terça-feira, 17 de novembro de 2009

20º Amadora BD: Últimos apontamentos


Para finalizar os meus apontamentos sobre o 20º Amadora BD vou fazer um balanço pessoal sobre o evento que decorreu, na vertente de visitante e de comprador.
Em relação à localização do evento já ouvi falar várias vezes da “Fábrica da Cultura”, ora como eu nunca conheci o festival sem ser no Fórum Luís de Camões, não sofro do saudosismo que muitas pessoas sentem quando fazem a comparação entre um local e outro. Para mim o Fórum é um bom local em si próprio, tendo apenas a pecha de possuir poucos lugares de estacionamento. Quando oiço falar da estação de Metro até me arrepio… acho que nunca iria a tal lugar para um festival do que quer que fosse! O segredo estará de certeza em potenciar ao máximo o Fórum Luís de Camões. Em relação à dispersão de exposições e outras actividades noutros locais da Amadora, eu como visitante de fora do concelho só tenho de discordar! Não conheço a Amadora e nunca irei andar às voltas pela cidade para descobrir uma exposição aqui e acolá. Agora se essas exposições e actividades são direccionadas apenas para os habitantes locais, penso que será uma estratégia como outra qualquer, neste caso e para mim, é má!
A primeira impressão que eu tive deste festival foi o “logo” e toda a decoração feita pelo Rui Lacas. Muito boa, foi a primeira vez que eu gostei de um cartaz de um festival de BD! Outra interessante decoração interior foram os “bonequinhos” feitos no site do Amadora BD, por quem aderiu a esta iniciativa, e impressos nas paredes do corredor do piso 0. Foi um toque pessoal de muitos visitantes do festival, que assim contribuíram na decoração do evento.
Gostei da muita gente que encheu literalmente o Fórum durante os três fim-de-semana que durou o evento.
Agora por partes:
Exposições
Não vi as que se encontravam espalhadas pela Amadora (mais uma vez), mas na generalidade as sediadas no Fórum Luís Camões eram muito boas. Vou referir pela sua excelência a exposição de Lepage e a dos autores polacos. Foram das melhores exposições que já vi relacionadas com BD. Pela negativa a dos 50 anos de Asterix. Compreendo que seria difícil obter pranchas originais deste herói, pois por toda a Europa se comemorava o mesmo evento, mas por isso mesmo era necessária mais imaginação por parte do responsável por esta exposição. Em relação à disposição das exposições penso que se encontravam bastante bem dispostas pelos dois pisos, e vou fazer referência à dedicada a Rui Lacas, muito bem conseguida, e à mostra histórica dos 20 anos do FIBDA.
Autores
Muitos, e muitos portugueses. Gostei do espaço, muito melhor que no ano passado, com os “slots” bem dispostos em linha, permitindo aos “caçadores de autógrafos” situarem-se bem em relação aos autores. Compreendo que será difícil trazer alguns autores de renome, sobretudo norte-americanos e japoneses (parece que são extremamente exigentes…), mas acho que esteve bem em relação à qualidade e quantidade de nomes. Neste aspecto acho que se deveria privilegiar mais autores com obra publicada por cá, para não haver problemas de má disposição como aconteceu com os polacos… quer dizer, o homem chateou-se porque as pessoas lhe levavam folhas em branco para ele fazer um sketch, mas se ele não tinha obra publicada cá, nem à venda em língua estrangeira no recinto comercial, o que é que ele queria?
Adorei a disponibilidade dos autores portugueses que na sua generalidade foram muito profissionais nos seus sketch, embora Ricardo Cabral não tenha sido feliz no tema das aguarelas com que brindou muitos dos leitores presentes.
De qualquer maneira, e estou a falar sem perceber muito do assunto, julgo que se houver contactos atempados entre a direcção do festival, editoras e livreiros se poderia ter um lote ainda melhor de autores estrangeiros.
Já agora, acho que não vale a pena marcar autógrafos para as 15:00, visto que nunca começam a essa hora…
Espaço Comercial
Bem, acho que neste aspecto está toda a gente de acordo! Estava mal dimensionado, escuro, escondido, claustrofóbico. Não estava amigo nem dos livreiros nem do público. Vou repetir mais uma vez, aquele mono central estragou toda a área. Retirou visibilidade e impediu que existisse um zona de descanso com mesas e cadeiras, que promoveriam mais aqueles momentos em que fãs BD que só encontram nesta altura se sentam para falar do “vício”, e em vez disso tínhamos de estar de pé a trabalhar para as varizes.
Prémios
Normalmente não gosto muito de falar deste assunto porque acho o sistema injusto. Mas este ano eu possuía todos os livros a concurso (autores portugueses) e sinceramente nunca pensei que a Metrópole Feérica ganhasse os três prémios! Não estou a menosprezar o livro, gosto bastante dele, mas é um livro que está na fronteira entre a BD e a ilustração. Sendo o prémio para Banda Desenhada achava que tanto “A Fórmula da Felicidade” como o “Menino Triste” dividissem os prémios!
Bem, junto-me ao Refém e ao Verbal, que segundo dizem não percebem nada de BD, assim como eu.
Off-topic … estamos em começar a organizar uns almocinhos para nós e mais alguém que se queira juntar mas que não perceba nada de Banda Desenhada :D
Lançamentos
Houve bastantes de autores portugueses! Viva! Nota positiva para esta situação.Alguns deles poderão já ter visto aqui no Blog:
BRK
Israel: Sketchbook
Mucha
Bang Bang Ultimate Vol.1
Outros houve, mas que eu ainda não tenho como é o caso de Asteroid Fighters (Rui Lacas).
Compras
Havia muita escolha entre as várias lojas presentes (mais um vez e infelizmente a BD Mania não esteve presente), desde BD Nacional, traduzida, em inglês, espanhol e inglês. Claro que fiz algumas compras e vi alguns livros bastante interessantes e difíceis de encontrar.

