quarta-feira, 31 de julho de 2013
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem [2]
Com um pouco de atraso, mas chegou mais um artigo sobre os comics dos anos 90.
Hoje, e pela sua importância transversal, o Superman morre aqui.
Os anos 90 trouxeram-nos a primeira grande morte de um super-herói de primeiro plano, que resultou extremamente bem no aspecto económico, dando origem à moda das mortes e ressurreições que continua até hoje. Como é lógico esta foi a morte com mais impacto de sempre, o Superman é o super-herói mais icónico do mundo, isto chegou a ser notícia no Telejornal de cá e tudo.
No crossover Crisis on Infinite Earths já tinham acontecido algumas mortes importantes, como a do Flash (Barry Allen) e da Supergirl que tiveram bastante impacto, e foram memoráveis, mas estavam no degrau de baixo. Superman está no panteão, é essa a diferença. Diferença essa, que ainda foi aumentada pelos preparativos publicitários para este evento marcante!
Esta série detonou nas tabelas de vendas como nunca, dando um alento económico bastante grande à DC Comics, isto para além da visibilidade mundial que a morte do Superman teve.
Como a manobra económico-editorial funcionou, rapidamente tivemos “A Queda do Morcego” e “Emerald Twilight”, com Batman a ficar numa cadeira de rodas e Hal Jordan a transformar-se no vilão Parallax!
Uma moda que nunca mais parou, embora neste momento já ninguém liga quando alguém morre nos comics…
Desta vez o artigo vai ser feito com base no livro em português de 1995 da Abril, que é o único que eu tenho, e é também uma recordação da altura! De notar que a série original saiu em 1992.
A equipa que escreveu esta saga de seis partes, se não contarmos com o prólogo, foi Dan Jurgens, Louise Simonson, Roger Stern, Karl Kesel, e Jerry Ordway. Como desenhadores tivemos Dan Jurgens, Jon Bogdanove, Tom Grummett, Jackson Guice, Denis Rodier, Walt Simonson, Curt Swan e M. D. Bright. Não me vou esticar para os arte-finalistas e coloristas senão fica infindável…
“Filosoficamente” falando, o vilão Doomsday (Apocalipse) foi uma excelente criação para este livro, pois ele é a personificação de tudo o que o Superman abomina: destruição sem sentido e gratuita, não tem objectivo definido, não fala, apenas esmaga sem dó nem piedade tudo o que lhe aparece à frente! É apenas um gigante coriáceo com excrescências rochosas em várias partes do corpo, com um único objectivo: destruir!
Ou seja a antítese perfeita do Super-Homem!
Doomsday é logo apresentado por Louise Simonson nas primeiras páginas… ainda tapado e com um braço preso ele esmaga um pequeno pássaro só porque sim. De seguida inicia a sua caminhada de destruição.
O primeiro embate é com a Liga da Justiça Internacional: Fogo, Gelo, Besouro, Guy Gardner, Máxima, Gladiador Dourado e Bloodwind.
A Liga foi completamente estraçalhada por Doomsday… mesmo quando o Super-Homem aparece, a Liga é feita em fanicos!
Quero fazer menção à sequência de imagens que reflecte a destruição de Ted Kord. Storytelling perfeito e violento!
Guy Gardner e o Gladiador também são completamente destruídos por Doomsday…
(Quando falo em destruídos, estou a falar de uma sova de proporções bíblicas)
Quero salientar também outros bons momentos dos argumentistas.
A cena da casa que é destruída nos subúrbios, com gente lá dentro. A casa está a arder, os heróis da Liga estão KO e o Superman persegue Doomsday.
Dentro da casa o rapaz pede socorro com toda a sua alma ao Superman, porque a sua mãe e irmã estão dentro da casa a arder!
Esta cena numa situação normal era fácil de resolver para o Super-Homem, voltava para trás salvava as pessoas e iria em perseguição outra vez do fugitivo. Aqui não.
Ordway apresenta e arrasta um problema, uma decisão, ao Superman. Deixo a máquina de destruição seguir, ou volto atrás para salvar duas vidas? Ordway esticou ao máximo que podia esta sequência para que os leitores perceberem que isto não era uma “aventura” normal do Super-Homem, esta era uma altura de escolhas e decisões difíceis para o Kriptoniano! E tudo apontava para o seu fim! (Está escrito no título do livro… duh)
As páginas finais têm várias splash pages, ou páginas inteiras apenas com uma cena, isto ia tornando o final apenas num espectáculo de porrada… mas pronto, não correu mal.
Virando-me para o desenho, é bastante decente quase sempre, embora Bogdanove esteja ao seu nível (isto é um sarcasmo…). Felizmente não desenhou muito nesta saga! Acho que ele tentou transformar o Super-Homem no Homem-Elástico em várias vinhetas…lol
De resto Jurgens e Grummett estão bastante bem.
