quarta-feira, 30 de setembro de 2015

26º Amadora BD: Cartaz e apresentação



O Amadora BD apresentou dias atrás o seu 26º festival.
As personogens infantis de Stuart de Carvalhais, Quim e Manecas, são tema central numa edição que quer celebrar"A Criança e a BD".

Acho bem que se faça uma edição deste festival com o tema centrado nas crianças, e espero que elas tenham muitos focos de atracção neste festival de Banda Desenhada. Mas desde já, e olhando para as exposições apresentadas na nota de imprensa vejo que faltam os livros, ou autores, infantis de banda desenhada. Só posso falar daquilo que o Amadora BD informou nesta nota de imprensa, portanto os poucos autores de BD infantil (José Abrantes, Carlos Rocha, Aida Teixeira ou Pedro Leitão) parecem estar fora. Curioso, não?

Quanto ao cartaz criado pela empresa Widegris vou escusar comentar. Ando cansado.
Façam vocês as críticas favoráveis, ou não.


Imagem e tema do Amadora BD 2015
são uma homenagem aos cem anos
de Quim e Manecas de Stuart Carvalhais


Indo ao encontro do tema desta edição, “A Criança na BD”, a imagem do Amadora BD 2015 – 26º Festival Internacional de Banda Desenhada, que decorre de 23 de outubro a 11 de novembro, no Fórum Luís de Camões – é uma homenagem ao centenário das personagens infantis Quim e Manecas, da autoria de Stuart Carvalhais. Estas aventuras, publicadas n’O Século Cómico, são consideradas a vanguarda europeia da 9ª Arte da época.

Criada pela Widegris, responsável pela identidade visual e todos os materiais gráficos desta edição, a imagem do Festival tem como ponto de partida os desenhos originais do próprio Stuart Carvalhais, utilizando a linguagem visual da série "As Aventuras de Quim e Manecas". Esta inspiração acontece, por um lado, ao nível da paleta cromática (monocromia, bicromia e tricomia), dos padrões (bolas do bibe do Manecas, quadrículas da camisa do Quim, listas, entre outros), dos interlúdios publicitários, entre outros elementos presentes nas histórias destas personagens. Por outro lado, há uma inspiração no universo gráfico e no tom de comunicação dos parques de diversões, das feiras populares e dos espetáculos de variedades, sempre apelativos para as crianças.

Segundo os responsáveis pela imagem do Amadora BD 2015, “a extensão, a diversidade e a peculiaridade da obra de Stuart fornece, por si só, elementos visuais gráficos passíveis de serem explorados na imagem e na comunicação do Festival. São elementos iconográficos de estimável valor que, criteriosamente apropriados e configurados em novos suportes e formatos, permitem comunicar de forma plena e ampliada os personagens Quim e Manecas e prestar a merecida homenagem ao autor. Consideramos que apresentar estas crianças, na sua génese e originalidade, traquinas, inventivas, atrevidas, emancipadas é a melhor forma de debater o tema da criança e da infância hoje, comunicar a obra de Stuart Carvalhais e ser eficaz no objetivo de registar o pioneirismo de um português na história da banda desenhada contemporânea europeia”.

Aprofundando o tema na exposição central, comissariada por João Paulo de Paiva Boléo, em colaboração com Pedro Moura, o Amadora BD 2015 pretende refletir sobre a forma como a Criança tem sido representada na BD ao longo dos tempos. Dos meninos traquinas e meninos exemplares, aos heróis e histórias de aventuras, passando pelo incontornável trio de crianças filósofas – Peanuts, Mafalda, Calvin & Hobbes – a exposição mostra como a Criança se apresenta como símbolo de descoberta, aprendizagem, imaginação e liberdade, tanto nas histórias para crianças como para adultos.

