A seguir à Morte do Super-Homem nada melhor que a Queda do Morcego!
Desta vez vai ser o Hugo Silva a escrever.
;)
A Queda do Morcego
Nos anos 90 apostava-se muito na mudança no status quo de muitos dos heróis da Marvel e da DC, fosse por trocas de uniformes, fosse por mortes/lesões permanentes ou por substituição dos heróis que já conhecíamos há vários anos. Com a Queda do Morcego a DC conseguiu colmatar essas três coisas com uma só saga, trocou-se o uniforme, deu-se uma lesão permanente a uma das principais personagens da companhia e ainda tirou-se o manto do Morcego a Bruce Wayne.
Knightfall foi a saga que abalou os alicerces do universo do Batman na DC, começando na Primavera de 1993 e alastrando-se até 1994, aparecendo em todos os títulos relacionados com o universo de Gotham City. Mostrava um novo inimigo para o nosso herói, que acabou por conseguir o impensável (destruir o mito do Batman) e mudou tudo relacionado com o herói e os seus relacionamentos com a polícia e os seus colegas heróis.
Li isto nas revistas da Abril/Controljornal, quando saiu pela primeira vez nas revistas do Batman e do Liga da Justiça e Batman, e não naquelas compilações gigantescas que fizeram mais tarde. Há pouco tempo comprei os novos TPB’s que a DC lançou, que trouxeram coisas novas, mas não trouxeram outras que consegui ler nessas edições da editora Acj. Não deu para ler a parte em que Bruce Wayne numa cadeira de rodas tenta resgatar o pai de Robin, e volta a andar graças aos poderes de uma amiga dele, ou combates interessantes como o do Robin contra o Crocodilo ou o de Batman contra um Charada cheio de Veneno.
Uma saga destas e passando por várias revistas sofreu de um grave problema, o de diversos autores e desenhistas, tendo uma qualidade inconstante e arrastando-se um pouco em alguns números. Foram 3 grandes arcos, Knightfall, Knightquest e Knightsend tendo ainda um prólogo e alguns spin offs que prolongaram assim a saga por pouco mais de um ano.
Tudo começa quando somos apresentados a um novo vilão, Bane, que aliava a força física bruta a alguma inteligência e que decide, por pura diversão, conquistar e destruir o mito do homem morcego e elabora por isso um plano que leva à libertação de todos os inimigos do nosso herói do Asilo Arkham, e a que Gotham entre num estado de ferro e fogo. Tivemos desde o Chapeleiro Louco ao Espantalho, do Joker ao Ventríloquo, todos atormentaram a vida do nosso herói levando-o a um estado de exaustão mental e psíquica. Ele isola-se de tudo e de todos os que o podiam ajudar e vira uma presa fácil para Bane, que invade a mansão e a Batcaverna e o derrota numa luta rápida, onde quebrou as costas de Batman e o colocou assim numa cadeira de rodas.
Ele já o tinha derrotado, em todas as histórias sentíamos que aquele não era o Batman/Bruce Wayne que conhecíamos, começava a ficar inquieto e inseguro e isso não tem nada a ver com o que a personagem sempre nos transmitiu. Mas Gotham não pode ficar sem Batman, e por isso Bruce entrega o manto ao antigo herói Azrael, Jean Paul Valley, que tenta assim tomar conta da situação com a ajuda de Robin. O problema foi convencer os outros, quer os vilões quer os amigos como o comissário Gordon, que começaram logo a desconfiar que algo não estava bem.
O problema é que este herói não tinha muita estabilidade mental. Ele sofria de ilusões constantes provocadas por uma lavagem cerebral, que tinha recebido enquanto criança, que o levaria a ser um assassino exemplar e alguém com uma qualidade mental e física acima da média. Isto levou a que ele tomasse uma atitude mais forte nas ruas, espancando os seus inimigos, derrotando o Bane com uma nova armadura como uniforme, e com uma agressividade com a qual o vilão não estava à espera. Deixou Robin de lado e estava constantemente a mudar o seu uniforme, tornando-o mais prático para as lutas e mais agressivo para que deixasse todos os seus inimigos KO.
A arte era inconstante como já referi, e há arcos (como o que envolvia o Anarquia) em que a coisa se torna complicada de ler, mas no geral a coisa adequa-se bem ao espírito da saga, ao ar sombrio que se pretendia e se queria dar à coisa toda. Enquanto isso Bruce Wayne vai recuperando a sua sanidade mental, e até a saúde física, e quando percebe que Jean Paul não foi a sua melhor escolha, decide retornar um método de treinos intensivo treinando com pessoas implacáveis como a Lady Shiva e voltar assim a ser o herói corajoso que sempre foi.
