terça-feira, 25 de junho de 2024

Ultimate Spider-Man #1 a #6
(2024)

 

A minha relação com o Homem-Aranha ficou muito complicada em 2007 com o arco, para mim final, One More Day. Era o meu herói preferido da Marvel, e decidi encerrar e guardar todas as boas recordações que tinha deste herói desde miúdo nesta altura. Nunca perdoei à Marvel ter feito isto com o Spider-Man. 🤷🏻

Foi uma personagem que cresceu (literalmente) comigo, mais devagar, claro, mas foi crescendo, andou no liceu, acabou o liceu, foi trabalhar, formou-se, casou… enfim, foi dos poucos heróis “normais” que foi vivendo e envelhecendo, tal como nós. Essa era a magia do Homem-Aranha para mim, mas há sempre um iluminado que acaba por ter uma ideia de bosta qualquer, e ninguém tem a coragem de dizer que não. No caso foi um tal de Quesada.

A partir daí só comprei um livro do Spider-Man, foi o Back in Black que é imediatamente posterior ao evento Civil War e termina precisamente mesmo antes do One More Day.

Já me tentaram com diversas leituras do Aranha ao longo do tempo, mas nunca quis ler novamente para não me estragar boas memórias, já nem é sequer ser uma má ou boa história, ou arco, é simplesmente outro herói vestido da mesma maneira que o “meu” Aranha.

Tudo isto para dizer que me tentaram novamente com o Aranha, desta vez com o Ultimate Spider-Man (2024). O universo Ultimate sempre me atraiu um bocado, porque era um universo alternativo que por norma tinha um take moderno sobre personagens mais clássicas, e alguns dos livros da Marvel que mais gostei eram precisamente deste universo, exemplo de topo para mim: The Ultimates Vol. 1: Super-Human e The Ultimates Vol. 2: Homeland Security.
Foram dois livros que adorei cada página.

Assim sendo, o meu amigo Hugo Silva deixou-me as primeiras quatro issues desta nova série, e como se passa num universo Ultimate decidi experimentar, mas como não gosto de fazer reviews de revistas, porque nunca podemos dizer se são boas ou não, depende sempre da envolvência da história (daí eu apenas comprar por norma as edições colectadas), resolvi ler online as duas seguintes para poder ter uma ideia melhor deste 1º arco.

Mas já que estou a escrever, vou encher aqui uns quantos chouriços com um bocado de história. Ultimate Spider-Man foi a primeira franquia do universo Ultimate da Marvel. A primeira revista saiu em Setembro de 2000 e num instante se tornou um sucesso. Mark Bagley no desenho e Brian Michael Bendis na escrita deram corpo no papel a estas novas histórias do Aranha e a aposta de Bill Gemas (editor) neste Universo tornou-se um sucesso, apesar dos cepticismos de Joe Quesada (o outro editor), o tal que eu amo por ter obrigado o arco One More Day a existir.

Ultimate Spider-Man teve existência de 2000 até 2011, sempre com o argumentista Brian Michael Bendis à frente da franquia. Os desenhadores foram três: Bagley, Immonen e Lafuente.

A Marvel decidiu no final de 2023, com a conclusão de Ultimate Invasion e a criação do novo universo Ultimate, recriar novamente o título Ultimate Spider-Man em 2024 com o argumentista Jonathan Hickman e Marco Checchetto no desenho.

Em relação a estes dois autores, e começando por Hickman, este é um argumentista que trabalhou muito na Image Comics, tem uma marca muito forte na Marvel, já passou por muitos títulos diferentes, tem coisas que gosto bastante, mas por vezes é bastante lento no desenvolvimento da história e das personagens. De resto Avengers, The New Avengers, Fantastic Four, vários títulos Ultimate, e uma passagem por títulos X-Men também, demonstram que este argumentista tem história nesta editora.

Marco Checchetto é um artista que gosto muito, há muitos anos. Comecei a conhecê-lo e apreciá-lo quando o conheci no Anicomics de 2012 (grandes memórias, certo Mário?). Era o artista em dois títulos com excelentes críticas: Daredevil – Shadowland e Punisher Vol.1 (2011). A partir daí quando via o nome de Checchetto na capa de um livro sabia que pelo menos na arte havia qualidade. Tem trabalhado bastante para a Marvel também ao longo dos anos.

