1º e antes de qualquer coisa:
Nunca em Portugal se tentou fazer um evento com este formato. Ponto. Não vale a pena comparar com mais nenhum.
Posto isto posso dizer que foi um excelente ensaio/teste para os próximos que já estão marcados (penso que até 2018).
Para mim não começou bem, com problemas para a emissão da pulseira e respectivo código de barras. Apesar de não ter sofrido com filas (fui sempre a horas "boas") tive 45 minutos empancado na entrada a fazer de bola de ping-pong entre a entrada e o guichet de bilhetes.
Depois disto resolvido entrei!
Entrei e descobri imediatamente que algumas coisas para o que fui (Morena Baccarin, Pia Guerra, Vaughan... etc.) não seriam satisfeitas devido ao tamanho descomunal das filas. Sim, num evento de mais de 30 mil pessoas seria muito complicado não haver filas! Assim tive de fazer uma opção. Ou ficava numa fila no Sábado e noutra no Domingo e perdia todo o evento, ou sentia o pulso ao evento e usufruía de todo o resto que este tinha para me oferecer (sem filas). Optei pela 2ª hipótese.
Devido a isso posso fazer um post que abarca todo o evento e não me cingir a olhar para a parte de trás da cabeça dos outros (obrigado Hugo Silva por esta maravilhosa imagem).
Primeiro vou falar da afluência de público. Sempre achei um pouco ilusório que um evento destes em Portugal atingisse a meta a que a organização se propôs: 20.000 visitantes.
Ora parece que este número foi largamente ultrapassado. Parece que afinal os portugueses querem ver de perto as estrelas internacionais de TV e cinema e acorrem em massa, não se importando de ficar horas em filas para puderem entrar num auditório e ficar a poucos metros das celebridades.
As filas gigantescas, e sem paralelo neste país, para os autógrafos com autores de BD fizeram-me ficar de boca aberta. Nunca pensei que fosse possível em Portugal!
Os auditórios estavam constantemente cheios (excepto um, e já lá vou), passando filmes, apresentando artistas e as pessoas andavam num vaivém louco entre tudo isto e a área comercial.
Por falar em área comercial, estava absurdamente cheia no Sábado! E mais, cheia e com as pessoas a comprar de tudo um pouco. Penso que nenhum stand se pode queixar das vendas neste primeiro evento Comic Con Portugal (excepto de uma área, e já lá vou).
A diversidade deste evento contribuiu muito para para que o público olhasse para o que se vai fazendo, e passando pelas várias vertentes da cultura Pop apresentadas pelo festival. Só assim se compreende que vários artistas de ilustração e BD presentes no "Artists Alley" vendessem tantas prints e originais como aconteceu, e sendo certo que o mesmo não acontece em eventos focados apenas em ilustração e BD.
Os prémios da interactividade vão para Star Wars e Walking Dead. As Marchas Imperiais foram muito boas, e as suas personagens sempre a circular e prontas para tirar fotos com toda a gente. O mesmo se passou com os Zombies de Walking Dead, que podiam ser passeados por uma corda durante 15 minutos pelos visitantes que o desejassem mesmo. Sim, o título era enganador: Rent a Walker. Mas era um aluguer de borla, pois não se pagava!
O cosplay esteve muito bem. Havia de tudo, e muitos de grande qualidade. E sempre simpáticos, entretendo o público sobretudo na área comercial.
Escorregando agora para situações mais problemáticas.
A exposição de BD, ao contrário das exposições Lego e estatuetas de super-heróis, estava pobre e mal apresentada. Estava numa zona de passagem rápida, e não "obrigava" à paragem das pessoas. Ao fim e ao cabo os trabalhos expostos na "Artists Alley" acabavam por ter uma exposição bem melhor que aquela que deveria ter sido a principal. Uma exposição destas até pode ficar numa zona de passagem, mas teria de ser de "passagem lenta", e de preferência com expositores colocados a uns a 90º dos outros para "obrigar" ao abrandamento e visualização.
