Saiu hoje o 6º livro desta colecção da Levoir, distribuida com o jornal Público. Uma obra muito premiada e conceituada de Antonio Altarriba e Kim (Joaquim Puigarnau) feita já aqui ao lado em Espanha.
Fiquem com a informação da editora e algumas páginas deste livro:
A ARTE DE VOAR
Nascido em 1910 em Espanha, António Altarriba, pai, atravessará o século XX e as suas horas mais negras, para se suicidar finalmente em 2001. António Altarriba, filho e argumentista deste livro, irá em busca da história dele, para poder contá-la e talvez conseguir perceber as razões do suicídio deste homem de 91 anos que tinha sobrevivido a duas guerras mundiais e a uma guerra civil. Mas mais do que simplesmente biografia gráfica, A Arte de Voar é um panorama brilhante do século 20 espanhol, desde os seus princípios rurais e quase feudais, até à modernidade cinzenta do pós-franquismo.
Na colecção Novelas Gráficas, este livro ocupa um espaço de relevo, por ser uma das grandes revelações mais recentes da banda desenhada do nosso país irmão, mas também por ser o primeiro representante de um género que tem vindo a tornar-se quase sinónimo com a novela gráfica, a novela gráfica biográfica. Mas foi também um dos livros que mais êxito granjeou no país vizinho, e que caiu como uma bomba numa Espanha que ainda hoje tenta fazer as pazes entre todas aquelas facções que a dilaceraram ao longo do século 20.
Antonio Altarriba Pai suicidou-se aos 91 anos, um acto que deixou Antonio Altarriba Filho em choque, e perplexo, e que o levou a procurar as razões deste suicídio aparentemente irracional e sem sentido. Descobriu cartas e textos escritos pelo seu pai, e aos poucos foi reconstruindo esta biografia, que se tornou também, de algum modo, autobiografia da sua busca dessa história da Espanha, e de uma ligação ao seu pai.
Antonio Altarriba, o argumentista deste livro, é um estudioso do comic - em Espanha, usa-se frequentemente o termo americano para designar a banda desenhada - romancista, ensaísta e argumentista de BD, com uma obra vasta, entre a qual destacaremos Tintin y el Loto Rosa, um "romance" com Tintin como personagem, e que lhe custou dissabores com os detentores dos direitos de Hergé, bem como alguns livros em colaboração com Luis Royo, nos anos 1980.
É secundado neste volume pelo desenhador Kim, pseudónimo artístico do catalão Joaquim Puigarnau, um dos grandes cartunistas e desenhadores da geração de ouro do comic espanhol adulto, e membro fundador da revista El Jueves uma das principais revistas satíricas espanholas - talvez a revista mais próxima ideológica e estilisticamente com a Charlie Hebdo francesa - com quem colabora desde 1977 (colaborou também com inúmeras outras revistas, desde as mais underground às mais mainstream, como Mata Ratos, Makoki, Rambla ou El Víbora). É particularmente conhecido pela sua série humorística, Martinez el Facha, de que a El Jueves já editou vinte colectâneas, e A Arte de Voar foi a sua primeira novela gráfica. Para se documentar e preparar os desenhos que representaram as diversas épocas, Kim não hesitou em comprar uma colecção de fotografias de Robert Cappa e... o seu primeiro computador!
"Uma história que se dirige, deliberada e definitivamente, de modo exclusivo, a um público mentalmente adulto, a leitores que não lêem apenas por diversão, uma história com a dimensão e textura de um grande romance"
- António Martín Martinez
Prémio Calamo 2009, Prémio Nacional da Catalunha (Comic), Melhor Obra, Melhor Argumento e Melhor Desenho de autor espanhol do Salão do Comic de Barcelona (2010), Prémio Nacional do Comic em 2010, Prémio Diário de Avisos, Prémio da Crítica nas Jornadas de Avilés nas categorias de melhor argumentista nacional e melhor obra nacional... é difícil exagerar o impacto que este romance gráfico causou em Espanha desde 2009, ano em que foi publicado.
Comparado e com justiça - quer no género, quer de certo modo em estilo, com obras como Maus de Art Spiegelmann, ou O Diário do meu Pai, de Jiro Taniguchi (que teremos ocasião de ler nesta colecção) - este verdadeiro romance chegou a ser pensado como novela não-gráfica, mas o seu editor de BD convenceu Antonio Altarriba a transformá-lo em novela gráfica, usando as cerca de 250 páginas que o seu pai tinha escrito para combater a depressão que se tinha apoderado dele no lar em que vivia. A Arte de Voar levou cerca de três anos a completar. Foi lançada em 2009, e como diz o autor Felipe Hernández Cava, surgiu "em plena efervescência desse oximóron a que se convencionou chamar memória histórica, como se a memória e a história não fossem contraditórias na sua arquitectura e filosofia, e no meio do auge da banda desenhada autobiográfica, praticamente convertida num subgénero".
O júri do Prémio Cálamo não hesitou em dizer "A Arte de Voar rompe com moldes estabelecidos e géneros. Pela sua temática e enorme qualidade literária e gráfica, não hesitamos em afirmar que nos encontramos frente a um dos livros mais importantes publicados na última década".
O jornal El Pais publicou um extenso artigo sobre o livro, basta procurar por:
'El arte de volar', crónica del choque de utopía y realidad en la España del siglo XX
Tal como o El Mundo:
'El arte de volar', la memoria de la España triste hecha cómic
Uma pequena entrevista a Altarriba, no El Cultural:
Antonio Altarriba "Un comiquero es más voraz que un zombie"
E claro, uma de Kim, no mesmo jornal:
Kim "Es un privilegio que premien un trabajo tan vocacional"
A Arte de Voar
Formato: 17 x 24
Capa dura
208 páginas a preto e branco
Boas leituras
Estou prestes a iniciar o 4º e último capítulo e estou a adorar.
ResponderEliminarDaniel
ResponderEliminarTambém gostei, embora tenha ficado um bocado "coise"... ficou a saber-me a pouco. Isto deve ter sido devido ao "hype" que alguns amigos meus fizeram deste livro... elevaram-me tanto as expectativas que depois, pronto, foi aquela sensação de que falta qualquer coisa!
:D
Aquele final teve um cheirinho de "Y - The Last Man".
ResponderEliminarFoi o que mais gostei dos que foram publicados, até agora...
Não foi a que mais gostei, embora tivesse gostado bastante. As que mais gostei até agora foram o "Trincheiras" e a "Louca"
ResponderEliminar:D