Jean Dufaux é definitivamente um dos melhores argumentistas europeus no mercado Franco-Belga.
É o argumentistas de Murena, Croisade, Rapaces, Sade: A Águia, Mademoiselle..., Hemingway, etc... ou seja, já "virou muito frango" nesta coisa da BD. Desde livros históricos, biografias e ficção, já fez de tudo (penso eu).
Surge como se fosse uma continuação do excelente Marca Amarela, mas... não é a mesma coisa.
Depois de ler este livro, e eu reli o Marca Amarela antes de ler este, penso que Dufaux deveria ter ido por outro lado. Podia pegar sim na recuperação do enorme vilão que é Olrik, mas sem vir ao legado de E.P Jacobs.
Atenção, eu não estou a dizer que o livro é mau, não é isso. Acho apenas que deveria ter outra abordagem, porque assim torna-se inevitável a comparação com a Marca Amarela, e aí este livro perde por KO.
Como ponto positivo gostei muito da nave alienígena, que veio dar aquele ambiente fantástico numa história de detectives, que eu gosto tanto. Mas o problema é que a Marca Amarela já tinha uma leitura intrincada, este abusa um pouco mais ainda. Ou seja, para mim já vai um pouco para lá do intrincado. Este para mim é o principal defeito deste livro... complicado demais.
A cena da multidão de Septimus é um pouco rebuscada. Dufaux poderia ter feito algo diferente na minha óptica. Tem algumas caixas de texto ainda maiores que as de E.P. Jacobs, o que nos tempos que correm é incompreensível! O problema é que elas são grandes, e o muito texto é muito complicado para não dizer rebuscado. De qualquer modo gostei do fim do livro, Olrik de volta, "controlado" e dá abertura a algo mais que espero que seja melhor que este "Onda Septimus".
Bem... parece que estou a dizer que o livro é mau... mas não. Apenas acho que podia ser bem melhor se Dufaux não se tivesse agarrado aos "Septimus", e tivesse aligeirado, ou aclarado, melhor algumas ideias do livro.
Quanto ao desenho de Antoine Aubin e Étienne Schréder nada a dizer. Cumprem perfeitamente com o registo gráfico da série, e até por vezes conseguem (sem os leitores darem conta) deixar o seu cunho pessoal em algumas vinhetas.
E sim, estes livros pós E.P. Jacobs têm uma coisa que dá um pouco de leveza e verosimilhança às histórias: a presença do sexo feminino!
:D
Boas leituras
Hardcover
Criado por: Jean Dufaux, Antoine Aubin e Étienne Schréder
Editado em 2013 pela ASA
Nota: 8 em 10
Já a vi nos escaparates mas ainda não a adquiri. Tenho de o fazer rápido, já percebi. ;-)
ResponderEliminarSAM
ResponderEliminarBem... eu estava à espera de outra coisa neste livro... lol
Não é um mau livro, aliás é um livro típico B&M, mas houve ali algumas cenas que me pareceram complicadas e rebuscadas demais.
:D
Tens razão, Nuno, quando falas da presença do sexo feminino. Nos livros do E.P.Jacobs as mulheres eram inexistentes ou figuras de de rodapé.
ResponderEliminarPor muito que se esforcem, os novos autores da série nunca conseguirão albuns como A Marca Amarela ou O Enigma da Atlântida.
À atenção dos senhores que escreveram este álbum: já não estamos nos anos 50. Ninguém (pelo menos nenhum argumentista que se prese) escreve assim em 2013. Diria mais: os argumentistas realmente bons já não escreviam assim nos anos 50. O texto das duas primeiras legendas será um copy/paste da descrição das vinhetas que vinha no guião?
ResponderEliminarCom franqueza... -_-
*que se preze.
ResponderEliminarPedro Gomes
ResponderEliminarO que eu gostava mesmo é que fizessem mesmo um novo retake da série mas mais moderno, e não ficando preso à linha directora de Jacobs. Já não há paciência para tanto texto que mal cabe numa vinheta...
;)
Mário Freitas
ResponderEliminarÉ complicado... não sei se são obrigados a escrever como Jacobs, ou se apenas querem que seja assim para manter o legado.
De qualquer modo posso-te dizer que essas duas páginas até têm pouco texto... existem vinhetas que eu li perfeitamente na diagonal...
Como disse atrás, uma abordagem mais moderna era muito mais interessante que este make-up de há 6 décadas atrás, mas aí iam ferir o público alvo de morte... lol
Quando os fãs mais velhos da série morrerem, a série acaba também visto que não cria novos leitores. Está feita para agradar aos leitores saudosistas (que são muitos).
;)
Nuno, os leitores saudosistas que vão reler as coisas antigas, com todo o respeito. Acho que dares 8 a uma coisa com um nível paupérrimo destes de "escrita" é, no mínimo, generoso da tua parte. Isto parece escrito para crianças de 6 anos com dificuldades de compreensão e que têm ainda ligações cognitivas por preencher.
ResponderEliminarQuem gosta de apregoar a superioridade da BD franco-belga, devia ocultar estas pérolas. É que nem os piores comics dos piores argumentistas americanos têm "escrita" que se compare a esta... coisa.
Mário Freitas
ResponderEliminarA minha nota 8 quer dizer "livro a ler". Não imprescindível.
Dei 8 porque o desenho estava bom dentro do género, porque a história (embora complicada) não é má, e porque sei que os livros B&M da maneira como são concebidos estão à parte do resto. São estanques, porque já não há ninguém que faça livros naqueles moldes. Ao fim e ao cabo está dentro da "tradição B&M".
Acho que só quem já vibrou há muito tempo com esta série compreende o que estou a dizer. LOL
A nota 8 neste caso particular, é um 8 dentro dos livros da série, e não os comparando com aquilo que se faz neste momento no resto da BD. Se me perguntares "- E não estás cansado daquele esquema imutável?", eu respondo afirmativamente. Acho que já era tempo de redefinirem a série para moldes actuais, senão vai morrer conforme forem morrendo os fãs! Para criarem novo público terão de repensar a maneira de fazer estes livros.
:)
Mário Freitas
ResponderEliminar"...os leitores saudosistas que vão reler as coisas antigas, com todo o respeito."
Aqui tenho de te dizer que a editora está a seguir aquilo que lhe dá sucesso comercial nesta série! B&M vende brutalmente seguindo este figurino!
Penso que essa é a razão de não mudarem o esquema dos livros...
;)