Hoje vou falar desta última edição do Festival Internacional
de BD de Beja, a 19ª vez que se realizou.
E quero frisar que este é um evento que está no meu coração desde a sua 4ª edição. Nunca me irei esquecer dessa primeira vez que lá estive presente (ainda me lembro que choveu bastante) e que Dave Mckean autografou o meu Absolute Sandman com um duplo desenho.
Também quero expressar que, com o tempo e as minhas
colaborações com este evento, acabei por ter benefícios por isso, mas essa
nunca foi a razão da minha aproximação a este festival. Mesmo sem esses
benefícios desde 2020 nunca deixei de ir ao evento, apreciando todos os
momentos, todas as conversas e todos os novos contactos. Sempre foi o meu
evento de BD do coração e nunca o escondi em todas as opiniões sobre ele que
publiquei.
Era o único festival de BD, digno desse nome, com ambiente mágico e impregnado de energia positiva em Portugal. Foram momentos únicos com autores, editores, organizadores e amigos que ficaram retidos na minha memória!
Penso que posso dizer que acompanhei de perto a história
deste evento, apenas não fui às primeiras três edições, tanto nos seus melhores
anos assim como nos anos mais difíceis, por isso penso que consigo ter um olhar
bastante abrangente sobre este festival de BD.
O FIBDB sempre viveu de um ambiente de sinergias e relações fortes
entre os vários protagonistas deste festival: coordenação e estrutura (Paulo
Monteiro, Bedeteca e Câmara), editoras, livreiros, artistas e divulgadores, e
isso fez que este festival tivesse essa energia diferente, essa força que
outros com mais orçamento nunca tiveram. Era um evento grande, mas ao mesmo
tempo muito familiar.
Penso que este ano algo se perdeu pelo caminho, e logo num
ano que deveria ser especial visto que esta edição seria em homenagem a uma
grande alma alentejana deste evento, o Professor Baiôa. Parafraseando a minha
mulher:
Florival Baiôa Monteiro, professor de profissão, mas ainda maior Professor na
vida, na alegria, no saber, na partilha.
Este homem fez as delícias aos Domingos de manhã dos visitantes deste festival
de BD, durante todos estes anos. Éramos transportados magicamente para a Beja
do passado num passeio Histórico sempre bem-disposto e cheio de informação,
daquela que não se aprende na escola.
Porque é minha opinião de que algo se perdeu pelo caminho? As pessoas andavam um pouco deslaçadas, não senti aquela alegria de mais um FIBDB, o Paulo Monteiro pareceu-me muito ansioso/nervoso, e importante: a ausência de uma grande força da BD portuguesa no evento.
A Arte de Autor não tinha apresentações, nem
lançamentos na programação do Festival. Isto é no mínimo estranho. Sendo uma editoras com um volume grande de livros e importância de mercado em Portugal, e
tendo estado sempre presente com lançamentos e apresentações, foi
esquisito a sua notada ausência.
Pronto, para mim apenas me fez pensar que se calhar até estou correcto nos meus
sentimentos em relação a esta 19ª edição.
E já agora, não se compreende a quebra da tradição da data
do 1º fim de semana deste festival, adiando para o fim de semana seguinte a sua
realização, apenas porque o Maia BD marcou o seu evento para uma data próxima. Mais uma
acha para aquela fogueira de que tenho estado a falar. O Paulo Monteiro garantiu-me
que para o ano volta para a data normal.
Ao nível de individualidades da BD europeia, tivemos Tardi,
Miguelanxo Prado e Javier Rodriguez. Tiveram grandes apresentações na Bedeteca.
Depois tivemos alguns autores menos conhecidos como os italianos Conca e Ciapponi
ou o francês Alix Garin, e pronto não vou enumerar todos os autores, mas não
foi um grande ano de autores também, na minha opinião.
As exposições, aparte os excelentes quadros com pranchas originais, estavam sem alma ou chama, entristece-me dizer isto, mas estavam na generalidade banais na sua envolvência, eram meros quadros pendurados. Antigamente não era assim!
Apenas a exposição de Javier Rodriguez me fez ficar um pouco mais satisfeito,
talvez pela diferença temática e de traço em relação a todos as outras, e
também por estar numa ala bem iluminada por luz natural indirecta na altura em
que a visitei.
Estavam duas (ou três) exposições no piso “-1“ sem indicação, ou indicação com má visibilidade, da sua existência, (Mário Freitas e Lucas Pereira e “Portugal em Bruxelas” (de um colectivo de
autores), a que apenas fui por indicação de um amigo que por lá passou.
A Feira do Livro estava confusa, ao contrário de outros anos. As separações de editoras em algumas mesas não eram evidentes, várias temáticas misturadas, em algumas zonas os livros tanto estavam em português, castelhano, inglês ou francês, eram salpicos multilinguísticos que baralhavam qualquer visitante. Mas pronto, quem soubesse o que queria, que era o meu caso, não se iria perder com nenhuma confusão.
Pronto, não vou bater mais. Espero que para o ano esteja
tudo com mais leveza.
Festivais de BD são sempre necessários, mas como sempre disse neste meu blogue,
não basta dizer que é um festival, há que fazer melhor, inovar! E quando não se
consegue melhor ou inovação, tentar que seja pelo menos igual ao melhor que já
fizemos, e o FIBDB já teve festivais de excelência, tanto no ambiente como no
tratamento de exposições. Os autores… os autores uns anos melhores outros
piores, não dá para controlar muito.
Podem ver um filme de 5 minutos que fiz no dia 8 (Sábado), já aqui a seguir:
O Festival vai estar aberto ao público com as exposições e
feira do livro (e outras actividades), portanto se puderem passem por lá. Fica
também o link do programa aqui em baixo:
PROGRAMA FIBDB 2024
E sim, tem de haver inovação para dar frescura.
Inovação de ideias, conteúdos e forma. O modelo vigente chegou ao seu apex portanto há que criar algo criativo (em bom) para este festival.
Boas leituras
(O LBD ainda não morreu 😅)
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