Hugo Silva traz-nos hoje a vertente "negra" da Disney! Ou seja alguns dos seus vilões.
Fiquem com as palavras do Hugo Silva:
Vilões Disney (Parte I)
A Disney tinha o condão de criar vilões para as suas revistas em quadradinhos com os quais podíamos simpatizar e até ter pena deles, completamente o oposto dos seus filmes de animação onde os vilões eram maquiavélicos e nos aterrorizavam. Nas revistas que chegavam a Portugal pelas mãos da editora Abril, podíamos apreciar as aventuras e desventuras de grupos como o dos Irmãos Metralha ou de bruxas como a Maga Patalógika.
O núcleo do Tio Patinhas era o que nos apresentava mais vilões, uns interessados na fortuna do velho avarento, outros apenas numa moeda e outros ainda querendo apenas mostrar que eram superiores a ele. O grupo dos Irmãos Metralha era aquele que mais aterrorizava o velho que dependia da ajuda dos seus sobrinhos para frustrar os planos deles, que tentavam sempre ficar com toda a fortuna do pato e deixá-lo na penúria.
Os Irmãos Metralha (Beagle Boys), um trio de irmãos que tinha números em vez de nomes (176-761, 176-671, 176-176), foram uma criação do mestre Carl Barks e apareceram pela primeira vez com esse nome em 1951 na revista #134 “Walt Disney Comics and Stories”, e que víamos com umas camisolas alaranjadas com uma placa com o número ao peito, apesar de também aparecerem com camisolas vermelhas como na versão original, tentando constantemente assaltar a caixa forte do Patinhas mas que acabavam sempre atrás das grades.
Numa história da década de 80, o velho avarento desiste de lutar contra eles e entrega a sua fortuna e a sua caixa forte a estes vilões e vai viver para a casa do Donald. Estes depois de se divertirem com uns mergulhos na caixa forte, rapidamente ficam fartos do presente quando o têm que defender todos os dias dos ataques de outros criminosos ou então de terem que estar sempre ao telefone a resolver os negócios relacionados com a fortuna. Esta história do autor Giogio Cavazzano, acaba com os irmãos a entregar de novo a caixa forte ao Tio Patinhas e a prometerem não o atacar durante um tempo. Eu gostava muito dos planos que envolviam negócios legítimos dos Irmãos, como o de estarem a escavar algo e aproveitarem para cavar um túnel até à caixa forte.
A dada altura as histórias Disney no Brasil começaram a ser feitas por Brasileiros, e os Irmãos Metralha foram dos que mais beneficiaram com isso, ganharam destaque graças a 2 integrantes que se tornaram famosos, o Vovô Metralha e o Azarado (1313), em especial nas histórias que o Vovô contava sobre os antepassados desses vilões e de como o Azarado os impedia sempre de terem sucesso.
Por norma era só os 3 irmãos a atacar a caixa forte, mas quando o plano assim o exigia chegavam a chamar a família toda, ou então enganavam a simpática Madame Min, uma bruxa do bosque que se perdia de amores por outro vilão da Disney (O Mancha Negra do qual falarei no próximo post) e que se pegava constantemente com o Professor Pardal para provar que a Magia era superior à ciência, para que esta os ajudasse apesar de ela não ter nenhum interesse na fortuna do pato.
Já a sua amiga Maga Patalógika (Magica De Spell) vivia obcecada com a Moeda Número Um do muquirana, e tentava por todos os meios roubar essa moeda de modo a obter através de feitiços a sorte que esta dava ao Tio Patinhas. Maga é mais uma criação do grande Carl Barks, que se inspirou na actriz Italiana Sophia Loren para desenhar uma bruxa que fugia do conceito “feia com verruga” e tinha até alguma beleza e sensualidade no seu aspecto visual.
Foi em 1961 que ela apareceu, e começaram a ser constantes as tentativas de roubo da Moeda ou então as tentativas de a derreter no vulcão Vesúvio nas poucas ocasiões em que conseguiu roubar a moeda ao velho avarento. Ela chegou a viajar no tempo para roubar assim um Patinhas criança no momento em que ele ganhasse a sua primeira moeda, mas saiu mesmo assim frustrada nos seus intentos. Outro grande obstáculo nos seus planos eram sempre os sobrinhos do Patinhas, em especial os escoteiros mirins que conseguiam sempre descobrir e impedir os seus planos maquiavélicos.
