domingo, 21 de fevereiro de 2021

Undertaker Vol.1: O Devorador de Ouro

 


O velho Oeste costuma trazer boas histórias, sou fã de algumas séries, como Bouncer, Comanche ou Tenente Blueberry. E estranhamente são os europeus que fazem as melhores histórias desta época selvagem do continente norte-americano.

A Ala dos Livros iniciou a publicação de Undertaker no final de 2019 com este volume e prepara-se para editar o segundo da série: A Dança dos Abutres. Mas isso fica para outro post, agora tenho aqui O Devorador de Ouro nas mãos.


Esta série escrita por Xavier Dorison e desenhada por Ralph Meyer já tem cinco livros publicados em França, com um assinalável sucesso, e existem razões para isso. Recordo-me quando peguei no livro pela primeira vez... olhei para a capa e pensei: cóbóis. Coloquei-o de lado para ler noutra altura porque na realidade é-me difícil pegar em westerns devido à qualidade das séries que referenciei no primeiro parágrafo.

Passado cerca de um mês resolvi pegar nele a sério. Que grande anormal preconceituoso fui! O livro é muito bom! E a série será garantidamente boa.

E assim, Dorison conta a história de um "gato-pingado" e do seu abutre a um ritmo bem rápido, com boas transições (parece que estou a falar de futebol...), e diálogos que compõem a narrativa gráfica, sem a encher de modo a que o leitor consiga acompanhar as cenas de acção em toda a sua velocidade.

A personagem principal, o nosso coveiro, é carismática, transporta consigo uma certa dose de mistério e é imbuída de um humor que eu aprecio. As personagens que rodam à sua volta estão bem construídas, e têm alguma tridimensionalidade, o que o Nuno Amado aprecia :)

Este primeiro volume está muito bem estruturado, com a tensão e novos detalhes sobre as personagens a serem descobertos na altura certa. Está tudo muito bem feito, mas gostaria de um pouco mais de "surpresa" no enredo, é a única pecha. De resto tem tudo o que um western deve ter, saloons, armas, sheriffs, tipo rico mau, miúda gira com um passado misterioso, personagem oriental coadjuvante e o coveiro... só que desta vez o coveiro é a personagem principal, e todas as outras aparecem na hora certa da maneira certa.

A arte de Meyer é muito boa. Consegue interpretar perfeitamente o ritmo da história dando-lhe fluidez e por vezes grandiosidade. Nota-se perfeitamente também que este desenhador tem a influência de Blueberry na ponta da sua caneta, o que não é uma coisa má. O toque final é dado pela cor de Caroline Delabie. Perfeita.

Só a premissa inicial de um coveiro chamado para o enterro de alguém que está vivo e ser essa mesma personagem a fazer o contrato do seu próprio enterro, mostra logo algo de diferente.

Só me resta recomendar este livro da editora Ala dos Livros, com o segundo volume já aí à porta para resolver o enorme cliffhanger final deste primeiro tomo. Um excelente western!


Boas leituras



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