quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Os Comics e os Anos 90: As Sagas que toda a gente quer esquecer... [21]


Hoje vão ser abordadas algumas sagas de que toda a gente se quer esquecer... Hugo Silva é quem vai abordar três delas: Zero Hour, Maximum Carnage, Operation Galactic Storm e DC vs Marvel.

Sagas "Más"


Existiram muitas sagas nos anos 90, e como sempre umas destacaram-se pela positiva e outras pela negativa, neste primeiro artigo iremos abordar aquelas que não gostamos de recordar, as que até podemos ter gostado na altura, mas agora temos alguma vergonha de admitir. Podiam estar aqui mais algumas, mas decidi abordar só estas e descansem que existem outras que irão ter post próprio (e umas já foram faladas nesta série de artigos).

Mark Gruenwald, Bob Harras e Fabian Nicieza foram os autores responsáveis pelo essencial da trama que atormentou a equipa dos Vingadores no ano de 1992, a Operação Tempestade Galáctica. A acção desenvolveu-se entre Avengers, Avengers West Coast, Captain America, Iron Man, Thor, Wonder Man e Quasar, e nós seguimos esta história através da revista do Capitão América, que era publicada pela Abril Controljornal (mas que era basicamente uma importação da revista do mesmo nome da Editora Abril Brasileira).

O problema de isto se arrastar por estas revistas todas, era a variedade de equipas criativas envolvidas e os altos e baixos que isso provocava quer na arte, quer no argumento. Gruenwald, Harras, Tom DeFalco, Gerard Jones, Len Kaminski e Roy Thomas foram os escritores de serviço, e arte ficou a cargo de Greg Capullo, Steve Epting, Ron Frenz, Jeff Johnson, Rik Levins, Pat Olliffe, David Ross e Paul Ryan. A ideia base da história era de que a Suprema Inteligência Kree queria detonar várias bombas que iram afectar a Terra, o Império Shi’ar e até o próprio universo Kree, já que o vilão acreditava que isso iria limpar o seu povo e só os mais fortes iriam sobreviver.

A saga tentou ser uma sequela da guerra Kree/Skrull em que a equipa já tinha estado envolvida, mas desta vez os impérios cósmicos em confronto são Kree e Shi’ar e levaram o grupo a dividir-se em três, um ficou na terra, outro tratou do império Kree e outro do Shi’ar. Tudo enquanto a Suprema Inteligência trabalhava nos bastidores, manipulando alguns dos acontecimentos com uma facção de rebeldes, alguns membros importantes de ambos os impérios e até os próprios Vingadores a fazerem aquilo que o vilão pretendia mesmo sem o saberem.

Existem alguns momentos interessantes, como quando o Gavião Arqueiro rouba o lugar do Agente Americano da equipa Kree (ficando este na equipa da Terra), com a ajuda de Pym que lhe cede as partículas que o vão ajudar a transformar-se em Golias, uma referência clara à saga Kree/Skrull onde Clint tinha esta identidade. Os novatos como Thor (que era Eric Masterson) e Living Lightning tomavam atitudes que iam prejudicando muito a equipa para desespero de veteranos como a Capitã Marvel.

O final do evento foi aquilo que ficou mais na memória das pessoas, existe uma discussão nos Vingadores acerca do que se deve fazer em relação à Suprema Inteligência Kree, com o Capitão América a fincar o seu pé, dizendo que aquilo que muitos pretendiam (a morte do vilão) era contra os princípios da equipa. Apesar de a votação ter sido favorável à posição do Capitão, o Homem de Ferro discordou da decisão e levou alguns Vingadores que concordavam com ele e acabaram então com a “vida” (julgavam eles) do vilão levando a uma cisão entre a equipa aquando do término desta saga.

Uma saga nada à altura dos pergaminhos da equipa, com um e outro momento interessante, mas com uma arte deplorável em muitos dos seus capítulos e um arrastar de acontecimentos que torna todo o evento um pouco maçador.

Em 1994 a DC decidiu que era altura de outra Crise, de mais uma vez reorganizar o seu universo e alguns dos seus intervenientes, com o lançamento posterior de alguns títulos novos e a total mudança de outros já mais antigos.


A editora Abril (e por cá a Abrilcontroljornal fez o mesmo) foi mais longe, e chegou mesmo a “zerar” os seus títulos a seguir a este evento, dando mais força ao nome da Saga “Zero Hora”. Como qualquer bom crossover, para além do título que dava nome ao evento (que foi publicado em formato Americano por cá), existiam vários crossovers pelas revistas da editora, com títulos como Superboy e Super-Homem a serem de extrema importância para entendermos algumas coisas extras deste evento.

