A zona dedicada às crianças era longínqua e relegada "para os fundos", o que fez com que estivesse deserta quase sempre. Não havia lá nada que fizesse as crianças parar, e nada que as prendesse. Poderiam ter colocado um grande castelo Disney, ou Grayskull por exemplo. Os dois ou três stands colocados nesta zona devem ter sido os únicos a ficarem desertos de visitantes neste evento.
Penso que esta é uma situação a rever para a edição do próximo ano. Foi mesmo a parte mais fraca do evento na minha opinião.
Na sua generalidade os voluntários que deambulavam pelo evento eram simpáticos, nada a dizer disso, mas muitos estavam mal preparados para a envergadura do que se passou.
Água.
Num evento deste tamanho tem de haver pontos de dispensa automática de água. Vários. Não apenas um que "avariou" em poucas horas. Mesmo que se se fosse prevenido com uma garrafa de água para o evento esta iria acabar rapidamente devido ao calor de algumas zonas, e ao constante movimento.
E não falo de comida porque sinceramente quem se prepara para uma coisa destas só tem é de se preparar antes com um pequeno "farnel", para o caso de os pontos de alimentação estarem muito cheios, ou de falhar a venda de comida. Isso é óbvio. Agora água não. Água tem de haver e não se pode estar na fila de um ponto de venda de comida durante meia-hora, ou mais, para comprar uma garrafa de água. Um ponto a rever, na minha óptica.
Penso que o tecto dos pavilhões, sobretudo o comercial e o de autógrafos poderia estar muito melhor ocupado e não quase despido em alguns casos. Uma boa ocupação do tecto dá logo outro ar a um pavilhão.
Quanto às guerras e celeumas que se criaram devido a transportes e acessos para mim são completamente estéreis. Não se pode ir de Lisboa para o Porto para assistir a algo que se vai passar dali a 4 horas, e não pensar que não vai haver filas num evento de mais de 30 mil visitantes. E dizer mal do evento por causa das filas... na Disneyland há filas, em todas as Comic-Cons norte-americanas há filas ENORMES. Aqui se não houvesse é que seria estranho.
Quando se vai para um evento destes a 350Km de distância, a logística e programação da viagem têm de ser feitas como deve ser. E sinceramente... a Comic Con não era um evento de BD! Era um evento de cultura Pop! As pessoas que foram na desportiva à espera de uma tertúlia de BD, claro sentiram-se defraudadas...
Existiam duas maneiras de abordar esta Comic Con, ou se escolhia uma celebridade/autógrafos para um dia e não se fazia mais nada (houve milhares de pessoas que fizeram isso), ou então o visitante borrifava-se em tudo o que tivesse fila extensa e deambulava pelo evento todo usufruindo do resto. Essa foi a minha escolha. Quem foi para lá para autógrafos de BD, Morena Baccarin, Natalie Dormer e Paul Blackthorne e ainda visitar tudo e fazer compras... foi a um grande engano. No meio de milhares de pessoas que vão ao mesmo é impossível.
Resumo
Para um primeiro evento foi muito muito bom. Bastantes pequenas coisas a limar e algumas coisas mais importantes a evitar na próxima edição.
EU ADOREI!
:)
Hugo Silva |
Daniel Maia e Daniel Henriques |
Jorge Coelho |
Sama |
Claudio Castellini |
Manuel Morgado |
Ricardo Drumond |
Diogo Carvalho |
Brian K. Vaughan |
Pia Guerra |
Carlos Rocha e Aida Teixeira |
Aida Teixeira, Mário Freitas e Carlos Rocha |
Aida Teixeira |
Mário Freitas e Fernando Dordio |
Mário Freitas, Ricardo Venâncio e André Coelho |
Nuno Amado de pescoço apertado... |
E aqui uma foto para a posteridade! LOL :D |
Boas leituras
(E para o ano há mais!)
