O público já vinha pedindo esta saga emblemática dos anos 90, e o Paulo Costa fez a vontade!
Apresento-vos a "Saga do Clone"!
:)
A Saga do Clone
Às vezes, as grandes ideias demoram muitos anos a amadurecer. É o caso da Saga do Clone, a história que durou dois anos, de 1994 e 1996, prometendo mudar completamente a vida do Homem-Aranha, inspirada numa história publicada em 1973. Esta história apresentava o Homem-Aranha a lutar contra uma cópia sua, um clone criado pelo vilão Chacal, que morre no final da história, com Parker a deitar o cadáver do seu clone por uma chaminé abaixo. Problema resolvido, até que a edição nº 216 de “Spectacular Spider-Man” mudou tudo.
Exactamente. Nos primeiros meses, a Saga do Clone estava a ser um sucesso. Novos personagens misteriosos, como Judas Traveller, o regresso do vilão Chacal (num corpo clonado) e do clone de Gwen Stacy (que tinha sido revelado como falso numa história com o geneticista Alto Evolucionário) e a entrada em cena de mais clones, incluindo Kaine, Spidercide e até os pais do Homem-Aranha (na verdade, andróides criados pelo Camaleão) deixaram os fãs ansiosos por ver o que acontecia no mês seguinte. E as chefias quiseram continuar a história.
Para falar a verdade, o Aranha Escarlate, quando desenhado por Mark Bagley, tinha uma aparência interessante, com uma camisola de malha azul com capuz por cima de um fato colante completamente vermelho, mantendo o esquema de cores original. Independentemente dos planos dos escritores, Ben Reilly era uma figura que despertava simpatia nos leitores, pois continuou a viver isolado de pessoas que lhe eram familiares, para tentar não atrapalhar o seu ‘original’. Mesmo quando não usava os seus poderes, Reilly era uma pessoa mais responsável e mais bem ajustada que Parker. Chegou até a modificar a receita original de Parker e criar novas teias de impacto, mostrando que continuava a ser um inventor. Reilly podia ter um futuro à sua frente, mesmo como clone.
Foi então que começou a confusão. Primeiro, Ben era o clone. Depois, Peter era o clone. Depois, ambos eram o clone. Judas Traveller passou por ser um aliado, um inimigo, ambos e nenhum. O Chacal voltou, ansioso por vingar-se de Peter. May Parker morreu. Mary Jane engravidou. E Peter perdeu os poderes, deixando Ben na posição de ter que assumir o manto de Homem-Aranha. Nesta fase, os escritores tinham encontrado em Ben Reilly a ferramenta ideal para colocar Peter Parker na posição de solteirão com problemas financeiros (algo que Peter não tinha desculpa para ser, pois era casado com uma modelo/actriz, era fotógrafo profissional de um grande jornal local, e pós-graduado em química). Reilly ia continuar a ser o Homem-Aranha no futuro próximo.
Entretanto, deu-se o colapso do mercado e a falência da Marvel. Vários editores e escritores foram afastados. Dos editores, Bob Budiansky estava apostado em trazer Parker de volta, tal como o novo escritor Dan Jurgens, que teve direito a um novo título, “Sensational Spider-Man”, que substituiu o antigo “Web of Spider-Man”. O resultado foi ainda pior. Com a pressa para voltar a colocar Peter no lugar de Ben, inventaram algumas das desculpas mais esfarrapadas que era possível inventar para ressuscitar Norman Osborn e May Parker e para ignorar a filha de Peter e Mary Jane. E Ben Reilly morreu transformando-se numa bolha de protoplasma, quando na história original de 1973 o clone morreu, sobrando um esqueleto.
Nada disto resolveu o que era entendido como os problemas para tornar o Homem-Aranha interessante, até porque os novos escritores começaram a inventar, introduzindo misticismo e terror em algumas histórias (culminando na história de J. Michael Straczynski sobre o Homem-Aranha ser o avatar de um totem animal), ressurreições tornaram-se comuns (não só de Norman Osborn, mas também de outros mortos como a Madame Teia e o Dr. Octopus), e foi preciso Peter Parker vender a alma ao diabo para voltar a ser solteiro.
