domingo, 31 de maio de 2015
XI Festival Internacional de BD de Beja
Opinião
E novamente a romaria anual para a cidade de Beja.
Este maravilhoso festival já tem mais de uma década, e está a tornar-se uma enorme tradição dentro do pequeno mundo da BD em Portugal.
Para isso contribui o ambiente descontraído com que flui e evolui durante o fim de semana, as pessoas saem, entram, vão passear, voltam ao festival, encontram-se amizades, criam-se outras, enfim... é único!
Uma novidade deste ano é que em vez de abrir ao Sábado, foi durante a noite de Sexta-Feira. Outra novidade foram os concertos desenhados em que um artista desenhava ao som de uma banda, e o seu trabalho em execução era mostrado na tela atrás do palco. Outra foram algumas tendas de venda ao público que surgiram do lado contrário ao mercado de Banda Desenhada.
As exposições, apresentações e palestras/debates/entrevistas tiveram iguais aos anos anteriores, ou seja, interessantes e com uma cadência ao minuto que não deixava ninguém abrir a boca de tédio.
Este ano tivemos o impacto de duas faltas. Os dois artistas "cabeças de cartaz", Yslaire e Ted Benoit por e simplesmente não apareceram. O primeiro sem razão plausível, o segundo por ataque cardíaco... mas não se pode imputar ao festival este tipo de percalço, claro!
De qualquer modo, penso que o Festival quer crescer, pelo menos a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal assim o afirmou, mas para isso algumas coisas básicas têm de ser melhoradas. A vertente comercial do festival tem de ser aprimorada na sua distribuição de espaço das várias bancas. O que eu vi não fazia muito sentido. Existem lojas que garantidamente tem de ter bastante mais espaço, e eu vi vendedores particulares com tanto, ou mais espaço que lojas que trouxeram novidades e livros recentes. Digamos que esta é uma situação facilmente evitável... a parte das tendas de vendas de merchandise também penso que terá de ser revista. É uma boa ideia, pode trazer muito movimento, mas tem de ser bastante mais trabalhada.
A chamada "tasquinha" para ir alimentando o pessoal está na mesma situação. Eu sei que é feito com voluntários e boa vontade, mas é uma coisa que pode ser MUITO melhorada. Por exemplo, não faz sentido estar a vender cerveja em copo de plástico mais cara que no bar da Casa da Cultura onde é servida em vidro e à sombra... Não faz sentido à hora de jantar ainda não haver bifanas! Não faz sentido estar no Alentejo onde se faz o famoso pão Alentejano e as tostas serem de pão de forma super vulgar...
A balança para o visitante é francamente positiva, disso não há dúvida, por isso tanta gente se desloca até ao centro do Alentejo para este festival. Continua a ser o meu preferido!
:)
Mas não posso deixar de referir as críticas que fiz atrás (se o Festival quer crescer há coisas que têm de ser acauteladas) e também senti, e isto pode ter sido apenas uma sensação minha que sou assíduo deste festival desde a sua 3ª edição em 2007, que faltou qualquer coisa no ambiente deste ano.
Mas digo e repito, é o meu festival de BD preferido! Não há mais nenhum sítio que misture BD, música, culinária, doçaria, calor, História (este ano foram azulejos) e proximidade entre o público e os artistas como este festival de Beja.
Desejo e quero uma vida longa para este excelente Festival de BD, e parabéns ao Paulo Monteiro e restante organização por mais esta edição, sobretudo sabendo que para o Paulo este foi um ano difícil.
Amanhã farei um post apenas dedicado às exposições e apresentações.
O Leituras de BD mais uma vez se orgulhou de ser parceiro do Festival Internacional de BD de Beja.
Boas leituras
sábado, 30 de maio de 2015
Lançamento Goody: Especial Fantasia
Afinal... Depois de uma má notícia… Uma boa notícia, novamente! A Especial Fantasia foi mesmo mesmo para as bancas ontem, visto que a gráfica, por artes mágicas, conseguiu desbloquear a situação.
:)
Fiquem com a nota de imprensa da Goody:
Especial Fantasia nas bancas!!!
Preparem-se para embarcar numa viagem mágica, com a Especial Fantasia! Esta vai ser uma edição fantástica, nos vários sentidos da palavra. E como a magia não é a mesma sem os nossos feiticeiros preferidos, é uma honra tê-los de volta nesta edição, onde regressam à batalha entre o bem e o mal. De quem estamos a falar? Ora! Sabem bem quem são os Mágicos de Mickey!!!
Estes pequenos heróis vão protagonizar lutas de proporções épicas e por isso têm direito a um grande espaço na edição. Vamos ter os capítulos III, IV e V da eterna saga, sendo que cada um se divide em dois subcapítulos. Conclusão, terás seis histórias extraordinárias destes magos, que certamente vais ler num instante, como se possuísses artes mágicas! Mas não vão ser só estes episódios a dar vida à edição!
