terça-feira, 31 de março de 2015

Anicomics 2015: Entrevista a Osvaldo Medina



Osvaldo Medina é um dos bons desenhadores portugueses. Já trabalhou com diversos argumentistas, como Nuno Duarte, David Soares ou Mário Freitas, foi galardoado com vários Prémios nacionais e tem o seu dedo em muitas animações que passam pela televisão.

Vai estar presente neste Anicomics de 2015 para falar sobretudo do seu livro em execução "Kong da King". Assim o Leituras de BD resolveu fazer uma entrevista no âmbito da divulgação do 6º Anicomics para que os leitores deste blogue conheçam um pouco mais do artista Osvaldo Medina, e ver mais quatro páginas pela primeira vez (as 4 primeiras).

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Entrevista a Osvaldo Medina

Primeira pergunta cliché... Podes falar um pouco do teu percurso profissional dentro do mundo da BD e Animação?

Comecei a trabalhar em animação em 97 com a produtora Animanostra, um dos meu primeiros trabalhos foi a intercalação do " Patinho" para o canal 2. Trabalhei em diversas séries de animação e curtas metragens realizadas pelo Ricardo Blanco, Pedro Brito, Afonso Cruz, André Ruivo, Filipe Abranches, etc...Estive na Animanostra até 2012. Daí passei para a Bang Bang na produção "Nutriventures" como storyboarder. Agora estou a fazer o mesmo na Go-to na série "Lucas" que começou a ser transmitida na RTP2 na semana passada.
Entretanto comecei a fazer BD a sério com a "A Fórmula da Felicidade",escrito pelo Nuno Duarte, em 2009, "Mucha" do David Soares, o "Caos" do Fernando Dordio, o "Hawk" do André Oliveira, os "Pigs" do Mário Freitas.

O teu novo livro, que penso estará prestes a sair chama-se King the Kong. Como surgiu na tua cabeça este King The Kong?

Haha atenção o livro chama-se "Kong da King"! O Kong foi um personagem que rabisquei enquanto fazia um chatíssimo trabalho de animação, o personagem foi criado já há uns bons anos...Estava à espera de uma história que lhe servisse, rabisquei-a durante outro trabalho e saiu isto que estou em vias de concretizar.

Quais são as tuas expectativas em relação a este trabalho?

As minhas expectativas são acima de tudo que as pessoas gostem do livro e de editar fora do país. Temos que ir à internacionalização senão ficamos entalados neste canto.



























Podes falar um pouco do livro e já agora, que tipo de emoções pretendes que os teus leitores sintam após acabarem de ler o livro?

O livro não tem texto, jamais foi escrito texto algum ( mas tem argumento hm!!), passei directamente da idealização para o rough da esquematização de pranchas. Deu-me algum gozo, acima de tudo porque este trabalho é só meu. Digam o que disserem o responsável sou só eu. É acima de tudo um livro bem disposto, não é que não goste de material mais pesado (a minha próxima BD a solo vai ser !) mas também é preciso alguma boa disposição. Quero que as pessoas reconheçam as situações que surgem no livro e que percebam que é uma crítica divertida ao nosso mundo.

São cerca de 120 páginas sem balões, ou seja, graficamente esta obra terá obrigatoriamente de falar através do desenho, e isso não é uma coisa fácil e por isso não normal no mundo da BD. Porque o decidiste assim? Querias mesmo uma obra a que pudesses chamar tua?

Queria , efectivamente, algo meu. Nada contra o trabalhar com outras pessoas (acho que o nosso trabalho só ganha com as colaborações, olhamos para além do nosso umbigo) mas temos que ter, como autores/criadores, algo só nosso. Queria que fosse um exercício de expressão visual, perceptível aqui ou em Vanuatu. São 134 páginas, neste momento faltam 17.

A aposta no preto e branco neste teu livro é escolha preferencial tua, ou simplesmente não gostas de colorir?

