Foi publicado em português numa edição de luxo no final de 2021, a editora que publicou a obra foi a G.Floy.
Pelo que vi temos em mão uma edição melhor que a original da Image, isto porque essa editora norte-americana publicou a história de Jeff Lemire em três volumes mais pequenos e de capa mole.
Como referi atrás, a história é de Jeff Lemire, que tem sido um autor publicado em Portugal pela G.Floy, com excelentes títulos como Descender ou Gideon Falls; o desenho é de Phil Hester (Swamp Thing e Green Arrow) e Eric Gapstur (JLA) e as cores por Ryan Cody.
Não percebo a classificação de "Horror Comics" para este livro, li este rótulo mais que uma vez, e sinceramente está longe disso, é basicamente fantasia com bastante acção. Quando muito um Grim & Gritty!
Não basta meter sangue, uns membros decepados e pessoas simplesmente a transformarem-se em árvores para ser terror, ou horror. Tem de atingir a psique do leitor com muita força a ideia de horror do que se quer transmitir. A ideia da transformação em árvore até poderia ter sido boa para um livro de horror/terror, mas...
Claramente isso não acontece em Family Tree....
Vou dar primeiro a minha opinião sobre a parte artística. Não é o meu género preferido, mas num grim & gritty fica sempre a matar. Não há traços a mais, não há traços a menos! Parece um desenho simples mas fiquemos pelo parecer, porque aquela arte é tudo menos simples. Super consistente do principio ao fim, as personagens claramente diferentes uma das outras e perfeitamente identificáveis em todas as vinhetas.
As sequências gráficas estão perfeitas, a acção fácil de seguir, mas quando é necessário parar para um momento mais forte, esse momento é feito de maneira a imprimir força à imagem. A cor está perfeita para o ambiente que se pretende, tudo muito na banda das sombras, muitos castanhos, e em contraponto a restante palete de cores é suave para contrastar com a "escuridão" de muitas páginas. Um excelente trabalho gráfico.
A história deixei-a para o fim porque tenho sentimentos contraditórios em relação à sua construção e narrativa.
Por um lado gostei de ler o livro, um foco enorme no amor de mãe, sacrifícios familiares, dor emocional, defesa da família. Ou seja, emocionalmente funciona bem muito bem na minha opinião. A mãe é uma personagem muito forte, já o filho é um pouco o cliché do rebelde porque nãotenhopaieagorofumodrogasnasescolaeportomal para depois se transformar numa pessoa fiável e protectora da família. Ok, cliché mas dá para fechar os olhos.
Agora... ok, é ficção. Ponto. Mas apesar disso tem de haver alguma coerência. Há pessoas que se transformam em árvores, mas nunca conseguiram que uma dessas pessoas árvores criasse raízes, com excepção para a protagonista do livro, a Meg? Existe uma organização que pelas idades das personagens envolvidas tem há volta de 50 anos. São os "maus". E desde essa altura que eles exterminam as pessoas-árvores. Sendo certo que se essas entidades árvores colocarem raízes transformam os Humanos em árvores através de esporos na atmosfera. Então, só existem essas entidades árvore desde o pai da antagonista maior, que era um homem-árvore também, porquê?
E os membros de essa organização armada aparecem como? Alguém no livro perguntou e eles respondem que é um "chamamento"?? Áhhh porra... muito ruim, tipo, It's a kind of magic?
Então e a mãe e o irmão, o Josh? Porque não se transformaram? E aquela que vai ser a mulher do Josh, mais o pai dela também não se transformaram em árvore porquê?
São "porquês" demais numa história, para que esta dentro do seu ambiente ficcional se mantivesse coerente! Estou mal habituado pelo Jeff lemire, é o que é :D
O final é forte nesta obra de revolta ecológica, que apesar deste meus rants gostei de ler o livro, os painéis saltam ávidos de leitura, e o leitor tem pressa de voltar a página. Isso provoca uma boa sensação ao leitor. Aconselho depois uma segunda leitura para perceberem os meus rants.
Fiquem com a sinopse:
Quando a pequena Meg começa a transformar-se numa árvore, a sua mãe solteira, o irmão problemático e o avô supostamente louco embarcam numa bizarra e comovente viagem pela américa, numa busca desesperada por uma forma de travar a transformação antes que ela perca de vez a sua humanidade.
Entretanto, os heróis são perseguidos por seitas sinistras e mercenários mortíferos que querem usar a transformação de Meg para os seus objetivos malignos. Quando, durante a luta, se descobre que não é apenas a menina que está deformada, mas possivelmente o mundo inteiro, os laços aparentemente fortes desta família são submetidos à sua maior prova…
Boas leituras
Paraste com o blog? Já o lia à bastantes anos. Continuação
ResponderEliminarOlá Paulo, eu tinha recomeçado com o blogue, e de repente houve alguém que me lembrou porque é que eu me tinha afastado, e então disse uma asneira e parei. Mas vou recomeçar em Julho
ResponderEliminar