segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Entrevista: Maria José Pereira



Maria José Pereira é uma personalidade incontornável da Banda Desenhada em Portugal.
Sempre esteve ligada à edição em grandes editoras portuguesas, deixando a sua marca indelével na defunta Meribérica e na ASA (pré e pós Leya).

Depois de anunciar a sua saída da ASA, no Festival Internacional de BD de Beja, para o dia 12 de Julho passado, passou a trabalhar para outra grande editora no dia 1 de Agosto. O que sairá daí no futuro... bem, logo se vê!

Conheça melhor esta editora intrinsecamente ligada à BD em Portugal; com personalidade lutadora e super respeitada na Europa, tanto por artistas como por editoras. E isso eu sei porque fui testemunha in loco!

E espero que a montagem que fiz na foto de cima (tirada por mim em Angoulême, 2011) também seja do agrado da Maria José!


Entrevista a Maria José Pereira

1) Como te lançaste no mundo da Banda Desenhada? Ainda te lembras?
Não sou assim tão velha e tenho muito boa memória :)
Aprendi a ler com a BD que havia lá por casa (e havia bastante, tal como havia muita literatura). E quando a leitura em português esgotou, lembro-me de me deitar de barriga para baixo na sala de estar da nossa casa de Angola a consultar o dicionário. O objectivo era conseguir ler as BD’s que lá chegavam sobretudo em Francês.
Mais tarde, nos finais dos anos 70, comecei a precisar de “uns trocos” para a bica, o cinema, o tabaco... e lancei-me como tradutora freelancer. Fiz traduções para a Feriaque, para a Liber, para a Agência Portuguesa de Revistas, para a Meribérica... Tudo o que aparecia.
No entanto, só na década de 80, depois de ter passado por outros empregos (incluindo algum tempo numa agência de publicidade), é que fui parar por acaso ao departamento de BD da Meribérica.
E o acaso conta-se em duas linhas: a empresa onde trabalhava fechou, e eu voltei a tentar fazer traduções. Esta tentativa resultou na oferta de um lugar no departamento de BD da Meribérica.


2) Quais as personagens ou séries que mais te marcaram neste teu início de tua carreira na BD?
Quando comecei a trabalhar na Meribérica, estávamos a lançar a 1ª série da revista Selecções BD. Eu já tinha traduzido alguns livros do Bilal – na minha época de tradutora freelancer – e fiquei fascinada com a publicação (e vinda) do Bilal a Portugal salvo erro em 1988/89. Veio ele e o Claude Moliterni.
Da minha infância, lembro-me das personagens do Spirou Belga (algumas das quais “repesquei”): Spaguetti, Taka Takata, Iznogoud... No fundo, aquilo que eram então as séries “grande público”, próprias para a leitura de alguém com cerca de 9 anos num país onde não existia TV e os Jogos de Vídeo ou os PC ainda não tinham sido inventados (ao lê-las, sentia-me como no dia em que, pela rádio, soube que o homem tinha chegado à lua!).

3) Mas eu sempre ouvi dizer que tinhas um carinho muito especial por uma série: Asterix!
Onde cabe essa série nos teus afectos bedéfilos?
Cabe nos meus afectos maiores: nos afectos feitos de muitas memórias, de muita batalha e de muito gozo.
Deu muito gozo, porque tenho o privilégio de ter traduzido (ou co-traduzido) toda a colecção (inclusive o livro que vai ser publicado pela ASA este ano) e de ter pensado, desde 1990, muitas pequenas campanhas de marketing; de muita batalha, porque a minha vida de editora de Astérix é a vida de um editor que resiste “agora e sempre” e que, para isso, precisa de uma poção mágica da qual ninguém conhece a fórmula... mas que há, há!
E de afectos e cumplicidades: do Sr. Uderzo e de toda uma equipa da Hachette e da Albert René que sempre acreditou em mim, na minha força e que me apoiou – mesmo quando lancei o Astérix em Mirandês.
Sim, é verdade: a BD é a minha segunda pele. Algumas BD’s fazem parte da minha alma.

4) Como defines a tua passagem pela Meribérica?
Divido-a em duas fases: a primeira, que durou até 1999, em que a Meribérica era a minha casa, a “editora” onde estava como estivesse numa empresa que era minha, e os últimos dois anos em que o acaso quis que tudo se tornasse difícil para todos os que lá estavam.
A Meribérica foi para mim uma grande aprendizagem: em termos profissionais e em termos pessoais. Aprendi sobretudo que gostar das pessoas e do que se faz às vezes não chega. Aprendi a aceitar, a perdoar, e a perceber que o que somos hoje podemos não ser amanhã: a doença pode corroer-nos a alma e tornar-nos cruéis sem que disso tenhamos consciência. Aprendi que a nossa condição humana nos deve levar a sermos humildes.

5) Muita gente se interroga ainda hoje, para além de haver muitos e variados boatos sobre o assunto, sobre o porquê da queda dessa editora que tinha o mercado totalmente nas mãos. O que achas que despoletou, ou qual foi a verdadeira razão que levou o gigante Meribérica a cair estrondosamente?
Um dia escrevo uma trágico-comédia sobre a Meribérica. Nessa altura, esclareço tudo .
Mas olha que:
- A BD na Meribérica era uma fatia pequeníssima da facturação (o trabalho desenvolvido pelas pessoas que trabalhavam no departamento de BD só servia para criar notoriedade à empresa). Na realidade a empresa detinha um polo de livros (culinária, infantis, BD...) e um polo de revistas (TV Cabo, Tele-Culinária, Casa e Decoração...).
- A Meribérica era uma sociedade por quotas, cujo principal sócio detinha cerca de 95% do capital.
- Era também o sócio maioritário de uma série de agências de publicidade, agências de compra de meios, uma sociedade no Brasil, uma sociedade em França, um campo de Golf em Palmela... um... um... um...
- Não foi só a Meribérica que ruiu: infelizmente, ruiu “estrondosamente” tudo. E curiosamente, antes da Meribérica.
Explicação?
Só posso dar-te a minha perspectiva (que pode não ser a correta): um misto do ditado “ter mais olhos do que barriga”, a que se adiciona um terço de imprevistos (a falência da distribuidora para os livros e a da distribuidora das revistas). Depois de juntar tudo, bate-se com uma dose de loucura e enfeita-se rodeado de muitas sanguessugas. Resultado: uma mistura altamente explosiva e de cor vermelha.

6) Como foi a fase seguinte na tua carreira. Isto é... entre a queda da Meribérica e a entrada na ASA?
Uns valentes meses de baixa à caixa e sem trabalhar. Os acontecimentos que vivera na empresa – sobretudo no último ano - tinham-me causado “mossa”. Infelizmente, causaram a muita gente.

7) Como aconteceu a tua entrada na ASA e que objectivos te foram propostos para o teu trabalho no Departamento de BD desta editora?
Um dos meus colegas da Meribérica – o Sancho Coelho que fazia parte da área comercial -, saiu da Meribérica em Junho/Julho (lembro-me que quando regressei de férias não havia departamento comercial) e ligou-me em Outubro, depois da Feira do livro de Frankfurt, a dizer que o Sr. Américo Areal (então dono da ASA) queria conhecer-me e falar comigo.
Disse-lhe que não estava interessada, mas insistiram, insistiram até que, em finais de Dezembro, aproveitando uma viagem que fizemos à Corunha, acabei por passar pelo Porto e ir conhecer a empresa.
Foi-me pedida a edição de cerca de 40 títulos de BD por ano, sendo que poderia escolher a minha equipa que seria constituída por 4 pessoas. Como não podia ir para o Porto (tinha a minha vida familiar estruturada em Lisboa), ficou acordado que ficaria a trabalhar em Lisboa. A minha missão consistia em tentar que a ASA fosse a maior editora de BD nacional (o que tentara antes, sem sucesso).
Em termos de equipa, a mesma foi sendo alargada ao longo do tempo, pois entretanto foi-me pedido que ficasse responsável pela contratação de outro tipo de livros para além da BD (culinária, e livros a que chamámos “linha mulher e vida”). Nessa altura, a equipa passou a contar mais 4 elementos (incluindo um paginador). Veio a ser novamente alargada quando começámos a efectuar a parceria ASA/PÚBLICO, com a contratação de outro elemento.

8) A compra da ASA pelo gigante Leya afectou o Dep. de BD da ASA?
Uma compra de uma empresa acarreta sempre mudanças. Mudanças na maneira de trabalhar, de relacionamentos entre superiores e colegas (passámos de uma empresa familiar para um Grupo de várias empresas até então concorrentes), nos processos de trabalho, nas dependências hierárquicas e sobretudo implica reestruturações. É uma mudança geral, que não afecta apenas um departamento mas um todo.

9) Quais foram as principais contrariedades que tiveste no arranque da ASA como grande editora de BD?
Não tive propriamente “contrariedades”, mas algumas dificuldades iniciais que se prendiam com o facto de o poder de decisão estar no Porto e de a equipa de BD estar em Lisboa. Havia também o “fantasma” da época em que a ASA tinha tido um catálogo de BD e que reportava aos finais dos anos 80, inícios de 90 e cuja última fase, por razões que ainda hoje desconheço, terão corrido “menos bem”.
Mas o ambiente no interior da ASA era óptimo (ainda hoje me lembro frequentemente de algumas pessoas de quem fiquei a gostar muito – nomeadamente do meu antigo patrão, o Sr. Américo Augusto). De resto, a proposta que me foi feita era um desafio, e eu gosto de desafios.

10) Nesse período houve bastantes séries que foram suspensas ou canceladas. Quais as razões que provocaram esta situação, razões editoriais? Vendas deficientes?
Houve várias e diferentes razões: Eu fui para a ASA nos inícios de 2002, e nessa altura os processos de impressão não são os que são hoje (a sobretudo a partir de 2005, a impressão através de fotolitos foi sendo posta de parte para dar lugar à impressão através de CD’s). Comecei a construir o catálogo com séries que em França já tinham algum tempo (algumas, eram as primeiras obras de autores como o Marini...). Em alguns casos, o processo de transformação do material de impressão dessas séries de fotolitos para CD’s levou algum tempo (os editores estrangeiros investiam sobretudo em séries mais recentes sendo que as séries mais antigas só foram digitalizadas à medida em que eram necessárias reimpressões e havia pedidos de vários editores).
Depois, havia a nossa própria capacidade interna de produção: apesar de sermos “muitos”, começámos em 2006 a trabalhar com o Público e não era fácil gerir as 3 áreas de edição que até então existiam e mais essa que era totalmente nova para a maior parte da minha equipa... E também é evidente que uma quantidade enorme de títulos a editar necessita de um maior investimento em termos de direitos que nem sempre está disponível.
Mas isso não te tira alguma razão: também houve séries que foram “mal” recebidas pelos leitores e que se afiguraram não rentáveis. E dou-te alguns exemplos: “O Rei Catástrofe”, “Fadas e Ternos Autómatos”...

11) Como funcionou a nível de conteúdos a parceria ASA/Público? Quem escolhia as séries, obras e capas?
O nome “parceria” indicia a resposta: havia uma apresentação à discussão de determinadas séries possíveis e chegava-se a um consenso.
O trabalho editorial era da responsabilidade do departamento de BD da ASA, e era previamente submetido a quem de direito até se obter o necessário consenso.
Mas era um trabalho para nós gratificante: há, sobretudo nas últimas colecções, pequenas subtilezas que podem passar despercebidas mas que a nós nos dava muito gozo discuti-las e pensar nelas.

12) Como viste essa parceria ASA/Público? Foi um sucesso comercial, ou houve alguns reveses nessa parceria?
Comecei a “sonhar” com uma parceria com o Público ainda na Meribérica. E um dia meti pés ao caminho e fui ao Lumiar (o Público ainda aí estava) falar com um responsável (salvo erro, o Engº. Marquitos).
Anos mais tarde, contei com todo o apoio do Sr. Américo Augusto para esta iniciativa e foi ele (não eu) quem fez as primeiras “démarches” para que o processo avançasse. Eu entrei a seguir. Por isso, essa parceria era uma coisa que eu queria muito, tinha lutado por ela. Vi-a, mais tarde, a dois “tempos”: um, de entusiasmo, outro, de cansaço. Mas penso que durante a minha permanência no projecto não houve muitos reveses.

13) Qual é a tua opinião sincera sobre a aventura Manga da ASA?
Acho que se apostou pouco em “marketing”. Mas eu tinha uma estratégia e custou-me muito ter de desistir deste projecto.

14) Se ainda fosses a responsável editorial da ASA e pudesses mudar algo hoje sobre a aproximação da ASA ao Manga, o que seria?
Em termos editoriais, e dentro das contingências – e a maior é o tempo que demoram as negociações contratuais (para te dar uma ideia, eu levei cerca de 5 anos a conseguir negociar o Dragon Ball) – não mudaria muito. Publiquei os “pais” do Mangá e gostaria de, a seguir, ter tido oportunidade de continuar numa série mais comercial (e com marketing, claro).
Mas é verdade que as vendas de Mangá estão a cair em toda a Europa e que em Portugal, numa época de crise, a edição de Mangá é “uma aventura”.

15) Quais os teus melhores momentos editoriais dentro da ASA?
Não sei dizer-te. Mas os meus melhores momentos são sempre momentos de construção de projectos e de partilha com os autores e com os leitores.

16) O que achas que precipitou a tua saída desta editora?
Fiquei sem a equipa editorial que eu tinha negociado e escolhido quando entrei para a ASA. E muitas dessas pessoas tinham abandonado, na altura, um emprego “seguro” onde estavam há muitos anos para me seguirem. Confiaram em mim. Eu senti não só que as tinha traído, como que tinha diante de mim um trabalho “colossal” que apenas duas pessoas não poderiam fazer (pelo menos, da forma como eu entendo que deve ser feito).

17) Já sei que conseguiste trabalho relacionado com a edição. Podes informar os leitores do nome da editora em que trabalhas neste momento, e quais foram os objectivos que te foram propostos?
Estou a trabalhar desde o dia 1 de Agosto na Verbo como responsável pelo catálogo infanto-juvenil. O que eu gostaria é que a Verbo pudesse um dia voltar a ser a referência que foi outrora.

18) Uma opinião sincera sobre o mercado nacional de Banda Desenhada?
É um mercado dividido entre o grande público, os “nerds” e os distraídos. O grande público só compra o que vê (e vê pouco), os distraídos de vez em quando tropeçam numa BD sabe-se lá por que acaso e os “nerds” falam, barafustam, mas fazem pouco (e quando fazem, cada um puxa para seu lado ou criticam o que os outros fazem). É um cansaço.

19) Uma opinião sincera sobre os autores portugueses?
Se mais não fosse, e porque a trabalhar para o mercado nacional, nenhum autor vive só da BD, ser autor português começa por ser uma pseudo-profissão.
Quanto aos autores portugueses, diria que há autores e Autores e convém distinguir. Mas regra geral há autores com talento e que não cumprem prazos, há autores que não aceitam críticas, há autores com sucesso e a quem o sucesso sobe à cabeça, e há autores que são sempre os mesmos: não se esquecem de que são pessoas. E como sabem que não há autores sem editores, não se esquecem da pessoa que és.

20) Como achas que se pode potenciar as vendas neste segmento de mercado, ou seja, colocar a Banda desenhada "na moda"?
Eu defendo que “só se procura aquilo que se conhece”. E fazer chegar a BD onde não existe foi sempre o meu lema. Trabalhar essa outra forma de divulgação, estar sempre a inovar e não a repetir o que os outros já fizeram, é o desafio. Só isso poderá criar aquilo que é mais urgente para que a leitura de BD não desapareça: uma nova geração de leitores. Se isso passa por fazer Web BD’s, porque não? Mas devemos ter em mente que há uma diferença entre fazer algo para nós (ou para meia dúzia de amigos) ou fazer algo para partilhar. E editar é partilhar. Se o livro não chegar aos leitores, para quê editá-lo, para quê criá-lo? Também não há autores sem leitores.

21) Qual é tua opinião sobre os festivais de BD que se fazem em Portugal, e o que achas que se poderia fazer para melhorar alguns deles?
Sou uma pessoa muito suspeita para falar dos festivais de BD, tanto mais que sei que tenho a minha quota-parte de responsabilidade no lançamento e na projecção que o Festival da Amadora alcançou (ainda o ano passado eu e o Eduardo Nascimento nos rimos das peripécias, trabalho e carolice – para fazer o primeiro festival que se resumiu a uma exposição do Lucky Luke na Galeria Municipal...).
Penso que é indiscutível que, por mais “imperfeitos” que sejam, têm a indiscutível vantagem de pôr muita gente a falar de BD e de levar a BD a outros públicos (como as escolas).
Mas considero que um festival de BD é um serviço (para mim a cultura é um serviço público) que tem de servir a comunidade. E deve entender-se comunidade não como um nicho, mas como a comunidade em geral. Eu não concordo nada com sessões de autógrafos de autores a assinar em papéis em branco, com leitores que se metem 3 e 4 vezes na fila (e são sempre os mesmos), com autógrafos em livros que não são comprados dentro do recinto do festival... deixando os leitores que compram os livros no festival (e se deslocam lá para isso) sem autógrafos.

22) Como organizadora dos Prémios Profissionais de Banda Desenhada (PPBD), o que achaste desta primeira edição.
Acho que demos um passo para chegar onde queríamos, ou seja, para que a nível institucional, os autores portugueses possam passar a estar representados nas Feiras Internacionais. Tivemos muitas críticas e sabemos que se pode fazer mais e melhor. Alguém se oferece? Autores e editores: querem pelo menos enviar-nos a lista das obras que publicam? Já era uma ajudinha...

Maria José e Nuno Amado
23) O que tu pensas sobre uma crítica muito apontada aos PPBD, sobre a designação "profissionais"? Não há profissionais de BD?
Acho que nem vale a pena perder tempo a responder a um “desabafo” tão infeliz como esse. Não houve há tempos um político que aconselhou os portugueses a emigrar? Esses velhos do Restelo podem ser os primeiros. Porque o que nós precisamos TODOS é de quem faça. Já não nos chega o que vemos na TV (e no parlamento) todos os dias?

24) Sei que não és vidente, mas fala do futuro da BD em Portugal. Negro? Está expansão? Como vês pessoalmente o futuro neste nicho de mercado em Portugal?
Eu defendo que “só se procura aquilo que se conhece”. Estou na edição de BD há cerca de 25 anos e posso dizer-te que as tiragens são cada vez mais reduzidas. Isso significa que há, em Portugal, menos pessoas a interessarem-se pela BD. Vamos ver o que vai acontecer nos próximos tempos, mas não estou muito optimista; além disso, o panorama económico também não é animador: as pessoas têm cada vez menos dinheiro para gastar em livros, há cada vez mais livrarias e outros pontos de comercialização de livros com problemas e há uma divisão enorme entre as pessoas que podiam fazer algo pelo BD em Portugal (este não fala com aquele por uma palermice qualquer, ninguém divulga convenientemente o que “é nosso”, não há debates, não há estudos, não há encontros sérios – como existiam por exemplo nos anos 70/80, quando o CPBD foi criado...).
Também aqui o que eu vejo é, uma vez mais, o célebre espírito português: o meu vizinho teve sucesso com o negócio e abriu um bar? Boa! Vou abrir um bar ao lado dele. Não penso que isto leve a lado algum, mas veremos.

25) Fala um pouco de ti, anseios, gostos culinários, musica... enfim, a maior parte das pessoas não conhece a Maria José fora da BD, poderias falar então um pouco de ti?
Sou exigente comigo própria e com quem trabalha comigo, sei muito bem o que quero, defendo que a vida é um bem precioso - e escasso – e que não deve ser desperdiçada nem com coisas nem com pessoas que não valham a pena. Tenho como lema de vida fazer aos outros aquilo que gostaria que me fizessem a mim própria e seja quais forem as consequências, agir sempre de acordo com a minha consciência. Defendo que a vida nos foi dada para sermos felizes e que, para isso, precisamos de muito pouca coisa. Adoro o sol, a alegria de viver dos países a sul do equador, as mornas, os merengues e o samba, faço ioga, gosto de pintar, gosto de escrever, faço escultura... Sou curiosa, a realizar qualquer coisa prefiro coisas complicadas a coisas simples, gosto de ler (para além da BD). Alguns dos meus autores preferidos? Albert Camus, Jorge Luís Borges, Fernando Pessoa, José Saramago... A viagem dos meus sonhos? Cuba e Cabo Verde. O prato de que tenho mais saudades? A canjica que comia em Angola quando era miúda. De resto, gostando sobretudo de peixe só não como cabidelas e coelho. A única coisa de que não prescindo no mundo? Da minha grande família afectiva (não forçosamente biológica), de andar descalça sempre que posso, de um bom queijo e um copo de tinto fresco e de ter a casa cheia de amigos.

