domingo, 15 de julho de 2012

Entrevista: Mário Freitas (Autor, Organizador de Eventos e Lojista especializado em BD)


O Leituras de BD apresenta uma hoje entrevista a Mário Freitas.
Possui a loja especializada em BD, a Kingpin, responsável pela editora de BD "Kingpin Books" argumentista de BD, e organizador do evento de Banda Desenhada "Anicomics".
Como podem ver toca muitos instrumentos no panorama bedéfilo nacional, e nem sempre é bem compreendido.
Conhecido pelas suas opiniões muitas vezes politicamente incorrectas e polémicas, tenta sempre dar um abanão na dormência em que esta arte vai estagnando em Portugal.
Perante isto é sempre uma boa "vítima" para uma entrevista, e assim o Leituras de BD apresenta:

Entrevista a Mário Miguel de Freitas

Para nos situarmos nesta entrevista, em que muitas pessoas que vão ler não te conhecem, como te vês a ti próprio?

Sou um autor e editor de BD que gosta de se desafiar criativa e intelectualmente. Alguém que odeia dogmas, chavões e frases feitas e que tem por hábito questionar o porquê das coisas; acho que nunca cresci nesse aspecto. Falando do que interessa aos leitores do blog, gosto de pensar em mim como alguém que pensa a BD e analisa a BD como o “animal” único e específico que é. Sou uma pessoa exigente - sobretudo comigo próprio -, crítica e sincera. Procurem-me, se o que pretendem é uma opinião construtiva; não o façam, se o que querem é um elogio vácuo e uma palmadinha nas costas.

Como te situas no panorama da BD em Portugal?

Ainda hoje me vejo como um outsider, na medida em que não tenho formação artística e já entrei neste mundo tarde, aos 27 anos enquanto livreiro, e aos 34 enquanto autor. Porém, sou persistente e a minha curva de aprendizagem é rápida, pelo que, ao longo destes últimos 13 anos, tenho vindo a fazer tudo para recuperar o atraso, digamos assim. E acho que não me tenho dado nada mal.

Gosto de pensar em mim e que me vejam como alguém com uma visão integral e tranversal da BD, desde a génese da história até à edição final, passando por toda a envolvência cultural e comercial. Já escrevi, arte-finalizei, colori, legendei, fiz designs e paginei livros de BD; já escrevi críticas e ensaios; já ministrei cursos e masterclasses; já organizei eventos e exposições; já convidei autores estrangeiros e já moderei e participei em debates; para além, claro, da comercialização de BD, que é a minha profissão a tempo inteiro. Pela minha parte, sinto-me preenchido (mas jamais satisfeito), mas cabe aos outros julgar a qualidade do que tenho feito até agora. Costuma dizer-se que os outros nos julgam por aquilo que já fizemos, enquanto nós nos julgamos por aquilo que sabemos ser capazes de fazer. É possível que exista aqui um desencontro entre o que a maioria das pessoas pensa de mim e aquilo que eu gostaria que elas efectivamente pensassem; mas conto andar por aí muitos mais anos e continuar a fazer mais coisas, pelo que ainda não perdi a esperança de aproximar essa opinião das minhas expectativas.


Qual a tua opinião sobre a BD actual em Portugal e os principais bloqueios de que sofre?

Portugal é um país de grande potencial criativo e artístico e, na BD, não foge a essa regra. A nossa localização geográfica e predisposição cultural histórica torna-nos num sorvedor positivo de várias influências, das mais diversas proveniências. Lembro-me do CB Cebulski, actual vice-presidente da Marvel, ter dito em 2009, quando visitou Lisboa, que os artistas portugueses eram de uma grande originalidade e diversidade e não estavam colados a um único estilo ou escola, como acontecia com os espanhóis, franceses ou italianos. Isto deve-se certamente à tal absorção e posterior fusão de inúmeras influências, desde o franco-belga e o mangá, até aos comics americanos e à BD sul-americana. Dito isto, há todo um rol de problemas e obstáculos, que só se têm vindo a agravar ao longo dos últimos 15 anos.

Primeiro que tudo, a dimensão do país e a falta de dimensão cultural do mesmo, que acabam por se reflectir na exiguidade do mercado português de BD. Sem massa crítica de compradores, não se gera dinheiro; sem dinheiro, não se gera produção; sem produção suficiente, não se gera selecção e qualidade. Depois, a produção reduzida dos autores de qualidade ou, sobretudo, de autores de qualidade que publiquem álbuns em português. Assusta-me pensar na quantidade de óptimos autores, nomeadamente artistas, que não têm editado um álbum completo, só deles, em português. Há ainda excelentes artistas que têm um ritmo de produção absolutamente risível, ao ponto de nem poderem ser considerados como potenciais criadores de um álbum anual. Artistas com potencial há muitos, carradas deles! Mas além da preguiça, ou de outras prioridades, há aqueles que são incapazes de evoluírem e de se tornarem, efectivamente, no artista a sério que prometeram.

Outra questão falaciosa é a de haver “poucos argumentistas de qualidade”. Mesmo havendo poucos, e quase nenhum a tempo inteiro, qualquer deles tem, ou teria, capacidade de escrever dois ou três álbuns por ano, houvesse mercado para isso ou artistas disponíveis para os desenhar. E caramba, querem nomes de argumentistas de BD, capazes de escrever para BD, usando a linguagem da própria BD? O Rui Lacas, o Pedro Brito, o Miguel Rocha, o Nuno Saraiva, sendo predominantemente artistas, já mostraram que conseguem escrever excelentes
histórias! Depois há o José Carlos Fernandes, o Rui Zink, o João Paulo Cotrim, o Marcos Farrajota (que escreveu óptimos argumentos comerciais para o Fazenda), o Lameiras e o Ramalho Santos; isto já é muita gente! O André Oliveira está a aparecer mais agora e só lhe falta uma obra maior, de fundo, para provar se tem o que é preciso. E deixei para o fim os argumentistas que têm sido editados pela Kingpin Books, e onde se calhar se encontram os mais criativos e mais originais dos últimos anos: o David Soares, o Fernando Dordio, o Nuno Duarte e eu próprio. Lá está, há quem diga que só se lembra de dois ou três, eu só aqui contabilizei 15... Houvesse um mercado real de BD em Portugal e o correspondente retorno financeiro, e não duvido que bastavam estes nomes que eu mencionei para assegurar uma produção realmente relevante. E havendo isso que referi atrás, outros bons apareceriam decerto.

Não posso deixar de referir ainda o velho hábito português de misturar e baralhar tudo ou de entregar as coisas certas às pessoas erradas.
Tem alguma lógica que exista um curso superior de banda desenhada (em Guimarães) e as pessoas que ministram (ou ministraram) essa licenciatura sejam nomes totalmente desconhecidos da BD em Portugal? Com a honrosa excepção de um eminente teórico como o Pedro Vieira de Moura, não conheço, da parte de nenhum dos outros nomes, uma única palavra escrita sobre BD, uma única história escrita para BD, ou uma única prancha desenhada para BD. E mais: esse vício terrível e enervante de enfiar a BD no mesmo saco da ilustração, pior ainda, de subalternizar a BD à ilustração, como se de uma “coisa” menor se tratasse. Faz tanto sentido misturar um curso de BD com ilustração, como faria misturar BD com escrita criativa/literatura; mas não vejo praticamente ninguém a fazer isso. Enfim, acho que estamos quase todos fartos de cursos, cursinhos, mostras e exposições, pagos a peso de ouro, que pouco mais fazem do que criar ou alimentar pseudo-intelectuais alheados da realidade.


Como achas que se pode dar a volta a esta situação quase confrangedora da BD em português?

Se clonássemos o David Soares e o Osvaldo Medina e ficássemos com 5 de cada, só isso resultaria nuns 15 álbuns novos, todos os anos. O David é um escritor profissional e isso reflecte-se na facilidade e velocidade com que ele escreve um argumento completo para BD, layouts incluídos. Mais nenhum argumentista se compara, sequer, ao ritmo de produção dele. E o mesmo é válido para o Osvaldo, que desenha como respira e não está sujeito às preguicites e outros estados de espírito improdutivos que costumam assolar a maioria dos outros artistas. São ambos uma coisa raríssima: muito rápidos e muito bons.

Ainda assim, voltamos sempre ao mesmo: era preciso que houvesse mercado e colocação destes livros nas prateleiras. E, antes disso, era preciso começar a mudar as mentalidades, logo a partir dos primeiros anos escolares. Só que, para começar a educar as crianças desde tenra idade, tem de haver formadores, quer na escola quer em casa, que tenham já eles próprios uma nova mentalidade. É fácil de perceber assim a cadeia de entraves logísticos e culturais que temos pela frente.

