terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Saga of the Swamp Thing: Book One
Eu considero que na apreciação de um livro de Banda Desenhada há vários aspectos a serem considerados, desde a estória, desenho, balonagem, edição, etc. Este livro tem aspectos muito fortes a serem considerados. Podemos começar pela concepção do personagem e sua mitologia, criação de Len Wein e Berni Wrightson. Estes criaram o personagem em 1972, aproveitando o sucesso das estórias de "Gothic Horror" da época, cuja revista "House of Horrors" foi um dos expoentes. Swamp Thing nasceu e deu cartas na altura rivalizando em vendas com os habituais da DC (Superman, Batman e Wonder Woman). Praticamente esta série foi a única, neste género, com uma longevidade fora do normal! Depois do sucesso dos primeiros números, um dos autores separou-se da série e a editora procurou uma nova equipa criativa. Depois de alguns "flops" com equipas Norte-Americanas, eis que da Grã-Bretanha vem o segundo fortíssimo ponto: Alan Moore! O livro em questão reúne as primeiras sete estórias com Alan Moore (#21 até à #27), começando a primeira deles com um título que diz tudo... "Loose Ends" seguido de "Anatomy Lesson". More transformou e fez crescer o personagem, afastando-o daquele que lhe deu vida na estória, o Dr Alec Holland, e dando-lhe uma densidade psicológica muito grande. Aumentou a espiriualidade do Swamp Thing e introduziu a componente ecológica na série de uma maneira bastante séria e inovadora para a época. Inseriu outros personagens, como o Floronic Man, e vários "crossovers" para todos os gostos, desde Batman a John Constantine, passando por Sandman e a Justice League of America.
Agora podemos passar à edição... a dustcover é muito boa, tendo um toque macio, "encerado", mas acho completamente desnecessário a menção "From the Award-Winning Writer of Watchman Alan Moore"... seja qual for a desculpa para esta publicidade, considero-a completamente desnecessária (mesmo para aproveitamento do lançamento do filme Watchman este ano). A capa propriamente dita é linda! É a segunda ilustração deste post, um baixo relevo verde-musgo num fundo a imitar cabedal negro e uma lombada em tecido! A parte negativa, é que para uma edição deste género, continuar a usar o "papel-higiénico" das edições normais da Vertigo... enfim, não aconselho a ler o livro no WC para não se enganarem no papel! :D
Em relação à arte, é muito boa para as condicionantes técnicas da altura, mas como me parece que foi tudo recolorido, acho que se ganhou bastante com esta edição que se quer "especial". De notar e como curiosidade, o Swamp Thing nº129 foi a primeira revista a trazer o selo da Vertigo, inaugurando esta imprint da DC Comics.
Esta saga conta a estória do Swamp Thing a partir da primeira estória escrita por Alan Moore, ficando para trás a sua génese, que passo a contar resumidamente: O Dr Alec Holland após uma explosão provocada no seu laboratório, onde estudava, com a sua mulher, uma fórmula regenerativa e de crescimento para plantas, cai no pântano
coberto pela substância em que trabalhava e envolto em chamas! Da mistura da fórmula quimica com o fogo, e depois ficando mergulhado no pântano, surge o Swamp Thing (Monstro do Pântano). Aqui começa a transformação do personagem por Alan Moore... Passou de um Alec Holland transformado em monstro, para um monstro que pensava que era Alec Holland! Mudança tão significativa, que o desgraçado entrou em estado catatónico, criando raízes que o prenderam pela primeira ao solo! Neste arco é importante a criação de um dos vilões desta série, o Floronic Man, e só este com a sua deturpação da realidade Animal/Planta faz com que o Swamp Thing saia da sua letargia (e claro, com a ajuda da amada Abby). A partir daqui temos uma série de excelentes estórias em que Moore consegue fazer Banda Desenhada praticamente só com a sua narrativa e com os desenhos de Stephen Bissette e John Totleben, ou seja, páginas de discurso introspectivo, sem ser chato, e que contam belas estórias de BD (é claro que há dialogos... mas muitas vezes são reduzidos ao mínimo) . Deixo aqui por baixo uma ilustração do "Monstro" com assinatura de Michael Zulli que eu acho linda:
Este livro poderia ter passado a nota 10 se tivesse um papel melhor!
Boas leituras!
Hardcover
Editado por Vertigo em 2009
Criado por: Alan Moore, Stephen Bissette e John Totleben
Comprado no Amazon
Nota : 10 em 10
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Estou tentado a ler isso,ja li a Anatomy Lesson num daqueles tpbs first tast ou la como se chama.
