Autores: Melinda Gebbie

Melinda Gebbie não fez muitos trabalhos na área da BD, mas os que fez foram sempre controversos, proibidos nalguns países, outros queimados por ordem judicial, enfim… sempre deu nas vistas!
Melinda Gebbie nasceu para os comics em 1973 pela mão de Lee Marrs. Foi-lhe proposto por este a sua contribuição para a revista Wimmens Comix, uma antologia feminina publicada pela editora “Last Gasp”. Colaborou no número #3 desta revista e iniciou a sua carreira como artista de Banda Desenhada.
Nasceu em San Francisco e a sua juventude foi “abalroada “ pela onda Hippie, talvez daí a sua natural propensão para o choque social que exibe em todas as suas obras, e para a liberdade sexual em que estas mesmas obras estão impregnadas. Muitas vezes descrita como uma autora “underground”, Melinda Gebbie exibe um traço muito próprio e facilmente reconhecível. As suas cores são normalmente claras, e não podemos associar o rótulo de “underground” que normalmente está associado a obras escuras com traços grossos e pesados… não, em Melinda tudo parece leve mas o conteúdo esse sim, choca muita gente!
Em 1977 publica “Fresca Zizis”, que traduzido do italiano quer dizer “pila fresca”, pela “Last Gasp”, uma obra muito louca, alucinada, completamente “pulp” com um cariz “sexual choque”, que fez com que os tribunais ingleses dessem a tal ordem de queimar todos os exemplares.
A sua obra-prima nasce em 1990 e demora 15 anos a completar. O autor dos textos é o grande e louco Alan Moore, que algures entre estes 15 anos de Lost Girls acaba por iniciar uma relação com ela, acabando esta dupla por casar!
Como não podia deixar de ser, Lost Girls foi completamente polémico deu assunto para falar durante muito tempo. Proibido em Inglaterra, proibida a sua exposição nas estantes das livrarias dos EUA, proibido no Canadá, artigos de ódio em muitos jornais, enfim… tudo quanto uma obra fracturante tem direito!
Considero esta obra imperdível, mas não é para qualquer estômago… ou se ama, ou se odeia! Não há meio-termo! Podem ler a minha crítica a Lost Girls neste link:
Lost Girls Collected
Digamos que Lost Girls mescla o peso europeu de Moore com a contra-cultura norte americana de uma Gebbie que cresceu durante a revolução sexual dos anos 60/70, e no grande centro desta revolução: San Francisco! Para além disso, ainda mistura duas visões distintas sobre o tema, uma masculina, outra feminina. Tudo isto misturado resultou numa obra que apenas adultos de mente livre conseguem apreciar.
Para além destas obras ainda tem Cobweb (também com Alan Moore), Heartbreak Hotel, Strip AIDS, The cockpit, Anarchy Comics e My Three Swans.
É uma autora que vai estar presente no Festival MAB, talvez a que mais interesse me provoca de entre todos os artistas estrangeiros que vêm. Irei “artilhado” no dia 10 e 11 para o Festival MAB Invicta, no Porto, com o meu excelente Lost Girls!

Boas e chocantes leituras