Além do Mickey voltar ao protagonismo de uma história de fantasia em Mickey e a armadura de Sorceres, também o Donald terá direito a papel de destaque em variadas histórias! Em Donald, o paladino, o teu pato favorito faz parte de uma história onde vamos ficar a perceber porque tem o Donald tanto medo dos dragões… Tem tudo a ver com antepassados!
Por isso, vamos andar para trás uns bons séculos, até ao tempo dos cavaleiros e dragões! E da “História” passamos ao sonho… Em Donald furioso – Poema quase cavalheiresco, o nosso herói embrenha-se num sonho, tal como o seu primo Gansolino, que o vai levar até à perigosa Idade Média!
Como vêem, é uma edição deveras… Fantástica!
Especial Fantasia é pura magia!
ÍNDICE
7 Mágicos de Mickey III – A guerra infinita
27 Mágicos de Mickey III – O mistério do dormente
49 Mágicos de Mickey IV – Os titãs do gelo
73 Mágicos de Mickey IV – A fornalha do abismo
101 Mágicos de Mickey V – O fim de uma era
128 Mágicos de Mickey V – A aurora de um novo mundo
158 Gansolino cavaleiro – O cerco
159 Donald, o paladino
219 Gansolino cavaleiro – Os piratas
220 Gansolino cavaleiro – Gansolino furioso
221 Donald furioso – Poema quase cavalheiresco
285 Mickey e a armadura de Sorceres
315 Donald e o dragão do Vale do Este
321 O valente Gansolote – Gansolote, o furioso
322 O valente Gansolote – Oportunismo
Boas leituras
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Lançamento Goody: Hiper-Disney #30
Está mais um Hiper à venda, o trigésimo.
Como informação complementar a Goody informou que o "Especial Fantasia" só irá para as bancas no dia 5 de Junho e não dia 29 de Maio como previsto.
Fiquem com a informação da Goody:
HIPER #30
Tu vais querer devorar esta edição num instante (nem que precises de uma ajudinha do Gansolino…)! É que esta edição tem tanto de gigantesca como de deliciosa, com histórias que têm todos os ingredientes para a tornar irresistível!
Começamos logo com Jungletown, uma história inovadora e fresca, com novos personagens e um enredo mais arrojado.
A seguir temos uma história dedicada aos piratas mais intrépidos, ahrrr! Tu vais querer entrar a bordo nesta aventura que te leva até ao alto mar!
As histórias da baía – Carvoeiro S.P.A. (serviço postal aéreo) tem tudo para se tornar um clássico para os marujos mais destemidos!
A seguir à água… Firestorm! É esta a palavra-chave de mais um episódio misterioso do perigoso mundo de Anderville, onde o Mickey é o rei da investigação! Que coragem tem este rato!
E para terminar… Xadhoom! Eis que surge um inesperado aliado (ou aliada?) na luta do Superpato contra os patifes dos Evronianos, nas novas aventuras do Superpato!
Como vês, não falta nenhum ingrediente para que esta se torne a Hiper mais lendária de sempre!
Hiper #30 é BD ao quadrado!
ÍNDICE
07 GANSOLINO e a caneta indigesta
23 JUNGLE TOWN
85 AS HISTÓRIAS DA BAÍA – Carvoeiro S.P.A. (serviço postal aéreo)
111 FIRESTORM
175 UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO
183 MICKEY – Imperador da Calidórnia
254 XADHOOM!
314 TIBBS, ROLLY e a visita gulosa
Boas leituras
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Lançamento Polvo: Volta - O segredo do vale das sombras
XI Festival Internacional de BD de Beja
A Polvo está activa, e para o XI FIBDB temos mais um livro desta editora, e mais um livro saído da mente de André Oliveira desta vez com desenhos de André Caetano.
Fiquem com a informação da Polvo:
Volta - O segredo do vale das sombras
“LES BEAUX ESPRITS SE RENCONTRENT”
Um estranho e misterioso ciclista chega sem saber como a Reste du Monde, uma aldeia parada no tempo e aterrorizada por ameaças tenebrosas. As suas memórias são escassas, não traz consigo muito mais do que a bicicleta, mas com o intuito de colocar as ideias no sítio certo e recuperar parte do que perdeu, aceita ficar e deparar-se com uma sociedade isolada, com regras e leis muito próprias. À medida que os dias passam, o “Campeão”, como começam a chamar-lhe os habitantes do vale, percebe mesmo que é em si depositado o peso da salvação, apesar de mal conseguir salvar-se a si próprio. As suspeitas florescem, a morte espreita entre os arbustos, os fantasmas irrompem por cada esquina e algures na floresta... há uma sombra que se move.
André Oliveira nasceu em Lisboa, em 1982. Licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, é hoje copywriter na agência Fuel Design. Foi co-editor da antologia Zona, editor de BD da Revista Freestyle e comissário da Trienal Movimento Desenho 2012, tendo organizado o evento BD ao Forte. Escreveu os livros de BD “HAWK” (ilustrado por Osvaldo Medina, Kingpin Books), “Casulo” (ilustrado por vários autores, Kingpin Books), “Tiras do Baralho!” (ilustrado por Pedro Carvalho, El Pep), os quatro primeiros números da série “Living Will” (ilustrados por Joana Afonso e Pedro Serpa, Ave Rara) e o primeiro da série “Gentleman” (ilustrado por Ricardo Reis, Ave Rara). Actualmente, edita curtas de Banda Desenhada na revista CAIS, faz parte do colectivo The Lisbon Studio e está a trabalhar em diversos projectos editoriais com vários ilustradores.