ResponderEliminarE era fa da serie animada do Swamp Thing. :)
E foi no Swamp thing que nasceu Constantine :D
ResponderEliminarEste é daqueles livros que quero comprar há já algum tempo.
O papel pronto já estou habituado é o típico da Vertigo, podiam ter alterado nesta edição especial.
A menção ao Watchmen é publicidade não nos safamos disso :S
Abraço
Lindo!!! O VERDE domina este post!!
ResponderEliminar;)
beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarKitt
ResponderEliminarSe estás tentado, podes ir em frente! As estórias são muito boas.
looT
Swamp Thing faz parte da minha adolescência e Watchman não!
Dá-me muito mais prazer ler Swamp Thing, desde que cronologicamente correcto, do que Watchman! Acho que com isto disse tudo...
eheheheh
Gata
É verde mas de musgo e limos nojentos... LoL
A dustcover é muito boa, tendo um toque macio, "encerado"... estava a ver que ias pontuar a sensação do toque da capa em outras situações, talvez dizendo "então se fosse em folha dupla e com aroma a pêssego, nimguém me tirava do WC". ;)
ResponderEliminar"Se estás tentado, podes ir em frente! As estórias são muito boas."
ResponderEliminarVai ter que esperar uns tempos tenho outras Beasts a frente dele, :P
Por incrível que pareça nunca li nada do Swamp Thing... Há muito tempo que quero ler os arcos do Moore, mas ainda não lhe dei a prioridade que talvez mereça. Mas vou levar a sério a tua dica.
ResponderEliminarAbraços.
Óptima review!Não acrescentava nem retirava um ponto, se pudesse.Concordo plenamente com a desnecessidade "From the Award-Winning Writer of Watchman Alan Moore"... Não faz sentido aproveitar estas ocasiões para promover obras que por si só são geniais.Acho que cada trabalho é um trabalho e o Swamp Thing do Alan Moore é tão bom como outro qualquer e não precisa de ser comparado aos seus outros porque é diferente deles mas igualmente genial...Papel higiénico, hum?Não arranjaria uma comparação melhor do que essa! :D lol bom trabalho um abraço!
ResponderEliminarRafeiro
ResponderEliminarContinuas com um toque de lã pura e virgem.........
:D
Mauro
Há muito tempo que não aparecias por aqui! Bem re-vindo!
Eu leio Swamp Thing desde o tempo do Mundo de Aventuras, foi talvez o meu primeiro anti-herói que eu gostasse mesmo. As estórias são muito boas!
Este HC inicia-se com a "run" do Alan Moore neste personagem.
Kitt
Espreme a carteira que vale a pena!
ehehehehhe
Pedro
Obrigado pela crítica à crítica, e repito: aquele papel não é admisível em edições destas...
Quer dizer os melhores livros (10/10) têm sempre monstros verdes. Pq será?
ResponderEliminarAqui no Brasil foram duas vezes que a série do Monstro do Pântano (fase Alan Moore) tentou ser publicada. Primeiro foi a Brainstores, que lançou três volumes, em preto e branco, com papel off set, mas como a editora "quebrou", ficamos a ver navios; já nos anos 2000, a Pixel Media iniciou a mesma coleção, mas com acabamento de primeira (capa dura, papel couché colorido), mas só lançou o volume 1 e periga ficar só nesse, porque e a Ediouro (que comprou todas as cotas da Pixel Media, ainda não se pronunciou se irá continuar ou não com as publicações).
ResponderEliminarEu lamento isso, porque estou com os três volumes da Brainstore em minha coleção, mas penso nos outros três que concluiriam a fase Moore/Swamp Thing.
Jota
ResponderEliminarO verde é que está a dar! Credo és mesmo benfiquista fanático...
Milena
Olha e aqui em Portugal não há quase nada! Esta edição tive que comprar no original (como já vai sendo hábito...)
Nuno, além do Swamp Thing do Moore, já leste alguma coisa de outros autores? Sei que antes do Moore ouve o Len Wein, que criou o monstrinho, e depois do Moore vem uma catrafada deles... Pasko, Veitch, Collins, Millar, Diggen, Pfeifer e Dysart... sabes se algum destes vale a pena?
ResponderEliminarRui Rodrigues
ResponderEliminarO Len Wein nunca conseguiu fazer com que o monstro fosse outra coisa para além disso. Teve um sucesso inicial bom, mas caiu rapidamente, pois faltava-lhe profundidade. Esta profundidade, e porque não humanidade, foi o Moore que desenvolveu!
Quanto aos que vieram a seguir... houve alguns arcos bons, mas a série nunca mais chegou a ter um nível regular de qualidade, como na era Moore. Penso que agora nos novos 52 da DC Comics está a um bom nível outra vez, espero que se mantenha!
;)