terça-feira, 16 de julho de 2024

Bizarrices: Bueno Excellente

 


Vamos voltar às bizarrices!

Agora com o “super-herói” Bueno Excellente  😏

Não podemos falar deste jeitoso sem falarmos da Section 8 (New Earth). Esta é uma equipa criada por Garth Ennis e John McCrea para o universo da DC. E não há ninguém que se aproveite aqui! Estão a ver o Esquadrão Suicida? Pois, estes Section 8 são um refugo do refugo desse refugo! O Esquadrão Suicida comparado com eles, são uns galantes heróis. Já agora, Section 8 é a designação militar para “mentalmente inapto para o serviço”.

A primeira aparição desta equipa de luxo com base em Gotham City, foi na revista Hitman #18 (1997). A equipa era formada pelos maravilhosos:

  • Sixpack
  • Bueno Excellente
  • The Defenestrator
  • Dogwelder
  • Friendly Fire
  • Jean de Baton-Baton
  • Flemgem
  • Shakes

São todos do melhor material para fazer parte aqui da secção das Bizarrices do LBD!

O nosso amigo Bueno tem como facetas de personalidade uma forte tendência para a perversão e sadismo. Fisicamente gordo e oleoso, um mimo com aquele bigodinho!

Não voa, não faz laser com os olhos, não tem super força....Como poderes, bem…  assusta e intimida as pessoas com ameaças e actos de agressão sexual, nomeadamente violação. Mas tudo para o bem!
Agora dizem, “Que poder idiota”. Certo, mas o que é mais certo é que do grupo todo, os únicos sobreviventes do embate com os The Many Angled Ones, foram o Sixpack e ele próprio.

Algumas particularidades... a namorada chama-se Guts e, como mostra a imagem, é um monte de entranhas (bizarrice sobre bizarrice).
Para além disso levou a sua perversão a uma noite com o Lanterna Verde Kyle Rayner, em que o drogou e enfim, o coitado só se lembra de uma voz que dizia “bueno  bueno…” 😂


Para além disso, os Section 8 meteram-se com o Lobo e a única maneira de se livrarem dele foi colocarem-no inconsciente e casarem-no com o nosso amigo Excellente. Noite de núpcias consumada e gravada, para chantagear o Lobo e pronto. Nunca se divorciaram, portanto desde o ano 2000 que são casados! 😂
Isto aconteceu na revista Hitman/Lobo: That Stupid Bastich.




Outra particularidade dele, e que lhe deu o nome, é que apenas diz bueno e excellente  🤷🏻

Para quem ainda é novo neste blogue, existe uma verdadeira secção de Bizarrices, e para a conhecerem (vão-se divertir de certeza) basta clicar neste link:     BIZARRICES



 

Boas leituras

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Bouncer Vol.12 - Hecatombe


Violência sem limites. Violência física, moral e emocional. Se os outros livros da série já têm estes predicados, este último tem-no em quantidades absurdas!
E lama, muita lama.

O nome adequa-se perfeitamente ao que se passa neste último livro do meu western favorito, e para a Hecatombe ser maior, até o livro tem o dobro das páginas dos outros tomos, que é para ficarmos mesmo pregados.

Jodorowsky volta à série depois de um interregno de dois livros. Tive medo que a série perdesse a loucura nesses dois livros anteriores, em que foi substituído por François Boucq, que assumiu o argumento também (o desenho já lhe pertencia).  Mas tal não aconteceu, Boucq foi “evangelizado” naquele tipo de escrita e quase nem se dá pela falta de Jodorowsky!

Esta série começou a ser publicada em Portugal pela ASA em 2002 que interrompeu em 2012. Em 2017 a editora Arte de Autor pegou nesta série publicando dois volumes duplos, e agora este Hecatombe que coloca a publicação portuguesa ao lado da francesa.
Para mais informação sobre livros mais antigos da série cliquem neste link


Assim, estão publicados em português:

  1. Diamante para o Além (ASA)
  2. A Misericórdia dos Algozes (ASA)
  3. A Justiça das Serpentes (ASA)
  4. A Vingança do Carrasco (ASA)
  5. O Fascínio das Lobas (ASA)
  6. A Viúva Negra (ASA)
  7. Coração Dividido (ASA)
  8. To Hell (Arte de Autor)
  9. And Back (Arte de Autor)
  10. O Ouro Maldito (Arte de Autor)
  11. O Espinhaço de Dragão (Arte de Autor)
  12. Hecatombe (Arte de Autor)

De notar que na edição portuguesa desta série, A Viúva Negra / Coração Dividido, To Hell / And Back e O Ouro Maldito / O Espinhaço de Dragão são álbuns duplos.

Alexandro Jodorowsky já é um argumentista muito visto por aqui, neste blogue. Ele tem a mania de se cruzar com grandes obras da BD mundial, portanto nem me vou alongar muito com ele, o seu apetite por violência, droga, deformações, religião, fetiches sexuais ou transformações do corpo humano estão presentes em quase toda a sua obra, e aqui não poderiam faltar. Se quiserem ver mais obras em que falo dele, é só clicarem no link

Boucq continuo a pensar que tem o seu melhor trabalho de vida nesta série, tem sido admirável de ler e apreciar a sua arte cinematográfica, os seus maravilhosos grandes planos, e as sequências loucas de perseguições e duelos em toda a espécie de cenários, desde neve ao deserto é simplesmente brutal. Podem apreciar em outros posts do Bouncer, aqui no LBD, a sua arte.