O Ano Editorial Português será também alvo de uma exposição alargada, que pretende dar conta da pluralidade de títulos publicados em Portugal entre a última realização do Amadora BD e a atual, organizando essa produção e apresentando alguns destaques escolhidos pelos comissários Sara Figueiredo Costa e Luís Salvado. Segundo Sara Figueiredo Costa, “a edição de Banda Desenhada em Portugal continua a ser um pequeno nicho naquilo a que chamamos 'mercado editorial', mas ainda assim tem sabido crescer e encontrar o seu público, criando pelo caminho novos leitores e procurando canais de distribuição e divulgação onde eles pareciam não existir. Entre as chancelas que integram grandes grupos editoriais e os projetos caseiros, passando pelas pequenas empresas editoriais ou pelos coletivos de editores e autores, há grandes diferenças de recursos, mas não há necessariamente uma separação no que toca à qualidade (de edição, impressão, acabamentos, mas também do conteúdo). O panorama editorial da banda desenhada portuguesa foi, neste último ano, rico na sua diversidade, sustentado na sua relação com o público e os canais de distribuição e, parece-nos, vencedor no trabalho de afirmação de projetos e edições, por mais diversas que sejam as suas características e os modos de trabalho que lhe estão subjacentes”.

Para além destes dois núcleos, destacam-se ainda as exposições dedicadas aos álbuns premiados em diferentes categorias nos Prémios Nacionais de Banda Desenhada 2014: Zona de Desconforto, de Amanda Baeza, André Coelho, Cristina Casnellie, Daniel Lopes, David Campos, Francisco Sousa Lobo, José Smith Vargas, Júlia Tovar, Ondina Pires e Tiago Baptista (Chili com Carne/Melhor Álbum Português), A Batalha de 14 de Agosto de 1385, de Pedro Massano (Gradiva/Melhor Desenho para Álbum Português), Hawk, de André Oliveira (arg.) (Kingpin Books/Melhor Argumento de Álbum Português) As Serpentes de Água, de Tony Sandoval (Kingpin Books/Melhor Álbum de Autor Estrangeiro), No Presépio, de Álvaro (Insónia/Álvaro Santos/Melhor Álbum de Tiras Humorísticas) e Lôá Perdida no Paraíso, de Vera Tavares (Tinta da China/Melhor Ilustração Infantil).

Organizado pela Câmara Municipal da Amadora, o Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada constitui o mais importante evento na área da Banda Desenhada, a nível nacional. É também uma importante referência a nível internacional, reconhecido como um dos maiores, melhores e mais diversificados eventos de BD, integrando o calendário internacional de eventos, como o Festival Internationale de la Bande Dessinée de Angoulême (França), o Lucca Comics (Itália), o Festival Internacional del Cómic de Barcelona (Espanha), New York Comic Fest (EUA) e o San Diego Comic Convention (EUA).

Boas leituras

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Crónicas do Bendisverso IV: Se fossem da Apple, seriam iMutants



Esta coisa da Marvel refazer as suas propriedades intelectuais para as tornar fáceis de adaptar para cinema e televisão é complicada. Principalmente quando os direitos para fazer novos filmes ou séries pertencem a outra empresa, como a FOX. Isso até foi pelo melhor. Se a Marvel não tivesse ido à falência, nunca teria havido sequer um filme dos Vingadores, quanto mais dos Guardiões da Galáxia ou do Homem-Formiga. E não teríamos uma série de televisão da SHIELD com os Inumanos como convidados especiais.

Nesse caso, teria sido tudo X. Nos anos 90, bastava pôr um X na capa de uma revista ou dizer que personagem tal era um mutante, e as revistas esgotavam mais depressa que chamuças quentinhas numa pastelaria à hora de almoço. Por outro lado, se pusessem os Inumanos em destaque, ia parecer aqueles três crepes de queijo e espinafre que ficam até ao fim do dia e ninguém quer comer.

