quinta-feira, 12 de novembro de 2015
26º Amadora BD, a reportagem "ilegal"...
Durante 3 semanas esteve o 26º Amadora BD aberto ao público, com o núcleo principal no Fórum Luís de Camões e várias exposições espalhadas pela Amadora.
Dizia-se por parte da organização que a criança seria tema fulcral deste Amadora BD de 2015… era a premissa. Mas esta premissa, tal como desconfiei desde o início, foi apenas mais uma desculpa para IMPOR as personagens fetiches desta organização ao público, ou seja, aqueles bonecos sem graça chamados Quim e Manecas. Tiveram o seu tempo, foram importantes em alguma altura no tempo, mas apenas isso… mas esta organização tenta, e tenta, e tenta impor aquilo ao público. São bonecos datados a que nenhuma criança alguma vez irá ligar em 2015.
Ridículo! Ridículo…
Já agora, em Portugal existem bons autores de BD para crianças. Onde estavam eles? Onde estavam as exposições destes artistas? Nem para os autógrafos foram convidados. José Abrantes, Pedro Leitão, Carlos Rocha e Aida Teixeira (estes com um livro publicado recentemente que já vai na 2ª edição). Em contrapartida houve quem andasse a dar autógrafos nem sei porquê… amiguismos?
Por falar em autógrafos… este foi o ano mais fraco em matéria de artistas internacionais. Pobre mesmo. Eu pergunto… para onde vai mais de meio milhão de Euros?? A decoração foi feita com paletes de madeira, caixotes de cartão e ripas de madeira verde sem estar tratada (um perigo para os visitantes). As bancas e o tampo dos autógrafos eram de madeira reciclada de baixa qualidade. Pobre!
No que toca aos autógrafos, o público foi avisado com 3 horas de antecedência que o excelente Tardi iria dar autógrafos. Ridículo!
Na zona de exposições onde se situava também o “auditório”, constavam se bem me lembro 6 exposições (para além da já costumeira exposição do concurso de BD). Não estavam más, mas fui habituado a muito melhor no Amadora BD, aliás, as exposições sempre foram o forte deste festival de BD. As outras exposições espalhadas pela Amadora seriam melhores? Talvez, acredito que sim. Para uns poucos de visitantes que batem as capelinhas todas, ou estão à espera que os visitantes “normais” de fora da Amadora andem a fazer um périplo pela cidade? Não com certeza…
As únicas exposições que estiveram ao nível do “antigamente” foram a do André Oliveira e a do Tony Sandoval. As outras estavam “normais” ao nível cénico.
Neste piso encontrava-se o parque infantil… lembram-se? As crianças eram o foco deste Amadora BD. Pois, deram-lhes um enorme playground para andarem aos saltos, mesas, papel e canetas para rabiscarem. Áh… e filmes curtos. Muitos. Quase tudo filmes da Europa de leste, parecia o programa do Vasco Granja... Mas afinal, era para as crianças se interessarem por BD ou para andarem aos saltos a fazer uma enorme barulheira na zona do “auditório”, onde era suposto haver um mínimo de silêncio?
O “auditório” era formado por paletes umas por cima das outras e forradas na parte de cima. Ou seja, uma pessoa que se sentasse ficava extraordinariamente confortável com a cabeça entre os joelhos. Mas já para os visitantes descansarem dessa posição, tínhamos a meio uma zona que dava para nos deitarmos e descansar um pouco a coluna e o cu.
O isolamento sonoro desta “sala” escura era feito com caixotes de cartão. Até que não estava feio, mas pede-se mais para uma sala deste género e rodeada pelo parque infantil. Mais, de início nem sequer distribuíram microfones para as pessoas que falavam no palco! Maravilhosamente ridículo!
Mas o cúmulo aconteceu quando eu estava a tirar fotos à primeira exposição, a única dedicada às crianças (ilustração [e não BD] infantil). Veio a menina da segurança perguntar-me se eu tinha autorização escrita para tirar fotos. Eu disse que não. E a menina disse que então eu não podia tirar fotos. Fiquei danado e fui embora. Este costume ridículo do Amadora BD já enerva… vou ao excelente festival de BD de Beja e não é preciso. Vou à enorme Comic Con no Porto, e não é preciso. Vou a Angoulême (um dos maiores e melhores festivais no mundo) e não preciso. Vou ao pior festival destes todos e é só burocracias completamente parvas. Nunca irei pedir autorização para tirar fotografias num evento deste género em que paguei bilhete. Nunca. Isso era rebaixar-me a um costume burocrático bacoco. E toda a gente devia fazer o mesmo.