Pronto... fiquei roído de inveja! Lamento não ter ido, creio que a organização devia ter apresentado o programa com mais antecedência, mas a minha ausência deve-se, sobretudo, à falta de "tempo", mas fico satisfeito pelo certame ter sido um êxito. Portugal já merecia algo assim e, apesar de eu residir na grande Lisboa, é bom ver tanta "acção" fora da capital.
ResponderEliminarFarei os possíveis para ir no próximo ano.
O País Cinzento
ResponderEliminarO programa propriamente dito saiu há pouco tempo, mas o site da Comic Con já tinha tudo alinhavado há muito tempo. Já se sabia quem vinha há bastante tempo, foram sendo anunciados os convidados especiais desde Junho deste ano.
E sim foi um grande evento. Infelizmente houve quem se sentiu defraudado, mas penso que foi sobretudo por falta de logística e por não saber bem ao que iam.
;)
Sendo "tripeiro", fiquei espantado ouvir dizer tanto mal deste evento. É incrível! Parece que há gente que não suporta a ideia de ter que atravessar Alverca a caminho do Norte.... (Brrrrrr!!!). Algumas considerações: A Exponor não fica propriamente perto de Manaus! Tem bons acessos! Autocarros???? Bem... isso é um problema nacional. Para a próxima que tal organizarem-se em excursão? Hum? Até no Red Bull falaram (perdido para Lisboa!!) e a imitar o sotaque do Porto. Enfim... Haja alguém que fale com entusiasmo destas coisas... NACIONAIS! Gostei do texto Nuno Amado! Um abraço! PS: Aos detractores. Vejam lá se descobrem porque é que esta "coisa" foi feita em Matosinhos?!
ResponderEliminaro texto texto exemplifica na perfeição o seu sentimento do evento.
ResponderEliminaras criticas são mesmo essas e os pontos a favor também
nunca pensei em ver tanta gente no sabado, foi quase inacreditável.
alias, nunca pensei ver tanta gente para o autografo do Brian e foi o que se viu.
os stands não se podem queixar das vendas.. só à minha custa ficaram lá uns bons euros :D
o espaço scify é que podia estar melhor enquadrado, já que foi um expositor bastante interessante
quanto ás criticas que foram feitas so porque sim, deixem-nos falar. para primeiro ano esteve muito bem e apoio que se continuem a fazer na exponor, os acessos foram bons e o recinto era grande o suficiente.
Nuno assino tudo em baixo.
ResponderEliminarObrigado pela descrição do evento. A minha primeira descrição, foi a do Nuno Neves. E é bom haver outras perpectivas.
ResponderEliminarAinda bem que foi um sucesso deste o salao de bd que não havia algo do genero aqui.Quanto aos autocarros nem eu vivendo no Porto desde sempre ando neles,alias evito sempre quando tenho metro.As criticas bem Amadora está a 30 anos e é sempre criticado.
ResponderEliminarUma coisa que eu reparei em todas as reportagens de evento. Ninguém fala de painéis ou conferências. Não houve falatório? Ninguém contou histórias?
ResponderEliminarPaulo, só este ano é que reparaste que ninguém fala do que é dito nos painéis e nas apresentações? No amadora BD só me estou a lembrar de duas "reportagens" sobre apresentações: Living Will e Sepulturas dos Pais no aCalopsia.
ResponderEliminarNo caso da CCPT, não vai haver que os reporteres foram menos que na Amadora. Agora existiram site e jornais generalistas que tiveram apontamentos sobre o que se passou em alguns paineis. Agora, para o anos se quiseres ajudar a resolver esse problema de falta de cobertura do paineis, já sabes com quem falar!
É que o Acalopsia é um 'ganda' site.
ResponderEliminarPaulo Costa,
em relação aos paineis e conferencias, estive no Sábado no Painel Internacional de artistas portugueses em que esteve o Jorge Coelho e mais dois desenhadores (importantissimos da nossa praça, mas que não me lembro do nome) em que toda a hora se passou num instante pois foi bastante interessante. Falaram dos seus trabalhos para com a Marvel e como começaram os seus primeiros contactos com esta editora. Foi interessante, não foi especial. A unica coisa que tenho a apontar é uma ligeira irritação repetitiva que estava a ter com o moderador (Pedro..., também conhecido nome da nossa praça, mas de blog ou site de divulgação). A minha irritação com o moderador foi que fez apenas 3 perguntas e o resto eram derivaçoes. Perguntas muito básicas e repetitivas. Não foi muito mas aconteceu um pouco. Parecia que não estava com atenção à própria entrevista que estava a fazer).