André Caetano nasceu em Coimbra, em 1983. Licenciado em Design de Comunicação pela Escola Universitária de Artes de Coimbra, é hoje freelancer em ilustração e design gráfico.
Tem ilustrado para editoras como a Porto Editora, Edições Asa, GATAfunho, Calendário de Letras, Minerva Coimbra, Lápis de Memórias entre outras. Destaca-se a obra “Sem Palavras”, (escrita por Eugénio Roda, Porto Editora), que foi seleccionada para fazer parte dos “100 Livros do Futuro”, em exposição na Feira do Livro Infantil de Bolonha, quando Portugal foi o país convidado. Ilustrou os livros de BD “Trabalhadores do Comércio” (co-ilustrado por Pedro Pires, escrito por Hugo Jesus, Tugaland), e a obra “Uma Aventura Estaminal”, (escrita por João Ramalho Santos, Imprensa da Universidade de Coimbra).
Actualmente, continua a desenvolver projectos na área da ilustração, design e banda desenhada para diversos clientes.
Edição: Polvo
DATA: Junho 2015
ISBN: 978-989-8513-26-7
Formato: 240 x 168 mm
Páginas : 96, a preto e branco
CAPA: a 4 cores, cartonada
PVP (IVA incluído): 12,99 euros
Para dia 30 de Maio encontra-se agendada, pelas 14H, na Casa da Cultura de Beja [Piso 1], a apresentação de "VOLTA - O segredo do vale das sombras", a cargo do autor Jorge Coelho, com a presença dos dois autores do livro.
O Leituras de BD apoia o Festival Internacional de BD de Beja
Boas leituras
terça-feira, 26 de maio de 2015
Vertigo: Pré-Vertigo Parte 4
A história que antecede o selo: 1989
O ano de 1989 foi bastante fértil no que diz respeito às sementes da Vertigo. Com capa de Janeiro, foi lançada uma nova série que
rapidamente se tornaria o ex libris da linha de revistas mais adultas da DC, e
fixando o terror e fantasia gótica como géneros preferenciais dessa linha.
Recrutando um jornalista completamente desconhecido chamado Neil Gaiman, a
editora Karen Berger permitiu-lhe escrever duas personagens obscuras e, à
altura, esquecidas.
A primeira foi Black Orchid. A Orquídea Negra era um
heroína com poderes, pouco conhecida, que tinha aparecido brevemente em
antologias. Gaiman resolveu ligá-la a outros heróis com temas relacionados com
vegetais, como o Monstro do Pântano, escrevendo a sua origem definitiva, mas a
história era bem mais intimista graças à arte pintada de Dave McKean. Editada
numa mini-série de três edições em formato prestige, a primeira edição ainda
surgiu com a data de 1988, mas como a DC estava em processo de revisão das
datas de publicação mostradas na capa, saiu ao mesmo tempo que as primeiras revistas com capa de
1989. A encadernação de Black Orchid já teve lugar na Vertigo, seguindo-se uma
nova série mensal em 1993, mas já sem Gaiman.
Praticamente ao mesmo tempo, Gaiman também lançou uma nova
série mensal com o título Sandman. Embora ostensivamente inspirado tanto
no personagem dos anos 40 (Wesley Dodds) criado por Gardner Fox como no
super-herói do anos 70 (Garrett Sanford) de Joe Simon e Jack Kirby, o Sandman
de Gaiman é a personificação do conceito de sonho. Durante os 75 números da
série, acabou por se tornar uma das mais premiadas e prestigiadas séries de
banda desenhada de sempre, com a escrita mais desenvolvida e mais inovadora nas
editoras grandes. Apesar do uso de sombras, do ambiente gótico e de um
personagem principal baseado visualmente no cantor Robert Smith, a história de Sandman
não era nada pessimista, antes pelo contrário, até porque as várias personagens
(desde a personificação da Morte a Lucifer, um dos três senhores do Inferno),
sejam principais ou secundárias, têm todas personalidades bem magnéticas. A Morte, Lucifer e os Dead Boy Detectives, personagens lançados nesta série, tiveram direito a séries no futuro, e Gaiman também soube repescar alguns conceitos anteriores, incluindo Caim e Abel (os apresentadores das revistas antológicas dos anos 70, House of Mystery e House of Secrets) e Matthew Cable, ex-marido de Abigail Holland (esposa do Monstro do Pântano), agora transformado num corvo.