O balanço é positivo, diverti-me bastante, encontrei bastante gente interessante e claro que vou repetir para o ano. Espero que a direcção comunique mais com os outros intervenientes no festival, para que as falhas que vão surgindo sejam minoradas ou mesmo eliminadas. Sei que é difícil resolver alguns problemas devido à grande dimensão do festival, mas isso deveria servir de estímulo à direcção para os resolver! Acho que comunicação é palavra-chave para muitos dos pontos negativos que aconteceram este ano.
Em relação ao desafio de Mário Freitas da Kingpin Books, “Amadora 2009 - Eu contribuí. E vocês?”, eu só posso contribuir com a divulgação do evento, o que eu acho que fiz, e com a minha presença ao longo dos três fim-de-semanas que durou o evento, dando a minha opinião sobre aspectos positivos e outros não tão bons a alguns membros da direcção do Amadora BD. De resto a minha intervenção só pode ser apenas de informação.
Ficam links para outras opiniões, sobretudo de alguns livreiros que vêem o festival com olhos:

20º Amadora BD - As minhas impressões finais
Amadora 2009 – Eu contribuí. E vocês?
As "notas" esmiúçam o Amadora BD

Para finalizar mais umas fotos de autores presentes este ano.


Achdé




Boucq




David Lloyd




David Soares




François Schuiten




Gisela Martins




Korky Paul




Mário Freitas




Maurício




Natália Batista




Yosh




Lançamento Bang Bang Ultimate Vol.1 - Hugo Teixeira e Machado Dias




Lançamento Asteroid Fighters Vol.1 - Maria José, Rui Lacas e Pepe

Ufaa... isto deu trabalho!
:D

13 comentários:

  1. Bem... eu não percebo MESMO NADA de BD, masd ouvi falar em comida... posso? hihihihihihi

    enxofre

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  2. O teu trabalho foi sublime e sabes que sou sincero, extraordinário.
    Só mais uma coisa amigo, e se eu quisesse comprar livros dos polacos? Adorei o trabalho deles.

    Abraço

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  3. Diabba
    Podes
    :D

    Forteifeio
    Obrigado!
    Do autor polaco Zbigniew Kasprzak (Kas) tens apenas em francês. Ele é o desenhador de serviço na série "Hans" a partir do tomo 6 (La planète aux sortilèges), substituindo Grzegorz Rosinsky (Thorgal, O Grande Poder do Shninkel). Esta série, "Hans" tem dois tomos editados em português pela Meribérica:
    - A Última Ilha
    - O Prisioneiro da Eternidade
    Também tem um livro na série "Rebeldes" com o título "Shooting Star - Marilyn Monroe" do qual pudeste ver algumas pranchas na exposição do Amadora BD. Esta série tem um volume editado em português pela Vitamina BD:
    - Libertad ! - Che Guevara
    ;)

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  4. "Em relação à localização do evento já ouvi falar várias vezes da “Fábrica da Cultura” (...) "

    Na minha opinião a estrutura em si não fica em nada a dever à da Fábrica da Cultura (se eu tivesse saudades de andar em cima de andaimes, ia trabalhar pras obras). A única coisa em que perde é que a Fábrica ficava em frente a uma estação de comboio. Mas por outro lado o Fórum fica a 5min de carro do Colombo...

    O metro sim, foi a pior coisa que eles se lembraram. No segundo ano vi tudo apressadamente, saí de lá doente e foi a única vez que eu considerei nunca mais voltar.


    "Compreendo que será difícil trazer alguns autores de renome, sobretudo norte-americanos e japoneses (parece que são extremamente exigentes…)(...)"