Depois à tarde estive no painel do BKV e do seu desenhador, mais uma vez desculpa não reparei no nome. Pá para mim foi das coisas que mais gostei neste evento. A clareza de discurso dos dois em relação à Bd como arte, e também em relação ao seu futuro, foi algo que me deixou contente. Fazem-se muitos painéis mas sou te sincero, raramente tão interessantes.
Da parte da tarde, comecei a assistir ao painel dos editores internacionais, mas, e aqui vais perceber porque é que nao me lembro dos nomes de ninguem, acabei por adormecer passados apenas 10 minutos. Aquilo estava a ser interessantissimo, mas eu em 3 noites tinha dormido umas 5 horas no total e quando cheguei à exponor estava com uma pedrada que nem sei como aguentei até À noite. Seja como for, achei melhor sair do auditorio antes de começar a ressonar e nao te posso dizer mais nada sobre essa conversa.
Só para terminar as histórias (senao fico aqui a noite toda) quero dizer ainda que assisti ao lançamento do livro Espirro do Dragão e só posso dizer que os autores e o editor foram de uma coragem extrema. O local não estava preparado, os micros a fazerem grande feedback (numa apresentação para miudos pequenos, estás a ver), a sala meio às escuras, e os actores de cinema a porem toda a gente aos berros quase só com uma cortina pelo meio. De todo o evento acho que a zona mais mal tratada foi mesmo a infantil, Se bem que nao sei até que ponto crianças de 7 ou 8 anos devem andar no meio daquele tipo de confusão. Acho que para alguns é um ambiente agressivo.
Mas pronto, a ver vamos o que a organização pensa acerca disto para o ano que vem.
Luís Sanches,
ResponderEliminarGroovy! Thanks. Às vezes não entendo como é que há gente que se contenta com um autógrafo e um rabisco num livro e uma foto de polegar extendido, mas depois perdem a oportunidade de ouvir o autor a falar durante uma hora.
Bruno Campos,
Não foi só agora. Mas a Comic Con, sendo uma comic con (bem, não é, mas pronto), merecia esta cobertura adicional. E só faço cobertura de painéis na Comic Con se tiver uma equipa de cinco pessoas a trabalhar para mim, e equipamento audiovisual e de gravação. :-p
Luis Sanches
ResponderEliminarObrigado pelo comentário extenso e detalhado.
:)
Paulo Costa
ResponderEliminarNão fui a painéis devido às filas.
Este primeiro ano não me estruturei como deve ser para assistir a apresentações e debates. Para o ano espero que seja diferente!
:D
Chaka Sidyn
ResponderEliminarA educação é uma coisa bonita. Como tem sido apanágio meu dos últimos tempos ando a fugir de polémicas e fracturas.
Mas acho perfeitamente mal educado que venhas a este blogue convidar uma das pessoas que colabora oficialmente com o Leituras de BD, para colaborar com o teu blogue.
Queres fazê-lo? Estás à vontade, fazes o convite por e-mail ou por mensagem privada em qualquer rede social.
Sinceramente... fosgasse não há pachorra para estas merdas.
Mario Jose Teixeira, Musicslave, pco, Dr Septimus e Optimus
ResponderEliminarFoi assim que eu senti este primeiro Comic Con Portugal
:)
Nuno, acordaste mal disposto? Tens consciência de que o Paulo Costa e o Hugo Silva, antes de existir aCalopsia ou leituras de bd já colaboravam comigo? Agradeço-te a autorização para lhe fazer convites pessoais, mas nunca precisei dela.