Texto: Paulo Costa
Podem ver todos os artigos do Paulo Costa no Leituras de BD clicando no nome dele, e podem também consultar todos os outros artigos desta rubrica nos links abaixo:
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Os Comics e os Anos 90: Novos universos de super-heróis
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Os Comics e os Anos 90: Marvel - Saga do Infinito
Boas leituras
Falta falar da péssima arte do Romitinha
ResponderEliminarQue belos e, ao mesmo tempo, péssimos tempos foram estes. Foi um pouco antes disto que começei a colecionar originais americanos e acompanhei a saga do clone em todo o seu esplendor.
ResponderEliminarSinceramente há um lado de mim que gostou, apesar de achar, como muitos, que durou tempo demais. Mas há um outro que sabe, no âmago, que a qualidade da coisa, pura e simplesmente, não era muita. LOL
eu gostei do capitulo final da saga do clone com o ben reiley a morrer para salvar o peter e depois o norman a ter dado ordem para raptar a may parker no hospital, mas é assim, eu gostava do ben, mas do spider man para mim o que é top notch dos últimos anos foi mesmo o arco de histórias finais do michael strackinsky, aquele civil war e o back to black são divinais, depois o new ways to die tá altamente, depois disso nunca mais li nada do spider que me suscitasse interesse, acho que dos melhores confrontos que li do spider contra o venom foi mesmo aquele comic desenhado pelo o eric larsen em quem o peter luta pela a sobrivivencia dele naquela ilha contra o venom, em que ele engana o eddie e o venom, ahahahahah, muito astuto por parte do peter!!!
ResponderEliminarNão segui tudo, apesar de também simpatizar com o Ben Reilly. Uma das histórias que gostei muito foi a da morte da May.
ResponderEliminarah, em relação à arte, john romita jr é sempre john romita jr!!! mas da saga do clone a arte que eu mais gostei foi mesmo a do sal buscema, fogo eu adoro tanto a arte do pai (john buscema) como do filho (sal buscema), assim como adoro aquela fase do thor desenhada pelo o ron frenz e escrita pelo o tom defalco!!! mas como disse a arte do sal buscema é genial de todo, porque eu adoro aquela arte rabiscada como no inicio do sandman quando era desenhada pelo o mike dringenberg e o malcolm jones III.
ResponderEliminarPassei anos sem ler HQs e quando voltei fui direto para as do Homem-Aranha. Não suportei as novidade e abandonei novamente! Essa de não ser casado mais com Mary Jane e ainda mais ter vendido a alma ao diabo...Bem, agora não compro mais mensais. Só republicações!
ResponderEliminarDe uma forma muito resumida (mesmo muito), está tudo aí... o Glenn Greenberg conta tudo isto em 35 partes no blog http://lifeofreillyarchives.blogspot.pt/. Não deixa de ser interessante a sua leitura para entrar em todos os detalhes das decisões editoriais na altura, nas voltas e reviravoltas que os escritores deram na história e muito mais, dariam dezenas e dezenas de números de "What if...".
ResponderEliminarOlhando agora para trás, podemos dizer que foi uma fase terrível do Spider-Man, mas no início a ideia até era boa, e foram produzidas algumas histórias interessantes... comprei muita da história em single issues (Amazing, Spectacular, Sensational, Scarlet, etc), apanhei ainda alguns números da Abril e posteriormente da Devir (na fase pós-saga do clone). Pelo meio ainda se apanhou o evento Maximum Clonage, que foi talvez o ponto mais baixo da saga do Clone (isso e o Planet of Symbiotes).
Mas como disse inicialmente, foram apresentadas algumas boas ideias, algumas boas histórias, e teve nalguns números, uma boa arte.
Começando pela arte, realço o Mark Bagley (eu gosto muito do Spider-Man desenhado por ele), o Romita Jr., o Jurgens, o Joe Bennett, o Steve Skroce, o Mike Wieringo (estes três na fase Ben Reilly das revistas do Spider), e pouco mais (havia quem gostasse do Sal Buscema).