Os Inumanos são um daqueles produtos da mente inventiva de Jack Kirby que os escritores da Marvel adoravam ter nas suas histórias, mas aos quais o público não correspondia. Durante 50 anos, passaram por várias fases e foram reinventados ao de leve, numa tentativa de lhes dar mais profundidade e protagonismo, mas sempre sem fugir muito do pré-estabelecido. Por isso, é estranho ver que a Marvel tem usado alguns dos eventos dos últimos anos para colocar os Inumanos em posição de destaque, espalhando-os pelo mundo e fazendo o papel de mutantes, que não estão disponíveis para os estúdios da Marvel Films.

Basicamente, quando se fala em Inumanos fala-se no grupo que constitui a família real, os personagens criados por Kirby: Raio Negro e a sua esposa Medusa, os primos de Raio Negro, o guerreiro Gorgon e o estratega Karnak, o aquático Triton (o membro mais calado da família e irmão de Karnak), e Crystal, a irmã mais nova de Medusa, cheia de bichos-carpinteiros e com vontade constante de sair de Attilan, a cidade escondida. Durante vários anos, as histórias geralmente envolviam um membro da família real a endoidecer, ou Maximus, irmão de Raio Negro, a tentar fazer um golpe de estado; ou a probabilidade de alguém descobrir a localização do Grande Refúgio onde os Inumanos estavam escondidos.

A existência isolada da sociedade Inumana era um conceito omnipresente na história. O número exacto da população de Attilan é variável, embora já tenha sido apontado como 1250. Ao que parece, e isto foi mencionado na graphic novel de Ann Nocenti de Bret Blevins e na mini-série de Paul Jenkins e Jae Lee, cada cidadão deve obrigatoriamente passar pelas Névoas Terrígenas e cada poder individual é necessário para a estabilidade da sociedade. O que explica a razão porque os Inumanos entram em parafuso cada vez que Medusa ou Crystal saem de Attilan. Raio Negro também tem medo da população humana, desde a II Guerra Mundial, algo que foi mostrado numa série de histórias curtas publicadas em What If?, que contavam as origens dos Eternos e dos Inumanos, tendo o grupo imortal de Olympia ajudado no transporte de Attilan do Mar do Norte para os Himalaias.

Mas e agora? Agora, de repente, a população de Inumanos é de milhões. E muitos deles não conhecem as suas origens, nem foram expostos às Névoas Terrígenas. De repente, no evento "Inhumanity", idealizado por Matt Fraction em 2013, as necessidades específicas de uma sociedade endogâmica já não interessam, as Névoas já não têm que ser protegidas a todo o custo, e Attilan já não tem que ficar escondida. E assim, em vez de existirem milhões de mutantes no Universo Marvel, passam a existir milhões de Inumanos, como a nova Miss Marvel. Mesmo a tempo de introduzir o conceito na televisão e depois poder fazer um filme para estrear em 2019.

Para falar a verdade, Matt Fraction não inventou esta história da sua cabeça. Existiam sementes que começaram a ser plantadas nos anos 90, que permitiram aos Inumanos mudar completamente de estratégia. Tudo começou com o crossover "Atlantis Rising", que envolveu Adam Warlock e o Quarteto Fantástico, onde a Atlântida emergiu do Oceano Atlântico para a superfície. Raio Negro transportou Attilan mais uma vez para lá, declarando-se soberano do novo território. Seguiu-se a mini-série da Marvel Knights em 1998, por Jenkins e Lee, que viu Medusa representar Attilan nas Nações Unidas e Raio Negro defender activamente a integridade da sua nação. E depois, os Kree retornaram após milhares de anos para tomar controlo dos Inumanos, que tinham criado como uma raça de escravos, na mini-série de 2001, por Carlos Pacheco e José Ladronn, que abriu caminho para os Inumanos tomarem controlo da sociedade Kree na mini-série War of Kings.

Se a Marvel conseguiu fazer com que personagens tão obscuros como Groot e Rocket Racoon se tornassem estrelas mundiais graças aos filmes, deverá conseguir fazer o mesmo com os Inumanos. Ainda que tudo o que eles façam agora seja demasiado familiar, parecido com os X-Men. É o momento ideal para os súbditos de Raio Negro se afirmarem.




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