Em Fevereiro, foi a vez de Grant Morrison receber mais um título. A partir
do número 19, o escritor escocês foi nomeado para a revista Doom Patrol,
que também passou para a linha de material mais adulto, e deixou completamente
de lado as histórias de super-heróis que eram comuns anteriormente. Em vez disso,
Morrison pegou no lado mais estranho das histórias originais dos anos 60 (a Patrulha
do Destino era composta por heróis com falhas óbvias, como o Robotman, a Mulher
Elástica ou o líder deficiente físico, Niles Caulder), avançando numa direcção
mais psicadélica, com novos membros ainda mais estranhos, e uma equipa de
vilões, a Irmandade de Dada, que representava a inspiração cultural usada
nestas histórias, onde o nonsense era normal e o invulgar tratado como
lugar-comum. Morrison continuou no título até ao número 63, precisamente um mês
antes da entrada na Vertigo, mas Rachel Pollack manteve o mesmo espírito até ao
cancelamento da revista, no número 87.
Em Março foi a vez de se iniciar a nova-série do herói
aviador Blackhawk (Falcão Negro). No entanto, agora o título Blackhawk referia-se a uma
equipa de aviadores, com as histórias a continuarem no seguimento da mini-série
de Howard Chaykin e de um segmento regular na antologia Action Comics Weekly.
Martin Pasko escreveu a maior parte das histórias, com Rick Burchett como
artista regular. As histórias lidaram regularmente com o clima paranóico anti-comunista
do pós-Segunda Guerra, espionagem e ciência proibida, mas sempre integrado num
ritmo constante de acção e aventura, o que não afastou o título da
etiqueta para adultos, mesmo com uma arte que por vezes se podia considerar mais apropriada para a caricatura humorística do que para a violência da série. Blackhawk teve direito a 16 números e um anual.
Quem tinha etiqueta para adultos era a mini-série Skreemer, de Peter Milligan e Brett Ewins, com seis números publicados a partir de Maio. Com uma premissa original, Skreemer segue a ascensão ao poder do mafioso Veto Skreemer, num mundo pós-apocalíptico onde há espaço para o horror, mas num ambiente de história de crime, já que o poder formal está concentrado nas mãos do crime organizado e o território é activamente disputado por gangues armadas. No entanto, o próprio Skreemer acaba a lutar para manter o seu degradante império. Skreemer foi integrado na Vertigo quando um encadernado foi finalmente publicado em 2002.
No final do ano, a DC trouxe de volta ao activo Desafiador
(Deadman). Apesar de visualmente interessante, graças à sua aparência criada
por Carmine Infantino, a personagem, cujo verdadeiro nome é Boston Brand,
sempre teve histórias formulaicas, em que a sua situação como um fantasma
controlado pela deusa Rama Kushna o colocava no papel compulsivo de possuir o
corpo de pessoas vivas com o intuito de resolver crimes. No entanto, em Deadman:
Love after Death, uma mini-série de dois números em prestige format escrita
por Mike Baron e desenhada por Kelley Jones, Brand finalmente dedica tempo a si
próprio e às suas necessidades. Jones também modificou a aparência do Deadman
para ficar mais parecido com um esqueleto. Esta história nunca foi reimpressa
na Vertigo, mas colocou-o no limiar da linha adulta.
Este ano também viu Jim Starlin regressar às sagas cósmicas,
não na sua antiga casa, a Marvel, mas na rival DC. Starlin tinha ido para lá
para matar Robin nas páginas do Batman, mas teve a oportunidade de criar um
novo épico, Gilgamesh II. De início, a história parece lembrar a do
Superhomem, com um alienígena enviado para a Terra vindo de um planeta
destruído. Na verdade, o alienígena não parece tão humano como Kal-El e acaba
por usar as suas capacidades físicas e intelectuais para chegar ao topo do
regime corporativista que domina o planeta. É nessa fase que Gilgamesh Bonner,
como foi baptizado, descobre que há outro igual a ele, Otto, e a partir daqui a
história segue a estrutura do épico de Gilgamesh, com Otto a fazer o papel de
Enkidu, excepto no final, que vê Gilgamesh sacrificar-se no submundo (um rasgo
na realidade) em vez de salvar Otto. Gilgamesh II nunca foi reimpresso
em inglês, das poucas obras de Starlin nessa condição.
Mais uma vez, e também no fim do ano, Batman voltou a
aproximar-se da linha adulta com a graphic novel Arkham Asylum, escrita
por Grant Morrison e pintada por Dave McKean. O estilo irreal coaduna-se bem
com a história, passada no asilo de criminosos de Gotham City, onde Batman deve
enfrentar todos os seus inimigos. Além desta história, a linha Batman ganhou
algumas adições onde se podiam contar histórias fora da continuidade geral,
nomeadamente a antologia Legends of the Dark Knight, lançada em
Novembro, e o que se passou a considerar o primeiro livro da linha Elseworlds, Batman:
Gotham by Gaslight.
Finalmente, 1989 foi também o ano de lançamento de uma nova
linha de livros, de autores independentes, e com uma tendência mais
experimentalista, denominada Piranha Press, cujas edições não tinham qualquer
logótipo da DC na capa. As primeiras edições foram a graphic novel The
Sinners, the Alec Stevens, a série antológica Beautiful Stories for Ugly
Children, de Dave Louapre e Dan Sweetman, Etc., de Tim Conrad e
Michael Davis, e Gregory, de Marc Hempel. Algum material da Piranha
Press, nomeadamente Epicurus the Sage, de William Messner-Loebs e Sam
Kieth, e Why I Hate Saturn, uma graphic novel de Kyle Baker, acabaram
por ser republicados na Vertigo, anos depois. A Piranha Press continuou a
editar até 1994, quando deu o seu lugar à semelhante Paradox Press.