Como características é possuidor de um traço muito bonito, sobretudo ao nível das expressões, a sua narrativa gráfica é exemplar, com grande clareza e fluidez. Infelizmente por vezes o argumentista não deixa este homem voar…

Passando finalmente para estas seis revistas.
Então isto começa da seguinte maneira (traduzido do prólogo da revista):

O Criador Vinte anos atrás, impediu que uma aranha radioactiva picasse o jovem Peter Parker. Ele também impediu a criação de quaisquer outros super-heróis e formou um conselho secreto para governar o mundo na sombra. Quando Tony Stark descobriu a história sombria deste universo, ele procurou desfazê-la – levando o conselho do Criador a atacar Manhattan, matando milhares de pessoas, e incriminar Stark por isso. Peter Parker viveu toda a sua vida sem saber do conselho do Criador ou da verdade por trás da aranha, mas isso está prestes a mudar...

Pronto, dados lançados para um universo novo, tipo What if. Peter é casado com a Mary Jane, tem dois filhos, e o seu tio Ben é vivo e grande amigalhaço do nosso JJ. A tia May faleceu (inacreditável seja em que universo for 🤷🏻‍️) no ataque a Manhattan.

Depois temos um leque que personagens que vão alimentar muito a trama, como o Kingpin, Bullseye, DareDevil, Gwen Stacy, Octopus, e o grande Duende Verde. Agora quem é vilão e quem é bonzinho, isso têm que ser vocês a descobrir 😅

São seis revistas com uma história forte, com boa estrutura, as personagens são muito bem trabalhadas, sempre tudo com muito pormenor para dar tridimensionalidade a todas elas.

A estrutura familiar do Peter Parker está muito bem construída, todos têm a idade correcta de acordo com os pressupostos da história, a personalidade de todos está muito bem impressa nas suas reacções e expressões faciais.

Penso que nas próximas seis revistas teremos surpresas maiores que aquelas que tivemos nestas que lançaram a série. De qualquer modo seria injusto se dissesse que não tinha sido um pouco surpreendido em duas ou três situações.

Hickman dá-se a um trabalho monstro de em seis revistas “engordar” seis personagens com toneladas de história, para que sejam credíveis nas suas acções, tanto no presente como futuramente. Ele construiu estas personagens com muita filigrana, ao mesmo tempo que as fazia interagir para criar boa dinâmica entre elas.

O negativo disto tudo, de toda esta construção meticulosa de personagens é a história poder tornar-se chata a espaços. Sim, porque a narrativa é mesmo bastante lenta por vezes. Tem uma cena, salvo erro na revista #4, de um encontro entre Peter, Harry, MJ e Gwen, que me fez lembrar as célebres "cabeças falantes" do Bendis  muita conversa só de cabeças, irra!
Quem queria ver muitas cenas de acção com o Aranhiço, desengane-se, não há assim tantas, afinal Peter torna-se no Aranha sem experiência, já adulto e pai de filhos.

E pronto vou finalizar com um buraco visual/narrativo completamente escusado numa história tão bem estruturada…  páh…  O Peter tem uma conversa familiar importante com toda a sua família na última revista, tipo estamos no pequeno almoço e aparentemente o Sol estava a nascer, e a mesa tem um set up de pequeno almoço: panquecas e sumo. Quando acaba a conversa passa a ser de noite e manda-os páh cama?? 😳
Não sei de quem foi a culpa desta confusão, ou foi o Hickman, ou foi o Checchetto. (Ou foram os dois?)

Já agora, nunca é demais falar na arte de Checchetto, dá uma excelente atmosfera, as cenas de acção estão muito boas e tem pormenores de expressão nas personagens de excelência. Este artista italiano só pode levar louvores aqui, e para mais, consegue fazer uma May deliciosa 🤗

Tenho de referir também que na revista #4 e #5 o artista de serviço é David Messina, que não deslustra em nada a série.
E pronto, é uma série stand alone para já, que permite a abertura a qualquer novo leitor, basta ler o prólogo e os dados da história estão lançados.

Obrigado Hugo pelo empréstimo das revistas, quem me conhece sabe que eu só compro revistas quando por algum motivo me dá uma coisinha menos boa na cabeça. Ty!