ResponderEliminarQuanto ao resto, olha que o meu comentário foi mais uma boca ao Paulo, que ele deve ter percebido. Mas não deixa de ser verdade o que eu constatei como qualquer pessoa que não vá a um evento deve reparar.Quem geralmente vai aos eventos é que pode não reparar na falta de informação.
Bruno Campos
ResponderEliminar...
What? Are you talking to me? ;)
ResponderEliminarPaulo Costa,
ResponderEliminarTambém não compreendo isso. Como desenho e pinto, para mim dois pontos altos do evento foram; estar no Artists Alley a ver pessoal cheio de talento a desenhar e o 2º foi estar perto do Carlos Rocha enquanto estava ele a autografar e portanto a desenhar nos seus livros. Isso é o que curto mais, de longe. Seja como for, cada qual tem o seu gosto e já percebi que houve muita gente que foi lá pelos autógrafos.
Quando decidi abandonar o painel das editoras porque estava a adormecer, fui até ao auditório principal porque só havia lá evento daí a duas horas e tal (Natalie). Qual o meu espanto quando estou quase a adormecer e vejo que 1 terço do auditório já estava cheio. Ainda por cima para ver a rapariga pelos binóculos (enquanto a vida continuava empolgante cá fora) :D Mas pronto, há pessoal que curte. Um gajo respeita.
Nuno Amado,
Na boa. Tenho pena de não ter podido escrever mais mas estes dias têm sido complicados e tenho andado mesmo cansado. Tive pena de não estar mais tempo ao pé da Aida e do Carlos Rocha mas não deu mesmo. O traço do Carlos está a crescer de qualidade de mês para mês e o homem é uma inspiração. Para não bastar parece ser uma pessoa 5 estrelas. Tenho de ver se vos apanho a todos mais a jeito nos próximos eventos que houverem.
Em relação a más educações, pá, sabes quando passas de carro no campo e vem-te cheiro a estrume ao nariz? A paisagem é linda, o passeio agradável, mas aquele cheiro a esterco aparece sempre. E quase sempre a quantidade de esterco é infima. Tem é uma propensão a fazer-se mais do que o que é. Eu tento abstrair-me porque é algo natural ao ambiente em que se está. A Bd em Portugal acho que é igualzinho,.. Muito talento, muito valor, mas depois há assim coisas destas. Pequenininhas, só se vêem com ajuda do microscópio, mas existem, são naturais. Tenta fazer como eu, tapa o nariz e varre o chão. Lixivia etc, e pronto. Venham mais ondas de valor e de talento que a gente está cá é para esses. O resto...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar* Luis Sanches és um grande especialista de estrume!
ResponderEliminarUi isso é verdade. Reconheco estrume à distancia. E já nem é preciso cheirá-lo. Basta ver o que escreve.
ResponderEliminarOra bem, permitam-me que dê dois ou três comentários relativamente a este assunto.
ResponderEliminarSempre gostei de BD (e comprei sempre que podia). Iniciei-me neste mundo há mais de 20 anos e não consegui parar. Está-me inserida no ADN e não há nada que possa fazer para me curar da maleita. Isto para dizer que não gosto nada do conceito do comic con. Não participei, não irei participar (não irei dizer nunca, mas está lá perto).
Isto porquê? Porque não me atrai, nem por nada, o "circo" montado à volta do evento. Não gosto de anime e não gosto nada de cosplay. Acredito que as pessoas se divirtam ao fantasiar de personagens fictícias, mas, se pensarmos bem, estão a contribuir para a ideia generalizada que a BD é para putos, facto que luto desde sempre. São coisas como essa que servem para estereotipar a associação ao geek/nerd o gosto por comics. Claro que, tendo em conta que tenho, orgulhosamente, exposta, em cima da minha estante de livros um capacete em tamanho real do Darth Vader, junto de uma réplica do sabre de luz, que o primeiro boneco que ofereci ao meu filho (ainda com horas de vida) foi um peluche da mesma personagem (o "Darthy", como ele lhe chama; "coisa preta", como chama a minha mulher), que tenho guardados pósteres, canecas e outros acessórios, é um pouco (se não, mesmo, muito) hipócrita estar a criticar o que alguns vestem (nem que seja no Carnaval) e ter em minha posse objectos do género (alguns com uso, outros não). Mesmo assim, não os uso para me (aviso:palavra forte a seguir!) "exibir", mesmo que seja na brincadeira e ocasionalmente.
