A Dark Horse é uma editora criada em meados dos anos 80, mas foi nos anos 90 que se expandiu. O seu fundador foi Mike Richardson, em 1986, e concebeu esta editora virada para projectos em que os autores pudessem ficar donos das suas personagens. Isto aconteceu depois de Richardson abrir a sua loja de comics, a Pegasus Book. Os lucros desta loja serviram para criar o selo editorial!
Esta editora nos anos 90 criou um nicho de mercado que se provou rentável: adaptações de filmes!
Assim tivemos Aliens, Predator, Barb Wire, Star Wars, Buffy the Vampire Slayer, Aliens vs Predator, The Mask, RoboCop, Terminator, Indiana Jones e Serenity, só para enumerar uma parte.
Para além disso a sua publicação Dark Horse Presents foi uma rampa de lançamento para muitos artistas hoje famosos.
Mas não se ficaram por aqui. Investiram no Manga com títulos fortes: Gantz, Lone Wolf and the Cub, Akira, Ghost in the Shell, Usaji Yojimbo, Hellsing, Berserk, Trigun, etc… etc… De notar que a publicação Manga com maior longevidade no mercado norte-americano também é da Dark Horse: Oh My Goddess!
Mas foram títulos como Hellboy, BPRD, Sin City, e Umbrella Academy (mais recente) que lhe deram a notoriedade de material original de qualidade.
Destes escolhi Hellboy de Mike Mignola para este post, visto que foi criado nos anos 90, mais propriamente em 1993.
Este “demónio” foi apresentado ao público no San Diego Comic-Con Comics #2. A partir daí foi o sucesso, e até teve direito a dois filmes que agradaram aos fãs, o que se prova hoje em dia ser uma tarefa bem difícil!
Desde 1993 que Hellboy vem sendo publicado, sendo que neste momento vai no seu 12º volume. A lista é a seguinte:
- Hellboy Volume 1: Seed of Destruction
- Hellboy Volume 2: Wake The Devil
- Hellboy Volume 3: The Chained Coffin and Others
- Hellboy Volume 4: The Right Hand of Doom
- Hellboy Volume 5: Conqueror Worm
- Hellboy Volume 6: Strange Places
- Hellboy Volume 7: The Troll Witch and Others
- Hellboy Volume 8: Darkness Calls
- Hellboy Volume 9: The Wild Hunt
- Hellboy Volume 10: The Crooked Man and Others
- Hellboy Volume 11: The Bride of Hell and Others
- Hellboy Volume 12: The Storm and the Fury
Como podem ver é um universo muito rico.
Mike Mignola traz para o nosso mundo o demónio Anung un Rama (a Besta do Apocalipse), Hellboy! O mundo de Mignola é extremamente influenciado por H.P. Lovecraft e Edgar Alan Poe, daí uma dedicatória do autor a estes dois autores do fantástico numa edição de luxo publicada com este anti-herói!
Mas Hellboy também se tornou uma escola, com o estilo inconfundível de Mignola, e claro, "copiado" por outros autores. Mignola já tinha trabalhado com a DC, e bastante com a Marvel em títulos mainstream como Daredevil, X-Men e Spider-Man entre outros.
Mignola é excelente na maneira em como "decora" o espaço da acção, velhas igrejas, muitas estátuas provenientes de cemitérios, enfim um estilo gótico muito expressivo. A acção propriamente dita é simples e eficaz: é Banda Desenhada! O seu traço simples promove essa eficácia e isto aliado ao ambiente gótico, resulta numa Banda Desenhada de rara qualidade.
Gosto especialmente do equilíbrio entre o negro, o vermelho e o amarelo. Existem páginas maravilhosas neste ambiente tenebroso, mas ao mesmo tempo belo!
Como poderão verificar, o desenho de Mignola em Hellboy foge completamente à moda vigente, que já foi abordada noutros artigos desta rubrica, apresentando um traço bastante estilizado...
Infelizmente é um artista que toca muitos instrumentos e suspendeu o desenho em determinadas alturas devido a outros projectos, como por exemplo os filmes que contaram com este demónio vermelho! Assim tivemos alguns arcos em que o seu traço foi substituído por outros autores, embora o argumento seja sempre de Mignola.
Hellboy tem outra particularidade. As suas aventuras fantásticas, e sempre ligadas ao folclore local e sobrenatural, são passadas em muitos locais do mundo. Mignola tenta sempre nestas ocasiões ser o mais fiel que pode aos lugares que Hellboy visita, e Portugal está presente com uma aventura em Tavira (Algarve) na história “In the Chapel of Moloch”.
Hellboy é trazido ainda “criança “para a nossa dimensão por Rasputin, em colaboração com as forças Nazis. Estávamos em 1944. Acaba por ser apadrinhado pelo professor Trevor Bruttenholm e trabalhar no referido B.P.R.D. (Bureau for Paranormal Research and Defense).
É um gigante bruto, mas de bom coração (estamos a falar de um demónio), e em colaboração com os seus amigos Abe Sapien (anfíbio) e Liz Sherman (capacidades pirotécnicas), livram o mundo de toda a espécie de demónios, fantasmas, vampiros... Enfim, tudo o que seja sobrenaturalmente negro.
As histórias de Mignola são baseadas em mitos, lendas e sonhos (ou pesadelos). Mas apesar deste carácter fantástico são sólidas, e nota-se um grande cuidado na investigação tanto das personagens, como do local onde se passa a história. Nada é deixado ao acaso, e por algum motivo Mignola nunca deixou ninguém escrever um único título da série principal de Hellboy.