Claro que tenho sempre de salientar a splash page da morte do Super. É emblemática e uma das mais vistas na internet, representando a morte de um grande herói nos braços da mulher amada! O impacto ainda é maior devido à destruição da paisagem urbana que está em segundo plano, acompanhada pela cara de consternação de alguns elementos da Liga. Essa splash page é a última imagem deste post.
Foi uma boa saga, infelizmente abusaram da ideia até aos dias de hoje, and that my friends… sucks!
Podem ler o primeiro artigo sobre anos 90 no link em baixo, e será para apresentar sempre que possível à 3ª Feira, 5ª Feira e Domingo!
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Boas leituras
Antes de mais quero dizer que acho que é fixe esta nova iniciativa destes posts regulares sobre conteudos especificos. Não é que o Leituras tenha falta de posts, mas eu gosto mais quando são deste tipo.
ResponderEliminarEm relação à morte do Super-homem, no que toca a arte, lembro-me na altura de detestar a cor. Achava e continuo a achar horriveis. A história é simples o suficiente e por mim acho que é o que a safa. O tipo aparece e começa a partir tudo. Podia ter sido um fracasso se elaborassem muito, mas a premissa é tão simples que resultou bem. Por outro lado, acho que perderam a possibilidade de fazer algo muito mais épico com a morte deste personagem.
Só um aparte, houve uma mini-série que apareceu logo a seguir ao Super-Homem reaparecer, em que ele vai atrás do Doomsday e a origem deste vilão é explicada, assim como a sua obsessão pelo Super-Homem. De tudo o que saiu desta morte, essa história foi das que me deu mais prazer ler. Não sei se alguém aqui chegou a ler isso...
Luis Sanches
ResponderEliminarEsta é uma parceria entre mim, o Hugo Silva e o Paulo Costa para revisitarmos esta altura louca dos Comics. Vamos fazer uma boa série de artigos sobre esta fase dos comics!
:)
A cor não é grande coisa, pelo menos na edição que tenho da Abril, não conheço as publicações originais...
:P
E sim, a "beleza" da história está na sua simplicidade, embora tenha lá bons apontamentos de argumento e de storytelling.
A história de que falas deve ser:
Superman/Doomsday: Hunter/Prey
ou
Superman: The Doomsday War
Não li nenhuma delas, mas gostava!
:)
Nuno, já estive a confirmar através de imagens na net, e referia-me ao Superman/Doomsday: Hunter/Prey. Comprei a edição (penso que) brasileira. Penso que até mesmo em arte foi melhor conseguido. A história é pequena mas lê-se muito bem.
ResponderEliminarVou ver se ainda as tenho por aqui e empresto-te. O mais provável é terem sido vendidos (como vendi tantos outros). No entanto nunca se sabe, o sótão dos meus pais ainda tem boas surpresas de vez em quando :)
Eu tenho a edição original em TPB (algures num caixote :) ), como disseste foi notícia de telejornal e calhou algum tempo depois ir a Londres e comprar os três livros que contavam a história antes, durante e depois, numa altura em que as versões Brasileiras andavam um bom par de anos atrasadas. Não tenho ideia das cores serem más.
ResponderEliminarSe calhar aqueles livros já valem alguma coisa ;)
Eu tenho as edições da Abril em PT e tenho as edições Originais Encadernadas da trilogia e, na minha opinião, as cores são semelhantes em ambos. As edições originais que tenho são as compiladas em 3 volumes (Morte do Super-Homem, Um Mundo sem o Super-Homem e o Regresso do Super-Homem) em capa mole.
ResponderEliminarEm relação à mini do Doomsday, eu tenho da Abril PT a mini de 3 livros em formato comic americano e chama-se Super-Homem / Doomsday: A vingança. A versão Brasileira ( que também acho que tenho) era Super-Homem / Doomsday: A Revanche.
É uma história emblemática sem dúvida, emotiva também.
ResponderEliminarE depois as repercurssões, o Ted em coma, o fato do Gladiador destruído. A Gelo abandona a Liga. Adorei que nas aventuras seguintes todos os heróis usassem a braçadeira, as bandeiras a meia haste, enfim fantástico.
Ah e a capa é uma pequena maravilha
Luís Sanches:
ResponderEliminarFui um dos que leu esse arco, creio ter sido editado pro cá pela Abril e com o título "A Vingança". Lembro-me de ter gostado bastante da história e de ter sido um dos primeiros comics que li no qual o herói recorria a um evento e condições maiores do que a vida para conseguir derrotar o adversário (o super-homem leva o Doomsday até ao "fim do Tempo") :)
esta história e o regresso do super homem e todo o knightfall foram do melhor que li na DC quando era ainda em papel ranhoso por cá.