Mas sejamos práticos: procurando uma forma imediata de melhorar a situação, o que poderia ser feito? Simples: termos responsáveis livreiros, nomeadamente das principais cadeias portuguesas (Fnac, Bertrand, Leya), minimamente informados sobre BD e que soubessem lidar com a BD e expô-la condignamente ao público. Ver a BD relegada para um ghetto, bastas vezes misturada ou perdida no meio de livros infantis e catalogada como “publicação infanto-juvenil”, é uma dor de alma e um insulto que sofremos todos demasiadas vezes. E, neste caso, o mal nem se aplica apenas à BD portuguesa, mas sim à BD como um todo.

Outra solução óbvia seria expandir a co-edição, que tem havido entre editoras de BD e jornais diários de grande tiragem, a álbuns de BD de autores portugueses. Não precisaria de ser uma colecção imensa, mas facilmente me lembro de uns 10 álbuns que seriam dignos representantes do que se faz ou do que já se fez. Mas atenção! Uma coisa fundamental seria criar uma selecção que pudesse, de facto, criar um público novo ou, no mínimo, chamar à atenção dum público diferente. A minha principal crítica às colecções de BD que têm sido lançadas nesses moldes é que pouco mais fazem do que se dirigiriem e pregarem aos convertidos do costume. E, para além do conteúdo em si dessas BDs, seria fundamental apresentá-las num package moderno e atractivo, que se destacasse de alguma forma nas bancas. O design da esmagadora maioria dessas colecções tem sido inestético e anacrónico.

Claro que muitas destas críticas que tenho feito, e soluções que tenho apontado, têm sido recebidas com o clássico “lá está este a dizer mal e com a mania que sabe mais que os outros”. O mundo da BD portuguesa é pequeno e tende um bocadinho à palmadinha incestuosa nas costas; quem não o faz acabará, invariavelmente, acusado de não “remar para o mesmo lado”, o que quer que isso signifique. Eu gosto de pensar que, se há algum lado para onde reme, é para o lado da qualidade. Exigia-se uma maior capacidade crítica - sobretudo de auto-crítica -, e um maior poder de encaixe dos autores para que, aí sim, ficássemos todos a ganhar.


O que surgiu primeiro, o lojista, o editor ou o argumentista/arte-finalista?

Profissionalmente falando, foi o lojista, em 1999, o que não quer dizer que já não andasse antes com ideias criativas na minha cabeça. Na prática, foram essas ideias criativas que me levaram depois a assumir o desafio editorial em 2006.


O que falta para a editora Kingpin Books dar “o salto” (e por “salto” entende Portugal para além de Lisboa) comercialmente?

Os livros da Kingpin Books já estão noutros sítios para além de Lisboa: estão na Dr.Kartoon em Coimbra, na Mundo Fantasma no Porto e, enquanto duram as consignações específicas de cada livro, em várias lojas da Fnac. Agora, isso não invalida que a tiragem curta dos livros seja um entrave a uma maior expansão da sua distribuição, embora isto seja uma enorme pescadinha de rabo da boca: por um lado, a tiragem é curta não permitindo uma maior distribuição; por outro, a deficiência da distribuição de BD em Portugal desaconselha uma micro-editora como a minha a ser mais generosa nessa mesma tiragem.


Já, enquanto editor/autor/empresário, tentaste levar as tuas edições além fronteiras? Se a resposta por “sim”: Onde? Se a resposta for “não”: Porquê?

Ainda não, mas isso está no horizonte para breve. Alguns dos livros têm uma realidade demasiado portuguesa, nomeadamente o CAOS, mas outros há que, com maior ou menor adaptação, se encaixariam como uma luva noutros mercados, nomeadamente no europeu. Incluo neste lote A Fórmula da Felicidade e O Pequeno Deus Cego, e conto que os respectivos argumentistas possam fazer brevemente a necessária tradução.

Entretanto, o novo Super Pig: O Impaciente Inglês está a ser escrito parcialmente em inglês e tem uma história universalmente abrangente que seria certamente bem acolhida nos mercados anglófonos (desde que aguentem as revelações terríveis que eu faço sobre uma das vacas sagradas dos ingleses, o “velho bulldog” Winston Churchill). Confusos quanto ao “parcialmente em inglês”? A razão é simples: como acabei de aflorar, a história gira em volta de um artefacto singular outrora pertencente à corte britânica (estão a ver os livros de Dan Brown? Não tem NADA a ver) e é protagonizada por várias figuras históricas como a Rainha Isabel I, Oscar Wilde e Winston Churchill. Já experimentaram pôr estas figuras clássicas a falar português? Eu experimentei e odiei, pelo que comecei a escrever os diálogos directamente em inglês, diálogos esses que irão coexistir com outros em português, dependendo das personagens ou das situações. É uma experiência arriscada, que tenho plena noção que vai despertar a fúria de alguns puristas, mas é algo que considerei fundamental para conferir o feeling e a intenção narrativa que pretendo para a história.


Qual a publicação da tua editora em que tens mais orgulho?

Isto pode parecer politicamente correcto, mas é a mais pura das verdade: geralmente é aquela que acabei de editar. Empenho-me sempre de igual modo em todas as edições, sejam elas escritas por mim, pelo David, pelo Fernando ou pelo Nuno, e quaisquer que sejam os artistas envolvidos. E pugno sempre para que cada edição seja melhor que a anterior, do ponto de vista do package completo, do objecto específico que um livro é. Com a perda crescente que as edições em papel têm registado face às versões digitais, um livro tem de ser um objecto fisicamente agradável e atraente que dê vontade de ter. Presto o máximo de atenção ao design, à encadernação, à qualidade do papel, às margens e à paginação, e só tenho pena da impressão digital não atingir ainda a qualidade ou as possibilidades do off-set, para continuar a inovar nestes parâmetros. Dito isto, ainda não houve nenhuma edição que me tenha deixado 100% satisfeito, porque observo sempre detalhes na capa ou nos interiores que poderiam ter ficado com uma qualidade superior de impressão.


Quais vão ser as próximas apostas editoriais da Kingpin, e já agora a sua data estimada de saída para o público?

Este ano foi muito calmo e isso deveu-se mais a uma mera coincidência, do que propriamente a questões económicas. Ainda assim, conto que “O Baile”, do Nuno Duarte e da Joana Afonso (MUITA atenção a ela), seja finalmente publicado por ocasião do Amadora BD ou perto disso. Para 2013, sim, haverá - espero eu - muitas edições novas. No AniComics, o Fernando e o Osvaldo já tiveram oportunidade de falar do “Mindex”, um conto de ficção científica que se encontra agora em fase de desenvolvimento, o mesmo acontecendo com o “Palmas para o Esquilo”, do David Soares e do Pedro Serpa. Este último será um drama psicológico passado num asilo de loucos, no habitual registo de horror personalizado e inteligente a que o David já nos habituou. Ainda do David, poderá sair o “Sepulturas dos Pais”, um argumento a ser desenhado pelo André Coelho, um dos artistas que colaborou com o David no “É de noite que faço as perguntas”.


Para além disso, o Osvaldo anda a desenvolver um projecto a solo e, se bem o conheço, mal ele pegue nisso a sério, ficará pronto num ápice. Há pouco, falei igualmente do Super Pig: O Impaciente Inglês, o meu magnum opus, que tem andado enguiçado por motivos diversos, mas que conto que possa finalmente sair para o ano. Resta-me decidir se o irei dividir em dois volumes ou se editarei tudo de uma só vez (solução que me agradaria bastante mais, dado o impacto que a leitura integral da história teria, mas que tem o senão de implicar um preço de venda bastante superior, visto estarmos a falar de um álbum com 88 páginas).


Relativamente ao teu trabalho como argumentista, como lidas com os teus desenhadores na construção de uma BD? Dás-lhes muita ou pouca liberdade nos storyboards e quem é que geralmente os faz?

Dou-lhes a liberdade suficiente, nunca me esquecendo que o argumentista sou eu e os artistas são eles. Eu tenho uma forma muito visual de pensar, até porque também sei fazer uns rabiscos, por isso, quando penso numa cena, tenho geralmente uma ideia bastante concreta do que pretendo para a arte. Ser-se argumentista de BD implica sermos nós a ditar o ritmo da história e o ritmo das cenas e, nesse sentido, é fulcral que sejamos muitas vezes “ditatoriais” na descrição do que pretendemos. É evidente que nada disto é estanque e que o grau de flexibilidade é variável consoante o artista com quem se trabalha e o grau de confiança ou empatia que temos com ele. Além de que eu gosto de escrever coisas que tirem o melhor partido dos pontos fortes e características de cada artista específico.