26) Para finalizar poderias deixar uma mensagem aos leitores do blogue Leituras de BD?
Sigam os vossos sonhos e o blogue do Nuno. É aí que se cruzam os nossos interesses.

Obrigado Maria José!
:)

De nada. Um abraço para ti,

Mjosé

Pronto. Só me resta agradecer à Maria José esta entrevista, e esperar que seja do vosso agrado!

Boas leituras

PS: Esta entrevista foi combinada no final de Junho e iniciada em 22 de Julho.

121 comentários:

  1. Parabéns, e obrigado!, pela entrevista.
    A Maria José é,
    indubitavelmente, um dos Incontornáveis da BD em Portugal. Como pessoa, e como profissional ligada à 9ª arte! :)
    Também eu desejo que a Verbo volte a dar cartas na edição de BD, e aproveito para desejar à Maria José todo o sucesso, profissional, e pessoal.

    Jorge Fernandes

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  2. É uma entrevista desassombrada, pejada de autenticidade e bom senso, ingredientes que vão rareando na despensa de muita gente de hoje.
    A Maria José disse o que sente, a sua experiência editorial - naturalmente resumida ao espaço de uma entrevista - mas tem atrás desta bosquejo um manancial de conhecimentos, de apostas editoriais, de arrojo e, sobretudo, de camaradagem e companheirismo que, para mim, não são novidade ora trazida a público. Sobre isto, basta ler a resposta à questão 16ª, que diz tudo - a equipa, a solidariedade, a coerência.
    A somar a tudo isto, há a resposta 15ª, que expressa a máxima de um verdadeiro editor, que ela levava, e leva, à risca.
    Tudo o que ela disse corresponde à Maria José autêntica e sincera, sem jogos de palavras ou subterfúgios de linguagem.
    Creio que a ASA/LeYa perdeu uma Editora competente, activa, sonhadora nos projectos e determinada nas suas concretizações; perdeu alguém que, melhor do que muitos abencerragens que andam por aí, conhece a BD nacional e internacional, as portas de entrada e de saída, o meio no seu todo, desde os autores, as obras, as gráficas e toda a fase de divulgação e distribuição inerentes. Como alguém deixou escrito - perdoe-me a sua memória por não recordar o nome - "o mais difícil não é cumprir o dever, é conhecê-lo".
    Mas também creio que a Verbo conseguiu uma grande profissional, capaz de dinamizar e expandir a chancela nos projectos que ela encetar. Não só creio, como espero, sendo esta esperança a certeza naquilo que a Maria José propuser fazer, porque o fará.
    Há autores que deixam uma marca indelével na BD através da sua obra, tal qual a pegada de Armstrong na Lua; há editores (raríssimos) que deixam a mesma marca no conjunto de obras e de autores que determinam publicar. No superlativo raríssimo utilizado, está a Maria José incluída. Como costumno dizer, o êxito não é uma dádiva, mas sim uma conquista.
    Fiquei a saber - curiosidade que a mim toca - que a Maria José não gosta de cabidela e coelho, precisamente dois pratos que eu rejeito liminarmente - os únicos aliás.
    Tenho a confidenciar que me despedi da Maria José e do marido - um pouco atabalhoadamente - durante a audição de um fado, ao vivo, da Carminho. Se o Fado é Destino, a Maria José escolhe o seu, livre como sempre foi, determinada como sempre será, eficaz como lhe compete ser.
    Fez-me bem ler esta entrevista. Daí um agradecimento especial ao Nuno, a provar que não é por acaso que o seu espaço - este espaço - é considerado de referência na BD nacional.
    Para a Maria José, um grande beijo de gratidão, com o augúrio de sucessos na carreira.

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  3. A Maria José pode adiantar alguma coisa sobre a reedição das Aventuras Fantásticas, uma das coleções da Verbo que mais deixou saudades? Obrigado.

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  4. Uma entrevista importante pelo que de divulgação faz da BD, de uma pessoa incontotnável neste campo. Está de Parabéns as Leituras, está de parabéns a maria José e estão de parabéns todos os que gostam de BD. A mim, que não sou desenhador, argumentista, profissional, somente um "ajuntador", só me resta fazer o que posso; continuar a comprar dentro das possibilidades.

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  5. Excelente entrevista, o leituras de BD a prestar serviço público aos amantes de BD e não só. Em minha opinião, um dos grandes problemas da banda desenhada em Portugal, para além da crise económica e falta de divulgação é continuar a ser considerada uma arte menor, uma coisa de miúdos, de crianças. Claro que também o é mas não só. É o problema dos preconceitos. Quando digo que gosto e coleciono BD muitas pessoas ficam a pensar que sou meio tontinho, afinal já tenho 40, não sou criança. Para finalizar um abraço ao Nuno Amado, apesar de comentar poucas vezes sou um leitor diário deste blogue, e desejar à entrevistada sucesso profissional, sinal de que a BD sairá a ganhar.
    Nuno Dias

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  6. Jorge Fernandes
    Obrigado, mas é à Maria José, que se disponibilizou para esta entrevista, que tens de "obrigadar"!
    Acho que era necessária a entrevista nesta altura de mudança, achei que era a altura certa para isto!
    :)

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  7. Santos Costa
    Tento ir ao encontro daquilo que os leitores deste blogue querem, e achei que era importante uma entrevista à Maria José!
    Acho que ela gostará de ler o teu comment!
    ;)

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  8. Nirvana
    Isso só a Maria José poderá responder. A ver se ela diz alguma coisa sobre isso.
    :)

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  9. Ebento Ribeiro
    Obrigado! Estou como tu, vou comprando dentro das possibilidades.
    Obrigado pelo feedback!
    :)

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  10. Silent Soul
    Nuno Dias, obrigado pelas palavras de elogio!
    Tento sempre fidelizar o público que lê este blogue!
    Eu tenho 49 anos, portanto ainda sou mais "maluquinho" que tu!
    Os meus amigos não sabem o que dizer quando entram na minha "bedeteca"...
    ahahahahhaha
    :D

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  11. Nuno, excelente entrevista com, não só, alguém importantissimo na Bd nacional como também uma entrevista gorda de conteudo, tanto acerca das lides editoriais nacionais mas também com muito sobre a pessoa entrevistada. Adorei esta entrevista, tenho a agradecer à Maria José os anos que dedicou (e que esperemos ainda há-de dedicar) à Bd. Muitos de nós fanáticos devemos muito a esta Senhora.

    O Leituras está na minha opinião a atravessar a sua melhor fase em termos de conteudo desde que conheço o blog. Continuação de óptimo trabalho Nuno (e colaboradores :)

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  12. Tambem gostei da entrevista,mas eu nunca me lembro de ver a Verbo em grande na bd tirando o Tintin que muitos primos e tios meus compravam,alguns deles ate me meteram o vicio da Bd.
    O Dragon Ball foi muito mal marketizado ou melhor segui a logica editora edita e se o publico nao comprar a culpa é dele e tem o anime mais visto de sempre em Portugal,que ate encheu salas de cinema e parou o pai.E na epoca ate tinham a nova versão z kai remasterizada na Sic Radical.Embora para mim ache entranho o salto por cima dos comics para os mangas,porque tanto a Meriberica como a Asa ja tinham algum passado com eles.Adorei a resposta 18,mais pela parte dos fas.Na resposta 20 e 24 a um realismo só que se esquece que mesmo as Majors ja visam mais os filmes/jogos/series de tv animadas e reais que as bds em si,logo o mercado vai encolhendo e mudando ate na maneira de ler e comprar,o futuro e cada vez mais digital e mais rapido nao é como antigamente com series com atrasos de 5 anos,19 anos etc
    Somos menos mas temos que saber cativar tenho 1 sobrinho eu que sei que é grande fan do Aranha dos filmes e desenhos quando veio ca,dei-lhe n formatinhos para ler e cativar como fizeram comigo Guerras Secretas,Carnificina Total,Homens-Aranha anuais.

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  13. Ler esta entrevista fez-me perceber que a banda-desenhada nacional não está morta, é um monstro adormecido à espera de ser acordado. A Maria José é uma editora firme nas suas ideias que deixou a sua marca em todas as editoras que passou. Soube impulsionar a BD e dar-lhe projeção. Agora falta um último passo, a divulgação em massa. Espero que a Verbo lhe dê as ferramentas necessárias para fazer o que sempre faltou na BD nacional: levá-la ao público e trazer o público até ela de uma forma mais mediática e comercial, pondo de lado egos ou visões mais eruditas de uma arte que é popular. Acredito que o projeto da Verbo vai vingar, até mesmo na recuperação das Aventuras Fantásticas, e que em breve será a referência da BD em Portugal, seja ela franco-belga, japonesa, americana e, obviamente, portuguesa. Sempre sem discriminações! ;)

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  14. Bruno Matos
    Gostaria muito que com a ida da Maria José para a Verbo, esta editora iniciasse um catalogo de BD, mesmo que fosse reduzido ao mínimo do risco comercial que isso acarreta.
    A Verbo praticamente deixou a BD com a ida do Tintin para a ASA, vamos a ver agora... mas isso só a Maria José poderá responder!
    ;)

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  15. Parabéns pela entrevista a ambos.
    Infelizmente o mercado da BD em Portugal sofre por ser diminuto. Mas também é verdade que a alguns anos se dizia que os portugueses não liam nem comprovam livros, e neste momento, nunca se editaram tantos livros anualmente em Portugal, o que significa que há mercado.
    A BD é mais especial, é verdade, mas convêm ter atenção a várias coisas:
    1 - Respeitar os consumidores/leitores. Quando se inicia uma colecção, acaba-la, não a deixar a meio. Alguém que por acaso, comprou uma BD e gostou, vai à procura do 2º volume e descobre que não foi editado, logo desinteressa-se e diz mal.
    2 - Colocar as BDs mais visíveis: a FNAC, por ex., tem o péssimo hábito de colocar em destaque as BDs em francês (?).
    Bem, isto já está longo, felicidades para a Maria José na nova editora e cumprimentos ao blogger.


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  16. Pedro Gomes
    Obrigado!
    :)
    Atenção que o editar-se cada vez mais livros não quer dizer que vendam... e não vendem mesmo! Só mesmo aqueles autores da "moda" vendem sempre, e aquelas sagas de inegável qualidade tipo Guerra dos Tronos e Senhor dos Anéis, para além das séries de culto juvenil tipo Harry Potter e Eragon. O resto pouco vende...
    :\
    Quanto a respeitar os consumidores/leitores tem de haver um consenso. Se uma série em que foi editado o 1º e o 2º volume não vendeu, será lógico que a editora suspenda a série para obstar a problemas comerciais... temos sempre de pensar nisto, aliás, há um mito de que só em Portugal se cancelam séries o que não é verdade! Nos EUA, França e Japão também se cancelam séries pelos mesmo motivos. O que eu não compreendo é como se cancelam séries faltando apenas o último número para sair! Isso sim é uma aberração e o total desrespeito pelo leitor! Exemplos: UW1 e Korrigans da Vitamina BD. Isso é que é o cúmulo do desrespeito. Cancelar no 1º número... bem é mau para quem comprou mas pronto... eu compreendo, não tinha viabilidade e por isso ficam alguns leitores prejudicados o que não é agradável... mas penso que compreensível comercialmente.
    A FNAC para mim é destruidora da BD em Portugal. Esconde títulos portugueses para colocar os mesmo títulos em língua estrangeira à frente! Há muita gente que diz que se não fosse a FNAC já não existia BD em português... mais um mito! Eu acho precisamente o contrário! Espalhem a BD pelos milhares de livrarias em Portugal que se calhar vendem mais.
    ;)

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. Nuno,
    antes de mais parabéns pela entrevista, acho que que foram perguntas que permitiram que se conheça um pouco melhor, não só a profissional, mas também a pessoa que é a Maria José. Aproveito para agradecer à Maria José as obras que o seu entusiasmo, trabalho e empenho nos deu a conhecer durante todos estes anos e faço votos que seja Feliz na sua nova Editora. Se for possível que daí venha BD, ainda melhor ;-).

    Luis

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  19. Silent Soul,

    Sou da idade do Nuno, e sempre fiz questão que as pessoas que me rodeiam saibam que gosto de BD. A maioria entende e respeita, mesmo que não seja fã. Os outros... que comam só as batatas! ;)

    Jorge Fernandes

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  20. Boas, Nuno

    folgo em saber a tua idade! É a vida!
    Tens razão em relação às edições, mas na verdade, vende-se mais livros, e não só das sagas mais conhecidas.

    Quanto à interrupção das séries, até compreendo, mas tentem lançar principalmente one-shots ou séries de apenas 2/3 volumes.

    Não me fales da UW, que fico doente!

    Por acaso, ultimamente, tenho comprado na Bertrand, está fornecida pela Devir, Asa, etc, até já lá comprei um livro da série 10 pãezinhos, do Bá e do Moon.

    Um abraço.

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  21. Nuno Amado e Jorge Fernandes,
    esta coisa da BD ser para crianças é o que vai passando pela cabeça da maioria das pessoas. Os meus familiares e amigos depois de verem a minha coleção ficam boquiabertos (e ela não é tão grande quanto a do Nuno Amado, a julgar pelas imagens por aqui colocadas), mas costumo mostrar~lhes diferentes personagens, diferentes tipos de desenho e de histórias. Não passam a fãs de BD mas ficam a perceber que a BD abrange todas as idades e sensibilidades e que muitos dos autores são reconhecidos por também escreverem romances. Acho que a missão de quem gosta de BD para além de a colecionar e consumir passa por a dar a conhecer aos que nos rodeiam. Todos os fatores para que a BD não seja um produto de massas já aqui foram focados, mas o fator económico tem um peso muito importante, por norma a BD é cara e a população portuguesa ganha muito mal, logo a prioridade é alimentação e roupa e não os produtos culturais (literatura, música, BD, cinema, etc.).

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  22. MECO
    Era esse o objectivo: permitir que se conhecesse um pouco melhor, não só a profissional, mas também a pessoa!
    Se dizes que foi alcançado, então o objectivo foi atingido!
    :)

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  23. Silent Soul e Jorge Fernandes
    É isso que eu faço lá em casa com amigos... todos têm de fazer a "peregrinação à Bedeteca"!
    E aí vêm coisas que nunca viram na vida... quem não gosta, pode sempre olhar para os bonecos de chumbo e PVC!
    :D
    Silent Soul
    As prioridades nem são essas! As prioridades são um bom carro, roupas e calçado de marca e Icoisas (IPhones, IPads, etc). Depois disso vem a comida e a renda casa. Não é assim para todos, mas é para muitos...
    :\

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  24. PEDRO GOMES
    Olha que o que eu ouvi não foi isso... apesar de haver muitas novidades as vendas estão a descer.
    :P
    Interrupção de séries é uma coisa que vai sempre acontecer se o público não aderir. Publicar apenas one-shots ou séries de 2 ou 3 livros é castrador! As melhores obras estão todas em séries como muito mais que isso!
    :|

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  25. Maria José Pereira
    Mais uma pergunta para ti!
    :)
    Qual foi a tua relação profissional com a Booktree?
    Foste fundadora dessa editora?
    Trabalhaste lá?
    :)

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  26. Vou jantar e já venho. Pode ser?

    Maria José

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  27. Há estórias que não ficaram contadas na entrevista e uma delas é a de que sou "avessa" a comentar ou "postar" em blogues. E tu sabes.
    Abro uma das raras excepções que "impus" a mim própria e, para isso, tenho de começar por contar como nos encontrámos e conhecemos.
    Um dia, recebi na ASA um mail ou um telefonema (já não me lembro) de um leitor que me fazia inúmeras perguntas. Não querendo deixá-lo sem respostas, pensei que me seria mais fácil - poupava tempo - aproveitar a hora de almoço e convidá-lo a passar por lá. O Nuno apareceu, de olhos nos olhos fez-me as perguntas que tinha de fazer, comentou o que tinha a comentar.No fim, perguntou-me: posso tirar fotos. Eu respondi: às instalações podes. Eu não gosto de aparecer.
    E o que me leva a estar aqui hoje é um misto de reconhecimento pelo trabalho que faz e de gratidão pelo respeito e força que fazem parte da sua personalidade. Porque o Nuno mete-se ao caminho, tenta perceber as histórias do princípio ao fim, não publica conjecturas como se fossem verdades, não se esconde por detrás de sombras anónimas, não copia textos (ou parte de textos)sem citar o seu autor, não publica fotos que não lhe permitiram que fossem publicadas e, muito menos, que roubou a outros sem mencionar fontes.

    E volto já.

    Maria José Pereira

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  28. Gostava de aproveitar este espaço para agradecer à Maria José Pereira tudo aquilo que fez e faz pela BD em Portugal.

    No papel de editora da Meribérica trouxe pela mão a Portugal uma série de histórias que foram preenchendo o meu imaginário juvenil.

    Moebius, Bilal, Uderzo, tantos autores que faziam com que trocasse o mar da Póvoa de Varzim pela Biblioteca Municipal Verões a fio...

    Hoje sou um leitor assíduo e convicto de BD graças a essas tardes a devorara álbuns atrás de álbuns.

    O meu sincero e sentido "Muito Obrigado", Maria José!

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  29. Deixei esta listagem crescer demasiado e vou ter de abreviar.
    Primeiro, nos agradecimentos a todos os que leram e aqui deixaram os seus comentários.
    Depois, um abraço ao Santos Costa, com quem tive o prazer de trabalhar.
    Sabe? Quando se trata de "verdade" ou de "razão", acho que há a nossa, a dos outros e a verdadeira (que não é nunca a dos dois extremos).
    A opinião que o Santos Costa tem de mim contrasta com a opinião expressa em alguns "blogues". Visitem um " Acalopsia" e um "bedeteca (qualquer coisa) fiche moi le champ" e vai ver que, afinal, eu tenho um "sósia" que ninguém conhece (nem eu). Aconselho vivamente a leitura, até porque é um exercício assaz difícil conseguirmos agrupar, numa única frase, tantos adjectivos tão... baixos?!
    Resumindo: caro Santos Costa: agradeço os elogios, mas há-de convir que os seus adjectivos têm um peso muito fraquito em relação aos outrose a razão não está, por isso, do seu lado.
    E se não conseguir encontrar, na net, os blogues a que me refiro, eu volto aqui e deixo o link.
    Vale a pena lê-los (mas não mais do que uma vez, porque causa vómitos).

    Maria José Pereira

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  30. E vamos agora às respostas:

    Nirvana 74 - Cheguei há (nem) quinze dias à Verbo. Aceitei trabalhar no Verão, para poder, tranquilamente, "arrumar a casa". E é isso que tenciono fazer até ao final do mês de Agosto; só depois da "casa arrumada" é que lhe posso dar respostas concretas.
    Mas gosto muito dessa colecção e das capas "novas" da edição inglesa.

    Ebento - eu também sou "ajuntadora" e daqui a pouco não sei onde "ajuntar"...

    Silent Soul - percebo prefeitamente o seu drama. Quando o meu filho mais novo andava na préprimária, perguntavam-lhe qual a profissão do pai e a da mãe. A mãe, "trabalhava para o boneco"...
    É um drama: nunca somos levados a sério.

    A todos os que querem ver BD na Verbo: é uma hipótese muito pouco provável (o que não significa que eu nunca mais faça BD; porque "nunca" tem uma marca de "definitivo" de que não gosto. A única certeza definitiva que tenho é a de que tenho um prazo de validade: um dia morro.

    O Pedro Gomes toca num assunto que considero interessante como tema de debate e que é o da edição / comercialização.
    Se não se importarem, e dado o adiantado da hora, retomo amanhã este assunto.

    Luis Sanches: eu cresci no meio da banda Desenhada e fui parar à edição por acaso. Antes de ser editora fui (e sou) leitora. E ser editora e leitora é "tramado": o público não somos nós.

    Nuno: está também prometida para amanhã a conversa sobre a Booktree.

    Fiquem bem.

