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Depois de uma troca de mails, e para esclarecer algumas dúvidas e aparentes incongruências da politica editorial da ASA, fui convidado pela responsável do departamento de Banda Desenhada desta editora, Maria José Pereira, a visitar o referido departamento. E aceitei, claro! :)
Não fiz nenhuma entrevista, no sentido da palavra, foi apenas uma conversa da qual eu vou tentar expor aqui os pontos que me parecem mais pertinentes para os leitores, que compraram livros de séries editadas pela ASA. Poderá escapar-me algum pormenor, ou ter alguma pequena imprecisão, visto que não apontei nada escrito!
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Lama Branco: a série foi interrompida e não descontinuada, devido a dificuldades técnicas que oneram a edição em português. A série original encontra-se ainda em formato fotolito, assim que alguma editora faça a conversão para suporte digital, a série poderá ser continuada.
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Diosamante: Foi descontinuada justificadamente devido ao cancelamento da série no país de origem, logo no segundo volume... não fazia sentido editar outro tomo!
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Bórgia: Existe uma grande intenção de editar o segundo volume da série, inclusivamente já poderia ter sido editado, só o não foi porque Manara teve problemas com os parceiros do livro e chegou-se a aventar que a série iria ser interrompida na origem. Ora pelos mesmo motivos da série referida anteriormente, Diosamante, a ASA ficou na defensiva até o problema ficar resolvido!
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Atalanta: Eu costumo chamar-lhe o "livro anão", e pelos vistos também não ficou do agrado de Maria José Pereira, pois descontinuou a série, por ter ficado completamente desiludida com o produto final desta edição... desde o formato às cores tudo correu mal, pedindo mesmo a retirada do mercado deste livro.
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Spirou (ASA/Público): A numeração não coincide com a cronologia por imposição do jornal "O Público", estes justificam a imposição com um estudo de mercado...
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Série Grandes Autores (ASA/Público): Em relação a esta série questionei o porquê da edição do livro respeitante a Enki Bilal, com um nº1 de uma trilogia (Feira dos Imortais) e o nº1 de uma tetralogia (o Sono do Monstro), ou seja, não fazia muito sentido! Imposição do próprio Enki Bilal. Por esta eu não estava à espera !! Bilal disse que seria assim, ou não haveria Bilal na colecção...
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Valerian: Porquê a edição do nº20, quando esta série tinha ficado pelo nº18 pela Meribérica? Então saltou-se o nº19 porque razão? E o nº0? Por esta resposta também não estava à espera... A Meribérica, ainda que falida e fora do mercado, ainda detem os direitos de Valerian do nº0 até ao nº18! Foi-me dito que assim que os problemas legais forem ultrapassados, estes dois volumes serão editados sem problemas.
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Asterix: O porquê da mudança dos nomes de alguns dos personagens, depois de anos de habituação aos habitantes da irredutivel aldeia? Mais uma imposição, desta feita pela editora de origem que obrigou a que o significado original de alguns nomes, fosse traduzido do significado em Francês.
Murena,
Thorgal,
Giuseppe Bergman,
O Monstro, etc são tudo séries para continuar, só não foram editados mais livros destas séries, apesar de agendados, por manifesta falta de tempo dos seis elementos que compõem a equipa de Maria José Pereira. A parceria com o jornal "O Público" está a ocupar o tempo que estes elementos dedicam à edição de Banda Desenhada. De qualquer maneira, Maria José Pereira garantiu que há alguns destes livros para sair, como por exemplo o último volume da tetralogia d´"O Monstro" do autor acima referido, Enki Bilal.
Esta é a altura dos vos deixar a fazer contas de cabeça, pois não vos vou dizer qual a série de que eu tive um vislumbre, e que irá ser a próxima a sair da parceria ASA/Público! Apenas vos posso dizer que é uma edição com muito bom ar, ou aspecto, se assim o preferirem...
Falamos de outros pormenores como capa dura vs capa mole, e é aquilo que eu pensava... a diferença no preço final não justifica a capa mole! Em co-edição (caso da Vitamina BD) o preço é quase quase o mesmo, em edição normal da casa (ASA) ficaria por 1€ de diferença, mais ou menos... ou seja, decididamente em livros de 12€, não é justificavel o downgrade do livro. Em edições mais baratas já se notaria mais a diferença. Exemplo: os três livros manga que eu tive na mão! Em relação a estes, espero que os leitores de FNAC tenham um pouco de cuidado a manuseá-los, pois são muito frágeis (uma "dust cover" com capa mole fica sempre algo frágil).
Bom... tou farto de escrever, deixo-vos com a curiosidade da equipa de Maria José Pereira ser quase toda constituída por elementos do sexo feminino, havendo apenas um representante masculino! Apenas é curioso porque é sabido que em Portugal a maioria dos leitores é do sexo masculino! :)
Nota final, tenho de elogiar a simpatia de Maria José Pereira e da sua equipa, pois foram extremamente atenciosos e solícitos a responder às minhas dúvidas ! :) Obrigado!
Boas leituras.
EDIT: Eu tenho de fazer este "edit", já um pouco tardio, porque me esqueci de uma questão importante... as baixas de preço!
Segundo Maria José Pereira, no FIBDA de há três anos a ASA fez uma grande baixa de preços, em que os €uros que caberiam às lojas, livrarias, papelarias e hipermercados, seria a favor do cliente. Mas só no FIBDA! O que aconteceu foi que os estabelecimentos atrás referidos "chantagearam" a ASA... exigindo que os livros que foram vendidos no FIBDA a preços reduzido, fossem vendidos também nesses respectivos estabelecimentos com esses preços! Digamos que se assim não fosse, poder-se-iam iniciar más relações comerciais entre estas empresas e a ASA... A "brincadeira" desse FIBDA custou caro à ASA.