Se eu acho que estes eventos deveriam acontecer? Sem dúvida, mas não neste modo. Se fossem, apenas, tertúlias/encontros com autores conceituados/algo mais intimista, não teria o menor problema em participar. Agora, neste "circo mediático", não. Se eu respeito quem vai? Claro! Se eu aceito quem vai? Evidentemente! Se eu iria? Repito: Não! Se estes eventos são benéficos? Acredito que sim, mas não me revejo neles.
Sei que é uma opinião diferente de 99% das pessoas que por aqui andam, mas é a minha opinião e além de a expôr, justifiquei-a com argumentos que, a meu ver, são válidos, pelo que, a única coisa que posso pedir é que a respeitem :).
Outra coisa, li aqui, e noutros locais que há muita gente que se queixa do local (Porto, mais concretamente, Matosinhos) de onde o evento se realizou e que foi bastante dispendioso para quem vinha de fora dos arredores da cidade. A essas pessoas não posso deixar de esboçar, apenas, um sorriso sarcástico, pois Portugal não é Lisboa e, as despesas que tiveram agora, os outros têm-nas na maior parte dos eventos que ocorrem na capital do país. Mas lá está, tal como antes, "pimenta no cú dos outros para mim é refresco", já diz o ditado.
Mas isto, se calhar, é o meu mau feitio a falar mais alto...
Daniel Martinho
ResponderEliminarConcordo com a tua ideia de que um convivio mais intimo com autores seria muito mais agradável (se calhar não para muita gente, mas para mim, sem duvida), no entanto não sei até que ponto seria possivel conseguir isso sem todo o dinheiro que entrou devido aos outros nucleos.
E depois também há ainda outra coisa. Isto de no mesmo local haverem várias vertentes de entretenimento e arte, pode fazer com que miudos viciados em anime, tenham pela primeira vez um vislumbre do mundo da Bd (e vice versa). Até pode não interessar a muitos, mas pronto, sempre está ali presente o nosso mundo. E acho que este tipo de cruzamentos é importante para a Bd ganhar mais leitores. Para a Bd não ficar num canto isolado. Ah e também possibilita que por exemplo um pai, com gostos diferentes do seu filho, entrem no mesmo evento juntos e partilhem um pouco os seus gostos. Só pode ser positivo esse tipo de experiencia.
Por fim, não temos hipóteses, vamos sempre ser considerados uns geeks :D Por uma razão muito simples. Tal como tu também tenho uns quantos objectos cá por casa que não escondem o quanto gosto de Bd. Enquanto assim for, não temos hipotese. Eu no meu caso nao me importo. É verdade e pronto.
Estava a ler o teu comentário e a fazer scroll pelas fotos.
ResponderEliminarSe, por um lado é giro ver pessoas mascaradas de Jokers, Vaders, Ryus, zombies, etc, por outro, sinceramente, não percebo o fascínio pelo cosplay.
Uma coisa é um trabalho (pago ou não) que alguém está a fazer.
Outra coisa é alguém, em casa, se mascarar/pintar daquela forma "apenas" para participar num evento.
Sinceramente, custa-me muito perceber isso e, mais geek que isso é difícil encontrar.
É óbvio que quem faz, fá-lo por gosto e se deve divertir bastante. Mas, para quem vê de fora... Tipo, se visse alguém assim vestido num transporte público como o metro que temos no Porto, das duas uma: ou não reconhecia a personagem, mas ia imediatamente associá-la aos animes/comics - logo, só pode ser um geek "acriançado" e frustrado (?) com a vida (sim, porque com aquela idade já deveria ter juízo); ou reconhecia a personagem e pensava exactamente o mesmo. E nem quero levar, como já li, para as piadas que relacionam estas pessoas com a falta de vida sexual (que, por muito mentira que possa ser, para quem está de fora, é o que parece, infelizmente).