Dos escritores realço o JM Dematteis eeee... chega!!!! E falo neste escritor porque durante esta fase existe talvez uma das melhores histórias do Spider, publicada no Amazing Spider-man 400, intitulada the Gift, em que a Tia May morre. E aqui podia ter terminado de uma forma digna, a vida da Tia May... mas não, mais tarde voltou a reaparecer, podendo o Peter agradecer ao Norman Osborn (o seu regresso foi para mim o maior erro que resultou de toda esta trapalhada). Aconselho a todos, se pretenderem apenas ler uma história da saga do clone, que seja esta!
Para além disso, a mini The Lost Years escrita também pelo Dematteis e desenhada pelo Romita Jr, é muito boa.
...e ficamos por aqui relativamente a pontos positivos! De realçar que durante esta fase havia "nas bancas" americanas (pelo menos), um bom título! O Untold Tales of Spider-Man, escrito pelo Kurt Busiek... infelizmente nunca teve o reconhecimento que merecia!
Uma nota penas para o teu artigo... não me parece que se possa dizer que o Peter seja pós-graduado em química. Ele terminou aquilo a que os americanos chamam de college (preparatório) e high school (secundário), e apesar de ser um génio, nunca terminou qualquer curso universitário ou pós-graduação. E quem está a acompanhar o actual Superior Spider-man sabe que só agora, finalmente, o Peter o conseguirá - não vou estragar a surpresa a dizer como é que ele lá chega :-). Quando os americanos dizem "graduates from high school ", querem dizer que finalizaram o secundário, nesse caso.
Bom artigo, e parabéns pela forma como conseguinte resumir esta saga histórica.
Para mim a melhor saga de sempre do Homem Aranha (o 2099 também, mas esta foi épica).
ResponderEliminarChorei baba e ranho quando a A/CJ parou de publicar isto. Digo-vos que estava prestes a deixar de coleccionar X-men na altura para me dedicar só ao Aranha.
O Aranha Escarlate então era o melhor de tudo isto (para não falar de que mataram a chata da Tia May).
O melhor de tudo então foi que teve um principio, meio e fim ao contrário do que se fazia antes que eram repetições continuas das mesmas histórias contra os mesmos vilões.
Dou-lhe 10 em 10 e um dia quando ganhar o Euro Milhões ainda hei-de comprar o Absolute disto.
Absolute não ha mas a 3 ou 4 ultimate colections que ate hoje não tive coragem de comprar,mas o inicio tambem li nos formatinhos da cj.E o fim pela Devir só mesmo no pos clone Aranha ainda sofreu no resto da epoca com Sagas como os CAÇA AO ARANHA,A reuniao dos 5 etc.
ResponderEliminarHugo Silva
ResponderEliminarNão vale a pena falar da horrível arte do "Romitinha"... o único livro que eu gosto dele, e que casa com o desenho dele, foi Kick Ass.
Tudo o resto é m****.
Aliás, tenho sérias dúvidas que tenha sido ele a desenhar os seus trabalhos iniciais... tenho quase a certeza que foi o pai!
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SAM
ResponderEliminarEssa é a beleza dos 90!
Fez-se tanta porcaria, e ao mesmo tempo foi tão bom...
:D
António Carneiro
ResponderEliminarNunca li esta saga completa. Li algumas partes, e as primeiras até nem desgostei, mas as últimas que li foram um autêntico WTF?
:D
Loot
ResponderEliminarNão gostei do Ben Reilly ao princípio, mas depois fiquei fã, até começarem a "esparvoar" com a série...
;)
Heri
ResponderEliminarCaramba...há muita mais HQ que o Homem-Aranha!
Aí no Brasil inclusivamente têm mestres que fizeram das melhores obras que eu li até hoje!
Também deixei de ler aranha a partir do pacto com o Mephisto...
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Dinis
ResponderEliminarGrande comment!
;)
É isto que gosto eu ti, escalpelizas bem as tuas ideias e gostos!
;)
E sim (resumindo) o Paulo Costa conseguiu conter a Saga do Clone (que durou dois anos) num só post!
AMAZING!!!
:D
SketchbookPT
ResponderEliminarBem... tenho de discordar veementemente!
O que eu li no início até me agradou, agora mais para o fim... foi completamente absurdo!
:P
Optimus
ResponderEliminarSim, a Marvel há pouco tempo lançou umas compilações catitas desta saga. Espero que tenham retirado as palhaçadas! Se o fizeram, até que dá para uma leitura bem divertida!
:)