sábado, 11 de janeiro de 2014

Tintin: Rumo à Lua & Explorando a Lua (85 Anos de Tintin)


Tintin foi o meu primeiro contacto com a Banda Desenhada, e por isso mesmo tem sempre um lugar especial dentro de mim.
Estávamos em 1971 e eu tinha 7 anos... o meu pai surgiu em casa com a revista nº14 do 4ºano da revista Tintim, onde era exibida a aventura espacial de Tintin na Lua! Recordo-me perfeitamente que era a minha preferida da altura numa revista onde existiam Blake & Mortimer, Asterix, Lucky Luke, Luc Orient, Alix, Michel Vaillant e Blueberry entre outros! Mas Tintin era o meu preferido, a aventura na Lua enchia-me as pequenas medidas de criança. Foi o meu primeiro contacto com a BD e com a Ficção Científica! Talvez por isso esse seja um dos meus géneros favoritos desde sempre.

Só mais tarde li as páginas que me faltavam desta aventura de Tintin, assim como o livro precedente: Rumo à Lua.
Tintin tem essa particularidade, atinge um público entre os 7 e os 12 anos com força. Já o meu filho adorou Tintin exactamente nessa gama etária, e a concorrência era forte: Dragon Ball e Naruto!

Claro que tinha de falar de Tintin hoje. Ontem este jovem repórter fez 85 anos de idade, desde a sua primeira entrada no Le Petit Vingtième (1929)! Como é sabido o seu autor foi o belga Georges Remi, conhecido mundialmente como Hergé. Existe muita discussão sobre quem teria sido a inspiração para estas aventuras de Tintin, mas diz-se que foi o seu irmão Paul Remi.

Os livros de Tintin tiveram desde cedo nuvens negras a pairar sobres eles. Ligações ao partido Nazi, anti-semitismo, racismo, colonianismo... por isso mesmo passaram por diversas revisões na altura, e por incrível que pareça ainda hoje há quem queira fazer mais revisões, e inclusivamente proibir alguns livros da série de estar presente em estantes de livrarias!
Penso que há que ter tino, e apreciar este livros à luz da época em que foram feitos. Não conheço nenhuma criança que se tenha tornado racista por ler livros do Tintin. De facto, era assim que se pensava na altura na Europa ocidental e colonial! Hergé apenas navegou ao sabor daquilo que era certo na altura. Hoje em dia temos de ter a inteligência para colocar a obra de Hergé na altura histórica em que foram feitos os primeiros livros da série, e não julgá-los à luz do panorama actual.
Aliás... as crianças que lêem Tintin estão-se a borrifar nessas coisas, lêem o livro pela aventura em si, e não porque rebaixa africanos, ou mata animais com um saca-rolhas! As crianças não são estúpidas e nem sequer ligam a estes factos que sabem perfeitamente que estão errados!

Estes dois livros, Rumo à Lua e Explorando a Lua são dos meus preferidos da série. Não cabem dentro do padrão normal das histórias do Tintin. A parte policial é leve, e o palco é enorme: a Lua!
Reli estes dois livros ontem, e consegui rir-me ainda com alguns gags! Lembrei-me do porquê destes serem dos meus preferidos: divertidos, divertidos e divertidos!
São livros onde a narrativa gráfica é das melhores na série, na minha opinião, extremamente dinâmicos e com um detalhe excelente do desenho. Têm algumas páginas soberbas!!

Em Rumo à Lua a narrativa é lenta... Hergé sabe que esta é uma aventura profética do que iria acontecer no futuro, estávamos em 1953, e decididamente este autor queria mesmo contar uma grande aventura. Por isso mesmo Rumo à Lua tem um andamento bastante lento e "técnico" para colocar os leitores perante bastante detalhe e uma boa base para o livro que se seguiria.
O livro inicia-se com o regresso de Tintin e Haddock (do "País do Ouro Negro") a Moulinsart esperando encontrar o seu amigo Girassol, mas... afinal não se encontrava lá! Tinha partido para a Sildávia e convida por telegrama os nossos amigos a juntarem-se a ele.
Aí sabemos que o Professor está à frente de um enorme projecto espacial, e que uma potência estrangeira quer roubar os planos desse projecto.

Em Explorando a Lua a acção desenrola-se bastante mais rápida, tornando-se uma aventura excelente até ao fim. Muitos gags, alguns enganos científicos (claro, normal), intriga e claro os vilões dão a cara aqui. Este livro tem para mim das melhores páginas da série. Muito bom o desenho de Hergé nesta aventura, a minha preferida por todos os motivos!

Boas leituras

2 comentários:

  1. Também me lembro do quarto ano da revista tintin, embora o tenha lido bastante mais tarde. Os meus avós tinham as colecções encadernadas, era mágico... E, sim, devorava as histórias do tintin. É uma questão de gosto, mas a minha opinião é a de que Hergé não prima em «Rumo à Lua» & «Explorando a Lua», estou a falar em termos narrativos, não acho que a ficção científica seja o seu forte, sinceramente. Mas é apenas a minha opinião. Lembro-me de reler, constantemente, «Os charutos do faraó» e «O lótus azul». É de mim, provavelmente... Acho o trabalho narrativo destes últimos (que são bem mais antigos, penso, cronologicamente): genial; intrincado e genial. De prender uma pessoa, do princípio ao fim.

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  2. Ricardo Rosado
    Também gosto muito dos Charutos do Faraó!
    Na realidade a ficção não é seu forte, mas é como tudo... ele fez livros em locais onde nunca esteve, e muitos deles são completamente idiotas.
    Tintim na Lua é das poucas histórias inócuas que ele fez, talvez por isso gosto tanto desses dois livros! Em todos os outros ele acaba sempre por dar uma má imagem dos povos por onde Tintim passa, o Lótus Azul foi uma tentativa de se limpar das asneiras que fez continuamente ao longo do tempo. Mas para uma criança isso não interessa! Por isso gostei muito dos Charutos do Faraó e da Orelha Quebrada (o que eu me ria com o General Alcazar...)
    :D

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