terça-feira, 28 de junho de 2022

Spaghetti Bros: Livro 2

 

Arte de Autor lançou este ano o terceiro volume desta excelente série de Trillo e Mandrafina, e como é uma série que o LBD gosta mesmo faz sentido que se fale do segundo volume que saiu o ano passado. Posteriormente falarei do recente volume 3, hoje é o volume 2 que compila os tomos de 5 a 8 da série.

Se quiserem saber mais sobre os autores de Spaghetti Bros mais vale irem ao post de lançamento desta obra (clicar neste link) que a editora  Arte de Autor forneceu na nota de imprensa uma detalhada bio destes dois argentinos.
E para saberem o que eu escrevi sobre o excelente primeiro volume é só clicar aqui.

Enquanto que o primeiro volume foi um entrelaçado de pequenas histórias que foram formando um painel de vida dos 5 irmãos, este segundo volume é mais consistente narrativamente falando, isto apesar de também ele ser composto por algumas histórias. Mas agora já podemos vislumbrar mais da macro narrativa que deverá envolver os quatro volumes desta série.

Tenho de fazer a nota que as últimas pequenas histórias foram menos conseguidas, mas o todo não perdeu a coerência e isso é o mais importante.
A arte de Mandrafina continua num patamar bastante alto, é um preto & branco de excelência! A narrativa gráfica é perfeita, de fácil leitura e sem palha para atrapalhar. Dá apenas para arregalar os olhos e voltar a página para apreciar novo preto & branco perfeito. Mestre!

Trillo apresentou-nos a tal família no livro anterior, a família Centobucchi, e quem segue esta família garantidamente não fica entediado... um mafioso, um Padre, um polícia, uma actriz, e uma assassina a soldo! Para aumentar a temperatura, tudo isto nos anos 30 em plena Depressão.

Trillo, possuidor de um humor muito negro, leva-nos por caminhos bem escuros, com assassinatos, violações, espancamentos, sexo e enganos. Se não fosse o humor que polvilha esta narrativa isto seria muito mais perturbante do que já é. 
Mas a maneira como toda a sequência está formada é algo atraente de se ler. Os dramas familiares desta família, cheios de cinismo, estão bem construídos de modo a que toda aquela incómoda podridão onde eles caminham fique mais leve, e é aqui que entra aquele humor, umas vezes mordaz, outras negro e quase sempre cínico. É o retrato de uma sociedade em que foi muito complicada de se viver.

Outra coisa que tornou este livro muito atractivo foi a inclusão do filho de Carmela como agente condutor da maior parte da narrativa. Trillo apesar de usar o mínimo de texto é muito minucioso no desenvolvimento das suas personagens, e este rapaz não escapou a isto. Óptima personagem para intrincar a história, passeando pelas partes mais sujas, e o olhar dele perante tudo isso traz as dúvidas morais à tona num rapaz a crescer naquela família disfuncional. Faço certo? Faço o que devo? Faço o melhor? Ou faço o contrário disso tudo? :D

Um livro perturbador pela facilidade com que se entra na brutalidade e se salta para uma gargalhada. A ler e reler :)

Boas leituras



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