Mas isso sou eu, que sou um velhote mal-humorado e rezingão como o do Up...
Epá acho que isso são muitas contas de cabeça em relação ao que leva as pessoas a vestirem-se dessa forma. Levar isso para outros contornos é fazer juizos que nem sequer são justos nem me interessam. Acho que tem a ver com a forma como cada um vive a festa em si. Eu posso por exemplo achar muito mais incompreensivel (e acho) passar não sei quantas horas numa fila para apertar a mão a alguém e ficar com um autógrafo num pedaço de papel. E depois coleccionar papeis destes durante anos e ter prazer nisso. Dito assim é um pouco frio e injusto acho. E também ainda lhes podiamos associar os mais variados traumas e recalcamentos. Podia dizer o mesmo sobre o que vejo no Halloween ou no Carnaval e seria igualmente injusto. Enfim, demasiadas contas de cabeça...
ResponderEliminarMas vá, são opiniões .
Daniel Martinho, tens aqui
ResponderEliminarhttp://bongop-leituras-bd.blogspot.pt/2012/05/palavra-dos-outros-uns-pensamentos.html um artigo que eu fiz após o Anicomics de 2012, onde faço a comparação entre o público dos comics e o público dos manga/anime.
Paulo Costa:
ResponderEliminarOk, de facto, há muito mais gente a mascarar-se de personagens anime que de comics, mas, para mim, que não aprecio (e estou a ser simpático), é tudo igual! Um circo/carnaval sem qualquer tipo de piada (já disse que aceito que quem participa se divirta, não já? E que respeito quem gosta e participa? Também? Ok, adiante...)!
É que um gajo ainda aceita ser gozado por gostar de comics (coisa para putos), mas com reportagens daquelas, essa ideia ainda fica mais assente! Caaramba, na Terça-Feira, quando cheguei ao trabalho, a primeira coisa que me perguntaram foi de que personagem fui vestido!
Como se fosse "obrigatório" mascarar-se para participar num evento desses.
Enfim... prefiro não me alongar para não incendiar o blog...
Boa noite ao Nuno Amado e todos os que têm estado a comentar o post. Também estive na Comic Con, só fui um dia, Domingo, com a família toda, mulher e duas filhas (pequeninas). Analisando o que correu bem e mal, considero que a experiência foi positiva. Negativamente realço as entradas, entrei rápido, não havia fila, foi só o tempo de imprimir as pulseiras e estava lá dentro, o problema foi dar com a entrada certa, os pavilhões estão mal identificados e a sinalética exterior, tirando as bandeirinhas era inexistente. Uma vez lá dentro outra vez o problema da sinalética. As filas para comer eram gigantescas, mas nada como ir comer um pouco mais tarde e a fila era a normal de um qualquer centro comercial. Eu fui como turista, como disse inicialmente tenho duas filhas pequenas e não dá para fazer grandes planos, tenho que ir ali e ver aquilo. nada disso, fui circulando e fruindo do que havia, fui prevenido com alguns livros dos autores que sabia estarem presentes no Domingo e proporcionou-se conseguir alguns autógrafos. Só para verem o caricato, a minha filha mais velha foi à casa de banho com a mãe e enquanto eu esperava com a bébé, eis que chega o Ricardo Cabral para os autógrafos e ainda não havia lá ninguém, perguntei a uma das meninas da organização a que horas começavam os ditos ao que ela me respondeu que o Ricardo Cabral já estava disponível. Coitado nem devia ainda ter tido tempo para colocar o seu material em cima da mesa e já estava eu a pedir-lhe para me autografar O Caso Doca 21. Durante largos minutos fui o único ali. Depois foram chegando mais autores e a fila foi crescendo, consegui autografo do Marcos Martin e do Brian K. Vaughan. Ambos muito simpáticos e conversadores. Por burrice minha esqueci-me do livro do Miguelanxo Prado e ele ali tão perto. Andei pela zona comercial, fiz algumas compras, poucas que o orçamento não estica, vi zombies a passear e os autores na artista Halley onde consegui mais um autografo do Claudio Castellini que me assinou um Conan editado pela Devir. Estar em palestras para mim não podia ser ou filas gigantescas à espera, duas crianças pequenas não são compatíveis com tais situações. A mais velha de 4 anos andou contente, teve medo dos zombies, escondia-se, mas tirou fotos com o boneco do Batman, depois de lhe comprar uma mascára dele pediu-me para tirar mais uma foto com ele, com o super Mário, etc.