    Maria José Pereira

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  31. Caríssima Maria José

    Quando eu, em miúdo, aparecia ao meu avô com algum desaforo ouvido na escola, ele dizia-me ao ouvido este aforismo popular, pleno de vernáculo:"deixa o cavalo cagar, que o campo é largo".
    Caí na patetice de, num dos casos que refere, ter-me chamado o bestunto para a liça e responder. Outro amigo, mais desperto para essa patetice e sabendo como é vulgo na tal casa, avisou-me da estultícia, mas eu, que sou daquele género " minha mãe a castigar-me e eu com o pião às voltas", dei troco. Ora, perdi tempo e paciência, coisa que, nesta idade, me sobeja no primeiro e me falta na segunda.
    Em tudo isto, a minha opinião é sincera, como sinceras são as críticas que eu faço - e tenho feito - quer neste quer em outros blogues, a autores, bloguistas, comentadores, críticos e demais andantes no cortejo da BD. Pouco me importa se estou com a maioria (como julgo neste caso) ou sozinho a ladrar à lua, porque aprendi a dizer o que sinto, porque sinto o que digo, como, quando e onde o digo. Obviamnete é uma das minhas poucas virtudes, porque de santo (e no plural) só no apelido.
    Nos pressupostos retro, fácil será inferir que eu, a quente, reajo a ambientes designados de "acalopsia" como a "catalépsia", sabendo que, em ambos os casos, possam tornar-se crónicos; quanto a "bedetecas", ocupo-me com a minha, pois não é pequena e foi construída à minha custa. Quem não gostar do que vê escrito com a minha assinatura, paciência! Cure a doença com algo substantivo e tenha uma analepsia (convalescença) sem outros distúrbios gástricos.
    Como sabe, embora esteja ligado à Bd desde há muitos anos atrás, só agora - e graças a este meio de comunicação instantânea - entro na "barafunda" que vai por aqui, onde imperam grupos, dores de corno, intrigas, mal entendidos, críticas desproporcionadas e pouco trabalho em prol. Apeteceu-me dizer como Gil Vicente, a determinada altura dos "Piratas" - "Pardeus! Sete arrepelões me ferraram à entrada..."
    No propósito, constato que os piratas que Salgari propôs no deserto, se comparados com outros que querem fazer da BD um deserto, merecem o meu apelido referido atrás.
    Aproveito o ensejo para lhe desejar publicamente grandes êxitos profissionais e pessoais.

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  32. Obrigado pela resposta, desejo-lhe as maiores felicidades, nesta nova etapa da sua vida profissional. Cumprimentos. Francisco

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  33. Maria José
    Sim, foi em Setembro de 2008 por causa de um mail que te enviei!
    :D
    E sim, só tirei uma foto à entrada, que até ficou engraçada!
    :P

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  34. Boas, novamente.

    Bem, talvez a Verbo decida afinal começar a editar BD. Esperança!

    Eu não a conheço pessoalmente, Maria José, mas alguém que viveu a BD durante tantos anos, de certeza se tiver oportunidade de a editar, não a vai deixar escapar.

    Eu também fui como outros, que escreveram aqui no Leituras: foi graças à Meribérica que hoje leio BD.

    Um abraço.

    P.S.: Já agora, se precisar de espaço em casa e quiser ver-se livre da sua BD, eu ainda tenho espaço. :D

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  37. Olá Nuno e Maria José e restantes 'convivas' deste blogue;)
    Eu tinha decidido nao comentar mais nada em nenhum blogue, mas dadas algumas controvérsias que por aqui vejo e noutros blogues decidi fazê-lo.
    Continuo a nao entender a situação da bd em Portugal.
    Gostei da entrevista da Maria José Pereira e penso que foi bastante frontal (e nao sofro do síndrome de somos todos amigos e blalala), logo penso que estou a vontade para escrever um pouco acerca do que esta a acontecer na Bd.
    A Bd nao vende como vendia, e um facto (e por vários factores, nao so financeiros)
    Em 2002, lembro-me de ter estado com o senhor Sancho Coelho e quando ele me falou dos projectos que ai vinham e das tiragens, fiquei MUITO de pé atras.
    Na altura achava que existiam editoras a mais e demasiados títulos para o nosso pais. Hoje em dia acho que existem demasiados autores de BD. (Porque e que será que hoje em dia toda gente quer ser autor de bd, sera que e para mostrar umas imagens porreiras? e entrar numa de: 'eu desenho melhor que tu.. ' Nahahnahnah;) estilo escolinha primaria e troca de cromos?;)
    Voltando as editoras, se existiam editoras a mais, deveriam se concentrar numa que fosse mais apelativa ou que tivesse um mercado maior (logo a Asa nao me pareceu uma ma aposta, desde que pagassem pelos direitos das series as outras editoras)...
    Penso que esse Boom desmesurado entre 2002 e 2004 nao foi bem calculado devido ao facto das vendas online serem uma grande ameaça para as editoras (assim como as plataformas existentes na web, estilo amazon ou book depository que ja galgavam terreno na altura)... E com este novo advento nao notei nessa altura grande preocupação com o facto deste ser universal.
    Surgiu tambem a distribuição feita quase em exclusivo pela Fnac (e mais uma vez nao me pareceu mal, pois e por onde anda o grande publico e os 'distraídos' como a Maria José mencionou).
    Acho que a Maria José teve muitos méritos, alguns erros, mas o balanço da passagem dela quer pela meriberica, quer pela Asa foi positivo para o mercado nacional de Bd, assim como outras pessoas que editam bd em Portugal.

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  38. Agora, se toda a gente quer fazer banda desenhada e criticar sobre banda desenhada, façam-no e cada vez vemos menos e menos pessoas a passar 'cartão' a mesma, pois a imagem que passamos para o grande publico e que nao nos entendemos mesmo.
    Relativamente aos PPBD (again, polemica?) que façam outras pessoas prémios.. Maia vale dar prémios para cada publicação de bd nacional e estrangeira, assim toda a gente fica contente;)
    Estamos a falar de arte sequencial popular para miúdos e graúdos (e nao da economia nacional).
    Se existe uma tendência para o povo deixar de ler bd, seja devido a falta de dinamismo ou de conjugações de good vives para as pessoas que ainda compram, falam e vivem da banda desenhada e que tem como finalidade partilhar a mesma ao maior número de pessoas possível e nao conseguem,paciência. Eu respeito a carteira de cada um e a lógica do mercado, assim como a compra de bd pelas plataformas da web e mesmo atraves dos ebooks.
    O mundo mudou, os 15 minutos de fama de que o Warhol falava chegaram a toda a gente, logo ha que aproveita-los da melhor maneira.

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  39. Tanto chinfrim, tanto diabo a quatro e eu continuo a nao entender as razoes. (Ou nao quero entende-las;))
    Pena a Maria José ter saído da Asa e felicidades por ter arranjado um novo trabalho numa altura em que o pais nao respira boa saúde financeira.
    Respeito imenso a Maria José e por vezes 'irritam-me' as 'balelas' de sempre.
    O mundo mudou, existe muita oferta de bd a nível universal, existem imensas bds em imensas categorias.
    As pessoas aprendem com quem lhes interessa e sobre os assuntos que lhes interessam.
    Tive pena da Fanny Denayer ter abandonado a banda desenhada em Portugal, but life goes on;)
    O mundo virtual fez com que existam cada vez mais cochichos e boquinhas para este e para aquele (ate com uma entrevista a uma editora de bd em Portugal).
    Porra, parece que em vez de promovermos a BD em conjunto e fazer- se algo pela mesma, temos e que andar sempre numa de 'beatas' aos GRITOS (estilo uma religiao ou credo qualquer) e com queixumes e lamurias constantes um pouco por toda a blogosfera nacional dedicada a nona arte.
    Nao ha grande pachorra e tenho a certeza que olhos nos olhos nao tem a capacidade intelectual para manifestarem a sua opiniao e por isso escondem-se atras de computadores como grandes fazedores de opiniões. Ou seja, para estes, esta tudo mal ha imensos anos, mas nunca fizeram NADA para mudar o que estava mal (e ate tinham e tem alguns, algum poder para mover cordelinhos)
    Que mentalidade tem o nosso povo.
    Abraco e beijinhos para a Maria José

    Manuel

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  40. Nuno: a Booktree é uma história a contar no tal livro de memórias que um dia espero ter tempo para escrever, mas não vai merecer muito mais do que um parágrafo.
    Ajudei a lançar um livro (do Luís Louro, o qual conheço desde miúda) e até lhe fiz - e assinei - o prefácio.
    Podia ter sido um bom projecto, mas a coisa não se proporcionou.
    Talvez não saibas que enquanto ajudei no livro do Luís, ajudei também na PAZ EDITORA. Foi coisa pouca, passageira, mais para não perder o ritmo. Nunca recebi um tostão.

    Maria José Pereira

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  41. Santos Costa: sei que as suas palavras são sempre sinceras e tenho a certeza de que percebeu onde eu queria chegar.

    Nuno: já percebeste o que se passa com as fotos que deixamos que nos tirem? Há na net uns "gajos" anónimos que não só dizem o que bem lhes apetece como ainda por cima as "sacam" sem a autorização de seja quem for. O que, por lei, nem é permitido.

    Pedro Gomes: cada livro que guardo é uma "paixão". Como é que nos livramos das "paixões"?

    Mmmm: a minha saída da ASA significa que há um lugar à disposição para quem se sentir com coragem de prosseguir e fazer melhor. Enviem CVs. A sorte tenta-se.
    O mundo mudou, tem toda a razão. E mudou a comercilização. E esse é o mote que me faz voltar à questão que o Pedro Gomes levantou e à qual prometi que voltaria.

    Maria José Pereira

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  42. Maria José
    Então não trabalhaste nem fundaste a Booktree como alguns disseram por aí, certo?
    :|

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  43. Pedro Gomes:
    Para quem não sabe, a minha formação é Sociologia (formei-me na Universidade Nova de Lisboa). E em Sociologia, tinhamos cadeiras de Economia e Gestão, que conclui com média de 15.
    Considero que seria interessante tornar-se publico um estudo sobre a evolução, ao longo dos anos, dos hábitos de leitura que considerasse, por décadas, os seguintes elementos:
    Número de livrarias
    Numero de editoras
    Numero de obras editadas
    Numero de exemplares vendidos de cada obra
    Forma de distribuição
    Descontos praticados pelos editores

    Repare que estou a falar em termos de livros, não apenas em termos de BD.

    Há , em França, um estudo anual deste tipo para a BD. A conclusão a que se tem chegado nos últimos anos aponta para uma sobreprodução de livros face à procura real; há mais livros editados, mas cada livro tem tiragens/vendas menores.
    A conclusão lógica é a de que a rentabilidade diminui.
    Se acrescentarmos a este fenómeno o facto de a comercilização se ter alterado - as livrarias deixaram de ser dos editores e passaram a ser de grandes cadeias que, sem investirem e sem correrem riscos (o que não vendem devolvem ao editor) - exigem grandes margens (vendem espaço), é fácil percebermos que a margem dos editores tem vindo a reduzir ao longo dos anos.
    Se algum editor soubesse como dar a volta a isto...
    E há ainda a considerar outros factores sociológicos como a mudança de hábitos e a proliferação de produtos que competem com o livro (tanto ao nível de "apelo", como ao nível de preço).Considero que é mais difícil gerir a rentabilidade de uma linha de edição de BD - e um catálogo, do que uma linha de romance, auto-ajuda, ou outra linha editorial (excepto a infanto-juvenil). Porque a BD desenvolve-se tradicionalmente em séries (ao passo que um livro de literatura é quase "one-shot") e em BD só recentemente começam a surgir séries mais curtas.
    Ao haver uma sobreprodução de livros (e uma centralização de editoras com distribuição centralizada num departamento comercial), o panorama complica-se. Quero com isto dizer: se um livreiro tem espaço para 100 livros e há uma editora (ou grupo) que oferece 150, outra que oferece 75 e uns pequenos editores que, de vez em quando, oferecem um a dois, a opção lógica do livreiro é escolher 100 de entre quem lhe dá mais variedade.
    Da óptica do comercial que tem 150 livros para vender (e um objectivo de facturação a cumprir) face a um cliente que só quer comprar 20, o que é que ele vai tentar "vender"? os livros que tiverem maior rotatividade (os que já se conhecem) e o maior preço. O que fica de fora?
    Parece-me que chegar à resposta não é difícil.
    Já pensaram que, se calhar, a cadeia de intermediários que existe entre o editor e o leitor vende e compra um livro que nunca leu? E se assim for, onde cabem os autores e séries que não se conhecem?

    è por isso que defendo que, para que a BD continue, há que fazer "buzz", procurar alternativas. E considero que são importantes todos os Festivais - com originais ou fotocópias -, todas as exposições, todas as visitas dos autores às escolas, todos os eventos de BD, seja qual for a "cor" de quem os organize e/ou esteja por detrás. Gosta-se mais ou menos da cara de fulano ou de sicrano? Mas onde é que a razão e o coração são, num "negócio", compatíveis?

    Espero ter respondido a todos e, de alguma forma, contribuido para uma discussão produtiva.

    Maria José Pereira




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  44. Nuno: será que o meu nome consta de algum Registo Comercial de alguma empresa?

    Maria José Pereira

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  45. Não me fizeste a pergunta, mas gostaria de dizer publicamente que, na altura em que comecei o projecto da ASA, o projecto editorial com o qual mais me identificava em termos pessoais, era o da Devir (na altura em que julgo que o João Lameiras funcionaria como uma espécie de "consultor" para a BD franco-belga). Lamento muito que o projecto não tenha vingado. E o João sabe-o, porque já lho disse pessoalmente.

    Maria José Pereira

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  46. "Há , em França, um estudo anual deste tipo para a BD. A conclusão a que se tem chegado nos últimos anos aponta para uma sobreprodução de livros face à procura real; há mais livros editados, mas cada livro tem tiragens/vendas menores.
    A conclusão lógica é a de que a rentabilidade diminui."

    Isso aconteceu por todo o mundo,usa,França,Japão.

    "Both Marvel and DC had 79 items on the top 300 comics list in July 2013. There of the DC items were reorder activity while all of the items from Marvel were new. There was a difference of less than 300,000 units between Marvel and DC with Marvel in the lead. Marvel had 40.25% of the total units sold and 41.30% of the total dollars for the top 300 comics while DC had 3.16.16% of the total units and 35.76% of the total dollar for the top 300 comics. The bigger difference in the dollars is due to an average cover price of $3.73 for Marvel compared to the $3.59 average for DC.

    Topping the comics chart was "Superman Unchained" #2 with 165,754 estimated units, down around 91,076 units with a drop of 35.46%. The drop in prices from the $4.99 cover price on the first issue to the #3.99 cover price of the second issue didn't seem to have any material impact on the drop. For comparison, "Batman/Superman" dropped 38.73% from the 151,075 estimates units on the first issue down by around 58,517 units to the approximately 92,558 units for the second issue. Both are larger than the standard second issue drop of around 22% or so but that is to be expected on high profile titles since more people tend to sample those titles."

    http://www.comicbookresources.com/?page=article&id=47287

    Só que aqui ainda se sabe as tiragens pelo menos no Brasil nem isso.

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  47. Boa, a troca de ideias já vai longa mas aproveito para também deixar um comentário acerca do papel da Mª José em duas vertentes distintas no panorama bedéfilo nacional.

    A primeira, enquanto responsável editorial da ASA. Foi um excelente trabalho o realizado. Mal-agradecido seria se não fosse agradecido, uma vez que minha bedeteca reflecte exactamente esse meu agradecimento e contentamento. Claro que como comprador e leitor gostaria que a opção editorial tivesse, por vezes, privilegiado algumas séries em detrimento de outras, no computo geral o balanço é extremamente positivo. A sua saída da ASA, deixa-me uma dúvida, cuja pergunta na entrevista se impunha: a ASA enquanto editora de BD acabou após a sua saída?

    A segunda, acerca do seu comportamento nos festivais, concretamente no Amadora BD. Posso dizer que por várias vezes fui crítico da sua actuação quando acompanhava os autores nas sessões de autógrafos. Aliás a Mª José expressa bem a sua opinião sobre a questão na parte final da resposta à pergunta n.º 21. Como leitor e comprador de BD e frequentador de festivais obviamente que não podia discordar mais. A relação que um leitor estabelece com um autor, ainda que por breves instantes numa sessão de autógrafos, é única e exclusiva ente o leitor e o autor. Não é compatível com a interferência de terceiros. Lembro que estamos a falar de um festival e não de uma feira do livro onde as editoras convidam os seus autores para os seus stands. O leitor adquiriu um bilhete de entrada no festival que lhe dá o direito de estar tantas vezes que quiser numa fila de autógrafos; o autor é soberano sobre o que assina e onde assina. E se são sempre os mesmos nas filas, bem são «esses mesmos» os compradores de BD em Portugal. Há que respeita-los. Quanto à questão da aquisição dos livros no festival, é preciso ver que um leitor habitual de bd, muito antes da realização do festival, já adquiriu os álbuns que pretende pelo que não se mostra lógico adquiri-los de novo dentro do recinto do festival. Fica a pergunta: como se enquadra a «comunidade» aqui?

    Quanto à sua «nova vida» na Verbo, ficam os votos que atinja o que pretenda, e eu fico com a esperança que esta editora brevemente venha a ter um catálogo de BD.

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  48. Nuno Neves,

    Eu percebo o seu ponto de vista mas quero salientar que, sempre que intervi em autógrafos junto de autores, foram em duas situações:
    - quando foram convidados pela editora;
    - quando me pediram para o fazer (por exemplo, no caso do Schuiteen).

    Quero dizer-lhe também que os grandes nomes da BD (que já não fazem autógrafos em maisd lado nenhum senão em Portugal e muitas vezes a MEU pedido), são os primeiros a não gostar de vir a Portugal dar autógrafos sempre aos mesmos e em livros estrangeiros (quando na fila ficam pessoas com autógrafos para dar, muita vezes crianças).
    Isto significa que os grandes Festivais de BD em Portugal - necessários para a divulgação da BD - tenderão a conseguir trazer - cada vez menos - nomes GRANDES. E então passam a ser festivais para quê? Para alguns leitores?
    E quando a edição em Portugal passar apenas a ser francesa, quero ver se a FNAC ou outra instituição qualquer vai convidar autores para que os leitores possam ter a colecção em francês (que lá compraram) assinada.

    Nuno: ou não sou radical. Defendo o bom senso que é muitas vezes o meio termo.

    Estou certa? Estou errada? Ninguém está certo ou errado: tem apenas as suas ideias. E as minhas tendem sempre a tentar ver um passo mais à frente.

    Maria José Pereira

    P.S.: já disse que não quero editar BD tão cedo; já me disseram que não me livro da BD tão cedo. Vamos ver. Para mim o mais importante é que, faça o que fizer, eu me sinta feliz.

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  49. Optimus
    Esse tipo de estudos fazem-se sempre em países com mercado de BD a sério.
    A Maria José referiu o francês porque é aquele que conhece melhor, por motivos óbvios...
    :P

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  50. Nuno Neves
    Neste caso, e depois de saber um pouco o que se passa nos "bastidores" dos convites a autores, eu concordo a 1000% com a Maria José, aliás como tu sabes... essa questão já não é nova.
    Gostaria muito que no Amadora BD tivessem algo como no Anicomics. Pelo menos era JUSTO.
    Não é justo eu ir ouvir um autor a falar e quando saio da sala onde se realizou o encontro tenho uma fila fechada, com montes de tipos de livros em francês ou inglês na mão, havendo livros em português à venda desses autores.
    :\

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  51. Boas,

    só uma nota relativamente ao comentário do Nuno sobre quem vai ouvir um autor e depois se depara com a fila fechada.

    Ainda no tempo do CC aconteceu-me uma dessas e no rescaldo de um Amadora BD falei sobre esse assunto que quanto a mim era simples de ser resolvido através de um sistema de senhas similar ao do Anicomics. Quem fosse ouvir uma conferência de determinado autor e pretendesse ter um autografo teria direito a uma senha para o mesmo e ficava à frente na fila. Porquê? Porque quem se interessa em conhecer o autor e a obra, na minha opinião, tem prioridade sobre que apenas quer o autografo. Enfim, isto é um offtopic mas já que o assunto surgiu...há coisas que talvez sejam difíceis de serem melhoradas nos festivais, e há outras que só o não são por pura inércia.

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  52. Já agora, subscrevo a pergunta do Nuno Neves, ainda que pense que talvez não seja fácil de responder: qual o feeling que Maria José tem relativamente ao futuro da BD da ASA?

    Luis

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  53. MECO
    Sobre autógrafos já toda a gente sabe o que eu penso e a frase do Nuno Neves "A relação que um leitor estabelece com um autor, ainda que por breves instantes numa sessão de autógrafos, é única e exclusiva ente o leitor e o autor." é falha. É falha porque na maior partes das vezes nem sequer há conversa. Aliás, onde existe esse mesmo contacto com o autor não é na sessão de autógrafos mas sim nas apresentações ou debates com os autores! Aí podemos ouvir o que o homem sente, ou quer transmitir, e podemos fazer perguntas directamente ao autor se assim o desejarmos. Só que estarmos presentes nesse momento importante de conhecimento do autor invalida o autógrafo, quando saímos da sala já a fila está interminável. Claro que sou completamente a favor do sistema de senhas! Garantia-se assim alguns autógrafos a quem quis MESMO conhecer o autor e se os houver terá com certeza um livro comprado em português desse autor. Comprado fora ou dentro do festival, não interessa, no Anicomics resolveu-se isso com senhas coloridas.
    Mas mudar as coisas é muito difícil... fiquem com os autógrafos que eu fico com os debates e almoços, é muito mais gratificante para mim e fico a conhecer muito mais do autor. Não é um simples rabisco feito por alguém que me faz ter uma relação mágica. Relações mágicas prefiro tê-las com a minha mulher!
    :P

    Quanto a essa pergunta que ambos dizem que devia ter feito parte da entrevista... bolas, a isso até eu respondo!
    Mas vocês acham que a ASA vai deixar de editar BD porque a Maria José saiu?? Com Asterix, Tintin, Blake & Mortimer e Lucky Luke no catálogo??? Esses são os únicos títulos que ainda vão dando dinheiro!
    E sim, a ASA vai editar no fim do ano o próximo livro inédito de Asterix com novos autores!