A dado momento, por exemplo, as minhas colaborações com o Carlos Pedro (1º artista do Super Pig) passaram a ser muito orgânicas, e os layouts eram definidos em conjunto, durante meetings informais que fazíamos aqui na loja; discutíamos a minha ideia original e ele procurava, se caso disso, formas mais dinâmicas de a pôr em prática. Com o GEvan.., o método foi muito diferente, porque ele é sobretudo um ilustrador, por oposição a um narrador visual. Com ele, optei por explorar mais o design das páginas e as formas geométricas e é por isso que surgem páginas com relógios, grades de prisão ou gráficos de cotações de mercado a servirem de vinheta. Quando pretendo algo assim tão específico, sou eu próprio que faço os layouts/storyboards, até porque gosto destas soluções imaginativas e menos óbvias e gosto de “brincar” com a linguagem da BD. O plano do papel não é um tela de cinema e a forma de contar uma história em BD é muito própria e pode ser explorada de diversas formas. Não faz sentido nenhum usarmos a BD para contar as histórias do mesmo modo que o faríamos no cinema ou na TV. O tempo dos “widescreen comics” já lá vai e só resultou enquanto foi novidade; de resto, esgotou-se num ápice.

Outra das ferramentas que mais tenho vindo a explorar na escrita do novo livro (Super Pig: O Impaciente Inglês) é a utilização de pausas e repetições narrativas e essa é uma das coisas que melhor distingue um storyboard de cinema de um layout de BD. E é das coisas que melhor serve para controlar o impacto emocional das cenas e o pacing, o ritmo da própria BD. Eu digo há muitos anos que o que distingue os melhores argumentistas dos outros é o pacing narrativo e nada mais. Há vários argumentistas com excelentes ideias e uma escrita fluida e eloquente, mas a quem falta a imaginação visual e o sentido rítmico para cadenciar as suas histórias na perfeição. Ter lido três obras completas do Naoki Urasawa, nos últimos anos, foi uma belíssima lição de ritmo narrativo. Os melhores japoneses, aliás, são grandes mestres nisso, e é uma pena a forma desastrada como certos autores americanos tentam copiar isso, não percebendo que a descompressão narrativa não são páginas e páginas seguidas de cabeças falantes a debitar diálogos redundantes (sim, Bendis, estou a olhar para ti). Um dos escritores americanos que já demonstrou há vários anos que sabe fazer isto como poucos é o JM DeMatteis, embora ajude sempre trabalhar com narradores visuais do calibre de Mike Zeck (em Spider-Man: Kraven's Last Hunt) e Sal Buscema (em Spider-Man: The Child Within).


Alguns lojistas especializados em BD queixam-se de tudo e mais alguma coisa no seu negócio. A Kingpin está nesse saco também?

Não, de todo; sou muito criterioso quanto aos sacos em que me enfio, e com quem me enfio nesses sacos. Acho que certas lojas deviam olhar mais para si próprias em vez de se queixarem de deus e do mundo. Eu é que se calhar devia queixar-me de algumas dessas lojas, porque não são benéficas para ninguém, com o percurso errático em que persistem: não trazem qualquer valor acrescentado para o cliente, muito menos para o mercado, e parecem daquelas baratas nojentas e irritantes que nunca mais morrem.


Tu és conhecido por fazer e fazer vários pequenos e grandes eventos. Para além do movimento de pessoas que consegues provocar, isso reflecte-se comercialmente?

Reflecte-se, claro, nem que seja pela lógica irrefutável dos números: mais pessoas aumentam automaticamente a probabilidade de mais vendas. E não se pode descurar a vertente promocional, claro: um visitante de um evento pode tornar-se num cliente da loja. Para além do AniComics, que é o tal evento maior que organizo, tenho apostado em festas periódicas aqui na loja, aproveitando o excelente espaço que tenho e proporcionando, em simultâneo, aos visitantes momentos de convívio e animação. Isso é cada vez mais fundamental na criação de um elo entre uma marca e os seus consumidores e na afirmação de uma identidade própria dessa marca. E parece-me inegável que a Kingpin Books tem uma identidade absolutamente distinta dos seus concorrentes mais directos.


Qual o evento em que participas comercialmente mais atractivo para a tua loja?

Do ponto de vista comercial, acaba por ser o Iberanime, porque vendo quase tanto quanto no Anicomics, mas não tenho nem metade das despesas e do trabalho. A máquina logística e promocional da Manz (organizadora do Iberanime) consegue de facto transformar esse evento num peso-pesadíssimo, como o comprovaram os quase 7.000 vistantes da última edição em Lisboa.


Falando de eventos, qual é tua opinião sobre os vários festivais e salões que se vão fazendo ao longo do ano em Portugal?

Honestamente, só vejo quatro eventos revelantes, sendo que um deles, o Iberanime, nem sequer é um evento de BD. O Amadora BD vem de dois anos muito maus, mas continua a dispor de condições e de uma tradição ímpares. O Festival de Beja tem enorme qualidade artística e excelentes conteúdos, mas a localização intrínseca e uma certa incapacidade em atrair um público exterior à BD não o tornam comercialmente atraente. O AniComics é uma aposta pessoal minha, um evento mais moderno e arejado e que visou reunir o melhor dos universos da BD e do entretenimento oriental, e o seu crescimento visível e continuado têm comprovado a viabilidade dessa aposta.

Aparte disto, há pequenos eventos interessantes e bem intencionados, e outros completamente anacrónicos, que se eternizam penosamente sempre nos mesmos moldes, sem qualquer capacidade ou vontade de se renovarem. Já não estamos nos anos 70 ou 80, pelo que a boa vontade, por si só, já não chega; aliás, diria que de nada serve, se não for devidamente acompanhada por uma pitada ou duas de rasgo e competência.


És mesmo arrogante, ou isso faz parte do “boneco” que criaste para ti mesmo?

Isso de bonecos e personas é para o Mourinho. Ele está inserido num mundo-cão que envolve milhões como é o futebol, pelo que percebo perfeitamente porque o faz. Eu sou apenas o “maior” de uma aldeia muito pequena, pelo que me limito a ser eu próprio. É claro que quem diz o que pensa e quem tem opiniões muito vincadas torna-se um alvo fácil ou, pelo menos, preferencial. Essa do “arrogante” deve vir daí, mas desculpem se não alinho em falsas modéstias ou se não peço desculpa por existir. Nunca ninguém me ouviu ou ouvirá vangloriar-me de coisas que não fiz ou de qualidades que não tenho. E acho que o respeito e amizade duradoura que os meus principais colaboradores têm por mim diz bem do meu comportamento para com as pessoas e aquilo que eu sou verdadeiramente.


Melhor obra de BD de sempre?

Ui... Depende do momento da vida ou do estado de espírito. Se pesar o impacto emocional, houve várias coisas que me marcaram. O Spider-Man: Kraven’s Last Hunt, por exemplo, foi um murro no estômago dos meus tenros 16 anos de então. Em termos de inovação e quebra dos cânones, há duas histórias em particular que nunca esqueço: Swamp Thing nº21 (The Anatomy Lesson), o primeiro número integral do Alan Moore no título, e que, mais do que uma lição de anatomia, é uma portentosa lição de escrita; e Animal Man nº26 (Deus Ex-Machina), onde Grant Morrison termina uma saga, já por si brilhante, revelando-se ao protagonista como o responsável por todos os seus infortúnios.

Não posso deixar ainda de mencionar The Invisibles, que me revelou a verdadeira natureza do universo; All Star Superman, a história perfeita de super-heróis, com uma simbiose perfeita entre escrita e arte; e Asterios Polyp, de David Mazzucchelli, um verdadeiro compêndio de (quase) todas as possibilidades artísticas e narrativas que a BD pode oferecer.


Qual o teu artista favorito?

Frank Quitely. Tem o talento único de fazer com que tudo pareça simples de desenhar. É de uma elegância e de uma economia narrativa inimitáveis.


Arte-Finalista?

Nisso não tenho mesmo um único favorito, mas posso mencionar Jim Mooney, Al Williamson, Wally Wood, Joe Sinnott, Tim Townsend (vá lá: um vivo em cinco)...


Escritor de Banda Desenhada?

Grant Morrison. Não é tão estruturado ou eloquente quanto Alan Moore, mas é mais capaz de me supreender e de me levar a descobrir coisas diferentes. E leva-se menos a sério.


E agora perguntas tontas… prato de comida preferido?

Já que uma intolerância alimentar me impediu de continuar a saborear lulas das boas, qualquer naco de carne saboroso e suculento é imbatível. E, sim, evitem pedir carne de vaca bem passada na minha presença, se não querem ouvir um sermão.


Melhor música de sempre?

Isso é tão ou mais difícil que escolher a “melhor” BD de sempre (acho que a palavra “favorita”, ainda assim, se adequa melhor). Algo tão estático não casa bem com a minha perspectiva de evolução contínua. De qualquer forma, e só para dar um exemplo, “Bigmouth Strikes Again”, dos Smiths, já me acompanha há 25 anos.


Como é para ti um dia perfeito?

Um dia em que a minha cabeça esteja totalmente livre de preocupações, na companhia de pessoas que me sejam queridas. Se puder acrescentar a isso algo de criativo ou produtivo, tanto melhor.


Se o mundo acabasse para ti amanhã, como gostarias de ser lembrado?

Um pessoa diferente. Uma pessoa especial.