 

Boas leituras

sábado, 15 de junho de 2024

1629 Vol.1 - O Boticário do Diabo
... ou a história apavorante dos náufragos do Jakarta


 "- Para nós, o mar cheira a puta velha, e o nosso barco tresanda a uma mistura de merda e vómito."

Para início de viagem, desta viagem, isto coloca logo tudo no devido lugar.

Conheço mais ou menos bem a história do Batávia (traduzido para Jakarta) devido a uma investigação que fiz aos primórdios da Austrália anos atrás. Embora não vá falar dos eventos históricos que me chamaram à atenção na altura, para não fazer spoiler à conclusão da narrativa do final do 2º volume.

Este horrendo drama histórico é base para um excelente prefácio do próprio autor, Xavier Dorison, que traça aí uma ligação ao livro do psicólogo norte-americano Philip Zimbardo: The Lucifer Effect: Understanding How Good People Turn Evil. Ou seja, como uma pessoa boa ou perfeitamente normal é capaz das maiores atrocidades se as condições espaço-sociais se propiciarem a isso. Aconselho a leitura do prefácio, não é comprido nem chato e dá logo uma luz do que vamos estar prestes a testemunhar: a extinção da alma.

De notar também que a narrativa de Dorison é uma adaptação da história verídica dos acontecimentos descritos nesta viagem, mas foram incluídos também elementos ficcionais para melhorarem a transposição para a banda desenhada, e colar melhor a atenção do leitor ao livro, tudo isto sem deturpar a parte real da tragédia.

Depois desta primeira introdução, vou falar da minha relação com histórias de piratas ou ambientadas em aventuras marítimas do séc. XV ao séc. XVII. Nunca fui de predisposição inicial para pegar nelas, sejam literatura ou BD, ainda me lembro que levei uns tabefes ligeiros para ler a Ilha do Tesouro! Mas depois de começar, e se a história for boa, já não largo mais. É assim comigo também nos Westerns. Manias! 🤷🏻‍♂️
Comecei em BD neste tipo de registo há muitos anos (muitos) com os dois livros da Íbis da série Howard Flynn e lembro-me que gostei, embora não fosse o meu género preferido.

Desde essa altura já li muitas aventuras do género, e já bocejei muitas vezes também, portanto aquela parte do been there, done that costuma andar por aqui algumas vezes, e estava com medo que me acontecesse aqui sobretudo depois de Dorison ter escrito também o argumento do Long John Silver (editado cá pela ASA) há poucos anos. Mas não aconteceu. 🙂


 Tenho uma boa relação com a obra de Xavier Dorison. Começou há muitos anos com o O Terceiro Testamento (Witloof) que adorei, e mais recentemente com o O Castelo dos Animais (Arte de Autor) e Undertaker (Ala dos Livros). Gosto da estrutura, força e fluidez que costuma imprimir nas suas narrativas e esta adaptação não foge a esta trindade de predicados que um argumento deve ter.

Não é fácil escrever uma história num enredo já muito visto, ambientado na altura do comércio marítimo e pirataria, tráfico de riquezas, motins e donzelas em perigo no mar, violência, fome e sede a bordo, enfim…  para sobressair tem de ser muito bem contado. Penso que Dorison o conseguiu. Não é nada de inovador, já foi contado muitas vezes, mas a leitura deste livro torna-se bastante interessante e o leitor não sai defraudado.

As primeiras páginas vão definir o clima. A escolha dos responsáveis do navio, duas pessoas que se odiavam e depois uma terceira desconhecida, mas que podemos pensar logo que não é flor que se cheire. Logo de seguida é-nos apresentada Lucrécia Hans que ao longo do livro é por vezes a narradora que faz a cola entre várias cenas de acção. E é uma bonita jovem aristocrata obrigada a ter de embarcar para ir ter com o seu marido a Java.