A luta pelo regresso de Wayne ao manto do morcego é interessante, ele não quer destruir Valley e opta para que este perceba o erro das suas acções, tentando-o destruir psicologicamente assim como Bane tinha feito consigo. Quando tudo acaba, acontece algo que já se tinha pensado ao longo da saga, Wayne entrega temporariamente o manto ao primeiro Robin, Dick Grayson. Nunca se entendeu porque não tinha sido essa a primeira opção e isso é abordado nesse arco.
No geral isto é bem interessante, gostei de ler na fase da Abril/Controljornal e agora de novo gostei de reler aquilo tudo, há uma grande intensidade nas histórias e aquela sensação de que algo incrível estava a acontecer, afinal era a substituição de um grande ícone que se falava. Mas no fim tudo voltou ao normal, mudando no entanto a forma de trabalhar de Batman e introduzindo a famosa “Batfamília”, uma grande quantidade de amigos e parceiros com que ele conta no combate ao crime.
Texto: Hugo Silva
Espero que tenham gostado deste 3º artigo da rubrica Os Comics e os Anos 90. Em baixo têm o link das outras duas anteriores:
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem
Para verem os outros posts do Hugo Silva é só clicarem no nome dele, podem também visitar o seu blogue de nostalgia clicando em: Ainda sou do Tempo...
Boas leituras
Na minha opinião foi a pior desgraça que a DC já fez com um dos seus Super heróis. O Uniforme novo entra pra galeria da pior porcaria ja desenhada.
ResponderEliminarLi a queda do morcego e depois algumas histórias como Valley como Batman, nomeadamente a do porradão que ele deu ao Bane e quandod escartou o Robin.
ResponderEliminarNão li foi o regresso do Wayne e realmente estranhei a escolha não ter recaido sobre o Dick, tenho de espreitar isso.
Eliel Ribeiro
ResponderEliminarEste grande arco do morcego redefiniu muitas coisa neste universo, que ainda hoje perduram. Teve algumas coisas más, outras boas, outras ridículas, mas o pior para mim foi o desenhador Kelley Jones. Este homem é capaz do melhor e do pior, e o problema é que quando ele cai para o lado negro do exagero... é uma desgraça. Aliás, estávamas na década dos exageros! Anatomias super exageradas e aberrantes e pochetes... muitas pochetes... lol
Mas no final, eu gostei de ler a Queda do Morcego!
:)
Fabiano
ResponderEliminarClaro que permite! lol
Se te estás a interessar por Batman, este foi um dos arcos mais controversos de todos!
;)
Loot
ResponderEliminarIsto foi tudo publicado em português naqueles "TPB" formatinho "Batman e Liga da Justiça", "Mudanças", "A Vitória de Bane" e o restante na série de 15 volumes "Super-Heróis". Isto foi publicado pela Abril/Controljornal.
Tu que és fã de Batman deverias sempre ter isto, seja no original (se for possível), ou então estas edições em português. O universo Batman foi completamente redefinido aqui!
Anos 90!
:D
Eu tenho essas edições na altura era as únicas que conseguia comprar na papelaria aqui do sítio :P
ResponderEliminarMas não podia comprar à vontade. Agora tenciono ter os originais, mas tenho completado outras coisas do Bat (como tenho o Knightfall em português), mas hei-de lá chegar.
Loot
ResponderEliminarSão 3 volumes a saga toda no original, em TPBs com mais de 600 páginas cada um!
O 3º volume no original não vai ser fácil...
:\
A 1a vez que li a saga foi naqueles 1s tpbs antigos da dc por volta de 1995 que um aigo meu me emprestou,depois eu e ele mais uns amigos compramos a saga toda em revistas,Batman e Liga da Justiça e Batman,curiosaente a parte que menos gosto é a Cruzada,porque o Regresso do Morcego e a Queda tem bons momentos(luta com a Bane azrael,Bruce,Luta contra o Charada,fuga em massa do Arkham,etc),nessa altura tambem houve um especial muito bom com a Morte do "Novo" Batman o filme aonde o Joker se cruza com o rei palhaço do crime e ele nota logo que não é o Bruce Wayne,e de brinde o Jean Paul parte o braço mas mesmo assim o Joker foge.
ResponderEliminarE o Azreal que surgiu na mini Espada de Azreal não originalmente um heroi mas um assasino sobre controle de algo implantado pela ordem de S. Dumas,algo chamado o sistema é isso que elouquece durante a Cruzada,ou entao sempre foi maluco e luta entre o bem do Bat e a programação do Sistema do Mal elouqueceu-o aos poucos dai a violencia e o upgrade no armadura que foi ficando mais feia,apesar de eu gostar do modelo inicial.