Espera que a entrevista tenha agradado!

Boas leituras!

59 comentários:

  1. Um homem que começou por ser o meu dealer para depois passar a ser o meu amigo e pessoa que admiro :) um bem haja ao Mário e à sua inteligência e capacidade comercialócriativa (sim é uma palavra).

    Quando o entrevistado é bom é logo outra história :D

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  2. Curioso: parece que ele falava sobre a producao de HQ no Brasil. Um ponto que destacaria - aplicavel ao Brasil ao menos, eh que, tendo baixas vendas no mercado, não ha dinheiro para sustentar e desenvolver artistas. E por isso eh comum a producao de um autor ser "risivel" por aqui. Podem dizer que ha dezenas de albuns nacionais sendo lançados por estas bandas, mas possuem mil unidades de tiragem, encalham e o artista some. Ou seja: eh no amor que eh feito. nao sei se em portugal eh diferente, mas aqui se trabalha 200 horas dia e mal se paga as contas - reduzindo o tempo de producao. Curiosamente tambem as sugestoes dele de como mudar o cenario, basicamente, esta sendo feito no Brasil, atualmente. o_O

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  3. "Grant Morrison. Não é tão estruturado ou eloquente quanto Alan Moore, mas é mais capaz de me supreender e de me levar a descobrir coisas diferentes. E leva-se menos a sério."
    Curioso, mas se não tivesse lido o nome inicial, juraria que estavas a falar do Warren Ellis :D

    P.S. Está gira, a entrevista. Há, apenas, uma coisa que me faz espécie: a constante referência à arrogânica do Mário. Nunca tinhamos sido apresentados, até ler um comentário algures (FB, creio). Desde então tenho lido algumas/bastantes referências a ela. Confesso, faz-me confusão.

    Cumps,
    Francisco Quintana

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  4. Hugo Silva
    Dealer????
    Nah... ele a mim nunca me vendeu droga... LOL
    Mas sim, da minha parte e depois de o conhecer melhor considero-o um amigo!
    E deu-me uma muito boa entrevista!
    ;)

    DS
    O problema está sempre no mesmo sítio... na pobreza cultural, em que um pai prefere comprar uma caixa de pastilhas ao filho, em vez de lhe comprar uma revista de BD, com a desculpa que a revista era cara... (As pastilhas ficaram pelo dobro do preço da revista...)
    :(

    Francisco Quintana
    A parte do Morrison, Grant e Ellis... isso dava pano para mangas e grandes discussões! LOL
    Quanto à parte do "arrogante" é um rótulo que alguns gostam de lhe pôr apenas porque ele não tem falsas modéstias nem a "humildade do pobrezinho". Ele sabe o que vale e não se rebaixa. Para além disso de vez em quando esfrega com o dedo nalgumas feridas tapadas, e depois dói! Aí... "Áh... lá está o tipo a falar e dizer mal... arrogante!"
    Gosto destes arrogantes!
    :D

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  5. Ressalvando que não sou profissional do ramo, nem um frequentador assíduo de livrarias e afins, ainda assim dá-me a ideia que a BD em Portugal é vendida toda da mesma maneira, independentemente do público alvo a que se dirija. E que isso se reflecte na mentalidade de muito boa gente. É frequente achar pessoas da opinião que, ou a BD é coisa de crianças, ou que não é algo para levar a sério. E contra esse tipo de mentalidade, é difícil lutar...

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  6. "E mais: esse vício terrível e enervante de enfiar a BD no mesmo saco da ilustração, pior ainda, de subalternizar a BD à ilustração, como se de uma “coisa” menor se tratasse. Faz tanto sentido misturar um curso de BD com ilustração, como faria misturar BD com escrita criativa/literatura; mas não vejo praticamente ninguém a fazer isso. Enfim, acho que estamos quase todos fartos de cursos, cursinhos, mostras e exposições, pagos a peso de ouro, que pouco mais fazem do que criar ou alimentar pseudo-intelectuais alheados da realidade."
    Contra isto é muito complicado de lidar:(

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  7. "Mas sejamos práticos: procurando uma forma imediata de melhorar a situação, o que poderia ser feito? Simples: termos responsáveis livreiros, nomeadamente das principais cadeias portuguesas (Fnac, Bertrand, Leya), minimamente informados sobre BD e que soubessem lidar com a BD e expô-la condignamente ao público. Ver a BD relegada para um ghetto, bastas vezes misturada ou perdida no meio de livros infantis e catalogada como “publicação infanto-juvenil”, é uma dor de alma e um insulto que sofremos todos demasiadas vezes. E, neste caso, o mal nem se aplica apenas à BD portuguesa, mas sim à BD como um todo."
    A maior parte dos livreiros em Portugal são analfabetos ou não querem saber de livros (quanto mais de BD:() (Deparei-me com este problema já há muitos anos), logo acho que o principal problema é mesmo a "não-formação" de livreiros (vender um livro não é o mesmo que vender batatas ou um CD ou filme, mas existe quem pense assim:()

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  8. "Mas atenção! Uma coisa fundamental seria criar uma selecção que pudesse, de facto, criar um público novo ou, no mínimo, chamar à atenção dum público diferente. A minha principal crítica às colecções de BD que têm sido lançadas nesses moldes é que pouco mais fazem do que se dirigiriem e pregarem aos convertidos do costume. E, para além do conteúdo em si dessas BDs, seria fundamental apresentá-las num package moderno e atractivo, que se destacasse de alguma forma nas bancas. O design da esmagadora maioria dessas colecções tem sido inestético e anacrónico".
    Esbarramos na mesma situação, quem trabalha nestas colecções só quer ganhar MUITO dinheiro. (nem que para isso tenham que andar a vender a mesma "banha da cobra" de sempre:()

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  9. dos escritores americanos que já demonstrou há vários anos que sabe fazer isto como poucos é o JM DeMatteis, embora ajude sempre trabalhar com narradores visuais do calibre de Mike Zeck (em Spider-Man: Kraven's Last Hunt) e Sal Buscema (em Spider-Man: The Child Within)."
    Concordo. Identifico-me em grande parte das opiniões emitidas pelo Mário.
    A entrevista está inteligente e do "pouco" que conheço do Mário, sempre gostei da sua frontalidade e atitude. (admiro isso numa pessoa e detesto o "está tudo bem! (quando está tudo bem) e "está tudo mal" (quando as coisas estão menos bem).. Enfim uma troca de opiniões pública comigo ou com o Mário dava para lavar a alma a muita gente.. (pode ser que mais para a frente dê para fazer isso.. )
    Abraço Nuno e Mário pela excelente entrevista:)

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  10. Obrigado pelo vosso tempo e pelas palavras simpáticas (mas ainda não perdi a esperança de ver aqui vozes dissonantes :).

    A minha dificuldade em escolher uma única BD favorita e o "pano para mangas" sobre argumentistas deram-me uma ideia para uma rubrica aqui no blog, Nuno: que tal convidares pessoas para falarem do top10 da sua "read-list", à semelhança do que é feito com a play list de certas personalidades, na rádio?

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  11. Francisco Quintana
    Em Portugal os livros não são vendidos nessas livrarias por quem sabe. São vendidos por um empregado que tem um computador à frente e busca o título que tu queres. Se pedires uma informação acerca de um livro muito dificilmente te darão essa info, porque grande parte desses empregados apenas leu os livros de leitura obrigatória na escola... estão na livraria, como podiam estar numa loja de lingerie.
    E isso é um problema muito grave!
    :(

    Ilvie
    Infelizmente muitas vezes, e para o comum visitante de uma livraria ilustração é sinónimo de BD. O mais grave é quando os empregados da livraria acham o mesmo.

    Quanto aos pseudo-intelectuais de banheira que pululam por aí... são efectivamente um problema porque dominam com os seus conhecimentos aquilo que é ajudado pelo estado, ou seja, ajudam-se entre eles. Certas exposições e livros com apoio estatal são tudo menos a ajuda que a BD precisa...

    Quem trabalha nas colecções referidas penso que não está a espera de ganhar muito dinheiro... dou o exemplo da BD Pop Rock. Aquilo foi apenas uma colecção feita para alimentar egos e umbigos, salvo 2 ou 3 livros, foi horrível!

    Ainda bem que gostaste da entrevista. Espero ter mais entrevistas interessantes, mas como disse o Hugo Silva, para uma entrevista ser boa o entrevistado também tem de colaborar! O Mário colaborou!
    ;)

    Mário Freitas
    Eu sei que querias vozes dissonantes (eu também), mas normalmente as vozes dissonantes não têm os "ditos" no sítio para publicamente rebaterem as opiniões colocadas por escrito, apenas oralmente. É que se fica escrito fica registado, o que por vezes se torna incómodo...

    Quanto a essa possível nova rubrica, parece-me interessante!
    :)

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  12. Vozes dissonantes? Okay. Buuu! A tua loja é metade mangalhada! Buuu!