Com o passar das páginas as personagens vão sendo desenhadas e aprofundadas aos poucos, num enredo sombrio, e numa narrativa que se vai tornando sufocante e violenta em crescendo. Aquele navio foi montado para “explodir” pela Companhia Holandesa das Índias Orientais. Com uma carga enorme de ouro e jóias e uma tripulação do crème de la crème dos párias que tinham sido rejeitados por outros barcos não havia como falhar! Como condimento temos o Comandante Pelsaert, um disciplinador inflexível a quem é dado o comando do Jakarta para chegar a Java em 120 dias, ou seja, muito curto. Do Imediato, o nosso amigo Boticário, não falo, é para vocês descobrirem a ler o livro. E por tudo isto, um motim está sempre na ordem do dia! 🤷🏻‍♂️

Este livro aflora também problemas da época, como a posição social das mulheres, religião em algumas das suas vertentes (Luteranismo, Ateísmo, etc.) e o clima ditatorial que se vivia tanto dos Directores da Companhia em cima dos Oficiais, como dos Oficiais em cima dos tripulantes. O contacto e comércio com tribos africanas também é aflorado, na Serra Leoa, com alguns problemas inerentes à diferença de cultura, e visto que neste caso o Jakarta não era um navio negreiro, surgiam outro tipo de problemas.

Deixo o resto para vocês descobrirem 😎

Para ilustrar e dar vida ao argumento de Dorison foi escolhido Timothée Montaigne, um desenhador que já havia trabalhado com Dorison em Long John Silver, Castelo dos Animais e Terceiro Testamento.

E sim, Montaigne dá vida ao argumento e dá lustro a esta história. Ele adequa o seu estilo de modo a dar o tom a esta história negra. Consegue ser sufocante no estreitamento visual de algumas vinhetas, para depois explodir em enormes painéis de página dupla. Aquela sensação de claustrofobia da vida a bordo, misturada com caras de fisionomia paranóica está bem marcada em muitas páginas, sobretudo quando evocam a brutalidade a bordo.

Os detalhes que Montaigne aplica neste livro são maravilhosos, sobretudo quando estamos a falar no navio Jakarta, tanto nos interiores como exteriores deste barco, e os detalhes não atrapalham minimamente a fluidez da narrativa da sua arte. É dinâmico! Por isso uma segunda leitura é necessária, para podermos colocar os olhos nos detalhes e pormenores, parar e apreciar.

Clara Tessier deu cor à arte de Montaigne. A sua palete de cor muda drasticamente quando estamos no interior do navio, um ambiente escuro e deprimente, para os tons muito claros e luminosos (duh…  estamos no mar, néh?) no exterior, excepto tempestades… aí passamos novamente para os tons escuros e deprimentes 😅 A sua coloração da costa da Serra Leoa estava muito bonita. Gostei.

Falando do livro como objecto. Aqui não há dúvidas que estamos perante um excelente trabalho do editor/livreiro Mário Freitas e da editora Arte de Autor. Mário Freitas foi responsável pela paginação, tradução e excelente legendagem deste livro. Fez um excelente trabalho, aliás, um livro destes não mereceria outra coisa a não ser excelência, por quem edita e trabalha nele. Mas...  e a capa? Meu Deus, a capa! É linda com texturas para serem sentidas enquanto se manuseia este livro 💚

Agora falta-me saber quando vamos ter o segundo volume, visto que ainda não foi publicado em França.
O LBD recomenda a leitura deste livro.



 

1629 vol 1: O Boticário do Diabo
Autores: Xavier Dorison e Timothée Montaigne
Editora: Arte de Autor
Páginas: 136, a cores
Encadernação: capa dura
Dimensões: 235 x 310 mm
ISBN: 978-989-9094-36-9
PVP: 34,95€

 

Boas leituras


quarta-feira, 12 de junho de 2024

XIX Festival Internacional de BD de Beja
Opinião e Reflexões

 


Hoje vou falar desta última edição do Festival Internacional de BD de Beja, a 19ª vez que se realizou.

E quero frisar que este é um evento que está no meu coração desde a sua 4ª edição. Nunca me irei esquecer dessa primeira vez que lá estive presente (ainda me lembro que choveu bastante) e que Dave Mckean autografou o meu Absolute Sandman com um duplo desenho.



Também quero expressar que, com o tempo e as minhas colaborações com este evento, acabei por ter benefícios por isso, mas essa nunca foi a razão da minha aproximação a este festival. Mesmo sem esses benefícios desde 2020 nunca deixei de ir ao evento, apreciando todos os momentos, todas as conversas e todos os novos contactos. Sempre foi o meu evento de BD do coração e nunca o escondi em todas as opiniões sobre ele que publiquei.

