segunda-feira, 19 de julho de 2021

Undertaker Vol.2: A Dança dos Abutres



"E Deus disse: aqueles que são suficientemente estúpidos para descer ao Inferno merecem aí permanecer para sempre."
- Carta de Jonas aos Californianos

Este é o segundo volume desta série escrita por  Xavier Dorison e desenhada por Ralph Meyer. A Ala dos Livros publicou esta A Dança dos Abutres no início do ano, e fecha este arco do Undertaker.

Podem ler a minha crítica ao primeiro volume clicando no link Undertaker Vol.1: O Devorador de Ouro

Achei este livro magistral na sua construção. É bom ler uma boa história, mas é excelente ler uma boa história com uma construção minuciosa do ambiente emocional, ambiente esse completamente ligado ao espaço que se vai apertando lentamente, quase claustrofóbico no meio dos desfiladeiros, para se abrir repentinamente nos ocres desérticos dos grandes espaços abertos.

A tensão entre os três protagonistas equilibra-se precariamente, bastando qualquer desequilíbrio para pôr à prova o pacto acordado de levar o corpo morto e malcheiroso de Cusco, até ao local acordado para o sepultar. Todos os três têm uma razão diferente para querer levar este trabalho até ao final com êxito.

A desconstrução emocional e física dos mineiros de Anoki City está excelente. Pessoas normais tornam-se autênticos animais na perseguição da caça. A violência, o calor, a sede, tudo contribui para os desumanizar na busca do ouro que acham que é deles por direito. O rasto de morte que o carro funerário leva agarrado na sua traseira é enorme, a cupidez insidia-se completamente naqueles mineiros.

Eu tinha dito na crítica ao primeiro volume que faltava na história "surpresa" no enredo. Pois bem, agora neste volume temos mais do que uma. O enredo dá algumas boas voltas, por vezes enreda-se para se desenredar, tem velocidade e cria no leitor uma sensação de antecipação de um grande final, que não desilude. 

Uma nota especial para Jed, o abutre. Que bem conseguida foi esta ligação aos abutres. Este personagem, que tinha anteriormente uma função apenas decorativa, e por vezes o confidente de desabafos, um pouco tipo comic relief do coveiro, transforma-se em coadjuvante repentinamente quando nada o fazia prever. Muito bom.

A arte de Ralph Meyer, em conjunto com as cores de Caroline Delabie, continua muito boa. Os seus planos evocam e dão vida ao faroeste, seja em que situação for: chuva, calor, dia, noite, deserto árido, desfiladeiro claustrofóbico... enfim, tudo e tudo. 
Mais, consegue oferecer-nos ainda uma cidade viva de pormenores, em que podemos pensar que era mesmo assim que se vivia numa cidade desterrada, e enterrada, no Oeste profundo.

Adorei esta história e estou mesmo à espera do anunciado 3º livro: O Monstro de Sutter Camp.

O Leituras de BD recomenda está série

Em baixo a nota de imprensa da Ala dos Livros



UNDERTAKER – tomo 2
A DANÇA DOS ABUTRES 

Argumento: Xavier Dorison 
Desenho: Ralph Meyer 
Cor: Caroline Delabie 


Jonas Crow, o cangalheiro, Rose, a governanta inglesa, e Lin, a criada chinesa, dirigem-se à mina de “Red Chance” para aí sepultar um antigo milionário que decidiu ser enterrado com o seu ouro. 

Têm, diante de si, três longos dias de viagem e cinquenta milhas percorridas na carroça fúnebre através dos abrasadores e poeirentos desfiladeiros do deserto. E, atrás de si, há toda uma multidão de mineiros exaltados que os persegue, apostados em não lhes facilitar a vida… 

Assinado por Delabie, Dorison e Mayer, «A Dança dos Abutres» é o segundo tomo da série UNDERTAKER e, tal como o primeiro, conta com um enredo trepidante, servido por um desenho soberbo. Esta série, difundida em 14 países entre os quais se inclui agora Portugal, obteve desde o início da sua publicação em França, em 2015, numerosos prémios e distinções. Salientam-seo Prix Saint Michel 2015 du Meilleur Dessin, o Prix Le Parisien 2015 de la Meilleur BD, o Prix 2015 des rédacteurs de scenario.com e ainda a distinção Album preferé des lecteurs de BD Gest 2015

Sobre os autores: 

Argumento: Xavier Dorison (1972) 
Xavier Dorison nasceu em 1972. Depois de três anos numa escola profissional, durante os quais lançou um Festival de BD, começou a escrever o argumento para o primeiro volume de Troisième Testament (Terceiro Testamento) série desenhada por Alex Alice e publicada pela Glénat. Foi um sucesso. 

Seguiu-se o trabalho com Mathieu Lauffray no primeiro volume da série Prophet (Les Humanoides Associés, 2000), e depois com Christophe Bec na série Sanctuaire (Les Humanoïdes Associés, 2001). 


Xavier Dorison estabeleceu, em muito pouco tempo, um estatuto firme no mundo da banda desenhada franco-belga, um estatuto confirmado com W.E.S.T. (Dargaud), que escreveu em parceria com Fabien Nury para um dos maiores nomes actuais do realismo, o desenhador Christian Rossi. Mas Dorison não se limitou ao universo da BD. 

Em 2006, foi lançado o filme Les Brigades du Tigre, uma adaptação da série de TV com o mesmo nome, que Dorison voltou a escrever em parceria com Nury. 