Conheça ou recorde as partes anteriores:
Parte 3: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1988
Parte 2: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1986-1987
Parte 1: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1982-1985
Conheça ou recorde as partes anteriores:
Parte 3: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1988
Parte 2: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1986-1987
Parte 1: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1982-1985
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Autores: Ted Benoît
XI Festival Internacional de BD de Beja
Ted Benoît é um desenhador francês de 67 anos conhecido em Portugal por ter desenhado dois dos álbuns da série Blake & Mortimer pós E.P. Jacobs, aliás, o primeiro álbum desta segunda vida da série, O Caso Francis Blake, foi desenhado por ele.
Mas Ted Benoît não é apenas desenhador, é também argumentista, e foi nessa vertente que ganhou o seu primeiro prémio, logo com o seu primeiro livro: Hopital. Mas já vamos a essa parte...
Antes de Hopital, Ted Benoît esteve muito ligado ao cinema e à televisão, tirou o seu curso no L'Institut des Hautes Etudes Cinématographiques. Mas largou a televisão em 1971 para se juntar ao cartunista Nikita Mandryka no L'Echo des Savanes. Colaborou nos anos 70 com vários magazines, como a Metal Hurlant, Geranonymo, Libération e À suivre.
E é em 1979 que lança o seu primeiro álbum a solo, o atrás referido Hopital, e com esse mesmo livro ganha o prémio para melhor argumento no Festival de Angoulême desse mesmo ano de 1979!
Mas a técnica deste desenhador foi mudando, começando por ter um traço expressionista em Hopital, acabando por "cair" num estilo que ficou célebre na Europa, a já bastante referida "Linha Clara". Aliás, quem conhece o seu trabalho na série Blake & Mortimer pode admirar a sua mestria neste estilo iniciado por Hergé.
Para além dos dois livros desenhados para esta série (que lhe trouxeram notoriedade), criou Ray Banana com razoável sucesso.
- 1979 : Hopital, Les Humanoïdes Associés
- 1981 : Vers la ligne claire, Les Humanoïdes Associés
- 1982 : Histoires Vraies, argumento de Yves Cheraqui, Les Humanoïdes Associés
- 1982 : Berceuse Électrique, Ray Banana Vol.1, Casterman
- 1986 : Cité Lumière, Ray Banana Vol.2, Casterman
- 1987 : Bingo Bongo et son Combo Congolais, Les Humanoïdes Associés
- 1989 : L'Homme de Nulle Part, Les Mémoires de Thelma Ritter Vol.1, desenho de Pierre Nedjar, Casterman
- 1996 : L'Affaire Francis Blake, Blake et Mortimer Vol.13, argumento de Jean Van Hamme, Blake et Mortimer
- 2001 : L'Étrange Rendez-vous, Blake et Mortimer Vol.15, argumento de Jean Van Hamme, Blake et Mortimer
- 2004 : Playback, desenho de François Ayroles, com adaptação de Ted Benoit de um argumento de Raymond Chandler, Denoël
- 2013 : Camera Obscura - Vers la ligne claire et retour, Champaka.
- 2014 : La Philosophie dans la Piscine, Ray Banana Vol.3, La Boîte à Bulles.
No Festival de Angoulême de 1997 ganha mais um prémio: Alph'Art du public, com o seu livro L'Affaire Francis Blake.
Em Portugal está publicado nos seguintes livros:
- Cidade luz (Ray Banana), ASA, 1990
- O Homem de Nenhures - As memórias de Thelma Ritter, Nedjar (desenho), ASA, 1992
- O Caso Francis Blake, Van Hamme (argumento), Meribérica, 1997; Público/ASA, 2008 (Blake & Mortimer Vol.13)
- O Estranho Encontro, Van Hamme (argumento), Meribérica, 2001; Público/ASA, 2009 (Blake & Mortimer Vol.15)
Podem encontrar Ted Benoît no Festival Internacional de BD de Beja, onde falará para o público, e claro... dará autógrafos!
O Leituras de BD apoia o Festival Internacional de BD de Beja
Boas leituras, e comprem um livro no festival!
:)
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Saga Vol.1 & Vol.2
É um prazer enorme descobrir que ainda há espaço para a imaginação.
Espaço para a aventura mergulhada no fantástico da ficção cósmica, em formato BD bem escrito!
Os leitores portugueses saíram de uma crise de confiança relativamente às editoras com todas as colecções que têm saído por parte da Levoir (sobretudo esta) e ASA para as bancas. A G.Floy decidiu seguir o caminho das bancas também (e em livros de capa dura) para uma distribuição mais alargada dos seus produtos. Embora não sejam colecções semanais, não fazia sentido neste caso, esta editora está apresentar séries de grande qualidade. Saga é uma delas e a G.Floy não está a falhar com o planeamento prometido. O 3º volume está já previsto para Outubro deste ano!