    Pronto, estou a gozar. Não posso discutir com a economia. Show me the money! Lembro-me quando o Mário era anti-manga como eu, mas ele encontrou algo que goste e eu não.

    Mas é por isso que o Mário é "arrogante". Tem uma capacidade camaleónica de se adaptar a novas circunstâncias de mercado e acaba por meter a "pata" em todo o lado. E o resto, como não pensou nisto primeiro, não vai atrás por pirraça.

    Já agora, Mário, lembra-me porque eu esqueci-me das últimas duas vezes que fui à loja: queria apontar uns dois ou três pormenores que não funcionaram bem no Anicomics.

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  13. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  14. A pedido do entrevistado, aqui vai um ponto de discordância :) Penso que não se resolveria a situação do mercado com livreiros mais 'letrados' em BD.

    Vou usar a loja Fnac como referência por ser generalista. Quando lá vou, costumo ir à zona de livros infantis (além da Bd, tenho pancada por ilustração). No meio te tantos livros para crianças, raramente lá vejo BD. Depois sigo o corredor e visito a parte da BD. Aqui, deparo-me com grande variedade (não muita pois muitos albuns estão em françês e inglês) mas para crianças apenas vejo quase sempre aqueles clássicos europeus. É raro existir uma publicação nova na onda do Bone, Akiko, Yotsubasa ou os antigos Astérix e Tintim. Com isto quero dizer o seguinte: Eu estou nos meus 30, e gosto de ler Bd para adultos e alguma para todas as idades. Mas existe pouquissima oferta de qualidade para crianças. E é em criança que nós ganhamos o vicio pela BD. Quantas pessoas conhecemos que se 'converteram' à BD depois dos 25 em comparação com aqueles que 'converteram' antes dos 15?
    Depois, outro problema. Eu percebo a razão de existirem edições em que é prestada atenção à qualidade do papel, a se a capa é dura ou não, à qualidade da impressão, etc. Eu próprio tenho alguns albuns que tenho muito cuidado com eles visto considera-los obras de arte. Porém, e infelizmente, todos sabemos que isto eleva o preço do album para valores que alguém que não tenha particular interesse por Bd, esteja disposto a pagar. Estes albuns fazem sentido para nós, mas não para quem queremos trazer para a Bd, sejam adultos ou crianças.

    Para terminar, (já me alonguei demais e só numa discordância :D ) acho que só teremos novamente um publico leitor de Bd em Portugal nos numeros que sonhamos, quando os editores, os interessados pela Bd, e toda a gente envolvida, se aperceber que a base do mercado de Bd está no publico mais jovem. São essas compras de revistas mais baratas, mas por isso mesmo, contantes, que permitirão que autores de Bd para adultos possam depois ter um mercado sustentado onde colocar as suas obras.
    Esses novos leitores NUNCA irão chegar (sim, infelizmente em maiúsculas) enquanto continuarmos a usar as mesmas táticas que temos usado para chegar a ouvidos que não nos querem ouvir.
    As crianças são o futuro, e para a Bd, isto é ainda mais real. Ponham revistas infantis de Bd baratas disponiveis por todo o lado, e daqui a 10/15 anos os autores nomeados na entrevista poderiam provavelmente ter uma maior possibilidade de ganhar a vida a fazer Bd para adultos.

    PS-Peço desculpa ao Nuno Amado por mais uma vez estar aqui a chover no (meu) molhado.
    PS2-Excelente entrevista, e obviamente que são mais os pontos concordantes que os discordantes :)

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  15. Sweetness, sweetness I was only joking
    When I said I'd like to smash every tooth
    In your head...

    ...Oh, Bigmouth, Bigmouth
    Bigmouth strikes again
    And I've got no right to take my place with the Human race...

    hehehe

    Estás a ser mauzinho.

    Boa entrevista. Já sabia da carneirada, felizmente nunca a tive que sentir (já se morasse no interior, muito sozinho, nã poderia escrever isto!).

    Discordo que o Rui Zink seja talentoso enquanto argumentista (até agora; logo se verá no futuro, espero, pelo menos).

    "Para mim é a posta Mirandesa, mas bem passada, por favor", também me dá logo vontade de dar uma chapada em alguém.

    Se o mundo acabasse amanhã não serias recordado, lamento, não haveria alguém para o fazer. Por isso, não sejas arrogante. hehehe.

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  16. Refém,

    A pergunta era se o mundo acabasse "para mim" amanhã, ou seja, uma forma simpática de se dizer "se morreres amanhã" :D

    E sim, posta bem passada dá um belo objecto contundente de arremesso... :P

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  17. Olá a todos. Em primeiro lugar, quero pedir desculpa a todos pelo mau Art&ntropia que fiz sobre o Anicomics 2012. Muito a correr, muito "em cima do arame". No geral, ainda preciso de aprender muito e praticar ainda mais. Mas, como prometi ao Mário, lá estarei para o ano.
    Quanto ao poderio do Anicomics, já o disse várias vezes, é uma grande iniciativa de BD que veio para ficar. Faz falta ao mundo da BD. Não é ameaça a nenhum festival nem pode ser vista como tal. Tudo faz falta neste país para impulsionar a BD. Blogs de BD, Portais online, Programas de TV, Webcomics, Editoras especializadas, grandes Editoras que apostem neste segmento, uma boa distribuição, mais eventos, mais iniciativas, etc. E nisso, o Mário Freitas faz a sua parte. Como faz o Geraldes Lino, como faz este blog, como faz o Grupo Entropia em todas as suas iniciativas. Eu conheci o Mário há alguns anos, por dois motivos: 1º - Eu queria comprar determinados comics (que ele, por acaso não tinha mas que soube indicar quem tinha); 2º - Mostrei-lhe o meu projecto, ao qual ele deu a sua opinião. Foi aí que conheci o "Mário Arrogante", apesar de eu o achar mais o "Mário Sincero". Uma opinião que me fez, em primeiro lugar, não desistir e, em segundo lugar, querer melhorar. Como em tudo na vida, cada um é como é. E quem está mal, que se mude.

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  18. Apenas não com com uma ideia, que para mim é muito errada. A de que os desenhadores sejam preguiçosos. Não obstante isso poder acontecer com alguns, não é, de todo, justo. A maioria dos desenhadores não vive da BD a tempo inteiro e não se pode dedicar à mesma o tempo que gostaria. Eu próprio, que me considero argumentista (com muita coisa na gaveta e pouca cá fora ainda) não tenho tempo para me dedicar como gostaria. Aliás, da experiência que tenho tido com os desenhadores com quem tenho colaborado ou estou a colaborar, o problema é o excesso de projectos a dar resposta. Esse sim é um problema. Não creio que seja a preguiça. O José Ruy, na entrevista que deu ao Art&ntropia, dizia o seguinte: "...produzo anualmente dois albuns e só não produzo mais porque existe dificuldade por parte das editoras". E ele mesmo dizia que "...com o fim das revistas de BD [Estilo Selecções BD, etc], é mais dificil para um editor apostar em novos autores". Ou seja, sem revistas que dêem oportunidade aos novos autores, e só existindo a solução da publicação em albuns (em termos genéricos), não é facil para uma editora dar tiros no escuro, ainda mais com a malfadada "crise". Aqui as excepções são: A Banzai, a Zona, os Fanzines de norte a sul do país, os Webcomics, a Kingpin Books, as apostas da Maria José Pereira em novos nomes e pouco mais. Quanto às FNAC's / Bertrand's e à sua falta de aposta, deve-se muito a uma falta de formação/sensibilização por parte dos gestores da coisa. São eles que têm que "estudar" o negócio da BD e formar os seus trabalhadores. Pois, de facto, quem está numa FNAC/BERTRAND a ganhar o ordenado mínimo, podia perfeitamente estar numa loja de roupa, numa perfumaria, no macdonald's, a repor produtos no supermercado, ganhando o mesmo ordenado mínimo, a ter contas para pagar e uma vida para levar para a frente e sem ter tempo ou interesse para saber quem é o Frank Miller, o Moebius ou João Mascarenhas. Temos que ser nós a fazer ver e a quem gere as editoras (e até mesmo as distribuidoras) do poder de negócio da BD. Temos que ser nós a mostrar junto dos mais novos o que é a BD e incentivá-los. E também temos que sensibilizar os jornaleiros. Abriu um quiosque ao pé de mim e, claro, fui saber que tipo de BD recebia, no sentido de entender se iria receber as publicações da Panini. A senhora, sendo nova no negócio, só nesse dia se apercebeu que nem as revistas disney eram mais publicadas (perguntem a quem tem os direitos de publicação porquê, pois eu nunca consegui perceber). Prontamente tratou de ver com as suas duas distribuidoras se podia mandar vir BD. Nenhuma das duas distribuidoras tem disponível as publicações da Panini, sendo que uma delas só envia Turma da Mónica. A senhora, mesmo sabendo que eu não ía adquirir Turmas da Mónica, e mesmo estando junto de uma escola primária e num local de passagem de muitas crianças e jovens, não pensou que podia ter ali uma oportunidade de negócio. E sobre a nova colecção da Marvel no Público, a senhora só manda vir o livro que sabe que vai vender...o meu. Nem uma divulgação para atraír novos clientes.