ResponderEliminarBem que vinham a calhar umas reedições em capa dura!! :P
Nuno Amado:
ResponderEliminarEssa "splash page" da morte do SUper-Homem nos braços da Lois é, para mim, reminiscente da Pietá do Miguel Ângelo, fazendo juz à natureza missiânica do Homem de Aço!
*messiânica...
ResponderEliminarQuem sabe numa possível 2ª série da colecção DC.
ResponderEliminarMas duvido que caso venha a acontecer que sejam escolhidos essas histórias.
Luís Sanches:
ResponderEliminarSegue aqui a capa do issue de que falas. Foi daquelas edições da Abril em "formato americano"!
http://images01.olx.pt/ui/21/17/90/Fotos-de-livro-de-BD-super-homem-n-1-a-vinganca_434081790_1.jpg
Também li esse em potugues e papel ranhoso,essa historia teve tanto êxito que ate teve direito a sobras do brasil em papel bom,tenho amigos fanáticos da história que a queriam ver na coleçao dc por ser 1 marco de marketing.
ResponderEliminarComo historia prefiro Hunter/Prey apesar de tudo,esta é porrada e mais porrada sem fim.
Optimus Prime, não te entendo.
ResponderEliminarArticulas-te aqui de uma maneira mais clara e concisa do que no defunto Fórum Central Comics. Foi uma fase má?
-Bladder
Luis Sanches
ResponderEliminarObrigado! LOL
Mas não é preciso andares a abrir caixas no sotão!
:D
LBJ
ResponderEliminarNesta altura eu andava afastado da Banda Desenhada. Mas quando ouvi a notícia no Telejornal não resisti e acabei por passado uns tempos comprar este livro.
Quanto ao valor deles olha vai ao Ebay e logo vês a quanto anda a ser transacionado!
;)
Artur Martins
ResponderEliminarEstive quase para comprar o Omnibus que saiu tempos atrás, mas era bastante caro e os Omnibus da DC não prestam... ter um livro de 1000 páginas coladas... não obrigado! Já tenho a minha dose...
Das edições portuguesas só tenho esta.
:)
Loot
ResponderEliminarSim teve muitas repercussões. Essas que falas e outras como a destruição de Coast City, que nunca teria ocorrido se o Super estivesse vivo na altura, e que por sua vez deu origem ao Parallax...
A capa é muito boa dentro do universo das publicações da Abril, sim!
;)
A
ResponderEliminarÉ essa mesmo :) E lembro-me de na altura gostar bastante que o tenham feito no formato americano. O papel era bem melhor do que nos quadrinhos e as cores com mais vida. Dessa história o que gostei mais foi da explicação da origem do Doomsday. Tal como ele, uma explicação bem simples, mas que lhe dava uma força brutal.
Nuno
Agora é tarde pois também fiquei com vontade de reler esta história :) Por isso, de uma forma ou de outra o sótão vai ser revirado.
Só um pequeno aparte, disseste no artigo que esta foi a primeira morte de super heroi de primeira linha, que antes só o Flash e a Supergirl etc, mas lembrei-me de outros super herois que tinham morrido antes e que, contrariamente ao que se customava dizer, ficavam mesmo mortes. Eu acho que a morte do Super Homem não abriu a moda das mortes dos super herois. Abriu sim a moda dos super herois que estão a morrer sabendo o leitor que vão retornar. Acho que depois do retorno do Super Homem as editoras começaram a operar de forma muito diferente em relação ao retornar de personagens que tinham morto. E agora que penso nisso, acho que o unico que não retornou (com muita pena minha, mas completamente justificado) foi o Capitão Marvel.
never-ending-spleepy-eyes
ResponderEliminarGostava de ter o seguimento disto, mas também não é grave, penso que as edições da Abril ainda são muito acessíveis. Quanto a um capa dura da trilogia... era nice!
:D
A
ResponderEliminarMais do que esta splash page ser baseada na Pietá, acho outra página anterior muito mais emblemática nesse aspecto:
http://comicscrux.com/wp-content/uploads/2013/06/comics-crux-death-of-superman_786_poster.jpg
;)
Artur Martins
ResponderEliminarlol
Na realidade espero bem que esta colecção da DC da Levoir venda bem, para então haver a possibilidade de nos presentearem com outros títulos, e esta trilogia para mim seria uma boa aposta.
;)
A
ResponderEliminarObrigado pela pela info!
;)
Optimus
ResponderEliminarSim, o papel era muito ordinário. Mas vendeu à bruta, e este livro da Abril era bem caro! 440 Escudos em 1995 por um livro com aquela qualidade era uma brutalidade! Aliás a seguir publicaram a Queda do Morcego nas mesmas condições ainda mais caro, embora os volumes dessa colecção fossem um pouco maiores.