    A pergunta seria quais as escolhas editoriais, ou o novo rumo editorial, que o substituto da Maria José vai seguir!
    Mas essa pergunta ela não pode responder, como é lógico. Só o novo responsável de BD da ASA o pode responder!
    :|

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  54. Olá Maria José, sem querer transformar aqui a questão dos autógrafos num longo debate, devo dizer que divergimos claramente. Primeiro porque os autores são convidados do festival e não de uma editora. Onde assinam, seja edição nacional ou estrangeira não é aqui relevante. Depois basta observar os autores no ambiente do Festival de Beja para perceber que os autores gostam dos festivais e gostam do contacto com os leitores. No Amadora BD o ambiente é diferente mas a interação também existe. Mas fica claro eu temos pontos de vista diferentes, e isso não constitui qualquer problema :)

    E respondendo ao Nuno Amado, felizmente que o Amadora BD diverge totalmente, nesta questão, do AniComics :D Aliás basta ter ido à ultima edição do AniComics para se perceber do falhanço do sistema das senhas, coloridas ou não ;) E aliás qualquer pergunta colocada num debate pode igualmente ser colocada aquando do autografo. E sinceramente se te sentes mais gratificado com os debates e almoços, então para ti não devia haver problemas com a existência ou não de filas nas sessões de autógrafos :)

    Sobre a ASA continuar a editar BD, a minha questão não era sobre as edições obrigatórias (Asterix, B&M ou Lucky Luke) ou sobre a edição deste ano, que segundo parece a Mª José já deixou toda alinhavada antes de sair, mas sim sobre novas séries e a continuação de outras em curso, até porque o desinvestimento notório da editora na área da BD não dá margem para grandes esperanças no próximo ano :(

    Abraço

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  55. Nuno Neves,

    Hás de explicar-me que falhanço foi esse no sistema de senhas do AniComics, este ano. Falhanço porquê? Porque este ano não houve autores estrangeiros e, assim, houve pouca gente nos autógrafos, não justificando completamente o tal sistema de senhas? Então se calhar deverias falar do ano transacto em que, excepção feita à tua pessoa, toda a gente elogiou o dito sistema e a gestão que o Hugo Silva fez do mesmo, no local. És livre, obviamente, de discordar do sistema; convém teres mais cuidado naquilo que apelidas de "falhanço".

    Abraço.

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  56. Nuno Neves
    Pegando numa frase tua:
    Primeiro porque os autores são convidados do festival e não de uma editora.
    Em que é que te baseias para dizer isto? Se não fossem as editoras a pagar grande parte da deslocação e dormida tu só tinhas cá autores de segunda linha! Mais... eu quando estive em Angoulême eu vi na 1ª pessoa quem é que trazia cá os autores!
    Não fales daquilo que não sabes.

    Em relação de eu ficar com os debates e almoços, bem, eu também gosto muito de autógrafos sim, mas os autógrafos estão em 3º lugar na minha maneira de ver o conhecimento de autores num festival. Mas gosto, e não tenho...
    Aliás, eu não perco o festival da Amadora como alguns porque estou preso numa fila. O festival é mais importante que um rabisco.
    Sim, porque a maior parte das vezes são rabiscos... mas se houvesse DISCIPLINA, REGRAS E ORDEM toda a gente teria o seu rabisco...

    Em relação ao sistemas de senhas do Anicomics... o sistema não falhou, quem falhou foi o público que não quis ter esse momento "especial" de que falas com vários dos nossos melhores autores.

    E já agora, se o público comprador são apenas as pessoas que estão nas filas de autógrafos... mais vale desistir de comprar em Portugal. Tanto pelo número, como pela língua em que vejo os livros, havendo em português à venda levam em língua estrangeira... espectacular!

    Voltando à pergunta que não foi feita... bolas páh... eu tenho-te como pessoa inteligente! Como é que tu queres que a Maria José saiba como vai ser a BD na ASA se ela não está lá!!!! A única coisa que sabe é o alinhamento deste ano porque ainda foi feito pela Maria José!
    Essa seria uma pergunta só para ocupar espaço no meu entendimento!
    :P

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  57. Saudacoes

    Excelente entrevista Nuno, parabens. Desde os tempos do forum CC em que pela primeira vez contactei " virtualmente" com a Maria Jose fiquei com uma muito boa impressao. A disponibilidade e a paciencia dela para responder directamente as perguntas dos bedefilos que participavam na altura era simplesmente espectacular. Felicidades e boa sorte para a Maria Jose, de resto vou continuando a acompanhar o teu blog.

    Cumprimentos
    Blaise

    .

    Ps: a Asa finalmente editou o ultimo

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  58. "Primeiro porque os autores são convidados do festival e não de uma editora".

    Nuno Neves - Tem a certeza? A menos que a nossa opinião se divida no que refere ao termo "convite", garanto-lhe que nunca me sentei ao lado de um autor numa sessão de autógrafos em nenhuma outra circuntância senão nas duas que indiquei acima.
    E sabe porque é que houve editoras que deixaram de "convidar" autores? Porque as vendas dos livros efectuadas no recinto não pagavam as despesas efectuadas com os voos.
    E eu também sou muito mais adepta de um sistema como o que o Mário implementou no Anicomics do que aquele que vigora actualmente no Festival da Amadora.

    Em relação ao meu feeling quanto à BD na ASA aqui vai o que eu acho: estão lá TODOS os personagens que vendem alguma coisa. EStão lá os MELHORES autores internacionais e estrangeiros. Dito isto, estão lá TODAS as condições para ser feito um bom trabalho. Como dizia o poeta "por morrer uma andorinha não acaba a primavera"; claro que a ASA vai continuar na BD. Se me perguntar se vai haver uma "guerra" e mais um "boom" na edição de BD, acho que a probabilidade disso acontecer é de uns 80%.Com isto quero dizer que é muito provável que, se a ASA deixar "cair" um autor e ou série cuja publicação tenha sido iniciada no seu catálogo, alguém lhe vai pegar de certeza.

    Maria José Pereira

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  59. Blaise
    Obrigado!
    :)
    A Maria José tem sido impecável a responder a comentários, que é uma coisa que ela não faz há muitos anos por escolha própria, por isso fico feliz que ela tenha aberto esta excepção!
    :)

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  60. Bem não queria monopolizar o espaço de debate em volta desta questão, mas também não gosto de deixar «pontas soltas».

    Mário, no ponto de vista de quem visita o festival, tenha sido este ano ou no ano transacto, não vejo o sucesso das senhas, porque em ambos os anos se mostraram completamente desnecessárias. O falhanço é a inutilidade deste sistema. O AniComics é visitado por 90% ou mais de pessoal ligado à manga e cosplay e talvez 10% ou menos de pessoal de bd e aqui talvez esteja parte da resposta. Depois acrescento que também não compreendo esse condicionalismo de senhas a quem já paga um ingresso de acesso ao festival, e se verificarmos bem, no meio de tantas actividades que acontecem durante o AniComics, só para as sessões de autógrafos é que tal se verifica. Não percebo o porquê. E em todos os festivais de bd que se realizam em Portugal, só no AniComics é que tal acontece. Mas claro sendo o festival promovido por iniciativa privada, acho perfeitamente normal que estabeleças as regras que quiseres, e a mim como visitante assiste-me o direito de concordar ou não com elas. E sobre o facto de «toda a gente elogiar o sistema» isso para mim pouco ou nada vale, porque nunca fui de alinhar ou concordar com maiorias ou unanimidades. Abraço

    Nuno, sobre a questão de serem as «editoras a pagar grande parte da deslocação e dormida» dos autores e para fecharmos de vez este capitulo, enuncia-me lá em que festival, quais as editoras que pagaram e em que anos? E se tiveres dúvidas, pergunta à Mª José a quantos autores pagou a ASA para virem cá, nomeadamente ao Amadora BD ou qualquer outro festival, nos últimos, digamos 4 ou 5 anos. Repara que eu não tenho dúvidas que é a Mª José que serve ou serviu de intermediária nos contactos com os autores, mas eu aqui falo em assumir os encargos com as deslocações e estadias. E tu, bedefilo assumido, com quem em cruzo todos os anos em Beja, acho interessante classificares autores como o Hermann ou o Mézières como de «segunda linha». Mas aposto que gostaste dos «rabiscos» deles ;)

    Sobre a ASA, o que eu queria saber era a sensibilidade da Mª José sobre o futuro da editora de BD, porque obviamente que tem uma percepção se as coisas com os meios actuais vão funcionar ou não. Claro que poderia não querer responder à pergunta ou talvez quisesse, e era só isso que gostaria de saber. Não é preciso grandes dramas ;)

    Abraço

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  61. Nuno Neves
    Relativamente ao Anicomics tenho-te a dizer que há 2 anos as senhas foram úteis, tanto foram que consegui ter os meus autógrafos em tempo útil. O ano passado pela pouca aderência aos autores portugueses não foram necessárias na realidade. Isto não quer dizer que o sistema esteja errado ou fracassado, quer dizer apenas que não houve público suficiente. Acho que isto é perfeitamente percebível...

    Em relação ao Amadora BD e quem traz autores... bem não deves ter lido o comentário da Maria José anterior a este teu comentário. Vai lá ler outra vez...
    Aliás, ela também te responde acerca da continuidade da ASA na BD.
    Convém ler os comments todos...
    :P

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  62. Nuno Neves,

    Continuas a comparar o incomparável, leia-se a quantidade de público, a dado momento, na Amadora, AniComics e Beja. Mesmo que 90% do público do AniComics seja mais afecto ao manga/cosplay (porque há muita gente do "outro lado" que se sente incomodado com um festival com público e festa), muitos deles não se importam nada de ter um desenho ou autógrafo dos autores presentes, se tal não lhes der qualquer despesas ou trabalho.

    Na 1ª edição, logo após os debates e quando os autógrafos ainda eram feitos no palco, formou-se em menos de 1 minuto uma fila de 60 pessoas para os autores, facto que me apanhou completamente de surpresa. Pior: como não havia sistema de senhas, as pessoas saíam de um autor e passavam para outro, eternizando o tamanho da fila e a presença dos autores no palco. Beja é calmo; não tens 300 e tal pessoas num auditório, 50 ou mais das quais prontas a saltar para uma fila de autógrafos, se estiver ali à mão de semear.

    De resto, é óbvio que há que rentabilizar ao máximo a vinda dos autores, e não é certamente só com a cobrança de bilhetes que se faz isso. Há coisas tão óbvias e tão universais que nem deveria ser necessário explicar isto com tanto detalhe.

    Abraço.

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  63. Nuno Neves
    Só para dar uma achega sobre autores que vêm Amadora BD e quem paga, posso-te dizer que no caso do Seth Fisher, do Cameron Stewart (da 1ª vez) e da Tara McPherson foi integralmente pago a 100% pela Kingpin, no caso de outras vindas do Cameron Stewart o Amadora BD não pagou hotel...

    Quanto aos da ASA a Maria José já deu um lamiré atrás, mas não sei se ela quer especificar...

    Como estás a ver existem "pontas soltas"...
    :|

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  64. Entretanto, cumpre-me desejar publicamente a melhor sorte e felicidades profissionais à Maria José (coisa que já fiz em privado há cerca de duas semanas) e dizer que tive o "prazer" de ler as coisas ditas nos tais blogs que ela mencionou. Se no caso da Calopsia do Bruno Campos, ele tem pelo menos a coragem de assinar o que diz (embora ande francamente trapalhão naquilo que diz), no caso da tal "bedeteca", só posso dizer o quanto me repugnam esta espécie de agitadores anónimos da treta e a sua sanha contra tudo o que saia fora da sua visão "bruta", redutora e castradora do que deve ou pode ser a BD. É o típico estilo estalinista do "todas as imposições são más, excepto se forem ditadas por mim".

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  65. Antes de mais quero deixar um abraço à Maria José e muitos votos de felicidades no seu novo projecto. Espero que tudo lhe corra bem, e espero também que a voltemos a ver na BD! Queria também agradecer-lhe as gentis palavras em relação à Devir, e precisar também que o João Miguel Lameiras nunca foi só alguém que “funcionou como uma espécie de consultor para o franco-belga”, na realidade ele funcionou como meu consultor para quase tudo. Quando a Devir começou a editar Marvel, embora eu sempre tenha sido fã de comics, e embora a editora no Brasil sempre tenha estado ligada aos comics americanos, a verdade é que estava já bastante distante do que se editava na altura e precisei de muita ajuda. Acrescento que nesse “consultor” acabei também por ganhar um bom amigo. Tenho também lembranças muito gratas dos tempos em que era editor na Devir e das minhas conversas com outros editores, e em particular com a Maria José.

    Queria acrescentar alguns pontos:

    Ao Nuno Neves: existem autores que são convidados do Festival, e autores que são convidados das editoras. Estes últimos são MUITO mais dos que os primeiros, já que de modo geral o Festival concentra-se em alguns (poucos) que estão mais afectos ao tema ou às principais exposições. Regra geral, é mais fácil conseguir um apoio do Festival sob a forma de custos de hotel, o que por vezes pode não ser má ajuda. No caso da Devir, tivemos alguns casos em que a Amadora pagou a viagem, mas foram relativamente raros; na grande maioria dos casos fomos nós que escolhemos, e trouxemos autores ao festival da Amadora. Falo mais da Amadora porque é o principal evento em Portugal neste momento. Na maioria dos outros festivais, cosntuma ser o Festival a pagar. Penso que é assim em Beja - embora aqui também tenham existido convidados de editoras, nomeadamente da Devir - e possivelmente noutros, se existirem. Estou já um pouco distante disso tudo, e não sei muito bem.

    Na Devir tivemos geralmente a sorte de ter vendas boas em certos anos no nosso stand. Obviamente, nem todo o volume de facturação dum stand pode ser afecto ao próprio Festival: normalmente, tratamos o stand como se fosse mais ou menos uma “livraria” que teria que nos pagar um x pelos livros vendidos. Cada editora define esse x da maneira que entende melhor. Na Devir costumávamos dar ao stand um “desconto” igual ao de um distribuidor, mais ou menos (tipo 50%) pelo que se vendessemos 10.000€ só podemos considerar uma entrada de 5,000€. É com eles que se pagam todos os custos do Festival. Outras editoras dão menos desconto, ou sejam consideram menos dinheiro, talvez o mesmo que dariam a uma livraria. Também não é má decisão, porque seria o que eles dariam a outra entidade se quisessem ser representados em vez de irem directamente. De qualquer modo, a grande maioria das participações nos Festivais da Amadora foram deficitárias, sempre se gastou mais do que o que se ganhava (embora possamos dizer que sempre vendemos aquela quantidade de livros, e por isso a editora no seu todo ganha algo com essas vendas). E não é só a questão da vinda dos autores: tem que se pagar colaboradores, transportes e entregas, folhetos, etc…

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  66. Relativamente a uma observação que o Nuno Amado fez mais acima, sobre tirar os livros da FNAC e espalhá-los pelas “milhares de livrarias do país” e pelos quiosques, cumpre-me tristemente dizer o seguinte: se houverem no TOTAL do país 200 livrarias, acho bastante. Mais o mais provável é que dessas 200 só umas 100 se poderem considerar livrarias na verdadeira acepção da palavra. Não estou oviamente a considerar aqui super e hipers, alguns dos quais, pontualmente, podem ser bons “escoadores” de BD, sobretudo dos títulos mais fortes. Infelizmente, enviar livros para a FNAC é incontornável. Não conheço tão bem assim os números de hoje, mas no meu tempo na Devir, como a FNAC comprava logo 500 ou mais dum livro, estamos a falar dum cliente que por vezes levava 20-25% duma tiragem. Ninguém pode deixar de vender isso. Dito isto, é verdade: a FNAC geralmente presta péssimo serviço, assim que um editor português edita o volume 1 duma série, eles importam logo toneladas dos volumes 2, 3 e 4, misturam os livros em português com os livros em francês e inglês, etc…. Mas a questão é diferente: dado o panorama actual, será que podem fazer algo muito diferente?

    Quanto ao aCalopsia, confesso que não fiquei assim tão escandalizado. Acho que tem o Mário mais razão quando diz que ele apresentou a sua opinião de modo algo “trapalhão” e personalizando muito numa só pessoa tudo o que aconteceu numa época complexa. Mesmo que não tivesse existido essa tal “guerra fratricida” entre a Booktree e a ASA (e da qual aliás não sabemos grande coisa), teriam sido editadas essas “enxurradas” de livros. Havia uma série nova de editoras a começar a editar, havia muita concorrência entre elas para títulos (sobretudo franco-belgas) e isso serviu também de razão. Não foi só uma questão de Booktree e ASA. Mais: não estou 100% seguro que essa “enxurrada” tenha sido a razão assim tão importante para o encolhimento do mercado da BD em Portugal, encolhimento que aliás só começou a partir de 2005-2006. A guerra entre editoras no Brasil que levou a que a Panini ficasse com o exclusivo da DC para a língua portuguesa e a quebra de vendas nas bancas das revistas da Marvel (que levaram a que a devir perdesse o esclusivo desta editora, porque para o detentor dos direitos a presença em bancas era um requisito) foram a principal razão da retirada da Devir desse segmento. Noutros casos, penso que a compra da ASA pela LeYa poderá ter perturbado o funcionamento da distribuição (que foi caótico durante a boa parte de dois anos, como o poderão comprovar aqueles que trabalham ou têm livrarias), e a crise geral que se faz sentir no mercado livreiro como um TODO desde 2007-2009 não ajudou. Por isso, dizer que a sobre-produção de BD naqueles anos foi responsável único, ou mesmo dos principais, é exagero. Depois do periodo de 2002-2003, houve muitos e bons anos de edições ainda.

    Seja como for, deixo aqui também os meus parabéns e agradecimentos ao Nuno por ter publicado esta entrevista.

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  67. José Freitas
    Obrigado pela informação. O assunto dos autores que vêm ao festival é um assunto que merece esta "desmistificação" pois toda a gente pensa que é o Festival Amadora BD que os traz todos!

    Quando falei em "milhares de livrarias" foi uma força de expressão. Queria dizer que deveriam ser distribuídos para todo o lado! E sim, agora devem existir muito poucas livrarias visto que foram quase todas esmagadas pela FNAC e Bertrand, sempre presentes no C.Comerciais mais importantes. Mas aparte a FNAC receber logo um monte de livros o que economicamente é bom para uma editora, não deixa de ser estúpido não distribuir os livros para as outras... as distribuidoras por e simplesmente ignoram as outras livrarias. Um caso que eu conheço "in loco" é a livraria Serpis no CC Galerias do Alto da Barra em Oeiras que se fartou de pedir livros de BD à ASA e nunca recebeu um único... e ainda é mais estúpido não distribuírem para as livrarias especializadas chegando ao cúmulo de algumas serem as próprias a ir buscar os livros à editora como soube de um caso.

    Os hipermercados só lhes interessa os títulos de grande público, logo aí cerceia quase tudo no conhecimento mais geral do que é a BD. Por isso para a maior parte da população portuguesa BD é igual a Asterix, Tintin e Lucky Luke!
    :(

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  68. Não percebo a confusão constante com os convidados. Sempre me pareceu óbvio quem foram os convidados do FIBDA e quem foram os convidados das editoras/livrarias. Geralmente, estes últimos são suficientemente conhecidos do público regular, com trabalho reconhecível, enquanto os primeiros são só bielorrussos ou azerbaijanis.

    E a quebra de qualidade dos convidados de FIBDA nos últimos anso devia comprovar a origem dos convidados: os bons, conhecidos e de jeito desapareceram porque as editoras/livrarias deixaram de ter fundos para os trazer.