Passando ao livro. As sequências iniciais são deprimentes logo para abrir. Barro City está sob mau tempo há bastante tempo. Imagens nocturnas chuvosas e a lama nas “ruas” colocam logo o leitor no estado de espírito correcto para esta história. Um grande e brutal final de ciclo a fazer jus ao nome: Hecatombe.

Eu chamo a este ciclo iniciado no livro To Hell Vol.8 “A Maldição do Ouro Austríaco”, desde esse livro não houve mais paz, e a carnificina foi sempre em crescendo até este pináculo da brutalidade humana.

Jodorowsky sempre conseguiu nos seus livros fazer vir ao de cima o que de pior o ser humano consegue fazer, e com requintes de malvadez quase sempre. Para quem conhece a série Tenente Blueberry, esta a mim agora, depois de conhecer Bouncer, parece uma história de escuteiros. 😅

O Bouncer maneta do Saloon Infierno nunca foi muito poupado ao longo da série, mas desta vez supera-se no tão baixo que se pode sentir e cair, e supera-se também na arrancada final de vingança. Corpos e corpos ficam pelo caminho.
Uma história fascinante, com direito a sucessivas reviravoltas, passes de magia e um final que nos deixa o estômago pesado.

Como notas menos boas, existe um plot hole básico no argumento e por vezes Boucq perde um pouco a qualidade, a espaços (poucos), que estamos habituados nele. Também não gostei muito de uma cena no final, mas pronto, nada que faça deslustrar este massacre. 😋
Já agora...  também senti a falta das páginas duplas com que Boucq me maravilhou ao longo da série. Este livro tem 140 páginas e não possui nem uma splash page. 😕

Por mim a série acabava aqui. E acabava com a honra de ser uma das melhores séries que li

O LBD recomenda este livro, e esta série.

Argumento: Alexandro Jodorowsky
Desenho : François Boucq
Edição: Cartonada
Número de páginas: 144
Formato : 232 x 310 mm a cores
Data de Edição: Novembro de 2023
ISBN: 978-989-9094-39-0
PVP: 31.00€

 


Boas leituras

sábado, 6 de julho de 2024

A Estrada

 


Num mundo miserável, para sobreviver é necessário encontrar uma forma de dar sentido ao mundo, e manter a esperança de que a Comunidade é possível.

 Nunca li o famoso livro pós-apocalíptico que dá origem a esta novela gráfica, nem tão pouco vi o filme com o Viggo Mortensen e também não gosto de ler livros deste género, são os meus verdadeiros livros de terror.


O livro The Road, tem como autor o norte-americano Cormac McCarthy sendo publicado 2006. Logo nesse ano ganha o prémio James Tait Black Memorial Prize na categoria de Ficção, e no ano seguinte o célebre Pulitzer Prize, também na categoria de Ficção tendo uma aceitação do público bastante grande, tanto que em 2009 resolveram fazer o filme, o tal com Viggo Mortensen e Charlize Theron.

Voltando para a nossa novela gráfica posso dizer que é sinistra, uma mistura de desolação com um vazio assustador. É a minha imagem de apocalipse, sempre foi assim que o pensei, puro e duro.

O autor não nos diz o que aconteceu, apenas sabemos que faz frio e a cinza cobre os céus e a terra. Podemos pensar em duas ou três situações que tenham provocado este Inverno permanente, desde a guerra nuclear a um embate de asteróide, ou uma actividade vulcânica extrema e radical.

Seja como for, a biosfera morreu e o ser humano vai morrendo. Não há comida, não há calor, não há luz, ou seja, pior que um apocalipse zombie.

Nesta história temos o Pai, temos o Filho e tínhamos a Mãe. E temos uma Estrada.

Os dois caminham, tal qual zombies, ao longo da estrada, cada metro é uma lição de sobrevivência. Caminham em direcção ao Sul, pois o Sul devia ser quente, ao contrário do Norte cada vez mais frio. Mas num Inverno de cinzas haverá um “Sul” quente?

Não se pode parar na estrada. Parar é morrer! Evitando os grupos humanos que evidenciam a “extinção da alma”. Aqui faço parêntesis para sublinhar algo que lemos há pouco tempo – 1629 Vol.1 : O Boticário do Diabo – em que seres humanos são levados até ao limite onde essa tal “extinção da alma” acontece, levando  ser humano a fazer, e cometer, actos inconcebíveis contra o seu semelhante.
E assim temos a violência inaudita, canibalismo e o vazio total da empatia.