Mas não eram sempre os bandidos que apoquentavam a vida do Tio Patinhas, os seus colegas milionários também não o deixavam em paz e por vezes tinham planos que o deixavam à beira de um ataque de nervos.
Patacôncio (John D. Rockerduck) foi uma criação do genial Carl Barks mas ao qual nunca deu muita importância e foi Don Rosa quem lhe deu uma origem e o tornou um personagem famoso na Europa e no Brasil. Acompanhado do seu secretário Roque, este herdeiro da fortuna do seu pai era um mãos largas que adorava irritar o Patinhas e o tentar ultrapassar no título de Pato mais rico do mundo. Ele até tinha um jornal, O Patranha, para competir com o Patada do Patinhas e uma das minhas histórias preferidas é de quando ambos decidem criar uma estação de TV.
O Patacôncio tinha o condão de fazer o Patinhas gastar dinheiro, já que não queria ficar para trás e tentava (mesmo que de uma forma económica claro) sempre responder à letra aos desafios deste seu rival. A diferença é que Patacôncio chegava ao ponto de não se importar de ir a extremos que chegavam a ferir pessoas ou a destruir propriedades, era isso que o prejudicava e que muitas vezes levava a que perdesse os desafios que acabavam quase sempre com ele a comer o seu chapéu de raiva.
Mas para Barks o verdadeiro rival do Patinhas, e o segundo Pato mais rico do mundo, era o Pão Duro Mac-Mônei (Flinthear Glomgold) um bilionário Sul-Africano/Escocês um pouco mais velho que o Patinhas, e que vivia isolado de tudo e de todos apenas aparecendo quando queria mostrar que era ele realmente o pato mais rico do mundo. Este era um verdadeiro vilão, numa das histórias de Barks chega a atirar bombas para cima dos sobrinhos do Patinhas para ver se vence a disputa com o velho avarento e nas suas aparições era sempre um rival que fazia suar o Tio Patinhas, muito mais do que o Patacôncio por exemplo. Mas Don Rosa não o utilizou muitas vezes, e os leitores gostaram sempre mais de o ver a escrever histórias onde Patacôncio aparecia para disputar o título de Pato mais rico do mundo.
Mas não eram só os patos bilionários que atrapalhavam a vida do nosso herói, Barks criou a personagem Porcolino Leitão (Soapy Slick) um agiota que emprestava dinheiro aos garimpeiros pobres e ao qual o Patinhas teve que recorrer nos seus primeiros dias de garimpagem também deu algum trabalho ao nosso herói ao longo dos anos, mas em muito menor escala.
No próximo post falarei de outros vilões das revistas Disney, mostrando que nestas BD também existiam vilões de impor respeito aos outros vilões e super vilões.
Texto: Hugo Silva
Não se esqueçam de visitar o grande blogue da nostalgia, assinado por Hugo Silva:
Boas leituras
Os Irmãos Metralha são demais!
ResponderEliminarGuy Santos
ResponderEliminarMinha preferida deste post é sem dúvida a Maga Patalógika!
Adorava aquela caça à moedinha nº1!
:D
Estou ansioso pelo próximo post. Mancha Negra sempre foi meu favorito. Mas tenho um lugar especial na memória para maga Patalógica e Irmãos Metralha (uma vez me fantasiei como um deles numa festa a fantasia).
ResponderEliminarMuito bom. 8)
Esse post maravilhoso abriu umas lembranças queridas! Imagino e fico no aguardo do próximo.
ResponderEliminarA Maga P. me encantava. Tenho até hoje uma queda por ela. Não fossem aqueles pés de pato... :D
Maga Patológica é a "Woman"!!! Ou melhor: a Pata! Sem dúvida, mas outro que curtia muito dos daí era o Mac-Mônei também! Ótima matéria, Hugo, fez muito bem pra mim!
ResponderEliminarAcredito que não seja essa a intenção, mas aqui está um post perfeitamente sequencial ao post de reflexão sobre a BD.
ResponderEliminarOs 'velhos' que lêm este post, sabem perfeitamente do que ele trata. Alguém na casa dos 20/25, terá alguma dificuldade. E se for algém até aos 20, não faz ideia do que o Hugo está a falar....