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  69. Paulo Costa
    Isso é tão óbvio... que até dói!
    Mas pelos vistos ainda há fãs de BD que vão ao Festival e pensam que é o Festival que traz aqueles artistas todos...
    As editoras deixaram de trazer, pelo menos nas quantidades de há uns anos, e foi o que se viu...
    Não foi uma questão de fundos, foi perceber que trazer esses convidados não aumentava o nº de exemplares vendidos, aparecendo ainda por cima muita gente para autógrafos com os livros em francês ou inglês, havendo os mesmos em português... lógico que um editor tem de se perguntar: "- Para que é que eu trago o autor, se o pessoal leva os livros em língua estrangeira para ele assinar?"
    Tudo tem a ver com dinheiros, e se não traz benefícios a uma editora trazer o autor do livro que editou... então deixa-se de trazer autores!
    Mas os fanáticos do autógrafo não percebem isto, infelizmente... para eles até é o Amadora BD que traz aqueles autores todos!
    O Nuno Neves disse que não gostava de pontas soltas na discussão, mas pelo visto gosta, visto que largou um comentário sem ler os anteriores (onde a Maria José de alguma maneira lhe respondeu), e desapareceu!
    ;)

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  70. José de Freitas que eu me recorde não existiram assim tantas editoras *novas* a aposta na BD pelo menos de um modo regular e significativo, digamos: 10 título em um ou dois anos. Na realidade existiam a Devir, Witloof, Vitamina BD e Polvo que já estavam no mercado à alguns anos e tinham conseguido criar uma alternativa à defunta Merébirica quando esta um hegemonia do mercado. Da falência da Méribérica surgem duas editoras: Booktree que é uma editora nova, e a Asa, que foi um regresso ao segmento da BD com um investimento significativo. Editoras como Chili Com Carne, MMMNNNRRRG, Mundo Fantasma e Nova Comix tiveram pouca expressão para os 300 ou 400 títulos editado durante a implosão do mercado, duvido até que tenham editado sequer 10% do volume de edições em conjunto.

    Não acredito que se que o investimento que a Booktree fez tivesse sido mais significativo se tivesse acesso a algumas séries da Meribérica, do mesmo modo que duvido que a Asa tivesse editado o mesmo número de títulos se não tivesse conseguido alguns do títulos mais rentáveis.
    Fico com a dúvida é se o "encolhimento" é a nível de vendas ou de títulos editados, é que a nível de vendas creio que o José de Freitas só terá acesso aos dados da Devir. O redução de número de títulos editados é fácil de compreender como consequência das más vendas em 2002/2003 que causa a falência de editoras ou o seu abandono da edição de BD, e deixem-me repescar uma declaração efectuou em 2003: “as vendas estão em queda livre, as tiragens cada vez mais pequenas, e os livros cada vez menos tempo em exposição (e portanto a vender ainda menos, numa espiral descendente)”

    Estas declarações foram efectuadas em 2003 no FIBDA e publicadas num artigo do Pedro Mota no Notícias da Amadora. Estávamos no ano do recorde de 400 e tal edições, e nesta altura as declarações do José de Freitas sobressaíram por ser o único editor que não se coibiu de indicar que a situação não era tão agradável como o número de edições dava a entender.

    A falta de exposição que menciona era derivado a um mercado que não estava preparado para acolher 300 ou 400 títulos anuais. Em 2001 foram editado (salvo erro) 30 título, o que apesar de ser um número irrisório é praticamente o número de títulos que são editados actualmente no mercado livreiro, ou se preferirem, nesse canal de distribuição. O aumento de edições (e suponho vendas que se tem registado nos últimos anos é fruto da edição de colecções de BD com jornais. Um canal de distribuição diferente, que tem especificidade próprias pelo que creio não ser um erro classifica-lo de um mercado diferente do livreiro que é o local onde aconteceu a hecatombe.

    A Maria José Pereira estava ciente do que estava a fazer ao publicar aos 50 e 100 títulos num anos, ela tem um bom conhecimento do mercado como demonstra aqui:
    “Se um livreiro tem espaço para 100 livros e há uma editora (ou grupo) que oferece 150, outra que oferece 75 e uns pequenos editores que, de vez em quando, oferecem um a dois, a opção lógica do livreiro é escolher 100 de entre quem lhe dá mais variedade.
    Da óptica do comercial que tem 150 livros para vender (e um objectivo de facturação a cumprir) face a um cliente que só quer comprar 20, o que é que ele vai tentar "vender"? os livros que tiverem maior rotatividade (os que já se conhecem) e o maior preço. O que fica de fora?
    Parece-me que chegar à resposta não é difícil.”

    Maria José está a referir-se à situação do mercado livreiro no geral, mas a sua explicação é perfeita para ilustrar a política editorial que teve e a "luta fratricida" da Asa e Booktree: editar mais livros que a concorrência, mesmo que séries secundárias. E como a Maria José indica e bem: "o que é que ele vai tentar "vender"? os livros que tiverem maior rotatividade (os que já se conhecem) e o maior preço."

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  71. Foi isto que a Asa fez: edições cartonadas para serem mais caras e apetecíveis ao livreiro para vender, e comprar (todas) as séries mais rentáveis para editar. Isto exigiu um investimento avultado que os os competidores não podiam fazer e que se traduziu na reedição (quase) completa do catálogo que Meribérica tinha construído durante décadas, no espaço de poucos anos.

    Existem poucas editoras que tenham disponibilidade de comprar e publicar uma série 10/20 números num ano, a Asa comprou e publicou diversas séries de 10/20 títulos durante os anos loucos, isto fez que o mercado fosse inundado de reedições de material que os livreiros conhecem (e que vão a prioridade deles, porque "sabem" que vão vender) e relegar para segundo plano séries novas. Isto aplica-se a títulos de outras editoras, como da própria Asa.

    Quando são apresentados ao livreiro 3 títulos de Asterix, 2 de Lucky Lucke, 5 de Corto Maltese e um de Titeuf, a quais é que pensam que o livriro vai dar destaque? É fácil, a Maria José já explicou a lógica do livreiro.

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  72. José de Freitas, quando menciona o exclusivo da DC com a Panini não creio que o esteja a Asa tem, mas como já vi só um pequeno esclarecimento: é que para além das diferença que existem no Mercado Brasileiro e Português, a Asa não tem o exclusivo de uma editora, ou de uma linha de uma editora como é caso quando falamos da linha Vertigo ou de super-herois da DC. A Asa só temo "exclusivo" do catálogo da Meribérica, que ampliou, só que na realidade é um catálogo que pertence a diversas editoras:

    • Dargaud (Blueberry, Valerian, Blueberry),
    • Casterman (Alix, Corto Maltese, e agora Tintin)
    • Dupuis (Spirou et Fantasio),
    • Humanoids (Bilal, Moebius),
    • Glénat (Bouncer, Borgia de Manara),

    Para além destas editoras, a informações que encontro é que Asterix é editado pela Hachete Asterix e Lucky Luke pela Lucky Comics e que Blake et Mortimer é uma edição Blake et Mortimer. Não sei se existem editoras que estejam a negociar os direitos através de alguma agência em comum, agora, aquilo que eu sei é que não se pode considerar saudável esta situação. Nem sequer é normal. O que era mais natural era que após a falência da Meribérica algumas destas séries e autores tivessem sido editados por editoras diferentes o que lhe permitiria crescer enquanto editoras e ao mercado.

    Com esta hegemonia (quase) absoluta que a Asa tem das edições franco-belgas a margem de manobra que as restantes editoras tem é muito reduzida. As apostas têm de ser muito criteriosas e sem um best seller que lhes garanta a subsistência qualquer falhanço sai muito caro.

    A própria Asa devido ao facto de ter esta hegemonia não tem grandes incentivos para apostar em séries novas, que acabam por só ter como concorrência directa os best sellers da própria Asa.

    A crise no mercado no sector livreiro terá (2007-2009) afectado mais a Asa que os restantes editores que eram poucos ou nenhuns no mercado. Basta verificar-mos quais o número de editores que existiam nestes anos e o número de títulos que editaram antes de 2007 e após 2009, aliás é nesse período (ou após) esse período que se verificam os regressos de editoras como Devir e Booktree à edição de banda desenhada, apesar da crise.

    Eu não considero a sobre-produção o único culpado, mas para mim foi o principal culpado, e ainda não me provaram o contrário. Essa sobre-produção ainda contou como aliado os saldos loucos que inundaram as feiras, hiper-mercados e livrarias títulos com menos de 3 anos a preços que no mínimo deve ser a preço de custo (3 euros). Algo que não deve ter sido muito saudável para os títulos novos que foram editados nessa altura. Convém não esquecer que também andaram em saldos nesta altura stock da Meribérica e depois da Witloof quando esta faliu.

    Quantas séries novas é não "vingaram" por falta de exposição e concorrência do múltiplas séries de best seller que foram reeditados aliados a saldos de editoras falidas e da maior editora do momento, que fez saldos absurdo só para libertar espaço de armazém?

    Agora confesso, tenho alguma curiosidade para saber quais foram os "muitos e bons anos de edições" a que o José de Freitas se refere. Bons para quem? Essas boas vendas não foram devido ás colecções de BD com jornais.

    Em jeito de resumo, tendo em conta os dados que existem eu considero que a política da Maria José na Asa foi única e exclusivamente ter: "TODOS os personagens que vendem alguma coisa", "secando" as restantes editoras sem as deixar com espaço de manobra para ter uma posição hegemónica no mercado. Contudo apesar de ter conseguido ter (quase) todos os personagens que vendem alguma coisas tiragens e vendas continuam a diminuir.

    Hoje a situação no mercado é quase similar à situação antes da falência da Meribérica, uma GRANDE EDITORA, com (quase) todos os personagens, (quase) todos os autores "estrangeiro e internacionais" tendo as restantes editoras um número de edições reduzidas e sem nenhum best seller na seu catálogo, isto é até que alguém acerto no Jackpot e consiga um série que se torne num grande sucesso.

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  73. Até lá as pequenas editoras vão ter de se contentar com pequenos sucesso como ter séries que chegam ao sexto volume, algo que poder parecer ridículo mas no mercado actual é feito digno de nota.

    A ideia de a Maria José editar BD em outra editora faz-me sorrir, seria extremamente irónico vê-la a lutar contra o "monstro" que criou.

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  74. Este comentário foi removido pelo autor.

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  75. Olá, Mário.
    Obrigada pelos teus comentários. Penso exactamente como tu.

    Olá, Zé. Sê bem aparecido a estas "guerras" bedéfilas :-). Fazes-nos falta.

    Caro Bruno Campos: acho que tem a memória completamente baralhada em termos de datas e de quantidades de livros editados pela ASA. Mas eu ajudo com algumas datas: 2002, foi o ano em que entrei para a ASA; só comecei a publicar títulos no 2º semestre; 2004 - foi o ano em que publiquei o Lucky Luke; 2005 - 2º semestre: foi o ano em que comecei a publicar o Astérix; 2005/2006 - foi mais ou menos nessa data que comecei a editar livros com o Jornal Público; Corto Maltese? Penso que só publiquei desde 2010 ou 2011... Quer fazer o favor de ver no colofon em que data foi publicado na ASA o primeiro Tintin ou o primeiro Spirou? E sabe quem fez o catálogo de Bd da Meribérica?
    Quanto à diferença de preço de fabrico entre edição brochada e cartonada: sabe quem começou a publicar, em Portugal, todas as edições que fazia em edição cartonada? A Vitamina BD. E sabe porquê? Eu explico: porque imprimia os livros em co-edição (e lá fora, a edição cartonada já nessa altura ficava praticamente ao preço da edição brochada). E se conhece as edições de Bd da ASA dos anos 90 - sem Maria José Pereira lá dentro - sabe que as obras eram todas cartonadas. Como vê, tirar conclusões sem conhecer os factos não leva a lado nenhum. E não me parece que o Bruno Campos conheça os factos na primeira pessoa.
    A única coisa de que sou responsável em termos de BD é do facto de me ter batido sempre por ela, contra ventos e marés.
    Sabe quantos anos levei a conseguir editar BD com o Público? 10. Sabe quantos anos levei a conseguir editar mangá? 6. Se calhar o que me distingue, é a persistência.
    E se quisesse fazer um catálogo de BD, voltava a fazer. Mas sabe que mais? Para já não me apetece.

    Nuno Neves: já deve ter percebido que a história dos autores e dos festivais difere de festival para festival e quem paga o quê não é tão linear quanto parece...

    Fiquem bem,

    Maria José Pereira

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  76. Cara Maria José não me lembro de ter mencionado datas de edição de séries. Só indiquei as principais séries das editoras francófonas com que a Asa trabalha para demonstrar o "exclusivo" das melhores séries de diferente editoras que a Asa tem actualmente.

    Colocar Titeuf no meio de Corto Maltese e Asterix foi um exercicio hipotético (e consciente) para ilustrar uma premissa: Uma série nova da Asa editada em simultâneo com séries populares corre o risco de ser um fracasso comercial, não vingar. Discorda desta premissa?
    É que para mim actualmente o grande competidor da Asa é a própria Asa.

    Já agora sobre Titeuf gostava de saber a sua opinião, considera que foi uma série que não vingou por mau timming, falta de exposição ou que é uma série como Largo Winch, que é muito popular em França mas não tem sucesso em Portugal?

    A edição cartonada para o consumidor fica mais cara que a edição de capa mole, sendo esse um dos factores que destingiu a competição entre Booktree e Asa, nunca percebi muito bem qual era a diferença de projecto editorial entre a Booktree e a Asa, quer explicar?

    Tinha conhecimento de que a Vitamina tinha sido a primeira editora a apostar na edição cartonada, do mesmo modo que a Witloof, que usaram esse factor de diferenciação entre outros para conquistarem uma cota de mercado à Meribérica. Existe uma dúvida que tenho no período de tempo em que a Vitamina BD, Witloof e Polvo competiam com a Meribérica, esta sofreu quebras nas vendas, ou o mercado cresceu com as outras três editoras a crescerem mas sem beliscar os ganhos da Meribérica?

    Como eu nunca trabalhei na Asa e não tive o contacto directo com os factos que a Maria José tem, a opção por edições cartonadas foi algo que estava instaurado na Asa, para manter a tradição dos anos 80, ou foi uma decisão da Maria José Pereira?

    O facto de ter demorado 6 anos a editar mangá tem tanto mérito como a Texto Editora ter editado mangá 15 anos antes. Ambas falharam, o mercado não cresceu, aquilo que merece ser analisado é o que levou o mangá a falhar na Asa, é que eu tenho alguma dificuldade em acreditar que nenhuma série vingue em Portugal. (Quer dizer a Méribérica consegui concluir a edição de Akira....)

    Asterix e Lucky Luke só são editados em 2004 e 2005, isso foi devido ao facto de os direitos estarem indisponíveis antes ou por existirem outras editoras que estavam interessadas nas séries e as tentaram adquirir também entre 2002 e 2004?

    Eu não a acuso de não gostar de BD, acuso-a de ter defendido uma politica editorial monopolista de modo extremamente agressivo e lesivo para o mercado de BD. Não considero que o monopólio da Asa (assim como o da Meribérica) seja saudável para o mercado de BD, quer no imediato quer no futuro. Se quiser pode tentar explicar-me porque é que um monopólio de uma editora é mais benéfico para um mercado como o da BD portuguesa.

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  77. Chego tarde aos comentários, estive de férias. Gostei muito de ler esta entrevista e desejo as maiores felicidades à Maria José para esta nova etapa da sua vida profissional. Faço votos que continue fortemente ligada à BD, mesmo que consciente do meu egoísmo, pois fiquei a saber que a BD exige imenso das pessoas que a ela se dedicam profissionalmente, e a vida é para ser vivida com alguma qualidade, mesmo a vida profissional ;)

    A questão dos autógrafos é interessante. A minha opinião, que não quer convencer ou questionar quem quer que seja, é que cada lugar, cada festival é um caso e não servem de exemplo entre eles.

    No Anicomics, ao qual só fui uma vez (2012), o método adoptado serviu-me perfeitamente: fui o primeiro em cada uma das filas :) Aliás, abdiquei do primeiro lugar em duas filas porque não me consegui dividir em três. Mas, mesmo para os outros que não tiveram a minha sorte, ou sentido de oportunidade, correu lindamente (acho): por ter sido ordenado, porque deu para falar com os autores e conviver com outros bedéfilos nas filas, onde se incluíam Cosplayers. O sistema justificou-se, na minha opinião, pois o organizador que paga por isso tudo tem algum retorno, e assim o decidiu.

    Em Beja, que fui apenas em três anos, o espírito é outro: a informalidade, a proximidade entre todos os intervenientes, o calor, o espaço por si próprio caracterizam-na de uma maneira muito especial. É o meu preferido. Não existem senhas, o primeiro a chegar é o primeiro a ser servido, também apanhei filas, mas o ambiente mitiga tudo o que poderia ser desagradável.

    Amadora: é o esplendor do caos. Filas monstruosas onde o espaço é tudo menos convidativo para se estar, é claustrofóbico, horários que não são cumpridos, raramente dá para ter uma conversa agradável com os autores (mas que mesmo assim me esforço, e também alguns autores, para que isso aconteça, com algum sucesso). Os autógrafos parecem ser (são) uma luta para os artistas que desenham por obrigação enquanto olham para a fila com desespero e abnegação, e em que por muitas vezes leio no olhar deles "nunca mais me apanham aqui". A falta de respeito de alguns intervenientes, sejam autores, sejam organizadores, sejam "festivaleiros", uns pelos outros é marcante.

    Na Amadora, e nos outros certames que referi, raramente existem livros de lançamento, pelo que comprar no local para adquirir o direito nem que seja moral de estar na fila não se deve colocar; Poderia dizer que neste ponto o Mário está mais à vontade, mas não seria verdade, pois os outros também estão à vontade para o fazer. Se eu já comprei os livros anteriormente ao festival, paciência; não gosto, mas a prerrogativa é de quem organiza e eu compreendo a razão. Quando estou na fila para um desenho e não tenho livros do autor, o que sucede algumas vezes por não existirem à venda em Português ou noutra língua qualquer dentro do certame, acabo por comprar ao autor quando estes os trazem para vender e os colocam na sua bancada (é a tal cara-de-pau que não consigo ter quando alguém está a trabalhar para mim e eu em nada contribuí...lá está: "support the artist"). Claro que desenhos a 200/500 ou mesmo a 1000 Euros não consigo lá chegar, é pena, gostava de poder.

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  78. Continuação:

    Durante muitos e muitos anos na Amadora via as filas e colocava-me à frente para ver o artista desenhar os livros e as folhas dos outros, não tinha paciência para eu próprio estar numa fila, e, dizia a mim mesmo que afinal já tinha muitos e muitos desenhos desses autores nos livros que deles possuía na minha bedeteca. Depois, através dos blogs, conheci o pessoal das filas e nelas agora não me importo de estar pois converso e o tempo passa mais ligeiro, e, no final de contas, adoro ter no meu livro de desenhos um original dos artistas que eu suportei e suporto e simplesmente admiro. Nalguns casos (poucos, felizmente) o efeito foi o contrário: lembro-me do Eduardo Risso, quando lá cheguei, depois de um longo tempo na fila, por sinal bem passado, descobri uma prima-dona pedante...nunca mais lhe comprei um livro, quando gosto da escrita e ele é o artista leio à borla na FNAC! Posso estar a ser injusto, pois conforme escrevi em cima a Amadora é propícia ao cansaço e, nesse momento, o Risso poderia já estar a pensar "fosga-se, mais um tipo, eu não preciso disto; nunca mais aqui me apanham"; como vi que o homem não estava para me aturar e foi mal-educado com toques de vedeta, retirei-lhe o livro da frente e dei-o ao Trillo, que ficou atrapalhado e disse que não desenhava, ao que eu respondi no meu pior Espanhol (castelhano) qualquer coisa como “eu sei, mas do que eu gosto mesmo é dos seus textos, gostaria e agradecia-lhe imenso que faça uma dedicatória no livro”, ele fez e o Risso ficou com umas trombas maiores do que tinha quando cheguei. Nunca sofri de “star strucked”, e já conheci pessoalmente algumas vedetas maiores, de Hollywod inclusive. Somos todos pessoas, apenas isso. Têm o meu respeito, o meu agradecimento e o meu dinheiro pela minha boa consideração pelos seus trabalhos. Se algumas querem ou gostam de ser tratadas como algo mais do que pessoas porque são jeitosos para o desenho ou cinema ou outra coisa qualquer, comigo não têm sorte alguma.
    Eu gosto imenso dos desenhos autografados...pelo que devo ser masoquista! Tenho imensa pena de não ter desenhos autografados de dezenas de autores que passaram pela Amadora nos anos que lá fui, pelo que agora vou para as filas…mais do que uma vez, se puder, se me deixarem, tantas vezes quanto o número de livros que eu tiver desse autor.
    À Maria José agradeço todo o trabalho que produziu ao longo dos seus anos de profissional na edição de BD, trabalho que eu comprei e com todo o maior gosto continuarei a comprar se de BD tratar.