    Devem estar a vender mal a coisa aos japoneses. Era dizer-lhes que lhes pagam uma viagem ao Cabo da Roca que eles vinham a correr. :-P



    Anyway, pro ano lá estaremos todos novamente.

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  5. Comida? Onde? Lol

    Só assim que eu comento de novo. Lol

    Nah, estou brincando. :)

    Tenho é andado com pouco tempo para visitar os meus locais favoritos na vizinhança.

    Mas parece pelo que dizes, o evento este ano até que não foi mau de todo com bons artistas convidados e algumas novidades nacionais que bem precisam de destaque ao serem lançadas no mercado.

    Ainda espero puder ir lá um ano destes.

    Abraço. :)

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  6. Bom Dia,
    Oferece-me dizer duas coisas: Boa Disposição e Boa Digestão.
    A primeira, pelo convívio, é uma das mais-valias que obtemos no Amadora BD; quanto à segunda é o que se espera que resultem dos nossos almoços.
    Já agora, Bongop, o que é isso de "BD"?!
    Abraço

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  7. Vidazinha
    Não sei se eles vinham a correr apenas para uma visita ao Cabo da Roca :D
    O Fórum só tem problema para quem não tem transporte próprio, visto que a estão de Metro está a 15 minutos a pé... de resto acho um bom espaço desde que bem aproveitado.
    Essa do FIBDA no Metro é ue eu acho bem escabroso! LoL
    :)

    OCP
    Podes sempre vir aqui comer qualquer coisa! Visto que vens de longe eu pago :D
    Este ano o convívio foi muito bom, conheci mais um pessoal fixe e tive sempre boa companhia!
    :)

    Verbal
    Não sabes o que é BD?????
    É por isso que temos de ir almoçar!
    :D

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  8. Almoçarada...sim senhor! Agora é que se vai falar de BD à boca cheia!

    Gostei do comentário dos andaimes :) Mas continuo a dizer que na fábrica da cultura não faltava luz e espaço, faltavam as obras, isso sim! Pelos vistos já temos um voluntário Mário! hehehe! (estou apenas a brincar Vidazinha; se for caso disso, também lá vou...explicar o projecto, isto é!)

    Ao metro nunca cheguei a ir; contou-me um amigo o que se passava por lá, e eu, como me dou muito mal em espaços mal arejados, não fui. Já neste ano me ia dando um ataque de pânico na fila para o desenho do Boucq. O espaço das exposições no piso da entrada era muito bom.

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  9. Refem
    Ok... vou começar a distribuir mails por vocês para se combinar os morfos!
    :O

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  10. Paulo Brito
    Ficas de dieta aos almoços e aos festivais! É que dá morar em Barcelos... assim pelo menos mantens a linha!
    :D

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  11. Já disse isto várias vezes em vários fóruns ao longo dos anos, mas repito mais uma vez. O espaço da fábrica da cultura era genial não por que a organização lutasse muito para tal com a instalação de andaimes, mas sim porque estávamos dentro de uma antiga fábrica, com equipamentos em ruínas e todo aquele espaço disponível. Tendo em conta o tema BD era muito fácil brilhar do ponto de vista cénico. O metro tinha o inconveniente de ser subterrâneo e claustrofóbico (óbvio :)), mas tinha bom estacionamento, acessibilidade indiscutível pois estava numa estação e tanto as exposições como o espaço comercial atingiram um bom nível (bem melhor do que vi este ano) e nunca esquecer o fantástico momento que foi ouvir os Dead Combo numa das inaugurações...descer as escadas do metro e começar a ouvir o Tó Trips foi sublime :) Em suma, este espaço é mau, não tem estacionamento, o que é curioso pois está dentro de uma parque de estacionamento, e, na minha humilde opinião, até a escola intercultural na sua pequenez tinha espírito. O grande problema deste local é a falta de alma. Tiago

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  12. O problema dos japoneses é outro. A descontar os problemas de língua e a dificuldade de contactar os autores de lá, os gajos não têm tempo porque estão habitualmente soterrados de trabalho!

    Para Angoulême, um festival bem mais prestigioso, já foi várias vezes o caso de autores japoneses fazerem videoconferências para "aparecer" em palestras lá, porque simplesmente não poderiam viajar sem atrasar seu trabalho!

    Portanto, não esperem ver muitos autores de mangá por aqui tão cedo.

    Por outro lado, os tipos dos animes costumam ter tempo quando não estão a trabalhar em alguma série. Talvez seja mais jogo ir atrás de realizadores de anime como Shinichiro Watanabe (que esteve na Japan Expo deste ano) ou Yoshiyuki Tomino (que visitou o Brasil uns anos atrás).

    Quanto aos americanos, eles não são tão complicados de encontrar, mas levem em conta que a maior parte dos autores de lá NÃO faz desenhos de borla para quem aparece pela frente. Geralmente eles cobram - e não é pouco!

    Hunter (Pedro Bouça)

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