Brian K. Vaughan já é bem conhecido neste blogue com Y: The Last Man e Fábula de Bagdade. Um excelente contador de histórias, fora dos comics de super-heróis, que apresenta aqui um universo forte, bem estabelecido, divertido e com motivos quanto baste para que qualquer leitor fique agarrado pela história. Personagens femininas bem fortes e presentes fizeram com que o público feminino aderisse em massa a esta Saga.
A desenhadora Fiona Staples conhecida anteriormente por DV8: Gods and Monsters e Mistery Society acabou por ser apresentada a Vaughan pelo amigo comum Steve Niles.
A sua arte limpa, imaginativa e muito expressiva cativou imediatamente Vaughan e a partir daí nasceu SAGA.
De notar que ela também é "dona" de Saga, em conjunto com Vaughan. Ela faz as capas, desenho, imaginou, desenhou todas as raças aliens e naves espaciais. Como curiosidade, toda a legendagem com caligrafia manual foi feita com o seu próprio punho.
Houve um livro que marcou o meu imaginário quando eu era adolescente: Star Wars. Li o livro antes de ver o filme e fiquei a sonhar com todos aqueles mundos tão diferentes. Saga fez-me sentir o mesmo!
Saga é insana. A imaginação vai longe nas páginas destes livros! Uma árvore nave espacial? Um príncipe Robô cuja cabeça é um monitor? Fantasmas com entranhas a cair? Magia?? Cavalos alados? A mulher aranha mais sexy do universo? Sim... é louco!
Mas ao mesmo tempo bastante palpável. Duas pessoas de raças diferentes e inimigas amam-se, e tudo fazem para manter a sua filha híbrida a salvo. Duas raças em sua perseguição devido à "heresia", e claro, por causa de uma filha que poderia ameaçar o status quo de uma guerra que já ninguém se lembra como começou... Alana, Marko e Hazel tornaram-se alvos em toda a Galáxia, embora só procurem ser felizes e criar a sua filha em paz.
As motivações de todas as personagens, heróis e vilões, são perfeitamente claras. Aliás, os vilões... estas personagens em Saga estão muito bem tratadas, são completamente tridimensionais. Esta é uma das grandes armas desta série, o tratamento psicológico, físico e social das personagens está muito bem trabalhado, e bolas... Fiona Staples consegue desenhar uma raça humanóide em que a cabeça é um monitor sem parecer estranha... aliás, até uma cena de sexo foi feita com o Príncipe Robô e a sua "princesa"! Esta personagem está muito, mas muito bem tratada ao nível da sua construção.
Para além disto tudo, tem páginas lindíssimas, um gato que diz "MENTIRA" quando alguém foge à verdade e existe um bordel à escala planetária! :D
Brian K. Vaughan e Fiona Staples conseguiram construir um ambiente completamente alien, mas ao mesmo tempo completamente familiar para qualquer humano do planeta Terra. Os problemas das personagens são identificáveis na nossa sociedade, a série aborda temas complexos como sexualidade, guerra, racismo e marginalização. Tudo isto está embutido em Saga de uma maneira tão familiar e subtil que nem notamos aquando de uma 1ª leitura...
Afinal sempre se consegue inovar (e bem) com imaginação e sucesso. A riqueza das personagens então é garantidamente um dos pontos mais fortes de Saga e contribui muito para o seu sucesso! Esta dupla conseguiu dar um pontapé no marasmo deste tipo de publicações que se andavam a copiar umas às outras apresentando apenas nuances um pouco diferentes umas das outras.
Saga prima pela originalidade!
Não fiz um artigo sobre os primeiros números das várias séries da G.Floy porque queria ter a certeza que eram mesmo boas. E são! O Leituras de BD recomenda estas dois livros desta muito boa série ongoing.
Já agora... acho que não referi a editora norte-americana. A Image, claro!
:)
Hardcover
Criado por Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Editado em 2014 (Vol.1) e 2015 (Vol.2) pela G.Floy
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Capas: Detective Comics #857
Fabulosa capa de J.H. Williams III com a Batwoman em destaque.
Capa do tempo em que esta personagem me fascinava, ou seja, com a mão de J.H. Williams III, e aqui na 4ª parte (e última) de Elegy!
Depois a DC Comics borrou tudo ao ir contra os autores que colocaram esta personagem em cima. Agora, e infelizmente, é só ir para baixo... -_-
Saudades da Batwoman, que deixei de comprar no vol4.
Boas leituras
terça-feira, 19 de maio de 2015
Vertigo: Pré-Vertigo Parte 3
A história que antecede o selo: 1988
Regressamos aos anos que marcaram o surgimento de novos formatos e novas maneiras de contar histórias na DC Comics, a caminho da Vertigo. O número de revistas para leitores mais experientes cresceu exponencialmente, pelo que agora cada ano será tratado separadamente.