O que eu não gosto neste tipo de livro é a grotesca realidade que sei que aconteceria num cenário destes. Sim, porque o meu problema é que isto aconteceria, e apenas para prolongar vidas perdidas. Não há o que comer literalmente (a não ser outros humanos), não há como aquecer, não há como viver. É uma extinção anunciada, em que alguns para viver mais uns dias cometem actos completamente inumanos covardemente. Sim, porque aqui a Mãe, na minha opinião, teve a decisão mais certa. O suicídio.

Mas o Pai vai sobrevivendo mais um dia na estrada. O filho segue-o sem saber bem o porquê de tudo ser assim. Ele sabe que existia um mundo que ele nunca conheceu anteriormente. No final dá um ar que o autor quer transmitir esperança, mas na minha opinião num mundo daqueles simplesmente não há.

Larcenet faz um excelente trabalho nestas duas figuras quase anónimas, as fisionomias são quase sempre disfarçadas por sombras, gorros, óculos ou simplesmente trapos a servir de máscaras anti cinza.

Os seus cenários conseguem evidenciar com brutalidade a perda civilizacional, sempre num registo cinza, usando a cor para situações especiais ou em que queira sublinhar uma emoção ou uma ideia.

O seu desenho é carregado de sugestões visuais indo da desolação planetária, ao grotesco da inumanidade. Diria que é uma obra prima visualmente per se, tanto graficamente como emocionalmente.

O meu único reparo é o vazio de algumas sequências que se repetem várias vezes da mesma maneira fazendo com que o leitor incorra no pecado de folhear mais rapidamente, não apreciando devidamente todas as vinhetas.

O LBD recomenda a leitura deste livro.

« Pensa no que metes na tua cabeça, pois
ficará lá para sempre »

A ESTRADA

Editora: Ala dos Livros

Argumento: Adaptado do romance de Cormac McCarthy

Desenho: Manu Larcenet

160 páginas. Cor

Cartonado. 250 x 315mm

Edição Março de 2024

PVP: 32,90 €

 

Boas leituras

sexta-feira, 5 de julho de 2024

East of West - One
The Promise

 


The dream is over.

Imaginem que a História da Terra é um pouco diferente, que a sangrenta guerra civil que deu origem aos EUA não tinha sido ganha pelo norte, aliás, não tinha sido ganha por ninguém e agora temos sete nações no seu lugar, tudo ambientado num futuro estranho, com muita tecnologia, metafísica e paisagens far-west.

Imaginem também que é revelada ao mundo uma profecia. Profecia essa que adquiriu a designação de A Mensagem. Mensagem essa que profetiza nada mais nada menos que o Fim do Mundo. E para garantir que a Mensagem é cumprida existem os Escolhidos, Escolhidos estes que acreditam piamente na Mensagem a querem levar até às últimas consequências.

E quem vocês imaginam que serão os arautos deste Fim do Mundo? Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, claro está: Morte, Fome, Guerra e Conquista.
Desde que a Mensagem se tornou completa que estes quatro seres nas suas manifestações físicas tentam levar a profecia à sua conclusão.



Mas, imaginem que um deles se apaixona…

Este é um livro de vingança por parte da Morte, uma distopia maravilhosa de Jonathan Hickman, ilustrado pelo lápis de Nick Dragotta com cores de Frank Martin e legendagem de Rus Wooten

Mal saiu a 1ª revista pela Image Comics em 2013, esta esgotou na 1ª semana. Série louvada por todos quanto a leram, premiada pela Diamond e aplaudida pela crítica especializada.
A série foi terminada em 2019, compilada em dez TPB’s e três Oversized HC’s.



O que eu posso dizer.
A leitura é alienante. Hickman vai encaixando as peças aos poucos sempre que necessário,  o ritmo acelera e cai de um modo vai deixando o leitor ansiando sempre por mais. Temos alternâncias entre passado e presente e é neste jogo que vamos descobrindo o que está por detrás das emoções que atravessam as personagens principais, e que provocam as suas acções por vezes não adivinhadas pelo leitor.
Um Hickman fantástico na escrita.
Como contraponto, por vezes perde-se em diálogos pouco verosímeis desnecessariamente. Salvo erro apontei isto mesmo no meu artigo sobre o Ultimate Spider-Man, onde esse seu pecado por vezes acontece também.


O desenho é dinâmico com uma narrativa gráfica clara e sem confusões. Dragotta tem um traço limpo e bonito que se adapta perfeitamente ao argumento. As expressões faciais são muito boas, sobretudo no caso da Morte. Não há uma única personagem descrita graficamente à toa, a sua representação, e expressão gráfica, tem sempre a ver com a personalidade de que foi imbuída por Hickman, e o lápis de Dragotta torna essa visão uma realidade.

A cor de Martin está perfeita para o ambiente criado por Hickman e Dragotta, sem grandes invenções que tornassem o bonito traço de Dragotta menos legível.
Wooten tem uma legendagem eficaz, mudando a font para um estilo mais Itálico em cenas do passado, ambientado também por uma diferença na cor de Martin que passa a ter um tom mais vintage nessas páginas. Relativamente à balonagem estes não são os meus balões preferidos de certeza, mas pronto, também não são maus. 😅

O LBD recomenda esta série, infelizmente nunca editada em Portugal.

Boas leituras