A intenção da companhia era de atar as pontas soltas deixadas pela Crise, que tinha causado problemas em equipas como a Legião dos Super Heróis, ou personagens como o Gavião Negro. A Sociedade da Justiça foi uma das mais afectadas neste evento, alguns dos seus integrantes foram mortos pelos dois vilões responsáveis por isto tudo, o Extant (que se veio a revelar ser o ex-herói Rapina da dupla Rapina e Columba) e principalmente o Parallax (que era o ex-grande herói Hal Jordan). Ambos andavam a mexer no tecido espácio-temporal para modificar as coisas de modo a beneficiarem dessas mudanças, criando novas linhas temporais, novas vidas e modificar alguns destinos.

A arte foi a aquilo que mais salvou esta história, com nomes como Dan Jurgens e Jerry Ordway a darem um tratamento digno aos heróis presentes na saga, uma arte competente e que ajudava a aligeirar os problemas presentes no argumento deste evento. Parallax queria construir um novo Universo à sua imagem, e quando começa a mexer na linha temporal, começa a provocar algumas confusões como a inclusão de personagens novas a dizer que sempre viveram naquele universo ou então que vinham de outro universo alternativo.

Tudo muito fraco e que pouco resolveu, já que continuaram a existir problemas no universo da DC e pouco tempo depois já existiam tantos problemas que a editora teve que criar universos paralelos, chamando os mesmos Hypertime.

Na Marvel era o Homem-Aranha que se fartava de apanhar pancada, os anos 90 não foram nada meigos com a personagem, e pior ainda quando se lembraram de exagerar em algo que tinha sucesso mesmo por ser algo único, falo do fato Simbionte que o herói tinha trazido do universo das Guerras Secretas.

Em 1993 decidiram apostar no vilão Carnificina e criar uma saga em torno desta personagem, que iria envolver obviamente o Homem-Aranha, o Venom, mas não só já que outros heróis da companhia tiveram que entrar em acção para ajudarem a impedir que a cidade de Nova York fosse assolada por um exército de simbiontes. Lembro-me que era tudo mau neste evento, a arte, o argumento e até a caracterização de algumas das personagens envolvidas no evento, como o Capitão América ou a Gata Negra.


A Abril publicou isto tudo numa só revista especial (que foi importada para cá), e assim ao menos não tivemos que sofrer às prestações para ler esta saga, foi tudo de uma só vez.

O pior foi quando chegou algo que era o sonho de todo o fã da BD de super-heróis, o confronto entre os dois universos, a DC vs a Marvel. Depois de tantos anos, as duas editoras chegaram a acordo e fizeram algo com que muitos tinham sonhado, mas não acreditavam que podia acontecer, o confronto entre heróis das duas companhias, tentando assim responder às perguntas de muito do público destes dois universos, qual deles seria o melhor?

O conceito da saga era que seria mesmo algo dirigido para os fãs, e por isso estes puderam votar para decidir quem ganhava em cada confronto, o que ajudou a gerar algumas decisões algo controversas quer entre os escritores e membros desta indústria, quer entre os fãs que não tinham participado na votação, mas não deixavam de ter a sua opinião.

Peter David e Ron Marz na escrita e Dan Jurgens e Claudio Castellini na arte foram os principais artistas deste evento que colocava frente a frente os maiores heróis da companhia como um Capitão América vs Batman ou um Super-Homem vs Hulk, mas também mostrava confronto entre heróis que não tinham tanto destaque como Elektra vs Mulher Gato ou Robin vs Jubileu.

Thor vs Capitão Marvel, Surfista Prateado vs Lanterna Verde ou Wolverine vs Lobo foram outro dos encontros que geraram muita animação entre o público e até a própria indústria que queria ver como iriam resolver a situação, apesar de muitos terem um final próprio em mente.

A revista Wizard chegou a fazer reportagens com criadores de alguma importância na vida dos heróis para darem a sua opinião de como um confronto daqueles podia se desenrolar. Alguns confrontos surpreenderam pelo resultado (que de novo foi devido à votação do público), como a vitória do Wolverine sobre o Lobo ou do Batman sobre o Capitão América (se bem que esta foi mais amena).

O melhor desta saga foi mesmo o desenvolvimento de um universo Amálgama que fundia as personagens das duas editoras, dando origem a algumas revistas e histórias bem interessantes como o Dark Claw, que era uma fusão entre o Wolverine e o Batman.