Faltaram o Bonifácio, o Ourovino, e Foola-Zoola um fantástico feiticeiro que amaldiçoa o Patinhas, maldição essa que o persegue em várias aventuras escritas por Barks (Zombies e tudo!)
ResponderEliminarBoa referência ao estúdio Brasileiro, deve-se a este principalmente as desventuras do quotidiano e absurdo do jornal A Patada, com o Peninha e Donald à mistura, e as também desventuras do Vovô Metralha e dos inesquecíveis primos 1313 e 1/2 Kilo e também os Metralhinhas.
Da autoria do estúdio Italiano, criadores fantásticos como Romano Scarpa, Guido Mertina e Giorgio Cavazzano, também Rodolfo Cimino, Marco Meloni, irmãos Pastrovichio, etc (estes últimos da actual geração de criadores) saem personagens como o Superpato e os mais viváços Metralhas de sempre, em contraste com os Metralhas "brasileiros", que eram uns imbecis.
Deixa-me corrigir-te quanto aos nomes dos Metralhas, embora tenham as placas com os números eles têm nomes, pelo menos em inglês, começam sempre com a letra "B" (The Beagle Boys): Bouncer, Bebyface, Bebop, Baggy, e os mais conhecidos Bankjob, Bigtime e a inesquecível Ma Beagle. Na primeira aparição dos Metralhas, as camisolas eram vermelha, laranja e verde e não tinham números escritos na camisola, apenas "The Beagle Boys Inc.".
Falando de Vilões, teria sido interessante compreender o personagem Patinhas enquanto desenhado e escrito pelos seus diferentes criadores, Barks e Rosa os mais mediáticos.
Quanto a maior número de vilões, lá está, não os contei, mas também acredito que o Mickey não fique atrás: Kid Monius e Ted Tampinha; Mancha Negra (Phantom Blot); Doutor Estigma; João Bafo de Onça (Black Pete); Prof. Gavião (Emil Eagle - némesis do Pardal, mas 1ª aparição numa história do Mickey); Escovinha; Ranulfo (Mortimer Mouse - antes um rival); Prof. Nefárius; Sr.X e a sua quadrilha X; Madam Mim (Mad Madam Mim), e estes são apenas aqueles dos quais me lembro assim "de cabeça".
Bom post, gostei.
Pensador Louco
ResponderEliminarO Mancha Negra é provável que apareça na Parte II deste post!
E a Maga é a minha preferida, sem dúvida!
:D
Alex D'ates
Também me fez recordar momentos felizes, em que eu ficava horas a ler formatinhos da Disney!
:)
Venerável Victor
A Maga é um "must"! Aquela senda pela moedinha nº1 era o máximo...
:D
pco69
ResponderEliminarObrigado por me chamares velho...
:P
lol
Não, não teve a ver com o post anterior pelas razões que apontas, mas sim para descomprimir apenas!
:D
Refem
Bem re-vindo!!!!
:D
Também gostei imenso deste post, e com o teu comentário fiquei a saber que os Metralhas também tinham nome! Não sabia.
;)
Também não sabia e em 2 sites diferentes que pesquisei isso também não vinha mencionado, obrigado.
ResponderEliminarE obrigado a todos que gostaram do post :) No próximo falarei de outros vilões da Disney. Isto ia ser só um post, mas ao escrever percebi que ia ser mau para todos (para mim e para quem ia ler) falar tão pouco de alguns :)
Eu adoro chafurdar neste tipo de memórias que me são tão queridas, adorei o Disney Especial vilões, e adorava quando havia algumas disputas mais a sério nas revistas.
Por exemplo não irei colocar aqui personagens como o vizinho Silva do Donald, mas adoraria escrever sobre as disputas deles assim como a Anacozeca com o Zé Carioca
Eu não gosto nada desta classificação.
ResponderEliminarA Maga Patalógika NÃO É UMA VILÃ!! Grunfffff grrrrrrrr
Ela é apenas determinada, porque quer adquirir um amuleto da sorte.
grrrrr
Hugo, da próx. vez que vieres à caverna ponho laxante na tua comida! Aí sim, vais ver quem é vilã! (ameaça mode)
]:-D
Diabba
ResponderEliminarClaro que é vilã!