Eu sou um desenhador, não um colorista, acho que me faltam capacidades para isso por isso mantive esta BD no meu meio, o desenho. Temos que saber aonde estão as nossas forças e as nossas limitações. Se eu fosse colorir demoraria muito mais tempo também.

Qual foi a tua maior dificuldade, graficamente falando, com este novo livro, se é que houve alguma?

Dificuldades até agora, só mesmo a dimensão do projecto. Tendo em conta que o meu trabalho, grande parte feito em casa, toma-me muito tempo que acaba por ser roubado aos projectos pessoais como este "Kong".

E o teu sonho como artista de Banda Desenhada e Ilustração qual é? Isto para além do sonho dos costume de ganhar milhões com os livros publicados...

O meu sonho? Não sei, gostava de ter trabalho meu a ser vendido por esse mundo fora. Chega-me.

Tens algum argumentista com quem gostarias de trabalhar mesmo mesmo mesmo?

Não tenho nenhum argumentista que possa dizer isso... Calculo que me perguntes a nível internacional, tenho mais personagens que gostaria de trabalhar um dia...Adoraria fazer um Spirou, sempre fui fã da série. Quanto aos argumentistas nacionais posso dizer que já tenho experiência com alguns!

Pergunta de retórica... O que pensas sobre a BD nacional e o seu rumo actual?

A BD actual. Ao contrário de muita gente, eu acho que vai bem. Como é óbvio não temos nº de leitores suficiente (daí a internacionalização) mas temos N talentos já estabelecidos ou a aparecer. O "Crumbs" é um bom exemplo de trabalho transversal a muitos géneros, que foi bem recebido quando foi apresentado no "Though Bubble". Quanto mais gente trabalhar no meio, melhor gente teremos a trabalhar no meio, é simples.

Qual foi teu o trabalho na BD, sem contar com este que está para sair, que te agradou mais como produto final?

Até hoje o que mais me agradou foi a Fórmula. Talvez por ser o primeiro, pela dimensão... Sem desprimor nenhum para os outros feitos mas, sim, foi esse.

E para o futuro, já tens projectos?

Para o futuro, já há mais coisas combinadas. Com o Nuno Duarte, mais uma vez, uma colaboração com o Mário, com o Dordio...e mais. Mas como está tudo no ar, logo se verá se a coisa se concretiza. E claro, mais uma a solo, não com a dimensão do Kong e uma história muito mais pesada. Essa história surgiu-me em 5 minutos, quase tudo perfeitamente esclarecido, depois de visitar um fojo que é uma armadilha enorme para lobos, usada no norte de Portugal.

Se não tivesses ligado às artes, qual seria a profissão que gostarias de ter?

Não estou a ver trabalho algum em que não pudesse estar ligado à imagem... Outra opção seria a fotografia mas, lá está, imagem. Talvez algo a ver com animais. Durante uns tempos a veterinária era uma opção.

Como passas o teu tempo livre, que eu penso que não será muito?

Tempo livre é algo raríssimo. Acabo por usá-lo na fotografia ou em passeios... Não vou ao cinema desde o ano passado! Não fui ao Porto, ao Comic Con o ano passado por manifesto cansaço.

Já estiveste presente em vários Anicomics, qual o teu sentimento/opinião em relação a este evento?

O Anicomics é um festival curto, intenso, com um público alvo muito bem definido. E é um sucesso por isso mesmo, só lhe falta crescer, mas como é óbvio isso é um passo enorme que terá que ser muito bem calculado pelo Mário. Não há muito mais a dizer! 

Uma mensagem para os leitores do LBD?

Para os leitores  do LBD só uma mensagem, continuem fãs de BD!  Gostem do que gostarem há mercadoria para todos os géneros.

Obrigado Osvaldo, foi um prazer!

O prazer foi meu, grande abraço.








O Leituras de BD apoia o Anicomics


Boas leituras

2 comentários:

  1. Sem dúvida, um dos autores portugueses com quem mais gosto de falar.

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  2. João Figueiredo
    É um excelente autor e muito acessível.
    ;)

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Bongadas