Como curiosidade, na exposição da Tertúlia BD patente neste piso tinha fotografias desses encontros a correr num monitor. Ora, eu contei uma dúzia de fotos em que eu estava presente e reconhecível (uma delas um grande plano) e ninguém me pediu autorização para que a minha pessoa estivesse “exposta” desta maneira no festival! Dois pesos e duas medidas?
E já agora... o ridículo que foi aquela atoarda do "Ano Editorial 2015" na vertente das revistas em que o nome da "coisa" era a "Invasão das revistas". Sim, houve uma invasão de revistas, a qual foi exemplificada com uma Comix, uma Minnie & Friends e outra dos Simpsons. Isto é que foi uma invasão (lol)! Presas com corrente para ninguém roubar (re-lol) e duas delas já descontinuadas (re-re-lol). Têm noção do ridículo? Têm?? Não, não têm...
Mas depois logo no dia seguinte fui lá novamente com a máquina preparadíssima para tirar fotos. E tirei, às escondidas… parecia que andava a esconder droga. Daí o nome deste post: 26º Amadora BD: Uma reportagem ilegal.
Falta falar mal do cartaz. HORRÍVEL HORRÍVEL HORRÍVEL!
Acho que não preciso falar mais do cartaz.
Positivo, a zona comercial finalmente no piso superior. Luz e cor para atrair os visitantes e para os levar a comprar livros (é a finalidade da BD, certo?). Os autógrafos ficavam estrategicamente no espaço central deste piso e logicamente toda esta situação potenciou vendas. Não tenho dados das lojas, mas vi muita gente a comprar.
E finalmente, o outro aspecto positivo foi o convívio. Um bom grupo de fãs reuniu-se para dois almoços, e muita conversa. Para além dos muitos livros e lojas cheias de luz este foi o outro aspecto positivo, mas para o qual a organização do Amadora BD não contribuiu.
Este foi o pior Amadora BD desde que eu visito este festival (exceptuando os dois pontos positivos). Custou, segundo consta 600 mil Euros, mais de meio milhão de Euros dos contribuintes portugueses, e fizeram aquela coisa pobre. Acho que esta é a palavra certa: POBRE.
Digam o que quiserem, o Amadora BD posicionou-se bem abaixo do Festival de Beja.
Regrediu, cheira a mofo, e possui muita falta de inteligência organizativa. Continua a primar pelos amiguismos e pelo cinzentismo.
E já agora, não venham com essas tretas para enganar contribuintes, a dizer que o festival teve 30 mil visitantes, ou outros números parecidos. As crianças que enfiam nos autocarros vindas das escolas não são visitantes. A maior parte nem sequer pode escolher se quer ir ou não. Saem da escola, vão para o autocarro, passam pelas exposições a correr, e nem têm tempo para comprar um livro. Isto não conta. Não enganem os contribuintes por favor.
Como é lógico não tenho muitas fotos, apenas consegui fotografar no 2º dia, embora tenha ido lá durante os três fins-de-semana. Mas fui apenas para comprar livros e conviver um pouco com alguns amigos.
Tenho muita pena que o Amadora BD esteja nas mãos de pessoas que de BD não percebem nada, que persistem em impor fetiches a que o público não liga nenhuma, enfim, nunca mais se livram que digam que o Amadora BD é organizado por amadores. Este ano foi assim. E espero que tenham dois dedos de testa e não continuem a persistir na ideia que são o maior festival de BD em Portugal. Não são. Facto. Ponto.
Tudo isto é a apenas a minha opinião, como tal passível de ser refutada.
E também posso dizer que este post foi-me difícil de fazer, aliás, estive mesmo para ignorar este Amadora BD ao nível da reportagem para o LBD, mas não. Teve de ser.
Fiquem com as fotos possíveis.
À esquerda imagens da exposição de Vera Tavares (Ilustração Infantil).
Em baixo imagens da exposição dedicada a André Oliveira.
Em baixo imagens da exposição dedicada a Tony Sandoval.
Em baixo imagens da exposição dedicada à editora Chili com Carne.
Em baixo imagens da exposição dedicada a Álvaro.
Em baixo imagens da exposição dedicada a Jim del Monaco (Luís Louro).
Osvaldo Medina e José de Freitas
A "Invasão das Revistas"........ (lol)
Os grandes ausentes, ou seja, exposições e presença de autores Infanto-Juvenis.
E pronto, foram as fotos possíveis, tiradas à socapa .
Se alguém se lembrar de mais alguma coisa de que eu me tenha esquecido, é só colocar em comentário.
(Até dizer que foi o maior e melhor festival de sempre.... lol)
Boas leituras
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