    Grande Abraço

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  19. *"não concordo com uma ideia", era o que eu queria dizer no inicio do comentário

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  20. João, quase TODOS os artistas (escritores, desenhadores, pintores) são preguiçosos. Eu por mim falo. E por muitos outros que conheço.

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  21. @Mário:

    Eu percebi. Mas, de outra maneira, como é que eu colocaria a "graçóla"?

    abraço

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  22. Felicitaciones por la entrevista. Me ha gustado mucho, al igual que la entrevista a Seijic. ¿Harás más entrevistas próximamente?

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  23. Quanto a divulgar BD junto dos leitores, posso dizer que vender em bancas hoje em dia é difícil para os jornais e revistas de grande tiragem, quanto mais para as publicações especializadas.

    Nas grandes lojas/livrarias, nem sei. Numa FNAC, diria que enquanto o pai anda a ver os DVD, o filho anda a ver os jogos de PS3 e PSP.

    Por acaso, a semana passada vi um puto a folhear os livros na secção de BD da FNAC Almada, mas nem sei se lhe passou pela cabeça que podia pedir ao pai para comprar aquilo. E não quero ser mauzinho, mas é como o Nuno Amado disse lá em cima, até imagino que o pai lhe teria dito para largar a bonecagem e comprar um jogo de PS3 que custa mais do dobro de um album.

    Mas isto também é o país onde milhares de pais metem os filhos nas escolas de futebol porque acham que todos eles vão se tornar o próximo Cristiano Ronaldo, mas nenhum deles seria capaz de os incentivar a estudar química para tentar descobrir uma maneira de fazer com que um motor de combustão interna se torne duas vezes mais eficiente, ou metê-los a estudar genética para descobrir a cura para o cancro.

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  25. Curti muito o posicionamento do Mário Freitas sobre o mercado de BDs e os artistas, muito me identifiquei com sua personalidade e porque não dizer, me vi refletido em dezenas de opiniões. Eu admito uma inveja danada dele trabalhar no melhor trabalho do mundo!!! : )

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  26. Parabéns, Nuno, pela entrevista e continua com mais, que são sempre bem-vindas. :)

    Não conheço o Mário Freitas pessoalmente, mas vou estando a par do trabalho dele através de blogs. Se fosse o arrogante que dizem que ele é, não se embrenhava em tantos projectos para divulgar a bd, deixando-se ficar encostado à sombra dos sucessos que já teve. Quero agradecer-lhe pelo esforço que faz pela bd. São pessoas dinâmicas como ele que fazem com que as coisas avancem, independentemente dos "cães que lhe ladram à caravana". O avanço faz-se sempre por intermédio dos inconformistas que não têm receio de agitar as águas e têm a coragem de mostrar um ponto de vista diferente da modorra de quem está atolado no pântano.

    Em relação às edições da Kingpin Books, é curioso ver a variedade das obras que publicou. Diferentes autores, com diferentes histórias, de diferentes géneros, com artistas de traço diferente - isto sim, é diversidade cultural e artística! Mesmo se não se gostar de todas (e eu confesso que não sou apreciador da obra do David Soares), pelo menos há por onde escolher.

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  27. Só mais uma coisa: ainda bem que vejo mais gente a criticar o Bendis! :)
    Eu não posso com o trabalho dele e muito me espanto quando vejo gente a glorificá-lo.

    Só o facto de o Mário criticar publicamente um dos "monstros sagrados" (cof, cof) da bd norte-americana actual, faz com que eu simpatize com ele sem sequer o conhecer(com o Mário, bem entendido :P).

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  28. Obrigado, Miguel.

    É um facto, há estilos de arte e de escrita muito diferentes, entre os livros que edito; porém, há uma coisa em comum: todos contam histórias, não se limitando a meros exercícios experimentalistas.

    Quanto ao Bendis, é o maior bluff de sempre da indústria americana. Gostei das coisas iniciais que fez (Goldfish, Jinx, Torso, Fortune & Glory), mas, ao chegar à Marvel, depressa se aburguesou e estagnou numa fórmula enervante de escrita: as trocas de diálogos redundantese intermináveis; as cabeças falantes imutáveis; as personalidades variáveis das personagens; enfim, por aí.

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  30. Ora, aqui temos uma entrevista equilibrada: entrevistador e entrevistado perguntam e respondem aquilo que gostamos de ouvir, desafrontadamente.
    Não sou uma voz consonante nem dissonante, porque não conheço (infelizmente) o Mário Freitas; quanto muito, de alguns dos seus gostos de BD, mas isso é entrar numa subjectividade pessoal, a qual respeito, de todo.
    Há uma coisa que me chamou a atenção - e peço perdão ao Mário e ao visado a seguir, se os ofendo - que é a sua fotografia, a abrir: lembra-me o José Abrantes, nos princípios dos anos 80; também a sua irreverência e frontalidade.
    Repito: não são parecidos fisicamente, mas a minha visão de cartoonista recuou 30 anos! Três décadas, em que não acumulei juízo nesta cabeça, para dizer o que disse.

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  31. Meu amigo Nuno a cada entrevista você esta melhor, meu parabéns pelo desenvolvimento que você tem mostrado.

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  32. João Figueiredo
    O exemplo que foi dado da senhora do quiosque é brutal e para mim demonstra grande parte do problema. A quantidade de miúdos que ali passam todos os dias e que nem sequer olham para aquele quiosque pois ali não há nada que lhes puxe a atenção.
    Eu quando era miúdo usava parte do dinheiro para o almoço para comprar BD (desculpa mãe) e fazia-o no quiosque ao lado da minha escola. Houve momentos em que tive colegas que interessavam-se por tudo menos por BD que, devido ao meu amor, experimentaram. Muitos não ligaram, mas os poucos que ficaram ainda lêem BD hoje.
    Também quero dizer que em parte é verdade que há pais que preferem os jogos da PS3, mas há crianças e pré adolescentes e adolescentes que mexem-se por conta própria nestas coisas (como eu o fiz) e o grande problema é que hoje não têm BD que não seja cara.
    Eu tenho a certeza que se há 30 anos tivesse crescido com as condições que temos hoje na BD para crianças, hoje não estava a visitar este blog. Os álbuns de 15 euros que não são bem para a faixa etária a que eu pertencia já me teriam atirado para outra coisa qualquer.
    Lamento muito que as crianças hoje em dia não tenham revistas de BD nos quiosques para poderem comprar (nem que seja às escondidas).

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  33. Isto não é uma critica ao Mário Freitas. Sempre que ouço falar deste senhor fico com a impressão que é dos poucos que se tenta mexer a sério numas águas muito estagnadas. Mas é (em parte) uma critica a nós todos (tanto cá dentro como lá fora) que deixámos que os patetas que dizem que a BD é para crianças provocasse em nós uma reacção de revolta tão grande contra essa atitude ignorante, que transformou a BD em algo quase só para adultos

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  34. Mário: Os autores de BD em Portugal (a maioria) não são preguiçosos. E a favor de ti falo, pois se há coisas que tu não és, é preguiçoso. Como não é o desenhador que não vive disto, que trabalha todos os dias numa fábrica a fazer controlo de produção, que perde duas horas em transportes diariamente, que tem que educar uma filha e que só lá para as 22H00 começa a desenhar, com o cansaço acumulado de um dia (este é um caso verídico). E também não é preguiçoso o que trabalha num laboratório de dia e na BD à noite (outro caso verídico). Ou o do editor que, para sustentar a editora, trabalha a tempo inteiro (leia-se, 8 horas) noutra coisa (este também é verídico). Ou seja, o que eu quero dizer é que a maioria dos autores não vivem (nem, infelizmente podem) viver disto. Já sei que isso não é desculpa (e não é), mas por vezes não se reconhece que a maioria farta-se de trabalhar. Esta é a minha opinião.
    Luis Sanches: Pois...mas esta é a realidade. E cabe a nós, bedéfilos, mostrar o potencial da BD. Se calhar eu devia dar um empurrãozinho à senhora.

