quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Sidekicks [15]


Quinta-Feira é dia de "Os Comics e os Anos 90", a cargo de Hugo Silva.
O assunto hoje é Sidekicks e Young Justice!



Sidekicks DC Comics

Nem tudo nos anos 90 foi mau, nem tudo foi sombrio ou duro, existiram comics mais “leves”, divertidos e com personagens novos ou a continuarem a tradição de algum herói já existente. Esse era os casos dos Sidekicks da DC, com 3 nomes em destaque, Robin, Impulse e Superboy que no final da década formaram ainda uma equipa com outros sidekicks, a Young Justice.
























O conceito de sidekicks não era estranho na DC, já tinham existido vários e até uma equipa constituída por jovens parceiros de outros heróis, os Novos Titãs. Mas na década de 90 esses estavam já noutras fases da sua vida, e depois da saga Zero Hora, achou-se que era altura de regressar com comics solo destes jovens heróis, mostrando assim outro lado da vida de um super herói. Saído das páginas do Batman vinha o novo Robin, Tim Drake, que andava pelas páginas do morcegão desde 1989, tendo já tido direito a mini séries de qualidade e começava já a firmar-se como um herói com uma forte personalidade.

Tim Drake foi criado por Marv Wolfman e Pat Broderick, aparecendo pela primeira vez na mini série Batman: Ano 3 e introduzido de forma inteligente no universo do homem morcego, com o jovem herói a ir pedir permissão e “bênção” a Dick Grayson (o 1º Robin) e a cair nas boas graças deste, e do mordomo Alfred. Isto foi uma ideia do editor Dennis O’Neill que achava que assim os fãs iriam aceitar melhor este novo Robin, evitando assim grandes polémicas e uma pouca aceitação do público. E isso veio-se a comprovar, depois de três mini séries de sucesso, teve direito a uma revista própria (o único Robin com isso) que esteve nas bancas de 1993 a 2009.

Aos 9 anos provou toda a sua inteligência e capacidade de dedução, descobrindo as identidades de Batman e Robin, e como vivia no mesmo meio social de Bruce Wayne (devido aos seus pais serem ricos), estava sempre por perto deste e viu a sua degradação após a morte do segundo Robin, achando que era necessário esse contrabalanço na vida do herói e candidatou-se a essa posição.

Com um design moderno, a personagem começou a destacar-se nas páginas de Batman, com uma forte personalidade (nem sempre aceitando as ordens de Batman de olhos fechados), uma moral acima da média e uma grande inteligência que foram explorados na perfeição na sua revista a solo. Chuck Dixon é o autor que se deve destacar na escrita da personagem, e na arte o sempre competente Tom Grummet ajudou também a que o herói ganhasse outra dimensão.

Dixon complementava a vida do herói com a vida de jovem estudante, várias vezes mostrava a dificuldade que Drake tinha em conciliar as suas duas vidas, o constante sono e encontros desmarcados à última da hora, o problema em manter relações de amizade e românticas, tudo isto foi mostrado de uma forma leve e bem estruturada.

A arte na revista foi constante, mesmo quando o artista mudava o design da personagem, os cenários e afins mantinham-se mais ou menos os mesmos, transmitindo sempre uma grande jovialidade e a escuridão necessária para mostrar que era na noite que este herói actuava mais.

Vilões como o Cluemaster ou o Charada eram presença regular na revista, e para além dos amigos da escola, Tim tinha com ele uma jovem heroína que servia muitas vezes como sua parceira, a Spoiler. A dada altura, juntou-se com outros 2 amigos e formou a equipa Young Justice.

Um desses amigos era Bart Allen, o Impulse, parente de Barry Allen e por isso mais um herói com o poder da super velocidade. Impulse foi criado por Mark Waid e Mike Wieringo, aparecendo nas páginas de Flash como um verdadeiro empecilho já que era um jovem hiperactivo que não conseguia parar quieto (e sempre a grande velocidade). Nunca pensava antes de agir o que por vezes piorava as situações. Wally west perdia várias vezes a paciência com este jovem herói mas o mesmo ganhou algum destaque, e teve direito à sua própria revista, com o artista Humberto Ramos a ser um dos principais artistas a moldar esta nova personagem.
























Na revista mostrava-se como o mentor dos velocistas Max Mercury tentava ensinar Bart Allen, um jovem vindo do futuro e que não tinha a noção de como se devia comportar no século XX, nem como devia se acalmar e não estar sempre em super velocidade. Também aqui mostrava-se o contraste entre a sua vida de herói e a da escola, como era complicado conciliar as duas coisas, especialmente pela falta de paciência que Bart tinha e pela sua vontade em estar sempre a fazer as coisas em grande velocidade.