Em 1988, a DC já editava regularmente uma pequena quantidade
de títulos dedicados a histórias com temáticas mais adultas e mais intimistas,
cada vez mais afastadas das tradicionais histórias de super-heróis e de
aventura. A lista de revistas mensais incluía Swamp Thing, The Shadow,
The Question e a antologia Wasteland. Também já tinha começado um
novo volume de Doom Patrol, mas a revista ainda contava com o selo da
Comics Code Authority e a Patrulha do Destino agia como uma vulgar equipa de
super-heróis. O título de espionagem Suicide Squad também já tinha
começado (e teria um spin-off, Checkmate!, durante 1988), mas as
histórias passavam-se firmemente no Universo DC, com histórias cruzadas com a
Liga da Justiça. O mesmo se passava com o título do detective sobrenatural
Espectro, The Spectre, do qual faziam parte do elenco Madame Xanadu e
alguns antagonistas da série I… Vampire.
Esse número aumentou em Janeiro com a chegada de Hellblazer,
estrelando uma personagem secundária das histórias do Monstro do Pântano, o
amoral feiticeiro britânico John Constantine, ex-punk rocker, anti-social e
fumador compulsivo. Criado por Alan Moore, Constantine tinha surgido nas
histórias do Monstro do Pântano, mas o escritor não trabalhou com ele no novo
título. Hellblazer ficou conhecido por lidar com vários temas sociais,
com as características de terror das histórias mais subtis, além de ficar
completamente afastado do Universo DC. Jamie Delano foi o primeiro escritor,
antes de passar as rédeas para Garth Ennis, no que foi o primeiro trabalho
americano de ambos. Já dentro da Vertigo, Paul Jenkins e Warren Ellis também
escreveram histórias.
Hellblazer foi o último título sobrevivente da linha
original da Vertigo, continuando a ser publicado até 2013, encerrando com o
número 300, a partir do qual John Constantine regressou finalmente ao universo
DC. Apesar da personalidade mais britânica do livro, o americano Brian
Azzarello também escreveu o título, antes de passar para a pasta para uma nova
série de autores britânicos (Denise Mina, Andy Diggle e finalmente Peter
Milligan).
Em Fevereiro chegou a série mensal Green Arrow.
Prosseguindo a partir dos eventos da mini-série, a primeira série mensal do
Arqueiro Verde transformou Oliver Queen num vigilante urbano, lidando contra o
crime organizado e políticos corruptos na cidade de Seattle. Dinah Lance e a
ninja Shado passaram a fazer parte do elenco, mas quase sem mencionar
super-poderes (paralelamente, Dinah continuava a operar como Canário Negro nas
histórias da Liga da Justiça), e o contacto com o resto do Universo DC foi
praticamente cortado. A revista continuou a fazer parte da linha para leitores
maduros até ao número 62, quando Queen voltou a comportar-se mais como um
super-herói, mas o escritor Mike Grell continuou no título até à edição 80,
precisamente um mês antes da Vertigo começar.
Fevereiro foi também o mês de lançamento da mini-série em
formato de luxo Blackhawk. O herói aviador da Segunda Guerra Mundial,
adquirido pela DC à Quality Comics após a falência desta em 1957, viu a sua
origem completamente revista, com Howard Chaykin a emprestar mais realismo ao
título durante as três edições, com mais detalhes sobre os aviões, mais
motivações políticas por trás das acções do herói principal (transformado num
polaco naturalizado americano) e maior cuidado com as personalidades dos outros
membros do esquadrão aéreo, especialmente Lady Blackhawk e o chinês Chop-Chop
(anteriormente uma caricatura racista).
Alan Moore regressou às bancas em Junho com a edição especial
Batman: The Killing Joke. Embora Batman nunca tenha sido considerado
material Vertigo, o surgimento de novos formatos de publicação nos anos 80
ajudou à publicação de material mais adulto, e a natureza noctívaga do
vigilante tornou-o apelativo para histórias com mais consequências. The
Killing Joke, desenhada por Brian Bolland, é um exemplo disso, dada a fama
da história onde o Joker é elevado ao nível de um verdadeiro psicopata,
paralisando Barbara Gordon com um tiro na coluna e torturando o comissário
Gordon. Mais edições especiais e mini-séries se seguiram onde o crime e o
terror eram ingredientes normais.
Poucos meses depois, em Setembro, foi a vez de V for
Vendetta, em parceria com David Lloyd. A série tinha começado na antologia
britânica Warrior em 1982, mas foi interrompida com o fecho desta. A DC
adquiriu o título e Moore e Lloyd recombinaram o material existente, levando
depois a história até à sua conclusão natural em dez números. V for Vendetta
é, tal como Watchmen, uma das obras-primas da DC, explorando um futuro
(ou presente) alternativo onde conflito nuclear tinha devastado o planeta e
apenas uma Inglaterra fascista sobrevivia, para ver depois a sociedade ser destruída, tanto formal como filosoficamente, por uma figura
mascarada de inspiração anarquista. Ao contrário de Watchmen, futuras
reimpressões de V for Vendetta passaram a ter o selo da Vertigo na capa. A sua transformação em filme tornou-a bastante mais relevante como um ícone cultural nos últimos anos, ainda que Moore tenha ficado muito pouco satisfeito com as características mais populistas da adaptação.
