Que seria do mundo sem magia?
Todos nós, sobretudo os mais jovens, sonhamos com magia. É uma maneira de fugirmos à prisão do mundo material em que vivemos!
Ela encontra-se sobretudo nos livros, pois estes ao contrário do cinema criam asas à nossa imaginação… e é assim que se inicia a viagem de Bia a Mahou, com um livro.
Visando um público mais novo, Hugo Teixeira e Ana Vidazinha criaram um ambiente mágico que funciona, e posso provar pelos “feedbacks” de jovens da classe etária visada. Inclusivamente pensava que crianças à volta dos oito anos ainda não tinham capacidade de apreensão para alguns dos pormenores da narrativa, e enganei-me… a minha filha tem sete anos e meio e percebeu todo o conceito do livro, e adorou! Leu o livro de uma assentada, o que não é normal. Livros consagrados para esta faixa etária, ajudados pela televisão, não tiveram esta recepção por parte da minha filha, como por exemplo Jerónimo Stilton de que ela gosta muito, mas apenas lê umas quantas páginas de cada vez. Este não foi o caso… apenas interrompeu a leitura para jantar, e acabou-o na cama à luz de candeeiro.
Para mim, esta aposta parece-me ganha!
Os textos de Ana Vidazinha são simples (e isso não quer dizer que sejam ingénuos), os pequenos jovens apreendem-nos bem e isso parece-me ser um dos objectivos, a estória é bem cadenciada, mesmo nas alturas em que avança e recua no tempo deixando pistas que poderão fazer a magia voar mais alto para futuros livro.
Quem gostou vai gostar ainda mais, pois o segundo livro já está em andamento!
Falando um pouco sobre a arte apresentada por Hugo Teixeira, penso que ainda anda um pouco à procura do seu estilo definitivo, mas existe um largo progresso desde o seu “
Bang Bang”. Nota-se uma evolução muito positiva, mas ainda com muito espaço para progressão.
O seu estilo tem como base o género japonês manga, e aqui tenta uma mescla entre este estilo, e o género Franco-Belga. Acho que resultou bem, as cores estão muito boas, a divisão das páginas também, mas o ponto forte são mesmo os cenários! São mágicos! Sobretudo para crianças mais novas. Onde tem de progredir e apurar o seu estilo é mesmo na figura humana. Aqui há bastante espaço para progressão, estas figuras têm de se libertar ao nível do gesto, sobretudo quando não estão em cenas de acção. Quando chega a acção esta situação atenua-se e os protagonistas soltam-se! Isto também é necessário em páginas “mais paradas”. Garantidamente o Hugo Teixeira ainda vai fazer melhor para o próximo volume, pois desde que conheço os seus trabalhos ele tem feito sempre melhor que o anterior!
Uma palavra para Ana Vidazinha, que sendo o seu primeiro livro de BD (penso eu) conseguiu fazer uma coisa difícil neste tipo de registo: fechar a estória deixando pequenas janelas ao longo do livro para que, se necessário, haver uma continuidade desta obra sem ser forçada! Ou seja, um final fechado, mas ao mesmo tempo aberto a continuação!
A estória conta como a vida de uma rapariga aparentemente normal se transformou ao pegar no "livro errado" na biblioteca. Em vez de um livro sobre caracóis, saiu um poderoso livro de magia. Após ler o primeiro encantamento é transportada para o mundo de Mahou, onde descobre as suas raízes, e as duas facetas da sua personalidade! Descubram Mahou, pela mão de Hugo Teixeira e Ana Vidazinha.
Estão de parabéns os dois, e a ASA também, porque o produto final saiu muito bom!
Este foi o primeiro de uma série de livros que foram lançados neste 22º Amadora BD, e que irão passar por este blog durante os próximos dias!
Boas leituras… e comprem um livro no Amadora BD!
Hardcover
Criado por: Hugo Teixeira e Ana Vidazinha
Editado em 2011 pela ASA
Nota: 8 em 10