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  35. Paulo Costa
    Pois, a Manga e respectivo merchandise vende, e tu és um arrogante porque não vês a beleza do Manga! Há Manga para todos os gostos!
    :D
    Mas é isso, o Mário vai sem medos para a frente, e aqueles que não têm a coragem de o fazer ficam a fazer croché e a falar mal!
    ;)

    Luis Sanches
    O Asterix e o Tintin estão reeditados na totalidade pela ASA e já há alguns com mais de uma edição! Portanto tem de haver por lá! Aliás... essa é a prenda típica de Natal de um crescido a uma criança... bem, já não é mau!
    lol
    Em relação à capa dura onerar o preço, posso-te dizer que a diferença entre a versão "dura" com espinha cosida, e um "mole" de lombada colada é menos de 1€ num livro de 10€! Não é por aí!
    Sou a favor dos livros sim, e das revistas! Estas são importantes para os miúdos, ou seriam se pudessem comprar! A maior parte das tabacarias e quiosques aqui em Oeiras estão cheios de revistas da Mónica e de DC/Marvel da Panini. As da Mónica são muito baratas, e todas elas estão na montra da loja do CComercial!
    Mas é raro ver algum pai comprar uma para o filho...
    Portanto o problema é ESSENCIALMENTE DE EDUCAÇÃO DOS PAIS!
    :|
    Obrigado pelo PS2!
    ;)

    Refem
    Tou contigo na questão Zink. Aliás acho que ele só é talentoso mesmo na ARROGÂNCIA!
    ahahahhahaha
    :D

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  36. João Figueiredo
    Um pequeno aparte, sou de Odivelas e tenho imenso prazer que o ArtEntropia seja de cá. Excelente iniciativa e algo que eu nunca pensaria possivel no nosso país. Companhia muito agradável nas horas chatas de trabalho. Parabéns :)

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  37. João Figueiredo
    Não vou falar sobre artistas preguiçosos. Ninguém melhor que quem edita pode falar sobre isso!

    Lá está, dizes que quem está numa FNAC/BERTRAND a ganhar o ordenado mínimo, podia perfeitamente estar numa loja de roupa, numa perfumaria, no macdonald's, a repor produtos no supermercado, ganhando o mesmo ordenado mínimo. A isto chama-se incompetência. Eu tinha tirado o meu curso profissional, tinha 3 anos de prática e quando entrei na minha empresa ganhava menos que o ordenado mínimo, e atenção, eu era um técnico especializado numa profissão não normal. Desisti? Não. Hoje estou bastante bem! Por isso não me venham com o "mimimimimi que ganho o ordenado mínimo"! E antes de trabalhar na minha profissão e já com o curso andeia a trabalhar a fazer caixas de Skip páh... Essas tretas são para meninos copos de leite que nunca trabalharam na vida e já querem ganhar o mesmo que os outros! Lutem e tenham brio (e aprendam a sua profissão como deve ser).
    ;)

    Quanto aos quiosques... bem depende dos donos e das zonas. No meu caso tásse bem! aqui na minha zona quem quiser tem os livros do Público, Turma da Mónica e os seus vários títulos, super-heróis da Panini, Tom & Jerry, Winx... e tudo à vista!
    lol (mas é verdade!)
    Vende?
    Pouco.
    De quem é a culpa afinal?
    :|

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  38. Arion
    Obrigado!
    E sim, vai haver mais entrevistas!
    :)

    Paulo Costa
    É o filho ser um CR7, ou então jogar 150€ em jogo (Euromilhas e totolinhos) como vi hoje...
    (Xiii que dinheiro tão mal empregadinho... olha a BD que eu comprava!!!)
    ;D

    Venerável Victor
    Sim, há muita inveja, e então quando o meio é pequeno... lol
    :)

    Miguel Antunes
    Obrigado
    :)
    Na realidade as publicações da Kingpin são para todos os gostos, eu gosto mais de umas que outras, mas há escolha!
    Ora... o Quesada, o Bendis e o Leinil Yu foram os responsáveis por eu largar os cerca de 10 títulos que eu seguia da Marvel...
    :P

    Guy Santos
    Obrigado!
    :)

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  39. Quando falei do Ordenado Minimo e de estarem lá como poderiam estar noutro lado qualquer, tem a ver com a situação de exploração em que trabalham. E referi que quem não os forma é que tem culpa. Mas essa é a minha visão. Incompetência, de facto, há em todo o lado. Exploração de trabalhadores, ainda mais. E isso é o que me preocupa.

    Grande Abraço.

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  40. Santos Costa
    Obrigado pelo elogia à entrevista!
    :)
    ahahahahha
    Vais ter de mostrar a foto do José Abrantes!!!
    :D

    João Roberto
    Obrigado, mas o entrevistado também ajudou!
    ;)

    João Figueiredo
    Eu compreendo que seja chato e mau ganhar pouco. Tanto faz estar ali como numa loja de roupa. Mas que demónio! O que eu quero dizer é que não têm que ser incompetentes! Eu já fiz muita trabalho de merda na minha vida, mas aprendi sempre o máximo que pude e sempre tive uma coisa muito importante: brio.
    Eu sei o que tu queres dizer... mas deixa-me que te diga que isso depende muito da fibra de cada um. Um dia quando tivermos juntos, eu vou-te dizer onde já trabalhei e qual era o meu ordenado.
    As pessoas têm de ter brio e querer fazer melhor, ou não é assim a postura que tens cada vez que pegas na câmara para filmar? Tentas sempre fazer cada vez melhor, e aprender o máximo sobre a técnica envolvida! Certo?
    Bem, pelo menos essa é e sempre foi a minha postura profissional, mesmo quando tive de cortar a erva toda do Estádio Nacional à tesoura no pino do Verão e ganhar 1/3 do ordenado mínimo. Mas sabes uma coisa? Ficou bem cortada...
    E estou contente com essa postura, porque foi a semente para hoje eu estar bem! Pelo menos por agora, que isto está tudo muito volúvel...
    :D
    Mas obrigado por estares aqui a dar a tua boa colaboração a esta conversa, eu aprecio! Não leves este meu desabafo a mal. É que quando oiço falar em exploração as minhas campainhas começam todas a tocar...
    ;)
    :)

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  41. Então é por isso que o Benfas não ganhou a Taça...cortaste a relva à tesoura...a culpa é tua. ;)

    Com certeza. O brio é importante. E a minha opinião não foge da tua. Mas o que quis dizer foi que quem os deve formar (isto é, os donos da loja), não o faz. Porque vende livros como quem vende outra coisa qualquer. E esse é o problema geral dos empresários (aplicável a qualquer negócio). Se a isso juntarmos a questão de pagarem mal, de porem a fazer horas extra sem que os trabalhadores sejam devidamente pagos, de se interessarem mais pelo lucro fácil e rápido e não pela estabilidade, de tratarem o trabalhador como carne para canhão, não há brio que aguente.

    E eu sei bem o que isso é, pois a empresa onde trabalhei antes, à qual dei muito e onde fui mais valorizado pelos meus pares do que por quem me pagava e que nunca quis admitir que os seus trabalhadores sabiam mais da poda do que ela, foi à falência por imcompetência da gestão.

    Quanto à câmera...espero nunca mais pegar numa. Não correu como devia (em Beja) e foi solução de recurso...ou daí talvez não, porque nos vamos habituando e melhorando, sim.

    Quanto a vir cá, para mim é sempre um prazer, mas infelizmente não posso cá vir sempre.

    Um Abraço

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  42. E aqui está mais uma pessoa que não conhece o Mário Freitas (bem, não conheço pessoalmente ninguém no mundo da bd portuguesa, excluindo o pessoal da Mundo Fantasma e o meu amigo Manuel Espírito Santo, que para aguentar tantas criticas ao MAB Invicta teve mesmo de ter um espírito de santo) mas concordo com quase todo o que diz, tirando a opinião sobre o Bendis que me fez voltar a ler Daredevil até hoje, e chamar preguiçosos aos autores portugueses.

    Em Portugal faltam péssimas, más, boas e excelentes revistas de bd, em papel de jornal, brilhante ou com acabamentos a ouro, ou seja falta fazer quase tudo. O mercado que havia nos anos 70 e 80 para revistas nacionais e estrangeiras foi aniquilado pela aposta exclusiva das editoras no formato álbum.

    Já aqui se falou na falta de formação de muita gente ligada à bd, e eu acrescento: os leitores em Portugal no geral também tem muita falta de “formação”, não têm perspectiva histórica nenhuma (chamam-lhe nostalgia; alguém que goste da corrente artística impressionista também é nostálgico?) e não procuram informar-se antes de emitir opiniões ou comentários.

    Uma das razões porque nos EUA há um mercado enorme de comics novos e usados é porque as pessoas procuram informar-se sobre o que saiu, o que sai e o que sairá no futuro e contam com a colaboração dos autores, editores, distribuidores etc… (porque o objectivo é vender e criar coleccionadores e são estes que seguram o mercado e criam condições para que o leitor ocasional se torne ele próprio um futuro coleccionador; nada como tornar alguém viciado em algo), não há segredos editorais como cá no nosso pequeno burgo.

    E é verdade, falta brio e empenho profissional num país onde o facto de se ganhar mais um euro e a fidelização de um cliente para a empresa com mais alguns minutos de trabalho é visto com algo estranho. Comecei a trabalhar numa fábrica de móveis e a estudar à noite no 12º ano e sei o que é trabalhar muito e ganhar pouco, mas durante estes anos todos sempre dormi bem de noite com a consciência bem tranquila. Mas claro que percebo o outro lado: trabalhar oito horas, mais duas de transportes, cuidar dos filhos, problemas diversos para resolver, etc..etc… quem é que consegue pegar num lápis às onze da noite e desenhar regularmente? Ou escrever? Ou fazer edições de autor para publicar num mercado quase inexistente?