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  79. Noto mais uma vez que o Bruno Campos tocou em alguns pontos sensíveis.
    Mais uma vez irei dar a minha opiniao acerca da política da Asa.
    Ja na altura das edições setenta, verificou-se que era praticamente impossível existirem varias editoras nacionais no mercado a publicarem Franco-Belga (e de notar que nem sou grande adepto deste formato, gosto de revistas ou Comics)... Um dos vários problemas da queda de vendas da BD em Portugal, deveu-se ao facto de andarmos um pouco no mundo da ilusão e pouco termos contribuído para a divulgacao da mesma nos últimos tempos.
    Nos anos 80, tínhamos um senhor que dava destaque a bd e animação em Portugal chamado Vasco Granja, o que fazia com que as revistas da altura fossem vendidas em larga escala para o pais que temos.. O Vasco Granja conseguiu que uma obra tao emblemática como o Corto Maltese fosse divulgada em Portugal, logo a seguir a países como França e Itália. (Tal como havia feito o padre Abel Varzim que fez com que Portugal fosse o primeiro pais a traduzir a personagem Tintin)., logo, ficamos com uma cultura bem enraizada no que iria ser denominado como BD -Franco-Belga e que seria promovida pelo Vasco Granja em Portugal e no estrangeiro atraves da Tv ( o que fez com que este tipo de Bd tenha chegado a todos os países de língua oficial portuguesa, o que ajudou a consolidar quer a bd que importávamos e se traduzia, assim como os autores nacionais.. Ex: E.T.Coelho entre outros)..

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  80. DePois do Vasco Granja, nunca mais ninguém fez esta promoção via TV (fosse a Meriberica, A asa ou outra editora qualquer e provavelmente teriam capacidade para isso). O que penso eu que falhou? Foi o interregno que existiu entre a falência da Meriberica (que neste periodo ainda tentou 'segurar' os direitos de Corto Maltese e criou uma editora chamada 'Marginalia para publicar a historia de o de Crepax) e o surgimento da Asa (talvez 3 anos?).. O que afastou alguns leitores que começaram a importar este formato de BD de outros países.
    Quando surge a Asa para dar 'seguimento' ao que se tinha feito na meriberica e com edições em capa dura (que na pratica eram mais caras que as que eram importadas, logo, Nuno, como mera critica construtiva posso-te dizer que provavelmente muita gente ia para as filas de autógrafos da Amadora com livros em francês debaixo do braço, pelo simples facto de estarem habituados a comprarem-nos mais baratos e a terem a obra na sua língua original e nao vejo isso como algo negativo, porque os portugueses sempre dominaram varias línguas na leitura, o que e de louvar).

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  81. Mais uma vez e 'discutindo' a situação da Asa, nao entendi como nao viram que o mercado tinha mudado devido a esse interregno dos tais 3 anos. (Como ja expliquei acima).
    Outra situação que nao entendo, foi o porque da Asa nao ter feito divulgacao e promoção (como tentativa de exportação para os países que tenham o português como língua oficial portuguesa... Estamos a falar dum grande mercado) ou mesmo utilizado a internet como um veiculo para se obter um bom resultado nesta área a nível de vendas.. (Claro que se iria gastar muito dinheiro com isto, mas teria retorno a curto prazo).. E mesmo criar uma revista sobre BD em Portugal (mesmo que desse prejuízo, tentava-se recuperar o mesmo na venda dos livros)
    Outra coisa que nao entendi na ASA foi a fixação no modelo criado pela Meriberica do álbum de 48 páginas em formato A4, pois poderiam criar um selo dentro da própria editora para editarem coisas diferentes e em formatos diferentes (chamem-lhes 'alternativos' ou o que seja) e notei que das poucas coisas que saíram com um formato diferente do normal foi o 'cidade de vidro' adaptado de um livro do Paul Auster e que poderia ser o ícone deste novo selo... E que a própria Asa poderia pedir a colaboração a editores para os ajudarem neste campo em vez de existirem N de editoras a publicarem tudo e mais alguma coisa, pagando-lhes pelos seus serviços e ficava tudo concentrado num grande grupo editorial.

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  82. Sei que a ASA no inicio perdeu um pouco a noção da realidade do mercado de BD em Portugal e posteriormente começou a ver que os livros nao saiam e toca a desfazer stock a preços baixíssimos que como e obvio abalou as outras editoras a nível monetário e de distribuição.
    Falando pôs Manuel Maria Carrilho quando abandonou a cultura e João Soares, a câmara municipal de Lisboa respectivamente, a BD deixou de ser 'moda' (e os autores nacionais tiveram que se aperceber que nao poderiam viver somente de bolsas do estado e outras coisas, o que contribuiu na minha opiniao para o declinio do estatuto que tinha anteriormente cultural)..

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  83. Quanto a Devir nao ter funcionado inicialmente em Portugal, deveu-se a erros crasos financeiros que mais tarde iriam ter repercussão na editora (com o Brasil a fechar a torneira a Portugal)...
    Para exemplificar estas coisas, e simples de ver que Pos-Carrilho/Soares, desapareceu o festival de banda desenhada do Porto, o de Lisboa e fez-se em 2004 um festival organizado pela devir e vitamina bd chamado BD Fórum (que contou com as presenças de Gaiman, Civiello, Varanda entre muitos outros) que tambem nao vingou nas vendas, o que fez com que nao se fizesse mais nenhum).
    Sei que muita gente viveu e vive em grande com projectos aliados a BD e nao critico, pois a mesma tem que ser fundida e tornar-se novamente num objecto cultural e de moda no nosso pais.
    Quanto a tudo o resto, datas, quezílias, editoras, etc, na minha opiniao e conversa para 'encher chouriços'.
    Ja digo ha muitos anos que e a união que faz a forca.
    A Asa cometeu alguns erros (claro que cometeu).. A Maria José tambem? Claro que sim, somos humanos e nao maquinas.
    Continuo a achar que o trabalho da Maria José e meritório, com alguns erros normais pelo meio que qualquer um de nos cometeria na mesma, dado ao pais e mentalidade que temos.
    Tambem nao nos pudemos esquecer que hoje em dia existe muitas mais coisas para consumirmos do que acontecia nos 80's e 90's pôs-surgimento da internet e os hábitos geracionais sao outros.. (Penso que as coisas vão mudando e temos que nos aperceber das mesmas).
    Quanto ao festival da Amadora,acho bárbaro, um festival com um orçamento de 500.000 euros, cobrar entrada, cobrar as editoras para estarem lá a venderem os seus livros e ainda serem estas que trazem os autores...
    Estamos a falar de 500.000 euros:( , da para exposiçoes bem elaboradas e para pagamento de autores e mesmo de colaboradores e deve sobrar (mas nao quero entrar outra vez neste filme.. )
    Cumprimentos e Abraços

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  84. Bruno,

    - Quem mencionou as datas fui eu. Ao fazê-lo, quis demonstrat as séries "grandes" tanto podiam ter sido editadas pela ASA como por outra editora qualquer (em Portugal, sempre houve editoras grandes e pequenas);

    -Titeuf - de facto, esta série funcinou melhor em França do que nos outros países em que foi publicada; do Titeuf, o que funconou melhor em todo o lado foi o Guia Sexual da Malta Nova, que publicámos na ASA na mesma altura em que a BD foi lançada.
    - Uma série nova de BD (em todo o lado) só começa a "funcionar" a partir do volume 3.
    - Largo Winch - será a série ou o tema (policial) que não funciona em Portugal? neste caso, penso que será um misto dos dois.
    - Preço da edição cartonada/brochada - a diferença para o consumidor - excepto se se tratar de uma tiragem limitada - é entre 1 e 2 euros.
    - Quando entrei para a ASA, sei que objectivos me traçaram; não posso responder por projectos cujos objectivos desconheço.
    - A edição cartonada em algumas editoras nacionais significa apenas que os livros não eram produzidos em gráficas nacionais, mas eram impressos em coedição. Pode verificar os colofons dos livros das editoras que refere.
    - A Meribérica distinguia-se das outras editoras por ter distribuição/comercilização própria. Tinha comerciais e estes tinham objectivos de vendas. As outras editoras eram distribuidas por um distribuidor: está a comparar o que não é comparável.
    - O que eu quis dizer com o tempo que demorei a negociar mangá é que num mundo em que tudo muda tão depressa e os novos leitores são influenciados pelo anime que passa na TV, estes timings de negociações dificultam êxitos comerciais.
    - Não duvido que as grandes séries - e as que se conhecem - são sempre as mais apetecíveis. Mas a questão é a de saber quem de facto "lutou" para que, em Portugal, elas fossem divulgadas.
    - Percebo que os "monopólios" não lhe agradam; mas será que, na BD, são exclusivos de Portugal? Não me parece. Em Espanha, em Itália, na Alemanha, nos EUA... conheço grandes e pequenos editores. A única coisa que têm em comum: ninguém está em negócio algum para perder dinheiro.
    - Trabalhando por conta de outrem, fiz o que faria se trabalhasse por conta própria: tentar equilibrar séries "conhecidas" com séries novas. Se consegui? Não sei.
    - Quem estraga o mercado (de BD e não só)? Quem não investe uma lágrima de suor ou o que quer que seja: olha para os livros (como se olhasse para um sabonete ou uma bugiganga) e limita-se a dizer: isso não interessa. Não vende.
    - Cheguei aonde gostaria? Eu sei que não.Falta-me concretizar "a agência de autores nacionais" que alguém alvitrou que iria fazer quando sai da ASA :-).

    Maria José Pereira

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  85. Refem,

    Não se pode ir de férias. Chegamos a casa e um dia não chega para ver os blogues todos.E os livros que se acumulam? É um desastre :-).

    Maria José

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  86. mmmm,

    Dos anos 70/80 aos dias de hoje tanta coisa mudou...

    Tive o privilégio de privar com o Vasco Granja quando era miúda, e lembro-me de ir a casa dele quando ele vinha de festivais internacionais: ele e a mulher traziam as novidades "todas" no fundo da mala, as quais vendiam depois aos "nerds" da altura.
    Lembro-me também de ter ido à Venda Nova, onde ele trabalhava, e de ter visto a redacção do Tintin. Era mágico. O Vasco Granja punha-se na pele de todos os personagens, respondia aos leitores, escolhia histórias, era de uma gentileza extrema.
    Penso que o seu trabalho ficou mais conhecido após o 25 de Abril, graças ao programa de TV na RTP.
    As revistas eram vendidas porque não havia net ( não sou assim tão "velha", mas quando comecei a trabalhar, os telefones eram de cavilhas, havia um telex onde tinhamos de gravar previamente as mensagens, depois quando apareceu o fax com aquele papel que ao fim de uma semana comia as letras todas foi um espectáculo... e o computador, que revolução! Eram muito poucos os que conseguiam entender-se com o Lotus, as máquinas da IBM imperavam nos escritórios e o PC começou a ser banalizado apenas a partir dos anos 90. Com isso, mudou o mundo, mudou a forma de comunicarmos, mudou a forma de comprarmos, mudou o nosso acesso à informação. As fronteiras abriram-se, já não há alfãndegas que nos abram as encomendas, é super fácil comprar na hora, na net, uma novidade que sai hoje nos Estados Unidos, em Inglaterra ou na China. A moeda foi substituída pelo cartão de plástico, já não vamos para Itália com o bolso cheio de notas que valem 1 tostão. Estamos a comparar o quê? O mundo é para a frente, onde está o futuro que não é feito de marchas atrás. O passado é saudusismo que vale o que valem as memórias. E estas, às vezes julgamo-las mal, imaginamos uma realidade que não existe e nunca foi.
    Podemos fazer o presente de "ses": se a Meribérica... Se a ASA... Se a Bertrand... Se as edições 70... Se a Arcádia... Se a Verbo... Mas os prováveis são adivinhação e nem o presente nem o futuro são feitos dessa matéria.
    ET Coelho, Vitor Péon e outros, sairam de Portugal (também) pela paixão à BD.Outros decidiram ficar (como por exemplo o meu querido amigo José Ruy) e bater-se toda a vida por ela.
    Cometi erros? Acho sinceramente que cometi. Faria tudo exactamente como fiz? Decerto faria.
    Afinal, como dizia um dos meus filhos quando era pequeno e lhe perguntavam o que a mãe fazia, estive a "trabalha(r) para o boneco". ;-)

    Maria José Pereira

    P.S.: já viram em pormenor algumas pranchas da série "Sang Royal"?

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  88. Maria José, só mais uma notas, desculpe a demora na resposta:
    - Tenho a impressão é que faltam editoras médias, mas como já chegamos à conclusão que as séries "grandes" podiam ser editadas por qualquer editora porque motivo é que a Asa é que arrebatou todas? Foi falta de interesse da concorrência ou maior poder negocial?

    - Se uma série nova de BD só começa a funcionar a partir do 3º volume surpreso com a quantidade de séries não chegaram a ter sequer um segundo volume, quer na Asa (quer na Méribérica). Ou A Mª José estava a falar de "funcionar" em termos de gerar novas edições do primeiros volumes com o 3º volume e seguintes, em vez de uma série ser rentável, gerar lucro mas não ter procura suficiente para justificar múltiplas edições?

    - Quanto ao tema policial funcionar (ou não em Portugal) a Mª José deverá saber melhor do que eu, mas na minha opinião séries como Sin City e Blacksad demontram que o policial funciona em Portugal.

    - Existe uma diferença entre objectivos comerciais e projecto editorial, apesar de ambos poderem estar interligado. No caso da Asa já mencionou que lhe tinha pedido para editar 40 títulos por ano, mas (salvo erro) no primeiro ano editou mais que esse número, e no segundo ano duplicou o número de titulos dos que estavam originalmente pensados. A que se deveu esse aumento do projecto/objectivos?

    - A Witlloof teve edições que não era co-edição, pelo menos os álbuns do Ferrand que eram álbuns inéditos.

    - O facto de a Meribérica ter um distribuição própria não impedia de estar à venda nos mesmo locais dos que as editoras que trabalhavam com um distribuidor. Se o mercado não cresceu quando elas surgiram então os lucros/vendas da Meribérica tiveram uma diminuição, ou não.

    - No meu ponto de vista o timming de Dragon Ball falhou por 20 anos, não foi 5, mesmo assim Dragon Ball tem estado SEMPRE em exibição na SIC Radical

    - Eu não me lembro de monopólios de BD em Espanha e Itália, no EUA é que não existe mesmo um monopólio de edição com um mercado com 2 grandes editoras num segmento (que são 3 se analisarmos só as vendas de TPB/GN). Contudo fugiu à questão, agradam-lhe monopólios e considera que são benéficos para o mercado?

    - "A agência de autores nacionais" foi piada não foi? Eu não me lembro de a Maria José ser conhecida por vender séries, só por comprar, aliás outro ponto negativo do seu trabalho na Asa seria mesmo nesse capítulo: a incapacidade de vender álbuns de autores nacionais para o estrangeiro. O caso que me deixa mais perplexo é a Asa ter capacidade de comprar o Merci Patron do Lacas e depois não ser capaz de vender o Asteroid Fighters. Era supostos o Lacas ter mercado em frança em particular depois de ter sido premiado.....

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  89. Bruno Campos
    Como é lógico não pode esperar que a Maria José lhe responda passado tanto tempo. O que tinha sido combinado foi que durante o dia do post e nos dias seguintes ela responderia a perguntas aqui nos comentários. Ou seja, dia 12, 13 e 14. O Bruno começou a fazer perguntas no dia 18.
    Por iniciativa da Maria José ela respondeu a mais algumas perguntas fora deste lapso temporal, e respondeu até 20 de Agosto.
    Não estou à espera que ela comente aqui "ad eternum"...
    Mas há uma pergunta que eu posso responder. Nenhuma editora pegou nas séries FB mais rentáveis (Asterix, Lucky Luke, Spirou e Tintin) por uma razão muito simples, os direitos são caríssimos! Para além das condições impostas por eles, tipo ter de reeditar as séries completamente. Posso-te dizer que também houve uma tentativa da ASA para comprar os Estrumpfes que não foi avante porque o preço dos direitos eram um abuso. A ASA foi a única editora em Portugal com "carteira" para se "chegar à frente" nos casos atrás referidos.

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  90. Desculpa lá não tinha reparado no prazo de validade, mas por acaso eu tinha interpelado era o José de Freitas, não foi a Maria José, mas não sou moço de me queixar até nem importei com a troca.

    Quando puderes depois pergunta à Maria José, e se puderes partilha a informação que eu agradeço ;)

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  91. Caro Bruno,

    “Ganda confusão”! Vamos tentar estabelecer um calendário, pode ajudar e muito.

    Sim, para mim a Vitamina BD e a Witloof fazem parte da “enxurrada” de novas editoras que começaram a editar à volta do ano 2000. Considerando que antes só praticamente a Meribérica é que editava há anos, o facto de repente aparecerem mais duas editoras ou três editoras constituiu uma grande novidade. A Devir iniciou a edição de Marvel em meados de 1999. E começou a editar os “trades” entre 2001 e 2002, se não me engano. Os anos de 2003 e 2004, e mesmo 2005, ainda foram anos bons de vendas, embora se notassem os sinais precursores de problemas a nível da distribuição (e não a nível da BD como categoria). Demasiados títulos para demasiado pouco espaço nas livrarias, prevalência dos hipermercados e problemas com a lei do preço fixo, expansão das FNACs e assim por diante. Para a Devir (e falo só por nós, mas alguns comentários mais adiante), os problemas começaram em 2004 e 2005, mas exclusivamente a nível de bancas e de revistas. Ou seja, embora os livros vendessem bem, as revistas baixaram (e muito), e começaram a perder dinheiro, algo que já acontecia há algum tempo mas não nessa escala; antes, perdia-se algo, mas servia de veículo de publicidade das graphic novels e álbuns (e outros produtos que a Devir vende) e era possível justificar. O problema é que quando se tomou a decisão de deixar de editar revistas regulares para bancas, a Panini reviu o nosso contrato, deixando que outros iniciassem a edição de material da Marvel, e começou planos para distribuir o material brasileiro cá. E o facto da DC ter cedido o exclusivo quase completo dos seus títulos no Brasil retirou à Devir uma parte significativa do mercado. Se não podia editar DC, se estava bastante mais limitada na Marvel, a Devir perdeu 80% do seu catálogo. Como pode ver não foi um problema de vendas dos livros, mas apenas das revistas em banca. Aliás, naqueles anos as bancas passaram por reformulações profundíssimas que abalaram bastante a distribuição, e isso também teve grande impacto nos títulos da Marvel, que no geral não representavam um valor que fosse especialmente interessante para a nossa distribuidora (embora deva dizer que sempre fomos muito bem tratados na Logista, antiga Midesa, que fez esforços grandes para ajudar).

    Só mencionei o exclusivo da DC no Brasil para explicar que como a Devir perdeu a possibilidade de editar mais de metade do seu catálogo (e a metade mais interessante, acrescente-se, desde Sandman a clássicos do Batman), se desinteressou um bocado; mais, sem alguns títulos fortes a empurrar, o resto do catálogo sofre e baixa as vendas. Mas infelizmente, a responsabilidade não foi da Devir, foi apanhada numa guerra entre editoras no Brasil em que os valores atingiram nivéis tais que o que a DC perdia, por deixar de ter editor próprio em Portugal, muito menos do que ganhava com o que lhe pagavam lá (dando o “rebuçado” de Portugal como um extra).

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  92. Bruno:

    “Agora confesso, tenho alguma curiosidade para saber quais foram os "muitos e bons anos de edições" a que o José de Freitas se refere. Bons para quem? Essas boas vendas não foram devido ás colecções de BD com jornais.”

    ? Não estava presente? Não viu o que se editou entre 2000 e 2005? Centenas de livros, em edições razoáveis, das várias editoras? No que toca à Devir, tivemos muitos sucessos editoriais, títulos como Liga de Cavalheiros Extraordinários, Batman Ano Um, os primeiros volumes de Hellboy, Sin City, etc… Estamos a falar de livros que venderam 3000 a 4000 em primeiras tiragens e tiveram reedições. O Batman Ano Um vendeu cerca de 7000 exemplares na primeira edição (que era o trade normal de 100 pgs) e outros 4000 na edição completa que se reimprimiu alguns anos depois e incluia o sketchbook do Mazzuchelli. O primeiro e segundo volume do Sin City passaram por duas edições no ano do filme, cada, mais de 6000 a 7000 exemplares só nesse ano. Para mim isso são boas vendas! Estão longe dos 100,000 do Asterix, claro, mas enfim…

    E foram boas para os leitores, que aderiram e compraram e gostaram, senão não tinham comprado vários volumes de várias séries. E foram boas para as livrarias especializadas, algumas das quais precisavam muito de material em português, regular, mensalmente, para ajudar nas suas vendas. E para as livrarias generalistas que viram BD a vender bem e com muita procura e deram, pelo menos durante um tempo, visibilidade aos livros. E foram boas para o mercado em geral. E provaram que se houvesse edições regulares, em razoável quantidade, de livros bons e de qualidade, havia público para a BD para os diversos géneros que a constituiam. Claro, a crise e os problemas de distribuição causaram grandes problemas à BD, mas mais porque a maioria das editoras não estavam preparadas para enfrentar os problemas que a “crise livreira geral” causou. Ora vejamos: a Devir foi saindo do mercado porque não podia editar o catálogo que era o seu normal (mas também, admita-se, por crise nas vendas e por ter perdido algum dinheiro que na altura não devia ter perdido - ie. ter teimado um pouco de mais com as edições de revistas em banca, que deviam ter sido canceladas um ano e meio antes), a Vitamina BD levou um golpe terrível com os problemas que assolaram a sua distribuidora (a Sodilivros), que acabou por falir - a Devir também era na altura distribuida pela Sodilivros, mas conseguiu saltar fora do barco a tempo e começar a distribuir-se a si própria. A Witloof já tinha fechado antes, essa sim por problemas de vendas de alguns títulos (tinha-se comprometido com algumas séries e algumas das tiragens que fez estavam desajustadas), mas também por conflitos com o seu distribuidor, a Booktree idem, também me parece que foi das que viveu problemas de vendas mesmo e não conseguiu ter títulos suficientemente fortes para empurrar o seu catálogo. Sobrou a ASA, que continuou a editar normalmente durante bastantes anos.

