humanistas e moralmente avançados.
    Só que não são. Estão a pôr em perigo o futuro da população e os seus descendentes inclusive das minorias que lá vivem pacificamente, a desfazer todos os esforços feitos para sermos uma sociedade avançada e igualitária, e desrespeitando a memória de todos os que se sacrificaram para esse efeito.

    Isto, além de vaidade sobre ideais que querem impingir a todo o custo aos outros, é sobretudo para conseguirem os votos das cada vez maiores comunidades muçulmanas, e por causa dos milhões em petro-dólares que Arábia saudita e outros para cá injectam todos os anos (por ex pelo menos em França muitas das mesquitas estão ao pé de escolas, coincidência, ou parte de uma estratégia de quem deu os €€ para as construírem?).

    Mas enquanto isso a "culpa" parece ser novamente toda dos judeus, que estão de novo a começar a ser perseguidos, trazendo ao de cima ecos de 1930-40... talvez afinal não sejamos tão socialmente avançados assim.

    E se (ou quando) daqui a umas décadas isto tudo der mesmo para o torto, esses vendidos que traíram não só o seu país mas todo um continente e a sua cultura, irão gozar a sua choruda reforma não na Europa, mas num qualquer paraíso da América do Sul ou Pacífico, usando uma camisa havaiana e chapéu de sol, bebendo tranquilamente uns martinis enquanto lêem no jornal as últimas do que se passa na Europa, esse continente outrora grande.


    -Pedro

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  6. Pedro
    Concordo perfeitamente. Mas já estou farto de ser chamado de xenófobo... já me cansa sabes?
    :\

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  7. Nuno, essas pessoas foram "programadas" para pensar assim pela sociedade e pelos media, coitadas, não conseguem ver além da "Matrix". Em relação ao Islamismo então, é pavloviano.
    Na verdade, tal como o mundo da moda dita o que é "in" ou "out" este ano e o pessoal vai todo atrás, hoje em dia dita-se às pessoas o que hão-de pensar e muitas aceitam (um bocado como aquela máxima 'A melhor ditadura é aquela onde as pessoas não percebem que estão numa').

    Aos que te acusam de xenófobo, respondes que "fobia" vem de "medo irracional", e não há nada de irracional neste medo que tu, eu e outros sentimos, bem pelo contrário. Assim desafias a sua intelectualidade que essa malta pensa que tem aos magotes e ficas por cima. Não tanto 'islamophobic', mas sim 'islamoaware'.
    Ou então se tender para o racismo, dizes que intolerância e estupidez não estão nos genes, mas na cultura (it's the culture, stupid! ;) ).
    Porque a raça humana pode ser só uma (com as suas variantes claro), mas as culturas *não são* todas iguais, e isso é o erro fulcral do multiculturalismo.
    Uma cultura que no seu extremo mata pessoas por ouvirem música, gays por serem gays e corta os clitóris às meninas (e metade delas morre) para não virem a ter prazer mais tarde, não é igual a outra onde toda a gente tem os mesmo direitos e pode ascender a qualquer lugar na hierarquia, ponto final.


    -Pedro

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  8. Pedro
    Concordo com tudo, excepto a parte dos clitóris feminino. Essa não se pode assacar ao islamismo.
    Isso é um costume bárbaro africano e é feito um pouco por todo o continente, mesmo em países não islâmicos. Aliás esse costume já vem bem antes de muitos desses países se tornarem islâmicos.
    A César o que é de César... lol
    ;)

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  9. Nuno, tens razão, tem muito mais incidência em África. Mas como também há no Yemen e em algumas partes do Médio Oriente, e como os países africanos onde eu li que se praticava isto eram todos muçulmanos, tomei o todo pela (grande) parte...
    E nem ficava muito desajustado das outras leis da sharia.

    Seja como fôr, enquanto não tiverem o seu Ghandi/Martin L. King/Mandela, não vão lá.


    -Pedro

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