Passou o primeiro fim-de-semana do 21º Amadora BD e penso que a organização deste evento deve tirar algumas ilações da falta de visitantes presentes nestes dois dias. Acho um bocado duro começar este meu post com estas palavras, mas foi o que mais me chamou à atenção. Como é usual costumo começar este post inicial com um fotografia geral da zona comercial e autógrafos e infelizmente este ano poderão verificar que não é a foto mais feliz do evento.
Não se pode culpar o Japan Weekend, pois quando muito tiraria no máximo 10% ao volume normal de visitantes previstos no Amadora BD. Espero que não tentem culpar a crise global, pois os bilhetes são bastante baratos e não iriam provocar o descalabro económico de nenhuma família. Acho que alguns dos pontos que normalmente se criticam a este festival foram este ano ampliados e amplificados pela equipa organizativa. A falta de divulgação e o “embrulho” de confusão entre buscas on-line entre Amadora BD, FIBDA e CNBDI, sendo que nenhum destes é completamente coerente e completo com informação sobre o festival, acho que tiveram o seu peso. Divulgar a parte principal do programa a uma semana e meia do início deste, com certeza não será a melhor partida para um festival desta amplitude.
Depois temos o Amadora BD no Facebook que raramente é actualizado… A acrescentar a isto tudo houve este ano um decréscimo do número de artistas internacionais europeus e norte-americanos, e para além disso um brasileiro que trazia muitos visitantes (Maurício) este ano não veio, como é lógico não pode vir todos os anos…
Já há dois anos que nas conferências de imprensa vejo um jovem todo cheio de jogo informático e de marketing, e sinceramente o entusiasmo e dinamismo que ele põe no seu discurso nestas conferências, não se reflecte no produto final. Qual a causa? Não sei! Isso caberá a quem está por dentro da organização descobrir! O ano passado resolveu-se acabar com o FIBDA e criar o nome Amadora BD, ora isto deveria acabar imediatamente este ano com a designação FIBDA, mas esta continua a aparecer frequentemente em tudo quanto é lado, inclusivamente em informações da organização… isto provoca confusão!
Notas positivas, claro que as há!
Está patente neste festival a melhor exposição que já me foi dada a conhecer: Schuiten e Peeters. Para além desta destaco a exposição de Korky Paul (Bruxa Mimi), muito boa; as exposições “Lusofonia”, “A Metrópole Feérica”, “City Stories” e o “Centenário de Fernando Bento”. Considero este ano um ano bem forte ao nível das exposições. Porventura haverá outras também igualmente boas mas a que eu ainda não fui.
Outro ponto positivo foi a volta da loja BD Mania ao espaço comercial, e a retirada do monstro que estrangulou o festival passado: o célebre “autocarro”, ou “comboio” que atravancava todo o espaço central entre as lojas e autógrafos… pelo menos agora temos mesas para conviver ou descansar! Este ano a retirada deste maravilhoso objecto (que foi um ponto positivo) potenciou ainda mais a visibilidade da fraca afluência de público ao certame.
Os livros são um dos pontos fortes deste festival, onde alguns exemplares podem ser comprados a melhores preços, ou edições que é já raro ver em livrarias neste momento conseguem ser aqui obtidas. Mas este primeiro fim-de-semana do festival também teve lançamentos importantes, Jeremiah e Escorpião, sendo que o segundo esgotou no Sábado! Não sei quantos exemplares a ASA levou para a sua loja, mas pelos vistos foi um número insuficiente. Para quem está interessado neste livro, só a partir de terça-feira. Também foi lançado o primeiro livro de Paulo Monteiro: “O Amor Infinito que te Tenho e outras Histórias” e mais um livro com a chancela da Kingpin Books: "Agentes do C.A.O.S.: A Conspiração Ivanov".
Espero que o festival recupere deste revés o mais rápido possível e que imediatamente comecem a pensar no que está a falhar para nunca mais acontecer!
A divulgação do festival tem que começar no mínimo dois meses antes deste e ser assertiva, massacrando todos os canais sociais possíveis!
Tem de ter uma mascote para sempre, para toda a gente associar a imagem ao festival.
Tem de ter cartazes atractivos para toda a gente, e não apenas para alguns!
A parte de Banda Desenhada estilo oriental (Manga, Manhwa e Manhua) tem de ser objectivamente fortalecida no festival. Não basta trazer um desgraçado de um autor oriental que ninguém conhece, para o pessoal lhe pôr uma folha à frente e ele desenhar alguma coisa! As exposições oriundas desse canto do globo têm sido na generalidade fracas e não representativas do melhor que por lá se faz, e no mínimo divulgar na nota de imprensa quais os trabalhos editados por estes artistas. É que eu tive de fazer um sério esforço para saber quem era Seri Aoi e qual o trabalho que a tornava conhecida.
Basta de bater no Amadora BD. Espero que a afluência aumente a partir de agora, e espero que comecem a ouvir o que toda a gente critica sintomaticamente todos os anos… e todos os anos é ignorada.
Passem a palavra!
Pessoalmente gostei da presença dos autores nacionais, da simpatia de Seri Aoi, do profissionalismo de Azpiri, e mais uma vez fiquei sem o sketch da dupla Schuiten e Peeters. E isto começa a chatear-me solenemente!
Já é altura de porem regras sérias e democráticas nas filas de autógrafos para evitar que os profissionais de fila fiquem com vários autógrafos num fim-de-semana e outras pessoas fiquem a “chuchar no dedo” porque querem ver o festival, ou como hoje que quando cheguei a fila já estava bloqueada! Se lá fora há senhas porque é que aqui não há-de haver??? Sim porque houve pessoas que conseguiram pelo menos três autógrafos desenhados desta dupla! Outros como eu riem-se e “aguentam-se à bronca” porque o festival não é só autógrafos… mas eu gostava de ter um! Só um!
Já agora, convinha dar primazia a autores que tivessem trabalhos editados em português, e de seguida a autores anglófonos, visto que a segunda Língua mais falada é o inglês e não o francês. Passo a explicar: as palestras de certeza que teriam mais gente a assistir e a fazer perguntas, e será mais fácil à maioria das pessoas ler em inglês do que em francês logo poderão levar um livro para o autor autografar. Assim eu escusava de ter estado na fila de Aude Samama, que apenas fazia autógrafos para o clube francófono que tinha o livro na língua original: francês! Ora, se eu não falo nem leio francês (assim como 90%) da população residente em Portugal (não vale emigrantes) porque raio de carga d’água é que iria comprar um livro para a jovem fazer uma pintura? Gostaria de ter um sketch dela, pois gostaria, mas ela só fazia em livro! Acho que a organização deveria pensar bem em quem convida para vir dar autógrafos! Ainda me lembro da confusão do ano passado com os polacos…
Já chega de partes negativas.
Visitem as belas exposições presentes e comprem um livro, respirem BD e convivam muito!
Assim levarão o melhor deste Amadora BD!
Isto tudo são opiniões pessoais, como tal passíveis de serem rebatidas, mas feitas por alguém que gosta muito deste festival e que ficou triste com o que viu neste fim-de-semana.