Em 2007, trabalhou uma vez mais com Mathieu Lauffray em Long John Silver, granjeando de novo um enorme sucesso. Em 2008, a Dargaud convidou Xavier Dorison para escrever o argumento do primeiro volume de XIII Mystery, uma sequela da famosa série XIII. O desenho foi confiado a Ralph Meyer, o que deu início a uma outra colaboração prolífica. Foi então que o par criou a épica história viking Asgard (Dargaud). 

E em 2014, com Thomas Allart, Dorison produziu H.S.E. (Dargaud; Europe Comics 2017), um enredo de suspense sobre a possível queda em espiral de uma sociedade ultraliberal. Trabalhador incansável, Dorison dedica-se simultaneamente a várias séries, para além de continuar a escrever argumentos para a TV e o cinema. 

Passando com facilidade do argumento para as séries já mencionadas, e ainda para Le Chant du Cygne (2014, Le Lombard), Red Skin (2014, Glénat) e o seu último e enorme sucesso Undertaker (Dargaud 2015, Europe Comics 2016), Dorison provou a sua habilidade para trabalhar em diferentes géneros, que vão do western ao drama histórico, sem nunca perder a força do argumento e a solidez estrutural que caracteriza o seu trabalho. Não é por isso de admirar que tenha sido chamado a continuar a série Thorgal (Le Lombard), um dos maiores ícones da BD franco-belga de todos os tempos. 

Desenho: Ralph Meyer (1971) 
Nascido em Paris em 1971, Ralph Meyer era muito novo quando começou a cultivar a sua aptidão e interesse pelo desenho e por histórias. Quando chegou a altura de decidir o que fazer da sua vida, pareceu-lhe natural escolher a banda desenhada. Enquanto insaciável jovem leitor, apreciava o humor de Gaston Lagaffe e as aventuras de Blake e Mortimer, bem como os problemas existenciais dos super-heróis vestidos a rigor e que povoam as edições mensais de Strange

A sua descoberta do trabalho de Giraud (também Moebius) durante a sua adolescência, terá mais tarde uma grande influência no seu próprio trabalho. Com 20 anos, deixou Paris e mudou-se para a Bélgica para seguir o curso de ilustração no Instituto Saint-Luc, em Liège. 


Após três anos e finalizado o curso, começou a apresentar-se a várias editoras com um número variado de projectos, mas sem sucesso. Em 1996, decidiu apresentar o seu trabalho ao escritor Philippe Tome. Este deu a Meyer, para trabalhar, um argumento particularmente sinistro. Um ano mais tarde, lançam o primeiro volume de «Berceuse Assassine», uma trilogia (1997, Dargaud; 2016, Europe Comics). 

Meyer fundou, entretanto, com alguns outros autores, a "Parfois j'ai dur" workshop. Foi aí que realizou Des Lendemains sans Nuages, (Le Lombard; Cinebook,) série que co-ilustrou com Bruno Gazzotti, sob argumento de Fabien Vehlmann. A seguir, ainda com Vehlmann, iniciou a série de ficção Científica I.A.N (Dargaud; Cinebook), a qual relata as aventuras de um ser de inteligência artificial, completado com pele e nervos humanos. 


Em 2008, com Xavier Dorison lançou o primeiro volume da série XIII-Mystery, uma colecção da Dargaud pela qual recebeu, em Bruxelas, o Prémio St. Michel. O ano de 2010 pareceu representar para Meyer uma reviravolta gráfica, ao efectuar Page Noire, com argumento de Denis Lapière e Frank Giroud. Em 2012, ele e Xavier Dorison voltaram a trabalhar juntos nas paisagens nórdicas do díptico Asgard, seguindo-se posteriormente a terceira colaboração na série Undertaker, a qual continua a conhecer junto dos leitores de vários países um crescente sucesso. 

Cor: Caroline Delabie 
Curiosa por natureza, Caroline Delabie começou, desde tenra idade, a “meter o nariz” na imensa colecção de BD dos pais. É aí que descobre Gaston Lagaffe, Obélix, o Capitão Haddock e Thorgal. Estes, ensinam-na a ler. 

 E em breve muitos outros moradores da biblioteca se juntam a eles, acompanhando Caroline durante a infância. Na adolescência, conhece Jojo (que depressa se tornou o seu melhor amigo), Violette, Brousaille, Gil Jourdan, Julien Boisvert, Pélisse… Aquando do seu último ano de Arquitectura de Interiores, na Escola de Saint Luc, em Liège, e graças a Jean-Claude Hubert, um amigo ilustrador, Caroline conhece Ralph Meyer. 

 Ralph apresentou-lhe Joe e Martha Telenko, os personagens de Berceuse Assassine. Passa na sua companhia alguns serões agradáveis mas prefere, de longe, a companhia de Ralph. E decidem partilhar a maior parte dos seus serões, a ler. 

Terminados os estudos, Caroline dedicou-se à profissão de Arquitecta Decoradora independente, embora a sua curiosidade tenha sido espicaçada pela coloração de BD, já que esse trabalho parece ligar o mundo das cores, que a cativa desde que iniciou os seus estudos, à sua paixão pela BD. Ralph aceita ensinar-lhe os seus segredos. 

Assim, e durante vários anos, Caroline Delabie assume, em paralelo, a profissão de Arquitecta Decoradora e a de Colorista (I.A.N., XIII Mystery, Seuls, Asgard, Page Noire, Undertaker). Até que, por fim, decide tornar-se apenas colorista. Todavia, em 2014, esta curiosa insaciável completa a formação, em seu entender muito curta, de Guia da Natureza. 

56 páginas. Cor. 
Cartonado. 235 x 310 mm 
Fevereiro de 2021. 
Ala dos Livros PVP: 16,65 € 
ISBN: 978-989-54726-7-3






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