    E sim, fizeram-se promoções com jornais na altura, as duas colecções com o Correio da Manhã (uma vendeu muito bem, outra vendeu mal), a colecção do Hulk no Jornal de Notícias (que correu muito bem) e talvez outras de que não me lembro. Mas as vaneas foram boas sem haver colecções associadas a jornais. Por exemplo, o primeiro pedido do livro O Hobbit (na edição primeira de todas, em formato trade US) da FNAC foi de 800 exemplares, e o segunod pedido de 160 chegou menos dum mês depois! Esse livro vendeu na altura, em cerca de 3-4 anos, uns 15,000 exemplares.

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  93. Mmmm:

    “Quanto a Devir nao ter funcionado inicialmente em Portugal, deveu-se a erros crasos financeiros que mais tarde iriam ter repercussão na editora (com o Brasil a fechar a torneira a Portugal)... Para exemplificar estas coisas, e simples de ver que Pos-Carrilho/Soares, desapareceu o festival de banda desenhada do Porto, o de Lisboa e fez-se em 2004 um festival organizado pela devir e vitamina bd chamado BD Fórum (que contou com as presenças de Gaiman, Civiello, Varanda entre muitos outros) que tambem nao vingou nas vendas, o que fez com que nao se fizesse mais nenhum). (…) Quanto ao festival da Amadora,acho bárbaro, um festival com um orçamento de 500.000 euros, cobrar entrada, cobrar as editoras para estarem lá a venderem os seus livros e ainda serem estas que trazem os autores...
    Estamos a falar de 500.000 euros:( , da para exposiçoes bem elaboradas e para pagamento de autores e mesmo de colaboradores e deve sobrar (mas nao quero entrar outra vez neste filme.. )”

    Grande chorrilho de disparates, chamando as coisas pelo seu nome. A Devir foi estabelecida em Portugal em 1996, e funcionou quase imediatamente com grande sucesso! Aliás, ainda está em funcionamento, ainda edita BD e tudo, mas não esqueçamos que a Devir tem MUITAS outras áreas de actividade. A Devir funcionou tão bem em Portugal que em 1999 quando da grande crise do real e dos mercados internacionais, ajudou a sua casa mãe no Brasil, em 1998 e 1999 fez um investimento colossal na edição de Marvel, em 2000 fez outro investimento enorme, fundando (também com ajuda da Devir Brasil, claro) a Devir Espanha, que até hoje continua a funcionar e bem. Obviamente que houve erros, e houve coisas que não correram bem, como em todo o lado. Quer saber uma coisa que não correu bem? Um investimento que fizemos em 2004-5 para editar a Turma da Mónica em Itália, que infelizmente teve vendas muito decepcionantes. Mas as coisas são assim, umas coisas correm bem, outras não. E na Devir a BD correu razoavelmente bem durante uns anos, embora nunca tenha sido de modo nenhuma a maior ou mais significativa actividade da empresa (que distribui e edita jogos e outros produtos). Grosso modo, nunca terá passado de 15% do total de vendas da Devir. Mas os sócios da Devir (portugueses e brasileiros, incluindo eu) sempre foram fãs de BD e sempre foi uma actividade prestigiante para a empresa. Claro que pode ter havido erros, mas acho uma certa lata dizer “crassos” para mais com erro de ortografia, alguém que não faz a mínima ideia do que está a falar! E julgo que você pouco (ou mesmo nada…) sabe da gestão financeira da Devir para estar a categorizar o que quer que seja. Erros: ter teimado um ano de mais a editar revistas para bancas da Marvel. Foi o principal erro que eu vejo (do qual fui, aliás, o principal responsável).

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  94. BD Forum: deixou de se fazer por uma razão super-simples. Era de facto organizado pela Devir e pela Vitamina BD, mas também pela Sodilivros que era na altura distribuidora das duas editoras. A contribuição da Sodilivros foi ter trazido para o projecto a possibilidade de se alugar o Forum Telecom (vulgo Picoas) a um preço que qualquer outra organização não conseguiria. O projecto inicial era fazer de dois em dois anos, mas problemas de calendário, a implosão da Sodilivros, a forte diminuição de edições da Vitamina BD e mais tarde os conflitos entre a Vitamina BD (e até certo ponto a Devir) fizeram com que nunca mais se tenha feito o BD Forum. Uma pena, porque posso acrescentar que até se ganhou dinheiro, fora a visibilidade que a BD e os autores patrocinados alcançaram. Sei qua a Sodilivros também ganhou dinheiro, não me lembro do caso da Vitamina BD, mas penso que pelo menos perder, não perderam.

    Relativamente a este tema posso também adiantar, para aqueles que não se lembram, que o BD Forum resolveu a questão dos autógrafos duma maneira que me pareceu equilibrada: cada pessoa recebia uma senha na compra dum livro num dos stands no festival, e com essa senha podia pedir um autoógrafo. Simples, fácil e resolve os interesses das editoras também. Foi aberta uma excepção ao caso do Neil Gaiman, num dos dias, porque tivemos o apoio da Editorial Presença nalgumas das suas despesas, e os leitores dos romances queriam estar com ele. Aliás… contei 900 pessoas na fila inicial do Sábado em que ele começou a dar autógrafos…

    Finalmente… o Festival da Amadora tinha 500,000€ de orçamento e NINGUÉM ME AVISOU???!!! Raios, podia ter aproveitado e bem! São números fantasiosos e falsos. Se considerarmos o “equivalente” em trabalho e infraestrutura que a Câmara fornecia (trabalhadores para contrução de estruturas, supervisores, pessoal geral, sítio e assim por diante, espaço em locais de publicidade e na TV, etc…) talvez chegássemos a metade disso. Talvez. Duvido que em dinheiro passasse muito de 50,000 ou 70,000€. Coisa pouca, errou apenas por um factor de 10… E note que sei do que falo, porque além de autores, a Devir pagou por exemplo o catálogo da exposição do Gaiman (que não foi barato), investiu em parte dos custos de transportes de originais, etc… e houve anos em que trabalhámos de perto com o Festival. Como termo de comparação, o BD Forum custou cerca de 40,000€ mais o esforço de trabalho não remunerado (ou cobrado) da estrutura de alguns dos participantes (Sodilivros e Devir, sobretudo) e dos sócios que se envolveram pessoalmente e que pouco mais fizeram durante mais de um mês (com relevancia para o Pedro Silva da Vitamina BD que arranhou que se fartou!)…

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  95. Nuno Amado:

    “Quando falei em "milhares de livrarias" foi uma força de expressão. Queria dizer que deveriam ser distribuídos para todo o lado! E sim, agora devem existir muito poucas livrarias visto que foram quase todas esmagadas pela FNAC e Bertrand, sempre presentes no C.Comerciais mais importantes. Mas aparte a FNAC receber logo um monte de livros o que economicamente é bom para uma editora, não deixa de ser estúpido não distribuir os livros para as outras... as distribuidoras por e simplesmente ignoram as outras livrarias. Um caso que eu conheço "in loco" é a livraria Serpis no CC Galerias do Alto da Barra em Oeiras que se fartou de pedir livros de BD à ASA e nunca recebeu um único... e ainda é mais estúpido não distribuírem para as livrarias especializadas chegando ao cúmulo de algumas serem as próprias a ir buscar os livros à editora como soube de um caso.”

    O problema é que distribuir tem custos, e que uma editora pequena não tem como enviar meia-dúzia de livros para uma livraria. O distribuidor, como gere um catálogod e várias editoras, consegue juntar encomendas de várias e enviar. Mas mesmo assim muitas livrarias acabam por ter de pagar portes, ou são servidas de dois em dois meses (quando acumulam pedidos suficientes) etc…Mas confesso que é esquisito não serem fornecidos pela ASA/LeYa, que tem a sua própria distribuição no país inteiro. Talvez haja mínimos de encomenda e só os livros de BD não os satisfaçam. Não sou conhecedor da distribuição da ASA, para além do que ocasionalmente se houve dizer.

    Mas nota, com a falência da Sodilivros houve várias editoras que ficaram sem distribuidor: Devir, VitaminaBD, Polvo, e nenhuma delas tem como conseguir enviar livros para livrarias uma a uma, excepto a Devir que já faz esse trabalho por causa das cartas de Magic, etc… Por isso, essas editoras mais pequenas vendem praticamente exclusivamente nas FNACs, Bertrands, uma ou outra livraria, perto delas (!), e feiras e festivais. O caso que tu referes é exactamente esse: uma editora como a Vitamina BD não tem como estar a expedir quantidades relativamente pequenas para livrarias, porque pura e simplesmente não tem empregados, contrato com transportadora, armazém, etc…

    Proponho também uma coisa a alguns dos intervenientes. Funciona bem para mim, por isso suponho que funciona para outros: antes de carregarem no botão de enviar o vosso post, parem um instante e releiam o que escreveram, nem que seja para catar algumas gralhas (muitas…) dos vossos posts. Mas sobretudo para eu não ficar tanto com a ideia de que alguns dos que aqui andam são mentecaptos, ou têm menos de 14 anos e menos que a quarta classe. Ao mesmo tempo.

    É desanimador.

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  96. Nuno, este teu site é uma seca, a cena dos 4096 caracteres, obriga a umas jiga-jogas terríveis!

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  97. José Freitas
    (A tentar não dar erros...)
    :P
    Começando pelo fim, não posso fazer nada quanto a comentários. São imposições da plataforma "Blogger". Quando tenho de fazer comentários extensos faço primeiro numa folha Word, e depois vou colando na caixa de comentários.
    Sorry...

    Em relação às distribuições estava a falar mais em relação à ASA, visto que a LeYa tem distribuidora própria, e é a editora neste momento com maiores tiragens. Neste caso não compreendo como não fazem uma distribuição verdadeiramente nacional. Não me estava a referir propriamente a editoras mais pequenas que eu sei que têm problemas com distribuição. Mas acho que pelo menos para as lojas especializadas deveriam mandar os livros, e os custos de os mandar por uma vulgar transportadora não são tão grandes como isso (e isto eu sei porque já usei várias vezes). Infelizmente os livros de BD em Portugal neste momento só se compram onde houver um grande CC com uma FNAC, Bertrand ou Bulhosa. O resto é deserto. Assim promove-se a venda online, que acaba por ser no caso da BD um perigo! Pois se na busca um livro online, se vai parar ao Amazon... perdeu-se um cliente nacional para importados. Foi assim que eu comecei a comprar os meus importados! Andava à procura de um livro online (porque ao pé de mim não havia) e deparei-me com um resultado do Google para o Amazon... pois pois..., a seguir "foi um ver se te avias".
    :P
    Obrigado pela tua disponibilidade para responderes aqui nos comentários!
    :)

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  98. Caro José de Freitas,
    Poderia chamar-lhe de mentiroso, falso, hipócrita, manipulador e 'enganador'.
    Mas nao me apetece dar-lhe tempo de antena, pois o senhor vive num conto de fadas com libelinhas a voarem sobre a sua cabeca e tudo;)
    Logo, nem me irei chatear com tanta parvoíce que 'tentou' camuflar;)
    Você fica com a bicicleta, mas aconselho a quem le este blogue a fazer algumas pesquisas e talvez descubram o seu melão (ou melancia).
    Farto de 'ingénuos' e hipócritas ando eu.
    Poderia se dedicar a um qualquer circo (talvez tivesse mais jeito para isso).
    O orçamento do AmadoraBd e publico.
    Estive no BdForum os dois dias in loco, logo nao vale a pena tentar entrar num circo quezilento e dizer coisas que nao correspondem a verdade.
    Quanto a Devir Brasil, tambem basta fazer uma pesquisa e falar com algumas pessoas da mesma com provas e acaba-se a sua tentativa de manipulação.
    Quanto as vendas da Devir, nunca disse que tinham sido mas, mas sim que a devir Portugal gastou MUITO dinheiro em coisas superficiais e nao me vou alongar muito, senão ainda o convidava para um cafezinho para me contar 'estorinhas'.. E nao tenho idade para as mesmas, mas para cafezinho estou sempre disponível.
    Cumprimentos

    P.S: Nuno, desculpa lá de utilizar este teu espaço com esta resposta, mas quando nao gosto, nao como.

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  99. Queria tambem responder a esta 'diarreia' escrita pelo José de Freitas (que nao tem erros ortográficos)
    'Proponho também uma coisa a alguns dos intervenientes. Funciona bem para mim, por isso suponho que funciona para outros: antes de carregarem no botão de enviar o vosso post, parem um instante e releiam o que escreveram, nem que seja para catar algumas gralhas (muitas…) dos vossos posts. Mas sobretudo para eu não ficar tanto com a ideia de que alguns dos que aqui andam são mentecaptos, ou têm menos de 14 anos e menos que a quarta classe. Ao mesmo tempo.'
    Este senhor e o mesmo que escreveu algo que foi publicado como uma introdução para um livro da Levoir da coleccao dos heróis da DC com gralhas e erros ortográficos (algo que foi impresso e nao esta numa plataforma digital, o que e bem mais grave).. Logo, talvez devesse tambem reler o que escreve (e sendo pago por esse trabalho) para essa introdução que eu li (enfim... Atira pedras ao telhado dos outros, sabendo que elas fazem ricochete).. Esperteza saloia a parte (e desculpem-me a falta de acentos, mas ainda nao tive tempo para corrigir a aplicação de acentos do meu pc)
    Devo comunicar ao Exmo. Senhor José de Freitas (arauto da verdade suprema e absoluta) que muitas crianças com menos de 14 anos compram os livros, pelos quais recebe o seu ordenado e provavelmente algumas pessoas as quais chama mentecaptas tambem o fazem (logo, penso que um pouco de respeitinho por um publico que vem a um blogue de bd e falar de bd lhe ficava bem, pois o senhor e remunerado na nona arte e quem aqui comenta nao o e) e tenho a certeza que muita gente com menos do que a quarta classe tambem os le em Portugal... Aprenda a respeitar para ser respeitado...fica-lhe mal essa postura de 'clown' com piadas inseguras...
    E por pessoas como o senhor que a nona arte esta como esta em Portugal, logo tenha um pouco de vergonha na cara e nao insulte o pouco publico que vamos tendo na BD em Portugal e as suas capacidades ou (in)capacidades tao cultas e literárias como v.exa que para um trabalho para o qual e pago e com nao sei quantos colaboradores a coordena-lo, comete essas gralhas (e erros ortográficos)... Piadas a parte dou-lhe um conselho: monte um circo de pulgas amestradas e o sucesso e garantido com a sua presenca de certeza absoluta.
    Cumprimentos

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  100. mmmm,

    Como é que é possivel conversarmos assim? Por muito que o José Freitas não tenha razão naquilo que diz (e não imagino se tem ou não), não devemos tentar ser minimamente civicos? Eu não quero parecer pastel de nata, mas depois de ler a introdução que fazes ao teu comentário quase que perdi vontade de ler o resto. Mas li, porque sinceramente o que me interessava era saber se o José Freitas tem razão no que diz ou não, mas em vez disso todo o discurso do comentário é para 'bater' no homem, não com argumentos, mas a chamar nomes :S

    Já há uma semana ou duas escrevi exactamente a mesma coisa ao 'Bruno Campos' ou 'Chaka Sidyn' (não sei qual o alter-ego que prefere usar aqui) no seu blog ACalopsia exactamente pela mesma razão. Como é que alguém há-de prestar atenção ao que alguém diz se essa pessoa em vez de mostrar os factos que conhece é mal educada e com isso escusa-se (e escuda-se) de qualquer tipo de diálogo?

    A não ser que não estejam interessados em dialogar, e também compreendo (pelo que depreendi do teu comentário) que hajam conversas que já não tenham paciência para ter. Mas se assim é, porquê o resto?

    Não tenho nada contra pessoas frontais e mesmo beligerantes, desde que sejam minimamente civicos. É que alguns de nós que estamos a ler gostariamos mesmo de perceber mais do que estão a falar sem ter de passar pelo chamar de nomes.

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  101. José de Freitas,

    A Vitamina BD começou a publicar em 1997 assim como a Polvo, a Witloof começou a editar também entre 1997-1998, quando chegamos a 2002 (ano em que começa o implosão) estas editoras já estavam à 4/5 anos no mercado, não me parece que possam ser consideradas "novas" editoras.



    A Devir começa a operar exclusivamente nas bancas, que sendo um canal de distribuição diferente pode (e deve) ser considerado um mercado diferente do mercado livreiro, onde a Meribérica dominava e as 3 editoras que mencionei estava em concorência directa com esse colosso. Estas 3 editoras, na minha opinião, foram alargando o mercado (livreiro) de BD, apesar das condicionantes de existir um editora que, até aí, tinha tido um monopólio da BD nas livrarias e grandes superfícies. A Devir, como o José de Freitas indica, só mais tarde é que começa a editar álbuns para o mercado livreiro.

    A grande diferença entre a Polvo, Witloof, Vitamina BD e Devir, para além da aposta nas bancas em vez das livrarias, foi o capital que a Devir tinha para investir.

    Apesar de terem uma dimensão menor em termos financeiros aquelas três editoras já tinham um pequena cota do mercado antes da Meribérica falir.

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  102. “Proponho também uma coisa a alguns dos intervenientes. Funciona bem para mim, por isso suponho que funciona para outros: antes de carregarem no botão de enviar o vosso post, parem um instante e releiam o que escreveram, nem que seja para catar algumas gralhas (muitas…) dos vossos posts. Mas sobretudo para eu não ficar tanto com a ideia de que alguns dos que aqui andam são mentecaptos, ou têm menos de 14 anos e menos que a quarta classe. Ao mesmo tempo.

    É desanimador.”

    Desanimador é ver que o editor de vários volumes recentes de BD com erros e gralhas - e que também os dá em respostas online - seja o autor destas frases.

    Se calhar é melhor o José de Freitas passar a fazer o que aconselha aos outros…

    E não tenho conhecimento de algum limite de idade ou mínimo de habilitações literárias para comentar aqui no Leituras.

    Luís:
    Estou com o mmmm: é preciso respeitar para ser respeitado e quando José de Freitas afirma “…alguns dos que aqui andam são mentecaptos, ou têm menos de 14 anos e menos que a quarta classe.”, está a faltar ao respeito, primeiro a quem aqui comenta com alguma rapidez a teclar e depois aos muitos leitores com menos de 14 anos que compram as suas edições.

    Quanto aos assuntos em questão, devo referir que a Devir publicou algumas das melhores edições de comics - mesmo a nível internacional - como é o caso do Eu, Wolverine e do Batman Ano Um. Edições sem “complicações” gráficas e com muito boa qualidade técnica.

    Quanto ao resto não tenho realmente opinião até porque a minha atenção não estava muito virada para o mercado interno visto que a oferta internacional nos anos referidos suplantava em muito – com excepções claro - a oferta nacional.

    Por isso obrigado Nuno por possibilitares esta discussão!

    Por último: um grande abraço à Maria José Pereira. Fez um bom trabalho na Asa – quem edita Breccia em português merece todo o meu apoio - e faço votos para que tenha sucesso neste seu novo ciclo.

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  103. José Freitas
    No caso do Amadora BD só posso falar desde 2008 (a 1ª vez que fui ao Amadora BD foi em 2007).
    Os números orçamentados são públicos, e no ano em que foi o aniversário da República Portuguesa eu estive na conferência de imprensa (tenho ido a todas desde 2008) e foi afirmado em plena conferência de imprensa que o orçamento do festival tinha sido reduzido para 500 mil EUR, mas que a comissão do centenário da República tinha colocado mais 250 mil EUR, perfazendo nesse ano 750 mil EUR. Foi dito (estou a repetir) que o orçamento tinha sido reduzido!
    Nos anos seguintes andou por pouco menos dos 500 mil EUR se não estou erro, mas os números são públicos, pois fazem parte do orçamento da Câmara da Amadora. De 2008 para trás desconheço completamente.
    :\

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  104. Este comentário foi removido pelo autor.