    Preguiça? Não me parece. Às vezes o nosso Portugal tira-me do sério.

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  43. André

    'O mercado que havia nos anos 70 e 80 para revistas nacionais e estrangeiras foi aniquilado pela aposta exclusiva das editoras no formato álbum.'

    Ámen!! Sem tirar nem pôr.

    Quanto aos autores portugueses sofrerem de preguiça, acho que é fácil dizê-lo, mas também é fácil ser injusto esse comentário. Especialmente por ser um comentário generalizado. Cada qual sabe o porquê de não fazer aquilo que mais gosta. Mandar para o ar a ideia de não haver mais BD também por uma questão de preguiça, acho que é muito injusto.

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  44. Meus caros, por mim eu falo: eu sou preguiçoso (ou dado à procrastinação, que é mais bonito), mas sei reconhecê-lo, pelo que assim o consigo combater. E os casos dos quais me lembro não são de pessoas que trabalhem em fábricas ou que tenho filhos...

    Mas, mais uma vez, obrigado por todos os comentários que a entrevista tem gerado.

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  45. Luis Sanches

    Depois de ler novamente a entrevista do Mário, acho que ele deve ter tido algumas más experiências com autores de bd e por isso chama-os de preguiçosos. Deve ser por isso mas ainda assim..
    (O que se passa com o Vinheta Trindade? - Desculpa lá Nuno falar da "concorrência")

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  46. André,
    Obrigado pela parte que me toca:)
    E concordo que o Bendis fez um trabalho excelente no Daredevil e nos trabalhos iniciais deles na Caliber.
    Em Portugal sempre se viveu na politica do "laissez faire, laissez passer":)
    Daí talvez por isso o Mário ter essa ideia de alguns "artistas" na busca da inspiração divina:)
    Mas não te esqueças duma coisa Mário, muitas das vezes o próprio sistema e conjectura do país é que faz com que alguns artistas de BD sejam preguiçosos:) (conheço muitos que não são, falta-lhes só o clique de auto-promoção:))
    E outros que pensam que são mais do que o que são por saberem fazer uns sarrabiscos:) (e isso é que me enerva e não é pouco)

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  47. André

    Sim, também me pareceu que a opinião do Mário Freitas viria de algumas más experiências profissionais que teve com autores.

    Em relação ao Vinheta Trindade (obrigado por perguntares), não vai ser concorrência aqui ao Leituras de BD nem de perto nem de longe :D Vai ser apenas um local onde vou colocar os meus rabiscos orientados para uma ou duas coisas que espero vir a publicar um dia. Mas devido a pouco tempo e a um scanner marado, ainda não coloquei lá nada.
    Para a semana quase de certeza vão lá estar novidades.

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  48. É triste verificar as dificuldades que o mercado de BD sofre em Portugal, ante o contraste da qualidade dos autores, e da vontade de pessoas em fomentar o mercado (agonizante).

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  49. São entrevistas como estas que trazem qualidade ao panorama da BD em Portugal! Muitos parabêns pela entrevista, são pessoas como Mário Miguel de Freitas que nós precisamos! Concordo plenamente com as palavras do Luis Sanches na questão das novas gerações! Agora como autor de BD que tenho de concordar com o Mário Miguel de Freitas pois também eu sou dado à procrastinação! :) Um forte abraço a todos!

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  50. Eu posso falar só da minha experiência com livros e livrarias (notar que conheci o mário por ocasião de um evento de manga e anime e que a minha experiência de livrarias não se relaciona apenas com BD). Por mim posso dizer que o mercado do livro em Portugal é desvalorizado e que se muita gente tiver de escolher entre comprar um bom livro e comprar um objecto desnecessário lá vai pender de certeza para o objecto desnecessário. Apesar da minha idade conheço bem o mercado dos livros em Portugal mas mesmo assim sei que provavelmente os autores portugueses são dos menos apreciados (e não é provavelmente é mesmo uma realidade). No campo do desconhecimento por parte das pessoas a culpa é de não cultivarmos a cultura e a literatura. E é uma grande verdade que não se dá importância à BD infantil mas se for para irmos por aí basta olhar para uma prateleira de livros infantis e ver que cada vez mais os tops são compostos por livros com ilustrações simples e pouco detalhadas, nada como eram na minha infância por exemplo. Conheço bem as novidades de livro infantil porque sempre fui familiarizada com livros e sinceramente a pouca BD que existe para crianças é a da Turma da Mônica e pouco mais e mesmo essa não é muito divulgada.
    Na minha idade não conheço muita gente com experiências de BD fora do manga ou da marvel, mesmo que poucos sejam os que realmente conhecem a marvel. A verdade é que se falarmos com um adolescente da minha idade de BD franco-belga (só para dar um exemplo) ele vai quase de certeza ficar a olhar para nós com cara de que nós somos marcianos porque esse gosto a menos que se desenvolva mais tarde só existe quando incutido pelos pais.

    Agora debruçando-me sobre o propósito desta entrevista tenho a dizer que nunca fui apresentada a um Mário arrogante mas sim a uma pessoa bastante acessível ainda que dura em críticas. O trabalho desenvolvido é bastante bom e pode apenas melhorar porque parece-me que é feito com vontade.

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  51. João Figueiredo
    LOL
    Tás a ver mal o filme... estás a ver aquela mata toda à volta do Estádio Nacional? Pois... foi essa mata que nós cortamos à tesoura. 3 meses!
    É lógico que os responsáveis devem formar os colaboradores, mas se isso não acontecer, façam-se à vida, pois foi isso que eu fiz à minha!
    ;)

    André
    Os leitores vão-se formando, tenham eles quem os interesse inicialmente por esta arte. E quem tem de o fazer são os pais e a escola. Ora isto não acontece. Alguns descobrem a BD por eles próprios mas estes são poucos.
    :(

    Ilvie
    Bendis é uma seca...
    :P

    André
    Estou à espera de posts no "Vinheta Trindade"!
    :P

    Alex D'ates
    Infelizmente acontece nos dois lados do Atlântico...
    :(

    André Fidalgo
    Não sei se já tinhas comentado aqui, mas... bem vindo aos comentários do Leituras de BD!
    :)
    Obrigado! Ainda bem que gostaste, o objectivo e fazer sempre melhor!
    :)

    Cecília Freitas
    Bem vinda aos comentários do Leituras de BD!
    :)
    Concordo com a tua opinião! Muito.
    :D

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  52. Também gostei da entrevista até porque o entrevistado sabe ser polémico qb.
    Só se esquece que o Bendis apesar de todos os defeitos deu um novo fôlego ao Mercado e depois dele vieram outros,que renovaram o mercado.

    "E, antes disso, era preciso começar a mudar as mentalidades, logo a partir dos primeiros anos escolares. Só que, para começar a educar as crianças desde tenra idade, tem de haver formadores, quer na escola quer em casa, que tenham já eles próprios uma nova mentalidade. É fácil de perceber assim a cadeia de entraves logísticos e culturais que temos pela frente."

    Mas são os pais os 1s a cortar e probir,e nas escolas é bem pior.

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  53. Optimus
    Ainda bem que gostaste da entrevista!
    :)
    E tens razão, por norma os pais são os primeiros a cercear a compra de uma revista de BD, com a desculpa que é caro, para depois comprarem uma caixa de pastilhas que custa o dobro... infelizmente assisti a isso há pouco tempo!
    :(

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  54. Optimus, eu não me esqueço de nada: desde quando o Bendis deu um novo fôlego ao que quer que seja, quanto mais ao mercado? Se alguém o fez, em abono da verdade, foram o Bill Jemas e o Quesada, que pegaram na Marvel pós-falência e foram forçados a serem arrojados e criativos para reerguer a editora.

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  55. Ora Mário, como dizer que o Bendis não dá novo fôlego a ninguém? Olha o que as personagens dele falam! Haja fôlego para falar tanto assim...

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  56. Bem, também o homem não é assim tão incompetente :S Eu gostei do Siege, e gostei de mais algumas coisas em que ele meteu a mão. Cá para mim o Mário Freitas é um fã dos Vingadores :D A morte do Hawkeye caiu mal a muitos fans. Realmente também não gostei do que ele fez aos Vingadores. E para dizer a verdade, estou preocupado agora que ele parece ser o próximo grande responsável pelos X-Men :S Vamos ver se não acaba com a equipa...

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  57. Luis Sanches
    Eu não o acho incompetente, e tem a sua "massa" de fãs.
    Eu apenas não vou muito à bola com ele, tem tendência a fazer-me bocejar. LOL
    Mas isto é o meu gosto a falar, há pessoas que gostam do estilo dele!
    :P

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