segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Red Star



É que nem podia vir melhor a calhar...

Estou a falar-vos acerca da obra de banda desenhada Red Star, e digo que «nem podia vir melhor a calhar» por ser uma quase que perfeita ironia, metáfora, para os tempos que correm: o facto de que um dos poderosos vilões deste argumento se denomine de Troika, pormenor delicioso que quase me conseguiu arrancar um sorriso após leitura; ou que, traduzido directamente do Inglês, a expressão "o escravo perfeito é aquele que se crê livre", retirada directamente da obra, seja uma das que melhor representem um estilo de leitura, recheada de bons exemplos e imagens.




É uma obra diferente por ser, não apenas, surpreendentemente refrescante mas, por se manter assim, tão actual, tão carregada de alguma da simbologia comum à humanidade, quer se queira quer não. Utiliza um imaginário que para um americano poderíamos julgar quase que tabu, o imaginário comunista, e reconta-o, acrescentando-lhe um lado mágico, e fabuloso.

Sim, é certo que aqui, na obra, URSS significa United Republics of the Red Star, a verdade é que não deixa de ser inspirada na história, assim como na arte da União Soviética, para nos dar a conhecer a mitologia associada a uma guerra de proporções monumentais, ou à história de uma rebelião, contra um estado opressivo e omnipresente que, sem que os seus intervenientes se apercebam, os manipula e escraviza.

Red Star é resultado de um enorme trabalho de equipa. Originalmente editado pela Image Comics, entre os anos de 1999 e 2004, foi criado por Christian Gossett, e tornado possível devido ao trabalho de tantos outros, não menos importantes. Ora, Christian Gossett é conhecido pelo seu trabalho para a Lucasfilm, contratado como um dos primeiros designers da série Star Wars, em 1993; a ele devemos a ideia de um sabre de luz de lâmina dupla, que mais tarde seria utilizado para a descrição da personagem Darth Maul, em "A Ameaça Fantasma". É bem possível que essa influência, a influência desse trabalho, do trabalho em Star Wars, esteja presente em Red Star, mas a esse género de conclusão deixo à vossa consideração tirar.

Podem verificar. É uma arte de uma beleza intrigante, cinematográfica mesmo, que recorre a altos efeitos 3D, assim como manipulações tecnológicas. Um facto que por vezes me cansa, confesso. Às tantas, acho que, ao primar pela complexidade de certos cenários assim como das próprias técnicas de ilustração e representação do movimento, ou da acção, se perde algo na tradução, principalmente no que diz respeito ao desenho das personagens, ou às suas expressões, ou quase mesmo que, à sua componente humana. Fora isso, não me deixa de extasiar.

Boas leituras.

5 comentários:

  1. Bom texto eu posso estar enganado mas acho que o volume 1,saiu aqui via devir a uns anos.E achei fraquinho na epoca.

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  2. Obrigado Optimus Primal. Não sei se chegou a ser publicado pela Devir. Quanto à qualidade, o que posso dizer, é que o argumento, reafirmo, é um trabalho muito bom.

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  3. Saiu sim, confirmo pois tenho esse mesmo livro :)
    Eu gostei e tive pena de não terem lançado o resto.

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  4. Viva,

    Antes de mais, bom artigo.

    The Red Star (em particular o livro Run Makita Run) é o que me levou a ler comics novamente, após mais de 10 anos sem pegar num.

    Só um reparo, a primeira editora foi a Archangel.

    E sim, o Battle of Kar Dathra's Gate teve uma edição da devir, mas como tudo da devir, ficou-se por ai.

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  5. Blerg, agradeço a informação. É pena, sim, que trabalhos com este grau de qualidade acabem por ficar assim, desta maneira, escamoteados.

    Rui Esteves, tenho a ideia que "The Battle of Kar Dathras Gate" foi somente publicado pela image, que é anterior ao Run Makita Run, cronologicamente (tanto na história como na publicação). De qualquer das formas, agradeço a intervenção, e o comentário.

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Bongadas