Era o único festival de BD, digno desse nome, com ambiente mágico e impregnado de energia positiva em Portugal. Foram momentos únicos com autores, editores, organizadores e amigos que ficaram retidos na minha memória!



Penso que posso dizer que acompanhei de perto a história deste evento, apenas não fui às primeiras três edições, tanto nos seus melhores anos assim como nos anos mais difíceis, por isso penso que consigo ter um olhar bastante abrangente sobre este festival de BD.

O FIBDB sempre viveu de um ambiente de sinergias e relações fortes entre os vários protagonistas deste festival: coordenação e estrutura (Paulo Monteiro, Bedeteca e Câmara), editoras, livreiros, artistas e divulgadores, e isso fez que este festival tivesse essa energia diferente, essa força que outros com mais orçamento nunca tiveram. Era um evento grande, mas ao mesmo tempo muito familiar.

Penso que este ano algo se perdeu pelo caminho, e logo num ano que deveria ser especial visto que esta edição seria em homenagem a uma grande alma alentejana deste evento, o Professor Baiôa. Parafraseando a minha mulher:
Florival Baiôa Monteiro, professor de profissão, mas ainda maior Professor na vida, na alegria, no saber, na partilha.
Este homem fez as delícias aos Domingos de manhã dos visitantes deste festival de BD, durante todos estes anos. Éramos transportados magicamente para a Beja do passado num passeio Histórico sempre bem-disposto e cheio de informação, daquela que não se aprende na escola.


Porque é minha opinião de que algo se perdeu pelo caminho? As pessoas andavam um pouco deslaçadas, não senti aquela alegria de mais um FIBDB, o Paulo Monteiro pareceu-me muito ansioso/nervoso, e importante: a ausência de uma grande força da BD portuguesa no evento.

A Arte de Autor não tinha apresentações, nem lançamentos na programação do Festival. Isto é no mínimo estranho. Sendo uma editoras com um volume grande de livros e importância de mercado em Portugal, e tendo estado sempre presente com lançamentos e apresentações, foi esquisito a sua notada ausência.
Pronto, para mim apenas me fez pensar que se calhar até estou correcto nos meus sentimentos em relação a esta 19ª edição.


E já agora, não se compreende a quebra da tradição da data do 1º fim de semana deste festival, adiando para o fim de semana seguinte a sua realização, apenas porque o Maia BD marcou o seu evento para uma data próxima. Mais uma acha para aquela fogueira de que tenho estado a falar. O Paulo Monteiro garantiu-me que para o ano volta para a data normal.

Ao nível de individualidades da BD europeia, tivemos Tardi, Miguelanxo Prado e Javier Rodriguez. Tiveram grandes apresentações na Bedeteca. Depois tivemos alguns autores menos conhecidos como os italianos Conca e Ciapponi ou o francês Alix Garin, e pronto não vou enumerar todos os autores, mas não foi um grande ano de autores também, na minha opinião.


As exposições, aparte os excelentes quadros com pranchas originais, estavam sem alma ou chama, entristece-me dizer isto, mas estavam na generalidade banais na sua envolvência, eram meros quadros pendurados. Antigamente não era assim!

Apenas a exposição de Javier Rodriguez me fez ficar um pouco mais satisfeito, talvez pela diferença temática e de traço em relação a todos as outras, e também por estar numa ala bem iluminada por luz natural indirecta na altura em que a visitei.
Estavam duas (ou três) exposições no piso “-1“ sem indicação, ou indicação com má visibilidade, da sua existência, (Mário Freitas e Lucas Pereira e “Portugal em Bruxelas” (de um colectivo de autores), a que apenas fui por indicação de um amigo que por lá passou.


A Feira do Livro estava confusa, ao contrário de outros anos. As separações de editoras em algumas mesas não eram evidentes, várias temáticas misturadas, em algumas zonas os livros tanto estavam em português, castelhano, inglês ou francês, eram salpicos multilinguísticos que baralhavam qualquer visitante. Mas pronto, quem soubesse o que queria, que era o meu caso, não se iria perder com nenhuma confusão.