Estas foram então algumas das sagas que marcaram a década de 90, que tinham muitos dos “atributos” que fizeram com que esta década ficasse na memória das pessoas e por isso odiada por muitos de nós. No próximo artigo falarei do outro reverso da medalha, do que de bom se fez nos anos 90 em matéria de sagas.

Texto: Hugo Silva

As imagens referentes ao DC vs Marvel ficam aqui por baixo, e como de costume os links também!
Assim.... podem aceder a todas as publicações do Hugo Silva no Leituras de BD clicando no nome dele, e visitar o seu blogue no seguinte link:
Ainda sou do Tempo...




Podem ler os anteriores artigos desta rubrica nos seguintes links:
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Queda do Morcego
Os Comics e os Anos 90: Crossovers entre várias Editoras 
Os Comics e os Anos 90: Dark Horse - Hellboy
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Onslaught 
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Elseworlds: Golden Age
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Heroes Reborn 
Os Comics e os Anos 90: Wizard Magazine
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Os Monos da Marvel
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Hal Jordan: Ascensão, Queda e Redenção
Os Comics e os Anos 90: Alex Ross
Os Comics e os Anos 90: A Falência da Marvel
Os Comics e os Anos 90: Top Cow - The Darkness & Witchblade
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Sidekicks
Os Comics e os Anos 90: Marvel - New Warriors
Os Comics e os Anos 90: WildStorm - Planetary & Authority
Os Comics e os Anos 90: Substitutos
Os Comics e os Anos 90: Vertigo - Origens
Os Comics e os Anos 90: Swimsuit Editions

Boas leituras

13 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  2. em relação à operação tempestade galactica, esta saga e a sequela da kree/ skrull war (até está referenciado no artigo), esta saga dividiu os vingadores e foi a partir do acto final desta saga que depois começou o principio daquilo que seria o fim dos vingadores da costa oeste!!! a inteligencia suprema lançou o ataque sobre o proprio povo kree para fazer a "limpeza" da raça kree, tanto que o ronan na saga annihilation ainda é considerado traidor da raça kree por causa de ter estado aliado à inteligencia suprema!!! foi nesta saga que começou a grande rivalidade entre o thor e o gladiador, a partir desta saga começaram a colocar os dois icones em vários combates, admito que a saga foi maçuda e enfadonha lá pelo o meio, mas aquele fato da sersi, ui ui, genial mesmo, hehehehehe

    ResponderEliminar
  3. Tenho que confessar que na altura vibrei com o maximum carnage, ainda tenho os 2 volumes da abril, mas se calhar estou a precisar de reler! ;)

    ResponderEliminar
  4. Vinha dizer exactamente o mesmo que o Tito, na altura gostei muito da saga do maximum carnage, ainda para ajudar na altura saiu um jogo para mega drive com a história da bd, que foi o meu vicio durante algumas semanas.

    ResponderEliminar
  5. Destas todas eu achei piada à Maximum Carnage. Quer dizer, como disse o Tito, provavelmente tenho de a reler. ;-)

    ResponderEliminar
  6. Olha junto-me a vocês que comentaram antes. Li o Maximum Carnage quando saiu na Abril e lembro que me diverti bastante. A reler portanto :P

    ResponderEliminar
  7. António
    Não li nenhuma destas sagas excepto a Zero Hour, mas sempre ouvi dizer mal delas! Quanto à Sersi... até que está muito tapado!
    :D

    ResponderEliminar
  8. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  9. Tito, Alucascorner, Loot e SAM
    Olhem nunca li Maximum Carnage, mas com toda esta gente a dizer bem de um título que sempre ouvi dizer mal, acho que vou ter de ver se o compro aí num leilão qualquer!
    :D

    ResponderEliminar
  10. Embora Maximum Carnage seja uma das piores histórias do Homem-Aranha de todos os tempos, vale notar que ela protagonizou o auge das vendas de Amazing Spider-Man em toda a sua história! Cada número vendia em média meio milhão de exemplares, o dobro dos tempos de Stan Lee e mais de cinco vezes o que vende nos dias de hoje!

    Pena que fosse uma história tão má...

    ResponderEliminar
  11. Tanta saga má junta é obra.
    Pena que Dc vs Marvel não teve versão Pt aqui.

    ResponderEliminar
  12. Hunter
    Pelos vistos houve bastante gente que apreciou a leitura! lol
    Não posso opinar porque nunca li, mesmo nada.
    :D

    ResponderEliminar
  13. Optimus
    Ora... seria esse o objectivo! Juntar algumas das que criaram mais polémica negativa.
    :D

    ResponderEliminar

Bongadas

Disqus Shortname

sigma-2

Comments system

[blogger][disqus][facebook]