Uma das maiores dificuldades em programar uma visita ao AmadoraBD é saber em que fim-de-semana vão estar os nossos artistas preferidos ou o tema que queríamos assistir em conferência. Por vezes, isto significa ir ao festival no fim-de-semana menos apropriado e faltar quando temos mesmo vontade de ir. Mas existe algo que podemos encontrar, praticamente sem mudanças, em qualquer dia do evento: as exposições.
Ao contrário da maioria dos eventos de grandes dimensões dedicados à banda desenhada, o AmadoraBD insiste em manter as exposições como veículo motor do festival (simultaneamente, a organização do AmadoraBD insiste em colocar metade das exposições longe do local central, onde ninguém as vai ver, mas paciência...).
- No andar térreo, a primeira exposição, semi-escondida ao lado esquerdo, dedica-se ao 75º aniversário do Batman. Demasiado pequena e compactada, mas interessante com alguns exemplares de arte de nomes famosos que passaram pelo personagem, incluindo Jim Aparo, Berni Wrightson, Frank Miller, Neal Adams, Gene Colan, Dick Sprang, Joe Staton, David Mazzuchelli, Graham Nolan, Joe Jusko, Jim Lee, Klaus Janson, Ed McGuinness, Scot Eaton, Tim Sale e Norm Breyfogle. Existem também paródias e homenagens de capas famosas, de artistas internacionais como Ty Templeton, Juan Cavia e Patrick McDonnell, mas também de Filipe Andrade, Joana Afonso, Nuno Saraiva, Ricardo Cabral, Ricardo Drumond e Pepe del Rey. O restante da exposição, noutra divisória, centra-se em recriações de fan art, algumas edições antigas e vários tipos de merchandising.
- A exposição do 25 anos do AmadoraBD permitem rever algumas peças de arte de todo o mundo que passaram pelo festival desde o seu início, bem como reler alguns livros dos artistas que por lá passaram. A exposição de sketches revela o lado mais humano da interacção com os fãs. Mas este espaço ocupa mais espaço (desmesurado, quando comparado com as outras exposições) com elementos decorativos do que com os itens em exposição, que quase passaram despercebidos.
- Joana Afonso, uma das estrelas em rápida ascensão da BD nacional, tem direito a uma divisória com o seu nome, com pranchas dos álbuns “Ick”, “Love Will Tear Us Aapart Again”, “Se Vale a Pena”, “Corto Maltese no Século XXI”, “Outlaw Territory” e “Living Will”, revelando o desenho expressivo de prolífica artista. Ao lado, numa divisória adjacente, está destaque uma exposição exclusiva de “O Baile”. Ao lado encontrava-se a exposição do seu parceiro em “O Baile”, o escritor Nuno Duarte, com uma exposição em nome próprio, incluindo arte desenhada sob as suas indicações, de albuns como “A Fórmula da Felicidade”, “Paris Morreu”, “Aquele Onze de Setembro” e “Fricções”.
- A exposição dedicada à “Mafalda” devia ter lugar de destaque, dada a sua popularidade no nosso país e a sua importância como artefacto cultural à escala mundial. Em vez disso, foi um exposição muito pequena, apenas com meia dúzia de tiras por ano, a representar os anos de 1964 a 1973, mas também explica a cronologia da sua criação e os dados de todas as personagens.
- “Galáxia XXI” é o nome de uma exposição temática dedicada ao futuro da banda desenhada, fazendo algum esforço para mostrar artistas actuais antes de saltar para a influência das três principais indústrias mundiais e depois para uma série de material que pretende sair do pré-formatado, aproveitando novas formas de distribuição. A última parte dedica-se à influência e importância do cinema e da Internet, mas ignora por completo a melhor forma de usar a Internet para fazer banda desenhada, os webcomics.
- Passando para o (mal iluminado) piso subterrâneo, ao lado do espaço comercial e movendo-nos da direita para a esquerda, começámos a visita pela exposição dedicada ao Surfista Prateado, personagem criado por Jack Kirby. Não há arte do 'Rei', mas existem exemplares de arte de Moebius, John Byrne, Joe Staton, John Buscema, Tom Grindberg, Klaus Janson, Marshall Rogers, Alex Ross e Jorge Coelho, bem como recriações de Paulo Loureiro, Pedro Morais e Ricardo Cabral. Uma escultura de aspecto algo amador (não é fácil fazer um Surfista realista, mas há mínimos olímpicos) domina a divisória.
- O cartunista Henrique Monteiro, um dos vencedores dos Prémios Nacionais de 2013, teve em exposição uma interessante variedade de tiras humorísticas, muitas deles como arte original, mas também alguns recortes de original.
- Localizada paralelamente aos vencedores do Concurso Nacional de BD e Cartoon do AmadoraBD, encontra-se a exposição BDLP, que é dedicada ao fanzine luso-angolano do mesmo nome, uma selecção heterogénea de vários artistas portugueses, brasileiros e dos PALOP, incluindo Joana Afonso, Álvaro, Paulo Monteiro, Carlos Rocha e José Ruy, entre outros. Destaque também para arte do brasileiro Fábio Moon e do angolano Tché Gourgel.
- Voltando à zona central, a Kingpin tem duas exposições, na primeira divisória, à entrada, dedicada ao trabalho de Osvaldo Medina, incluindo pranchas de “Hawk”, “CAOS: Nova Ordem”, “A Fórmula da Felicidade” e “Mucha”, incluindo também elementos de referência e um ecrã a passar algum do trabalho de animação do artista. Na divisória seguinte, a exposição é dedicada ao personagem Super Pig, criado por Mário Freitas, com arte dos vários álbuns editados, dos artistas Carlos Pedro, André Pereira e Osvaldo Medina, incluindo não só arte em lápis e finalizada, como também sketches, layouts e argumentos em texto.
- Finalmente, o melhor ficou para o fim. A exposição dedicada ao álbum “Jim Curioso”, de Matthias Picard, é possivelmente a melhor e mais original do AmadoraBD, com um ambiente semelhante ao do Aquário Vasco da Gama, mostrando como é criado o universo a três dimensões da obra do artista francês, recentemente editada em língua portuguesa pela Polvo.
Boa reportagem.
ResponderEliminarPossivelmente a melhor que vi por aí na Internet. Excelentes fotografias.
Abraço
Fernando Campos
ResponderEliminarObrigado. :)
Tentamos apresentar o melhor possível o nosso trabalho.
Também gostei muito do resultado final.
:)