Ora...
Ele serve-se de meios ilegitimos para subtrair uma moeda...
:D
Tenho boas memórias dessas bds e ainda esta semana relembrei os Metralhas,os ladroes mais falhados de sempre.
ResponderEliminarOptimus
ResponderEliminarAcho que é o sentimento de toda a gente que leu livros da Disney na sua juventude!
;)
Não te esqueças de falar do Professor Gavião e da dupla Ted Tampinha/Kid Monius na segunda parte.
ResponderEliminarDude, a gente tem que se encontrar. Tenho uma ideia para fazermos uma coisa para aqui e nós dois somos os cromos ideais para isso.
Diabba, ok quando for aí é dar tudo primeiro à Flor né? :D
ResponderEliminarPaulo, epá venha de lá isso :D algo em conjunto seria engraçado de se fazer
Paulo Costa e Hugo Silva
ResponderEliminarAgora fiquei curioso!
:D
A Flor só come ração. Se quiseres partilhar a comida dela ela não é invejosa.
ResponderEliminarDe resto não lhe podes dar nada.
Continuas a achar a minha heroína uma vilã?? Só porque faz uns feitiçozitos??
Além do mais aquele muquirana bem que lhe podia dar a moeda, como presente de casamento, é evidente que existe ali uma história de amor mal resolvida. hihihihihi
enxofre
Podcast. Som ou vídeo (o primeiro é mais fácil). Se quiseres a gente encontra-se um dia destes e discutimos isso.
ResponderEliminarPaulo Costa
ResponderEliminarVIDEO!
Eu filmo!
:D
Por acaso Podcast era nice, já com o Kraft falava disso
ResponderEliminarAwesome. Queres combinar um dia para a gente se encontrar (eu vou a Sintra se for preciso)? Isto discute-se melhor em pessoa. Manda mensagem privada.
ResponderEliminarEpá, era muito fixe isso do podcast acontecer... Às vezes passo noites a desenhar e à procura na net de companhia em podcasts estrangeiros que falem de Bd, façam criticas, entrevistas, o que fôr, mas sinto-me sempre um pouco desfasado com a realidade deles (a grande maioria são americanos). Era mesmo muito fixe que fizessem um Nacional. Posso-vos dizer que (não sei se vão para a frente com isso ou não, mas se forem) já têm aqui o ouvinte numero 1.
ResponderEliminarBoa sorte
Luis Sanches
ResponderEliminarSempre estou para ver o que vai sair da cabeça desses dois nerds...
LOL
Assim que eu Hugo me disser quando...
ResponderEliminarLuís, não vais ter muita sorte. O mais provável é que falemos em português sobre o mercado americano. Ou sobre o material americano em português.
Ou de tudo um pouco, Paulo eu estou de férias agora em Outubro, aviso-te antes para se combinar nessa altura.
ResponderEliminarPaulo Costa e Hugo silva
ResponderEliminarSim, esperava que falassem sobre o mercado americano (e mais algumas coisas, europeu, japonês, Nacional, entrevistas, falar sobre eventos, etc, sei lá podem fazer tanta coisa). Mas mesmo que falem só do mercado americano seria bom ouvir discussões e opiniões em português.
É como digo, têm aqui um ouvinte se decidirem ir com isso para a frente :)
Boa sorte.
Nós podemos falar sobre qualquer coisa, Luís. É talvez mais fácil falar sobre BD "made in America, with spandex" porque somos mais ou menos fãs das mesmas coisas. Mas logo se vê. Isto ainda está só está meio formado na cabeça.
ResponderEliminarMais do que fazer um podcast com o Hugo, achei que algo com mais movimento que os textos calhava bem aqui. Como não quero falar sozinho, para mim o Hugo Silva é a melhor pessoa para pôr a coisa a rolar. Mas não sou alérgico a falar de nada. Entrevistas é uma boa ideia, realmente consegue-se uma coisa mais orgânica do que as entrevistas por e-mail.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarAnónimo
ResponderEliminarTenho de apagar o seu comentário de acordo com as regras deste blogue:
http://bongop-leituras-bd.blogspot.pt/p/regras-de-comentarios.html
Se o quiser fazer, mas assinado no final, eu agradecia!
;)