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  105. Quero deixar uma palavra de apreço a todos os comentadores, mas também dizer que teor dos últimos comentários está no limite daquilo que posso deixar passar.

    Todos sabem que eu gosto de discussão quente, comentários inflamados e linguagem no limite. Mas não vamos passar ao insulto fácil, porque eu não vou deixar. Isto é válido para todos!
    ;)

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  106. Este comentário foi removido pelo autor.

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  107. André Azevedo,

    Eu percebo que o comentário acerca dos leitores é um pouco infeliz. Mas acho que é muito mau se escalarmos o nosso tipo de linguagem sempre que alguém tem um comentário infeliz. Vou-me calar sobre este assunto pois acho que é uma pena que esta excelente entrevista com 106 comentários (de momento, e alguns deles tão elucidativos como a própria entravista) tenha de ser brindada com comentários menos próprios. Isso e também devido ao comentário que o autor do blog fez acima.

    Acho que muitas vezes as tais quezilias entre pessoal de Bd talvez pudessem ser evitadas se tivessemos todos um pouco menos de agressão na forma como fazemos o nosso discurso. Mas pronto, isto é outro assunto.

    Gostaria mesmo muito de ver a conversa nestes comentários retornar ao assunto em questão para ver se aprendia mais qualquer coisa :)

    Abraço

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  108. Luis Sanches
    É como disse atrás, gosto de discussões quentes, e não me importo que as pessoas até possam ter comentários "mais agrestes", mas o limite é antes do insulto fácil. Acho que o pessoal está no limite, convém não ultrapassar porque aí eu apago qualquer comentário.
    Estou a escrever isto como generalidade.
    Este post tem tido muitos comentários interessantes e uma boa discussão, portanto... força!
    :)

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  109. Olá Nuno,
    Obrigado por elucidares as pessoas que visitam o teu blogue acerca dos números do AmadoraBd.
    Eu somente escrevi que achava injusto que as editoras (incluindo a devir) ficassem com as despesas associadas aos autores que traziam e ainda tinham que pagar banca para um festival com um orçamento publico tao grande.
    Quanto ao BdForum, tenho a certeza que nao estiveram lá essas pessoas todas (ate porque estive lá in loco) e a situação das senhas nao funcionou de todo (quer para o Gaiman quer para os outros autores). Se este festival/encontro de BD deu tanto lucro, porque e que nao voltou a ser feito? Foi somente isto que escrevi.
    Quanto a devir, sei muito bem o que aconteceu, quer a nível das suas edições, quer depois a nível de distribuição de títulos importados das varias editoras internacionais para o grupo Fnac, assim como e fácil de constatar a distancia entre a Devir Portugal e a brasileira. (Mas nao quero escrever sobre isso, quem tiver interesse que pesquise e fale com directamente com a Devir Brasil);
    Quanto aos insultos, nao acho correcto que apareça aqui alguém que vive da BD a chamar mentecaptos a uns, a outros que tinham a quarta classe e ainda a outros que tinham menos de 14 anos.
    A banda desenhada e para todos e o teu blogue tem seguidores de todas as idades e de todos os escalões sociais (tenho a certeza disso).
    Logo fiquei exaltado com as afirmações do senhor José de Freitas e ate o convidei para um cafe.
    Fui brusco? Admito que fui, mas basta ler para ver quem começou esta 'estoria'... Por isso e que andava 'out' destas coisas e so vim comentar aqui devido a boa entrevista que fizeste a Maria José Pereira, a qual fui dando a minha modesta opiniao.
    Abraco e ja sabes que o blogue e teu e as regras es tu que as defines.
    Eu nao volto a utilizar palavras ferozes (mas o cafezinho pode continuar de pé;))..
    Gostaria de ver esta pessoa a contar-me essa 'estorinha' e outras olhos nos olhos.

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  110. André,
    Acho que nunca se deve atirar pedras que podem fazer ricochete.. E isso irritou-me neste senhor (que ate nao e a perfeição neste domínio para o qual e pago)... Mas nao serei eu que irei avalia-lo (repara que nem tenho criticado as gralhas e erros que vao acontecendo com frequência nas colecções Marvel e DC).
    Por mim, acho positiva qualquer iniciativa na bd com erros ou sem erros (nao gosto e de prepotência e arrogância ... Nunca gostei).
    Luís Sanches,
    Eu nao sou homem de guerras ou quezílias, tento me dar bem com toda a gente e tento ver sempre os vários pontos de vista dentro da bd nacional e na blogosfera, com uns concordo, com outros nao (como em tudo na vida).
    Agora acho que nao se deve cuspir no prato onde se come (que foi o que a pessoa visada fez)...
    A banda desenhada e para todos, quanto a dados e estatísticas e ate orçamentos, distribuição e quebras de edições, por vezes sao de fácil analise, bastando para isso ou consultar as coisas na net ou falar com pessoas na rua ou online e ficamos com a nossa opiniao, a qual somos livres ou nao de a dar.
    Para mim, esta tudo esclarecido no que concerne estas questões ha muitos anos.. (Mas e somente a
    opiniao de uma pessoa que esteve envolvida em varias coisas neste meio e que teve que falar com muita gente a nível nacional e internacional)
    Nao ando em 'guerras' com ninguém e sempre aceitei e encaixei bem criticas... Como os outros tambem devem saber encaixar...
    Gosto de aprender, mas ja sao muitos anos a ouvir e a ler sempre as mesmas 'tretas' com pouco sumo.
    Abraco

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  111. Os meus comentários foram dirigidos aos que escrevem comentários no blogue, nunca, obviamente, aos que o lêem. E posso ter-me exaltado (porque estava desanimado) mas o comentário aos "postadores" de 14 anos era irónico, porque confesso que não vejo muito bem como é que alguém dessa idade pode opinar, ou sequer saber, o que se passou no mercado livreiro, na distribuição de livros, nos festivais etc... há dez anos atrás (e participo em muitos fóruns em que aparecem pessoas a discutir de assuntos que se percebe perfeitamente que não sabem do que falam, e que não idade para ter participado nos factos) . Mas há muitos que não se coíbem de ter opiniões apesar disso tudo. E é irritante ler posts longos, sem acentuação, com pontuação caótica, erros etc... Relativamente a livros ou textos, existem de facto gralhas que passam em praticamente todos os livros; como sempre quem faz as críticas fala de maneira que parece que um livro está eivado de erros, quando estamos a falar de uma ou duas gralhas em textos de 8 a 9000 caracteres (eu próprio peguei ontem num livro cuja introdução escrevi eu e encontrei logo uma gralha no editorial, penso que só uma, até nova ordem), portanto não estamos bem a falar da mesma coisa.

    Mas acrescento uma coisa: eu assino os textos que escrevo na net em TODOS os sítios em que escrevo. Apareço na maioria dos festivais e toda a gente me conhece, e portanto qualquer pessoa me pode vir falar. Quando alguém assina "mmmm", lamento, mas não acho que se possa pôr no mesmo pé de igualdade os comentários que se fazem, especialmente quando incluem frases tão bombásticas como "Quanto a Devir Brasil, tambem basta fazer uma pesquisa e falar com algumas pessoas da mesma com provas e acaba-se a sua tentativa de manipulação." Pode sempre citar as suas fontes, ou os sites ou o que quer que seja. Porque não? Já que me está a acusar de manipulação. Ou quando diz "Estive no BdForum os dois dias in loco, logo nao vale a pena tentar entrar num circo quezilento e dizer coisas que nao correspondem a verdade", está a falar com uma das três pessoas que organizou o BD Fórum, já agora eu tenho curiosidade em saber o que é que você acha que não corresponde à verdade.

    No geral fez acusações com uma autoridade de quem parece que tem informações priviligiadas a que eu respondi. Falou em "...erros crasos financeiros da Devir...", disse que o BD Forum se tinha deixado de organizar por problemas de vendas e assim por diante, afirmações a que eu respondi com factos que eu entendo que correspondem à verdade. Agradeço então que clarifique exactamente aquilo que eu disse que é "manipulação" ou mentira, assinando o seu post, e depois discutimos.

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  112. Nuno:

    De facto admira-me uma livraria não conseguir obter livros da LeYa, mas pode ser que haja algumas condicionantes, como referi no meu anterior post. Mesmo quando ainda existiam mais distribuidoras independentes, fora das grande cidades era difícil chegar por causa 1) dos custos (é mais difícil e caro despachar livros para freixo de Espada à Cinta do que para Braga ou Faro), 2) das vendas menores (vendem-se lá menos livros, claro), o que torna essas livrarias independentes menos interessantes. se uma distribuidora tem muitas editoras, consegue "rentabilizar" esses custos, mas senão...

    Bruno:

    Confesso que não me lembrava exactamente das datas em que a Witloof e a Vitamina BD começaram a editar, mas nos primeiros anos editaram pouco (se bem me lembro em 97 ou 98 a Vitamina BD editou só um ou dois álbuns). E a crise da Meribérica não data começou obviamente bem antes e nem o lançamento dum Asterix (acho que em 2000? não me lembro) conseguiu travar os problemas. Como a Maria José Pereira adiantou, os problemas não eram só (e se calhar nem sequer principalmente) da BD, a Meribérica tinha outras actividades e projectos; devo adiantar finalmente, que o proprietário da Meribérica era meu primo (o Telmo Protásio), e que toda esta "confusão" até gerou problemas de família! Para mim, o que ficou claro foi que o ano (ou período) 1999-2000 foi um momento decisivo, uma viragem na edição de BD em Portugal, e que as "novas" editoras foram pela primeira vez percebidas pela Meribérica como uma ameaça real. É pelo menos a percepção que eu tenho.

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  113. Relativamente ao orçamento da Amadora, mantenho o que digo. Aliás, uma breve pesquisa na net encontra uma entrevista ao Nelson Dona, em que ele afirma (em 2011) "Este ano o orçamento que tivemos foi de 275 mil euros. Temos menos um terço de verbas do que no ano passado" o que indicia que o Festival teria perto de 400 mil euros no ano anterior, e esse valor inclui a participação da Câmara em numerosos custos "não-financeiros", ou seja, não pagos em dinheiro. Tipo: vamos usar este local, quanto é que isto valeria se alugássemos a outros, 30 mil? Este pessoal fica afecto ao Festival durante este mês, portanto os custos com ele passam para o Festival, etc... São custos, claro, mas é muito diferente de dizer que a Câmara gastou 275 mil euros em dinheiro para fazer o Festival. Muitos desses custos existiriam de qualquer modo, e é uma manobra contabilística atribui-los ao festival (manobra legítima, diga-se). De igual modo, eu disse aqui que o BD Fórum tinha custado cerca de 40 mil euros em dinheiro. Mas obviamente, é fácil encontrar outros custos. Por exemplo, o armazém da Devir esteve literalmente SÓ a trabalhar para o BD Fórum durante uma semana, isso representa um custo que não é pequeno (1/4 do pessoal e custos durante um mês, mais o transtorno à distribuição normal para outros clientes), o Pedro Silva não fez nada mais durante um mês, portanto o salário dele deveria ser contabilizado para o BD Fórum, etc... Mas isto é um exercício útil para perceber o esforço e o trabalho envolvido mas não é 100% realista: o nosso armazém fechava durante aquela semana e poupávamos aquele dinheiro?

    E é exactamente essa dificuldade em arranjar financiamento em dinheiro que origina muitos dos problemas de organização,porque há coisas em que a Amadora quer poupar (dinheiro): nomeadamente viagens, hotéis, etc... o que aliás é compreensível, porque esse dinheiro pode servir para outras coisas (exposições).

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  114. Mais tempo de antena para o senhor José de Freitas e com uma pérola gramatical: ' há dez anos atrás (e participo em muitos fóruns em que aparecem pessoas a discutir de assuntos que se percebe perfeitamente que não sabem do que falam, e que não idade para ter participado nos factos) '
    Uma frase sem gralhas e com boa escrita... (Palavras para que?)
    Quanto ao facto de assinar ou nao assinar, ja assinei o meu nome em posts anteriores, mas como pode-lhe ter passado ao lado, por inumeros factores, o meu nome e Manuel e sou do Porto.
    E explique-me como se eu tivesse 14 anos porque e que lhe devo citar as minhas fontes quando elas estao ao alcance de cada um atraves dum email ou telefonema?
    Quanto aos erros e gralhas das 'suas' colecções nao sou o primeiro a falar delas, nem serei o ultimo..
    Mas aqui o que conta (no meu entender), nao e a gramática, mas sim as pessoas.
    Logo, se as pessoas que exprimem a sua opiniao neste blog sao mentecaptas, tem menos de 14 anos e a quarta classe, se calhar o Nuno deveria-as 'filtrar' (penso eu), mas o problema e que sao essas pessoas que compram as suas colecções e nem as criticam muito apesar das suas falhas gritantes em vários casos.
    V.exa e conhecido em todo o lado, logo estamos em pé de igualdade, porque tambem sou conhecido em todo o lado no que a nona arte diz respeito.
    Quanto ao Bd forum, nao estiveram lá 900 pessoas para o Neil Gaiman (nem sequer nos dois dias) a nao ser que o José de Freitas contabilize a mesma pessoa varias vezes... (Como foi o caso do Gaiman em que assinava um livro, voltávamos para a fina e ele assinava outro e por ai fora)...
    As senhas nao funcionaram de todo (e sei que o senhor era um dos organizadores, e dai?)... Lembro-me do Gonsales (autor brasileiro) a desenhar em vários livros, sem a respectiva senha (assim como o JCF, o Varanda, o Jorge Gonzalez ou o Civiello)... Foi a pior coisa da organização, quererem 'obrigar' as pessoas a gastarem dez euros em senhas para compra de livros por desenho/autografo (quem vai com muita sede ao pote fica embriagado geralmente).
    Isso de trabalhar um mês ou de ter o armazém da devir fechado para promover a nona arte (que e o que o senhor comercializa nao me diz nada, tambem trabalhei muitos meses em prole da bd e se borla e nao me queixei) ... Respeito imenso o Pedro Silva, ja o senhor perdeu o respeito que eu tinha por si com os adjectivos utilizadores aos 'postadores' deste blogue.
    O bd fórum funcionou por parcerias com o festival de Barcelona desse ano. Gastaram 40.000 euros? Talvez os hoteis de lisboa sejam imensamente caros e os restaurantes tambem. Quem sou eu para desmenti-lo quando o senhor sabe tudo?
    Ja lhe mostrei a sua manipulação e mentira, quanto a Devir e distribuição de livros da mesma.. Dava quase para escrever uma enciclopédia com o que o senhor fez.. Nao queira que eu escreva uma enciclopédia, pois como deve imaginar nao vivo da edição de BD ou distribuição.
    Paz ao senhor e continue na sua senda da ilusão (que ja lhe trouxe alguns amargos de boca)
    Cumprimentos
    E aguardo pelo cafe.
    Manuel

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  115. Para fazer uma história da BD nestes anos complexos de 2000 a 2009, não é mau consultar os Dossiers da BeDeteca, disponíveis aqui:

    http://pt.scribd.com/doc/53333738/Dossie-Bedeteca-2000-2009

    Icluem resenhas aos autores, livros, etc de cada ano.

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  116. José de Freitas, a Polvo, Vitamina e Witloof começaram todas a editar um dois álbuns nos primeiros anos e foram aumentando gradualmente o número de títulos editados. Foram editoras que foram tendo um crescimento sustentado.

    A minha dúvida relativamente à "mossa" que causaram na Meribérica é relativo às vendas, é que fatia de mercado elas conquistaram, fica é a dúvida se o bolo aumentou de tamanho: ou seja perde quota de mercado mas mantém os lucros.

    O facto de só em 1999/2000 a Meribérica considerar a editoras pequena como ameaça advém do facto de elas já estarem a operar no mercado à 2/3 anos estarem a construir catálogo e a começar a ter séries com múltiplos volumes publicados. Elas já não era um fenómeno esporádico, eram um realidade que alargou o mercado e criou algo a que a Meribérica não estava habituada: concorrência.

    Algo que também beneficiou os leitores porque existiram anos em que as novidades que a Meribérica editou foram muito poucas, e estou a falar de menos de 10 títulos novos.

    Eu não quis indicar que esta concorrência teve algo a ver com a falência da Meribérica, isso creio ser do conhecimento geral, que foi derivado a outras áreas de negócio que não a BD.

    Agora estas 3 editoras não eram novas em 2002/2003, assim como a Devir, apesar de nessa altura ainda apostar sobretudo nas bancas.

    Quando se dá a falência da Meribérica existiam 4 editoras a operar no mercado: 1 média (pelo capital, tiragens e vendas) que era a Devir. 3 pequenas (witloof, Vitamina, Polvo) que podiam aspirar a ser médias. Não vou contar com as editoras do Marcos e similares que eram *mesmo* pequenas.

    Esse link para o dossier da Bedeteca é um achado, que eu bem procurei no site da Bedeteca, mas aquilo está mesmo morto! Agora era se souber de uma maneira de fazer download sem ter de subscrever o serviço do scribd.... isso é que era mesmo bom!

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  117. Bruno, se reparar nos textos da Bedeteca, o ano de 2001 é identificado como o primeiro de mais ou menos crise na Meribérica (não me lembro se pelo Lameiras, se pelo Ramalho Santos), e parece-me que editoras com 2-3 anos a operar no mercado são "novas", comparadas com outra que está a trabalhar há mais de 20. de qualquer modo, como diz, duvido que tenham sido as pequenas editoras a ameaçar a Meribérica, excepto pontualmente, numa ou noutra negociação de direitos. Mas a verdade é que o panorama mudou, e os editores franceses sentiram pela primeira vez que tinham alternativas, e portanto puderam ser mais exigentes com a Meribérica. Agora, para mim essas editoras eram novas. Lembro-me bem do primeiro ano em que a Vitamina BD editou (participámos - Devir - com eles em vários eventos e no fim do ano eles lançaram, se não me engano dois álbuns, e a diferença de formato e qualidade era notória (foi em 97 ou 98? não me lembro). O meu primo andava passado, porque na cabeça dele aquele tipo de BD (Maser, Sementes de Loucura, etc...) eram coisas que não vendiam, e lembro-me dele ter comentado que achava que aquilo ia ser sol de pouca dura, que em um ou dois anos a Vitamina BD arrumava a editora.

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  118. Bolas...mas este pessoal não vai de férias.

    Enquanto escrevem estes comentários milhares de Espanholas, Inglesas, Alemãs, Suecas fazem topless nas praias nacionais

    Vão apreciar estas 'estampas' paras as praias e deixem lá a 'pré história' da Banda Desenhada em Portugal.

    Ide de férias minha gente.

    Senhor Nuno passe os artigos do BD Pop'n'porn para o Leituras a ver se este pessoal se acalma.

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  119. José de Freitas,
    O artigo é pelo João Miguel Tavares, e eu concordo que uma editora que está a operar a 2/3 anos ou mesmo 4/5 anos é nova em comparação a uma que está no mercado à 20 anos, agora, eu estava a fazer uma distinção entre as editoras que estavam a operar à 4/5 anos no mercado e aquelas que começarama operar em 2002, em grande parte para aproveitar a carcaça da Meribérica.

    Um contraponto entre quem teve um crescimento sustentado e quem surgiu fazendo um investimento avultado (Asa, Booktree)

    Editoras como a Iman e MaisBD surgiram mais devido ao sucesso da Polvo que mostrou haver um mercado para material mais alternativo, do meu ponto de vista.

    O mais curioso ao consultar o dossier é ver que a Méribérica ainda esteve a operar em 2002/3 e manteve algumas das suas séries mais rentaveis, incluindo os desejados Asterix e Lucky Luke que depois perdeu para a Asa. Confesso que já não me lembrava de que apesar da morte anunciada a Meribérica ainda demorou tanto tempo a "morrer".

    Quer o Pedro Silva quer a Fanny Dennayer foram bastante prespicazes nas apostas que fizeram. Quer a nivel das escolhas que fizeram, quer no modo como contornaram as relações priviligiadas que a Meribérica tinha com as editoras francesas.

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  120. SketchbookPT
    Desculpa, mas para ver ao vivo muitas dessas que fazem topless... mais vale mesmo estar aqui no Leituras de BD!
    Algumas metem muito M-E-D-O!
    :D

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  121. Bruno Campos
    Muitas séries estiveram bloqueadas até 2008/2009 porque os direitos ainda estavam com a Meribérica. Apesar de já não existir "fisicamente", legalmente houve muitas coisas que demoraram tempo a resolver.
    Exemplo: Valerian.
    A ASA publicou o #20 deixando o #19 para trás porque a Meribérica naquela data ainda tinha o exclusivo até ao #19 (que não publicou).

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Bongadas

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