Optimus
ResponderEliminarEu foi no ano 2000 que comecei a ler este arco, precisamente nesses TPBs da DC publicados pela Abril/Acj.
E também os arcos que gosto mais são precisamente a Queda e o Regresso!
Sinceramente não gostei do Azrael... era complicado de mais para o meu gosto!
ahahahha
:D
Obrigado a todos pelos comentários, e Fabiano obrigado por notares algo que tento sempre colocar em meus textos, Emoção :)
ResponderEliminarNão tenho grande interesse nesta fase do Batman. Mas isto deu-me uma ideia para o meu segundo texto sobre os anos 90. O meu primeiro estreia no domingo (já está escrito, só me falta escolher as fotos).
ResponderEliminarHugo Silva
ResponderEliminarUm post sem emoção não prende leitores!
;)
Paulo Costa
ResponderEliminarBoa! Depois tens de me dizer que ideias é que isto te deu para o teu segundo post!
:)
Esss 'história' de vários desenhadores já me irrita no star wars. cada um faz o raio das caras e personagens diferentes do anterior. É uma merda.
ResponderEliminarCada vez mais prefiro os europeus e acho idiotas os comics americanos...
Penso que tal como aconteceu com a morte do Super Homem, aqui também a DC perdeu uma grande oportunidade de fazer algo épico com a quebra deste personagem. A sério, admitam lá, nunca ouviram ninguém dizer 'Adorei' este arco ou a morte do Super Homem. São passos importantes que foram dados mas para mim ficaram muito aquém do que deveriam ter sido.
ResponderEliminarDa queda do morcego, lembro-me bem da arte terrivel de alguns artistas que fizeram com que ler algumas das histórias se comparasse a torturas da idade média :S
Lembro-me também que tanto a ideia de Azrael ser o novo Batman, como a explicação do Wayne para a sua escolha num quase desconhecido, foram das coisas mais estapafurdias que já li.
Lembro-me que tal como na morte do Super, a ideia da história, ou seja, o plano do Bane, era tão simples que a história acabou por resultar.
E ao contrário do Super Homem, em que o que aconteceu depois da sua morte, o aparecimento dos outros Super Homens, todo aquele mistério etc,... eram bem interessantes. Já no Batman, assim que o Bane lhe partiu as costas, foi tudo por água abaixo :S
Dito isto, queixo-me muito mas na altura comprei as revistas todas :D
pco
Apesar de gostar de alguns comics americanos, no que toca a BD para mim está muito mais bem servido quem saiba falar Francês. Ou seja, concordo em grande parte com o que dizes.
Nuno
Espero que estes artigos bons e que estas boas parcerias continuem durante muito tempo :)
Luis Sanches
ResponderEliminarO desenho do Kelley Jones é horrível em muitas páginas, aliás, podes ver o exemplo na capa (topo do post) e da imagem seguinte... (parece que o Azrael tem o corpo partido ao meio).
Mas foi mais um momento marcante dos anos 90. Esta saga arrastou-se praticamente dois anos!
:D
Sim, vão haver muitos posts nesta rubrica! Vamos varrer os anos 90!
Amanhã sai outro artigo, desta vez pelo Paulo Costa.
;)
Repito-me: Levoir com isto!
ResponderEliminar:P
este e o death/return of superman são marcos incontornáveis e seriam 6 (ou mais) volumes bem gastos) !
hehe
já as edições que circularam (e ainda vendem nas feirinhas de livros e afins) não lhes toco! aquilo é bom para aceder lareira!
bah!
PCO
ResponderEliminarA mudança de desenhadores num esquema editorial mensal e bi-mensal é incontornável. É impossível um desenhador sozinho produzir tantas páginas! Lembro-me que a saga "52" era semanal!
Na Europa não existem deadlines destes. Um livro de 48 páginas normalmente demora 8 meses no mínimo. Isso é o número de páginas de duas revista mensais nos EUA.
Portanto o esquema é este, goste-se ou não... e por vezes não gosto! Por vezes aparecem desenhadores muito maus... mas enfim, depois o normal é melhorar! LOL
:D
never-ending-spleepy-eyes
ResponderEliminarDuvido... isto seriam 9 volumes...
:D
Os meus velhinhos calhamacinhos da Abril/Acj estão muito bem na estante. Para além de terem histórias muito fixes, lembram-me de como não se deve fazer um livro de BD... até balões e cabeças cortaram no topo das páginas!
LOOOOOOOOOOL
:D