:)
Pedro Santos (Bladder)
ResponderEliminarSe eu comecei este blogue com o objectivo de escrever melhor, o Optimus com tantos comentários que já tem aqui também acabou por melhorar!
:D
Fabiano
ResponderEliminarPosso estar errado, mas acho que é uma história que vende sempre, foi um marco. Por isso mais ano menos ano penso que a Panini será capaz de a publicar!
;)
Nuno, eu também gostava de uma 2ª série.
ResponderEliminarO que quis dizer era que caso haja uma, duvido que editem a trilogia da morte e regresso do Super-Homem, pois são muitas páginas a editar. Contas por alto, devia ocupar mais de 5 volumes destes que a Levoir está a editar.
Artur Martins
ResponderEliminarSim, mais por causa do "regresso".
Mas este era perfeitamente passível de uma publicação numa colecção do género, é um marco!
;)
Para todos os que leram esta bd na sua versão portuguesa da editora Abril, recomendo vivamente que releiam na versão original.
ResponderEliminarÉ muito bom voltar a ler esta saga.
Fernando
ResponderEliminarInfelizmente acho que só se consegue comprar o Omnibus:
http://www.amazon.com/Superman-Death-Return-Omnibus/dp/1401238645/ref=sr_1_2?s=books&ie=UTF8&qid=1375301436&sr=1-2&keywords=death+of+superman
Mas agora está com um bom preço!
;)
Excelente artigo como sempre.
ResponderEliminarMais do que as mortes (a mais importante até à data tinha sido da Gwen Stacy e da Fenix) eu acho que a morte do SH é um "chega para lá" da DC para a pequenas editoras, mais do que a Image a Valiant e a Dark Horse estavam a fazer mossa. Com isto a DC relembra ao mundo a sua personagem bandeira e faz um grande golpe de marketing e relança a editora.
Nota: Os originais tem algumas coisas curiosas como uma braçadeira para o luto com o logo do Super-Homem.
Dr Septimus
ResponderEliminarEu acho que foi um chega para lá a todas as editoras, pequenas e grandes. A DC foi rainha das tabelas de vendas! Lá está... não se pode comparar a iconicidade do Superman com a da Fenix, ou da Gwen. O impacto é muito maior!
A Marvel para um impacto assim teria de matar o Cap América, ou o Homem de Ferro... e mesmo assim não sei!
:D
Acho que a cena da braçadeira de luto é no volume seguinte: Funeral para um Amigo.
;)
La primera vez que leí La muerte de Superman fue en portugués, creo que la edición era de tamaño más pequeño que un comic book USA pero con buen papel.
ResponderEliminarArion
ResponderEliminarEntão deves ter lido a versão brasileira. A portuguesa tem o mesmo tamanho, mas o papel não é grande coisa...
;)
Septimus, uma data de gente invadiu as comic shops para comprar essas revistas, porque achavam que ia valer dinheiro (tinham dito nas notícias que o Action Comics #1 valia dezenas de milhar de dólares).
ResponderEliminarPara os especuladodores profissionais, foi uma oportunidade de fazer dinheiro com a procura excessiva por parte de... bem, de trouxas, mesmo. Os especuladores costumavam apostar em material menos conhecido ou estreias de novos personagens, e o material preferido deles, até aí, era da Valiant e da recém-criada Image. Alguns anos, tinha havido uma bolha de especulação de material "indy", devido aos valores altos que se cobrava pelos primeiros números de Cerebus, TMNT e Elfquest.
Quanto ao mercado em si, nunca se tinha falado tanto de DC desde a Crise nas Infinitas Terras. Com a passagem para o mercado directo, a Marvel tinha passado a arrasar completamente a DC, pois os títulos mais altos desta andavam no limiar do cancelamento da Marvel.
Paulo Costa
ResponderEliminarLembro-me de ouvir dizer na altura que esta cena do Super morrer fez passar a DC para o topo das tabelas, coisa que a Marvel dominava completamente.
Agora não sabia da procura desmesurada como "investimento futuro"... LOL
Quem sabe, daqui a 50 anos são capazes de valer dinheiro!
:D
Nuno
ResponderEliminarsou tão novo neste mundo que nem conhecia bem este marco da Dc e dos comics, á tinha ouvido falar, mas este artigo bem escrito deu-me a conhecer esta obra.
infelizmente não gosto muito do traço, principalmente do SH
Musicslave
ResponderEliminarFoi a primeira grande "morte"! Depois e até aos dias de hoje passou a ser um lugar comum... o herói morre e ressuscita passado um tempo... lol
Foram vários desenhadores, uns melhores, outros piores!
;)