Pronto, não vou bater mais. Espero que para o ano esteja tudo com mais leveza.
Festivais de BD são sempre necessários, mas como sempre disse neste meu blogue, não basta dizer que é um festival, há que fazer melhor, inovar! E quando não se consegue melhor ou inovação, tentar que seja pelo menos igual ao melhor que já fizemos, e o FIBDB já teve festivais de excelência, tanto no ambiente como no tratamento de exposições. Os autores… os autores uns anos melhores outros piores, não dá para controlar muito.

Podem ver um filme de 5 minutos que fiz no dia 8 (Sábado), já aqui a seguir:


O Festival vai estar aberto ao público com as exposições e feira do livro (e outras actividades), portanto se puderem passem por lá. Fica também o link do programa aqui em baixo:

PROGRAMA FIBDB 2024

Como nota final, quero acreditar com muita força que o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja irá voltar a ser brilhante e cheio de boas energias como no resto da sua História. 
E sim, tem de haver inovação para dar frescura.
Inovação de ideias, conteúdos e forma. O modelo vigente chegou ao seu apex portanto há que criar algo criativo (em bom) para este festival.



Podem entender as minhas palavras sobre esta edição do evento de três maneiras, ou não me ligam nenhuma porque sou insignificante (e sou mesmo), ou podem ranger os dentes e chamar-me nomes (feios), ou finalmente podem pensar que eventualmente posso ter alguma razão em algumas coisas, e criar um mindset de mudança para o próximo FIBDB.


Boas leituras
(O LBD ainda não morreu 😅)




quinta-feira, 6 de junho de 2024

XIX Festival Internacional de BD de Beja
Cartaz e Apresentação



Vai ter início amanhã, dia 7 de Junho 2024, o 19º FIBDB pelas 19 horas, e a cerimónia de abertura será feita pelo Presidente da Câmara de Beja.

Presas Fáceis - Prado

No respeitante à data acho estranho, e nada benéfico, um festival de BD com 19 anos mudar o seu calendário abruptamente. Provavelmente haverá custos acrescidos com hotéis e restauração por entrar já bem dentro do mês de Junho, mas penso que isso terá sido acautelado pela organização. Agora a tradição ser alterada sem justificação aparente não acho que seja bom para ninguém (digo eu).

E como manda a tradição irei a este Festival de BD com todo o gosto, rever alguns amigos, comprar alguns livros, apreciar a arte de grandes autores presentes, apreciar mais uma vez a gastronomia alentejana e talvez, com um pouco de sorte, um autógrafo de um autor que eu goste e do qual tenha comprado um livro.
É a minha romaria anual 🤷🏻‍♂️

Irei no Sábado e a ver se consigo algumas boas fotos do evento, quero ver se este FIBDB marca o reinício deste blogue, a ver vamos se ganho gás para isto.

À imagem de anos passados quem quiser poderá assistir ao lançamento de vários livros na Bedeteca da Casa da Cultura de Beja. Assim de repente e nunca deslustrando outras apresentações, estas duas parecem-me bastante interessantes:


- Elise e os Novos Partisans (Ala dos Livros), de Dominique Grange (argumento) e Jacques Tardi (desenho), com os autores e Maria José Pereira

Urlo - Luca Conca
- Presas Fáceis, vol. 2 (Ala dos Livros), de Miguelanxo Prado, com o autor e Maria José Pereira

Já agora, e a talho de foice, falta por aqui no programa o que seria um excelente lançamento/apresentação: O Vento nos Salgueiros de Michel Plessix, publicado pela Arte de Autor. No mínimo achei estranho esse livro não estar designado no programa do festival. Também pode ser algum erro do programa enviado, não sei.

Relativamente a autógrafos existe uma particularidade este ano. Dominique Grange e Jacques Tardi apenas autografam o livro “Elise e os Novos Partisans” e apenas um livro por pessoa. Tardi fará 15 desenhos autografados. Vai ser usado um sistema de senhas, senhas essas que estarão disponíveis no Mercado do Livro a partir das 9h00 da manhã de sábado. A sessão de autógrafos destes autores vai ser de manhã a seguir à apresentação do livro (11:45 - 12:45).

Os autógrafos dos restantes autores serão feitos da maneira normal e usual em Beja: da parte da tarde a partir das 15:00h.

Se quiserem ver o programa completo enviado pela organização para o Leituras de BD é só clicarem no link em baixo:
PROGRAMA FIBDB 2024

Doctor Strange - Javier Rodríguez


Bom festival e boas leituras! 

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