ResponderEliminarDe facto fui pela banda desenhada mas vi de tudo um pouco. Para finalizar a minha primeira comic com consegui mais uma assinatura e um desenho do Filipe Melo e Juan Cavia, muito simpáticos e conversadores com quem ali estava, trocando algumas ideias connosco e muito solícitos aos pedidos dos fans. A meu ver foram excepcionais e se já gostava do seu trabalho passei a gostar das pessoas que são.
Finalizando e pedindo desculpa pelo comprimento do comentário tenho a acrescentar que se me consideram infantil por gostar de BD, então sou infantil com muito gosto. Estou-me marimbando para os pré-conceitos e preconceitos dos outros, não preciso da aceitação de ninguém.
Nuno Dias
Daniel Martinho
ResponderEliminarIsto é assim... desde que não me incomodem nada tenho contra algo que se passe num evento. Os cosplayers dão cor ao evento, sobretudo se tiverem uma boa qualidade. Por acaso gosto, mas se não gostasse também não me ia incomodar com isso.
:D
O "circo" montado à volta de todo o evento é o que o torna possível. Estes eventos para perdurarem têm de ser economicamente rentáveis, esqueçam lá essa coisa dos festivais públicos feitos com dinheiro do Estado. Não tem nada a ver.
E pelos vistos o "circo" funciona! Tinhas autores de BD renome mundial no certame. Os autores portugueses acho que nunca venderam tantas prints e originais na vida deles como na Comic Con. Tinhas debates com os autores. Tinhas várias livrarias cheias de BD.
Então?
Lógico que percebo, e respeito, e não tenho nada contra a tua opinião. Mas uma coisa é certa, vendeu-se muita BD. E porquê? Porque este tipo de evento chama pessoas de várias vertentes da Cultura Popular, e quando se mesclam há sempre a curiosidade em olhar para o resto.
Quanto ao estigmatizar a BD como se fosse para crianças devido ao cosplay, não concordo com isso.
Mas respeito e percebo perfeitamente a tua opinião.
;)
silentsoul
ResponderEliminarEstiveste na apresentação do Espirro do Dragão?
:)
Acho que não é ambiente para crianças com menos de 6 anos de idade. São muito pequenos, maçam-se com facilidade e podem acontecer eventos, ou coisas, que os assustem.
;)
Infelizmente não estive na apresentação do Espirro do Dragão, teria sido uma oportunidade de ouro para conhecer os autores e talvez a ti Nuno. Sou um leitor do Leituras de BD e revejo-me em muitas das tuas opiniões e mesmo quando não compartilho delas é sempre salutar ver outros pontos de vista e podermos "discutir" os assuntos. Sei que não sou um comentador muito participante mas sou um leitor assíduo.
ResponderEliminarA minha mais velhinha tem 4 anos, só para fim é que já estava mais cansada mas enquanto lá esteve divertiu-se, tirando os zombies esteve muito atenta a tudo e nos autógrafos agarrava-se à mesa para ver os autores a desenhar.
Quando começou a ser cansativo para ela viemos embora.
Para primeira comic con para a família considero que foi muito positivo e ela que lá em casa já está um bocadinho rodeada de Bd's e figuras esta convenção foi um aprofundar de conhecimentos :)
Las fotos están estupendas. Parece que fue evento de primer nivel.
ResponderEliminarSaludos.
Arion
ResponderEliminarObrigado
:)