Setembro foi também o mês do lançamento da revista Animal
Man. Outrora um super-herói obscuro de segunda linha, Grant Morrison,
acompanhado por Chas Truog, transformou o Homem-Animal numa figura mais humana,
ao mesmo tempo que explorou temas psicadélicos, ecologia, a natureza dos
superpoderes e até metanarrativa, tentando derrubar a fronteira entre os
criadores, as suas personagens e os leitores, um tema que viria a explorar
várias vezes no futuro. Morrison escreveu o título durante 26 números, antes de
entregar a revista a Peter Milligan e depois a Jamie Delano, que introduziram
temas de shamanismo e magia totémica na série. A revista fez parte do
lançamento inicial da Vertigo, mas já tinha passado a ser recomendada para
leitores adultos alguns anos antes. Apesar de ter sido publicada muito antes da
sua integração na Vertigo, a passagem de Morrison por Animal Man é
considerada a mais importante do título.
Várias mini-séries mais viradas para adultos foram publicadas
durante 1988. A mais conhecida é talvez Cinder and Ashe, uma mini-série
em quatro edições que começou em Maio. Criada por Gerry Conway e José Luis
García-López, é uma história hard boiled the detectives, um estilo e um tema
que Conway viria a explorar mais nos anos seguintes, quando saiu da indústria de
BD para a televisão. Cinder and Ashe foi reimpresso recentemente, depois
de décadas fora da vista dos leitores, mas não na Vertigo, pois apesar de ter
temática apropriada, o visual é demasiado tradicional. Tailgunner Jo, de
Peter B. Gillis e Tomosina Artis, começou em Setembro e durou seis números, uma
história de ficção científica de guerra passada no futuro, onde um desastre
natural alterou completamente a geografia do planeta. Ficou na lista dos
'desaparecidos em combate' como tantas outras. O mesmo não se pode dizer de Unknown
Soldier, mini-série em 12 números lançada em Dezembro. Escrita por Jim
Owsley e desenhada por Phil Gascoine, foi a primeira história pós-crise do
Soldado Desconhecido, transformado num agente especial bem mais cínico e menos
patriota do que o modo como era representado nas antologias de guerra. Embora
não tenha sido reimpressa, serviu como elo de ligação para o uso do personagem por
Garth Ennis já na Vertigo, em 1997, de um modo igualmente cínico e sombrio.
Com histórias mais adultas que as tramas normais do
Universo DC, a revista mensal Haywire (lançada em Outubro), que durou 13
números, e as mini-séries The Weird, de Jim Starlin e Bernie Wrightson
(Abril), Deadshot (Novembro) e Peacemaker (Janeiro), todas de
quatro números, encaixavam perfeitamente no espírito da Vertigo, mas estavam
presas na cronologia. Deadshot, com o vilão tornado anti-herói Floyd
Lawton (mais conhecido como Pistoleiro), era, aliás, um spin off do Esquadrão
Suicida, enquanto Peacemaker (em português, o Pacificador), tentava ter
o mesmo sucesso na DC de que gozavam outros personagens comprados à editora
Charlton, nomeadamente o Besouro Azul e o Capitão Átomo, que à época integravam
a Liga da Justiça.
Depois do sucesso da mini-série, Clark Savage Jr. seguiu o
mesmo caminho do seu correligionário da Street & Smith, o Sombra, e ganhou
uma série mensal. Começando em Novembro, Doc Savage, escrita por Denny
O'Neil e utilizando capas pintadas evocativas das revistas pulp, trouxe o herói
dos anos 30 e 40 para o presente, lutando contra novas ameaças ao lado do seu
neto, também chamado Clark. Apesar do ambiente moderno, era mais fiel ao
espírito original do 'Homem de Bronze' que as surreais histórias do Sombra.
Durou 24 números e um anual. Outro herói adaptado foi publicado pela DC a
partir de Outubro de 1988, o Prisioneiro. Sequela da série de televisão da ITV
dos anos 60, The Prisoner: Shattered Visage foi uma mini-série em quatro
edições em formato prestige. Escrita e desenhada por Dean Motter, passava-se 20
anos depois, na aldeia onde o Prisioneiro Número 6 ainda estava vivo. Tinha um
visual bem mais parecido ao que viria a tornar-se a Vertigo e foi reimpressa em
1990, mas nunca chegou a integrar o selo.
Houve também espaço em Dezembro para duas novas séries, Dragonlance
e Advanced Dungeons and Dragons, inspiradas nos respectivos RPG
produzidos pela TSR, no mesmo formato das histórias mais adultas, mas a série
de fantasia apelava a um público mais especializado. Nos anos seguintes, a
linha TSR foi expandida com mais títulos, Gammarauders, Forgotten
Realms, Spelljammer, Avatar a antologia TSR Worlds. A
TSR Comics foi cancelada em Novembro de 1991.
Leia ou releia as partes anteriores:
Parte 2: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1986-1987
Parte 1: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1982-1985