Foram vários os vilões e os heróis que passaram pelas páginas desta revista, e todos eles tinham algo em comum, ficam completamente doidos com o comportamento louco e sem sentido do jovem herói. Até vilões “doidos” como o Joker, perderam as estribeiras com a hiperactividade de Bart e gritavam e acabavam por perder devido a eles próprios não pensarem bem antes de agir, tão furiosos que estavam com Impulse.

Nessa aventura Bart alia-se a Batman, e descobriu-se que tinha sido ele a dar o nome ao jovem herói, apesar de não ter sido com intenção. As aventuras de Impulse eram cheias de altos e baixos, mas mesmo assim a personagem continuou na ribalta e uniu-se a Robin e a outro herói para formarem a equipa Young Justice.

O terceiro elemento dessa equipa foi o Superboy, a nova encarnação desta personagem mítica da DC, vinda das páginas da mega saga a Morte do Super-Homem e a querer afirmar-se como um verdadeiro herói, apesar de ter uma mentalidade muito jovem e um temperamento muito forte.

Fiquei fã da personagem, até do nome que mais tarde lhe deram, Kon-El. Achei que a personagem estava muito bem construída, e a dupla Karl Kesel e Tom Grummet souberam criar um universo ao seu redor bastante interessante. Afinal Superboy tratava-se de um clone, numa tentativa frustrada do Instituto Cadmus se aproveitar da ausência do Super-Homem, mas no final provou ter uma personalidade própria e alguém com direito a construir a sua própria vida, mas desta vez como Superboy.
























Com um parceiro do Cadmus, e um agente divertido e ganancioso, a personagem vai viver para o Hawaii durante uns tempos e tem ali aventuras bastante divertidas e interessantes. Dos três era a personagem que vivia mais abertamente, não tinha identidade secreta e para ele só a vida de herói que interessava. Mesmo assim tinha amigos, e paixões, fora desse mundo e isso ajudavam a que mantivesse os pés assentes na terra e não entrasse em grandes loucuras.

Outra parte interessante era descobrir que tinha poderes diferentes do Super-Homem, acentuando assim as diferenças entre as personagens e mostrando que não era só um simples clone do herói. Vários vilões e heróis passaram pelas páginas da revista, desde companheiros próximos como o Aço ou a Supermoça, a equipas como o Esquadrão Suicida ou a defender-se de esquemas do instituto Cadmus.

Na revista aparecia o amor de Kesel pelos conceitos criados por Jack Kirby, de tudo um pouco foi abordado nas páginas de Superboy quer na primeira passagem da dupla criativa pela revista, quer na sua segunda passagem anos mais tarde. Entretanto como já aqui falei, ele foi também um dos fundadores da Young Justice.

A jovem equipa foi criada em 1998, por Todd Dezago e Todd Nauck, num one shot e depois numa mini série “World without grown-ups”, que mostraram todo o potencial de uma equipa constituída por jovens heróis e fizeram com que a DC apostasse numa revista própria. O escritor Peter David junta-se então a Nauck e juntos começam a mostrar aos poucos o que podíamos esperar desta equipa, provando que não seria mais uma versão de Novos Titãs, mas sim algo com uma personalidade muito distinta.

Se quisermos podemos dizer que esta equipa foi para os Titãs o que a JLI foi para a Liga da Justiça. O bom humor foi uma presença regular! Desde a primeira revista onde os 3 heróis se decidem reunir na antiga caverna da Liga da Justiça, acabando por fazer tanto barulho que acordam o andróide Tornado Vermelho, fazendo com que este aborrecido lhes dê um bom sermão.

O veterano herói decide então manter-se como um mentor para eles, e notando como as diferentes personalidades dos jovens podiam trazer alguns problemas, decide ensinar-lhes algumas coisas apesar de os deixar com liberdade suficiente para actuarem sozinhos.

Robin assumiu-se como o líder nato, era o mais inteligente e “adulto” dos três, perdendo várias vezes a paciência com Impulse que era mais doido que o costume nesta equipa, mostrando até mais potencial para isso do que na sua revista própria. Já Superboy tomava uma atitude blasé, sempre achando-se mais importante do que os outros e que a equipa podia tomar outro rumo com ele na liderança.
























Rapidamente apareceram outras sidekicks femininas para se juntarem à equipa, mantendo na mesma o bom humor e dando origem a um número onde existia uma espécie de encontro “professor-pais” entre o Tornado Vermelho e os Pais e responsáveis pelos jovens heróis. Uma pedrada no charco em relação ao que se fazia na altura, uma verdadeira revista jovem cheia de humor e bem divertida, mostrando que os anos 90 começavam a ficar para trás e uma nova era de heroísmo vinha aí.