De qualquer modo o final está a aproximar-se. Cheira-me que este demónio quase simpático não vai ter um fim feliz (minha opinião) e Mignola já disse publicamente que a série não era para arrastar indefinidamente.
Este é um título que eu aconselho a toda a gente, e se tiverem carteira para isso comprem as maravilhosas edições de luxo: Hellboy Library Edition. Já foram publicados seis números destas edições!
Já sabem, podem ver as outras entradas desta rubrica, Os Comics e os Anos 90, nos links em baixo:
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Queda do Morcego
Os Comics e os Anos 90: Crossovers entre várias Editoras
Boas leituras.
Estou a adorar estes artigos sobre a década de 90. Sou fã do universo Hellboy mas ainda não li tudo o que deveria ter lido. Tenho de tratar desse assunto.
ResponderEliminarSAM
ResponderEliminarSe tiveres oportunidade (e carteira) compra as Library Editions. Capa de tecido (lã), tamanho europeu, excelente papel e óptima impressão! Esses livros são de babar...
5ª Feira terás outro artigo nesta rubrica!
:)
De certo modo, foi uma pena a Dark Horse não ter conseguido avançar mais com a Legend como imprint para grandes artistas americanos. Além do Hellboy do Mike Mignola, o selo também incluia Frank Miller (Sin City, Big Guy and Rusty e Hard Boiled), Art Adams (Monkeyman & O'Brien), Paul Chadwick (Concrete), John Byrne (Next Men e Danger Unlimited) e Mike Allred (Madman).
ResponderEliminarPaulo Costa
ResponderEliminarPenso que eles acabaram com as imprints todas, a Legends (que falaste), a Comics' Greatest World, a Maverick, DH Press e a DH Deluxe (merchandise).
A única que me parece que resistiu ao tempo foi a Dark Horse Manga!
Hellboy foi cozinhado também por John Byrne que insistiu para que Mignola avançasse sozinho para o título.
;)
Penso que a DH Deluxe ainda existe, afinal!
ResponderEliminar:D
Que pena não haver mais autores como o Mignola. Ter a coragem de terminar a série de uma personagem tão famosa ignorando o lucro fácil não é para qualquer um. Deviam haver mais séries assim. Como aconteceu com Preacher, Sandman, Bone e por aí fora. Uma pena que Robert Kirkman não tenha esta atitude, assim como Tsugumi Ohba e Takeshi Obata (criadores de Death Note e Bakuman) e muitos outros. As histórias acabam sempre por perder com este arrastar em função de possivel lucro.
ResponderEliminarA arte de Mignola é muito boa, e tal como se diz no artigo, na altura contrastava e muito com o que era considerado 'normal' na época para este tipo de aventuras. Só isso fazia-nos logo olhar duas vezes para estas Bds. Mas mais que isso, as histórias do Hellboy têm um tom muito próprio e exploraram (na minha opinião) um tipo de mundo que (mais uma vez) na altura estava completamente esquecido, escondido e espezinhado por personagens de capas e licras.
Luis Sanches
ResponderEliminarÉ preferível acabar bem, do que arrastar e terminar no esquecimento. Se Kirkman não puser um fim em WD é isso que irá acontecer!
Death Note devia ter acabado quando aconteceu a morte de uma das personagens principais (não digo quem é senão há para aí tipos que me matam...), e não arrastar-se por mais do dobro dos volumes que devia ter... mas acabou no vol.12, embora existam mais dois livros "extra".
Hellboy foi uma pedrada no charco ao nível estilístico, com um grafismo bem demarcado do resto. Talvez isso lhe tenha trazido no imediato muitos olhares curiosos, depois as histórias também eram boas e quando se juntam estes dois ingredientes o sucesso é quase garantido!
;)
Dark Horse a editora que me deu a oportunidade de conhecer o Blade of the immortal, ainda me lembro de comprar um TPB no dia de anos, na Kingpin Comics. Muito bom.
ResponderEliminarO Hellboy foi sempre aquele livro que nunca o dinheiro chegava para comprar, as outras bd's ficavam sempre a frente.
O Death Note devia ter acabado no 6 volume sem duvida.. mas pronto, é um problema comum não só em mangas/comics até séries de televisão cometem esses erros.
Boas Leituras
Ricardo
alucardscorner
ResponderEliminarTambém gostaria de comprar Blade of Immortal, mas neste momento já estou a fazer duas séries de samurais, iniciei o Lone Wolf and the Cub e vou a meio do Vagabond...
:D
O Hellboy "está" a ser publicado em Portugal pela G-Floy, mas não sei quanto custa cada um visto que estou a comprar as Library Editions em inglês. Estes sim, são caros mas valem MUITO a pena!
:D
Bom personagem mas pelos vistos nem com a serie acabada e aos soluços editam tudo aqui,acho que sairam 7 de 12.
ResponderEliminarE que teve 2 filmes.
Optimus
ResponderEliminarA série ainda não acabou no original, mas já tem um grande atraso para Portugal... facto!
As editoras esquecem-se que quando fazem grandes interregnos de publicação, os leitores esquecem-se das séries, e quando sai um novo número passa despercebido ao grande público! Só os nerds dão pela saída... e os nerds em Portugal são cerca de 500...pouca coisa sabendo que nem todos gostam de Hellboy!
:D