Texto: Hugo Silva

Espero que tenham gostado, e vou repetir-me outra vez, podem aceder a todas as publicações do Hugo Silva no Leituras de BD clicando no nome dele, e visitar o seu blogue no seguinte link:
Ainda sou do Tempo...

Podem ler os anteriores artigos desta rubrica nos seguintes links:
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Queda do Morcego
Os Comics e os Anos 90: Crossovers entre várias Editoras 
Os Comics e os Anos 90: Dark Horse - Hellboy
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Onslaught 
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Elseworlds: Golden Age
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Heroes Reborn 
Os Comics e os Anos 90: Wizard Magazine
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Os Monos da Marvel
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Hal Jordan: Ascensão, Queda e Redenção
Os Comics e os Anos 90: Alex Ross
Os Comics e os Anos 90: A Falência da Marvel
Os Comics e os Anos 90: Top Cow - The Darkness & Witchblade

Boas leituras

11 comentários:

  1. Bom artigo. Como a DC foi a minha editora favorita de super-heróis na década de 90 e boa parte da primeira do século XXI, não é dificil gostar deste artigo.

    Sou um grande fã do Young Justice do Peter David e Todd Nauck. Tenho tudinho. ;-) Gosto tb muito do Superboy, e tenha a segunda run do Kesel e Grummet.

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  2. Excelente recordação.

    O SUperboy mudou tanto, lembro-me de o começar a ler nesta fase de casaco e brinco e dps quando voltei a pegar nele nem parecia o mesmo. Até a personalidade era muito diferente, deve ter amadurecido. Os poderes tb começavam a surgir mais próximos aos do Super.

    O Tim Drake foi excelente, mesmo o Robin sendo um alvo fácil de gozo, o Drake conquistou a malta. Agora nos novos 52 parece que nunca foi robin... não sei bem.... :S

    O Impulse é o que conheço pior. Acho que se safava bem até ter assumido o manto do Flash, aí tenho ideia que não conquistou o público como o Wally conseguiu. E novamente sobre os novos 52: onde está o Wally?

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  3. Loot
    O inicio do Superboy li-o todo. Foi uma fase excelente e divertida!
    Do Impulse só coisas mais recentes, a fase descrita é desconhecida para mim, mas pareceu-me divertida!
    ;)

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  4. SAM
    Da década de 90 o material DC também o considero melhor que o da Marvel, sobretudo se juntar-mos Vertigo. A Marvel andava muito inconstante nesta altura, pelo menos é isso que eu sinto..
    :)

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  5. Bos Nuno. Como é que leste a 1ª fase completa do Superboy? Isso não saiu em tpb's, pois não?

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  6. Reignfire
    Saiu naquelas compilações formatinho da Acj. Todos esses a partir do Batman de lombada roxa (Liga da Justiça e Batman) para a direita, até ao Super-Heróis #15:

    http://4.bp.blogspot.com/-0aOGRuHKtL4/UPG19t4Z4PI/AAAAAAAAS2o/tro0-X0RRcU/s1600/Prateleiras+22.jpg

    :)

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  7. Eu tambem gostava do Superboy no Hawai,ele era totalmente oposto do Superman e metia-se sempre em sarilhos e engates.
    Quanto ao Robin tambem se tornou facilmente num favorito,alias uma das mini mais divertidas que ja li juntou os 2 http://images.wikia.com/marvel_dc/images/f/f4/WF3_Superboy_Robin_2.jpg

    http://dc.wikia.com/wiki/File:WF3_Superboy_Robin_2.jpg

    Quanto a Impulso so li o inicio em Novos titas.

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  8. Optimus
    Essa fase do Robin não a conheço bem, o Superboy li nos formatinhos da Acj e gostei bastante! Muito "light" e divertido!
    ;)

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  9. Ah. Colecionaste o que saiu nesses pequenos tpb's. E esses tpb's compilam até ao Mundos Colidem, não é? Se assim for, tens o início início. Em Portugal ainda saiu mais qualquer coisinha para além do que saiu nesses tpb's. Mas por cá também não saiu a 1ª fase de Karl Kesel e Tom Grummet até ao fim. De 30 números, saíram 18.

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  10. Reignfire
    Se bem me lembro esses TPBs ainda têm um pouco mais para a frente de Mundos Colidem, mas já não tenho a certeza...
    Mas a fase inicial está que está lá toda, pelo menos parece-me que sim!
    ;)

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  11. E aconselho a 2ª fase a partir do #60 +- com a saga Hypertime que deu origem a muita coisa depois na DC

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Bongadas