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Kaiju nº8 é um dos últimos sucessos do género shounen dentro do Manga.
O autor é Naoya Matsumoto, e a run original foi publicada pela Shueisha na sua revista Shounen Jump+ em Julho de 2020 . Esta editora começou a compilar os capítulos que saiam na revista em volumes tankōbon no final desse ano. A publicação em Língua Inglesa ficou a cargo da Viz Media, sendo que este volume que tenho na mão saiu em Dezembro do ano passado.
Em Março deste ano existiam 6,7 milhões de cópias dos sete volumes já publicados no Japão, dois em Inglês e quatro em francês (principais mercados). Daí eu dizer que é um dos últimos grandes sucessos Manga a ser publicado no ocidente. Em França vendeu na primeira semana mais de 20 mil cópias, sendo a melhor estreia de vendas de sempre de um Manga neste país.
Posta esta apresentação podemos falar um pouco do autor, Naoya Matsumoto, que de facto não tem mais nenhum trabalho de monta, sendo este sucesso o seu primeiro. Falarei da história mais à frente, agora podemos falar do seu desenho.
No geral é bastante bom, tem excelentes momentos, mas por vezes cai no vulgar, daí eu ficar pelo bastante bom. Tem de ganhar um pouco mais de consistência, e se vamos falar de monstros temos de ter um pouco mais de detalhe neles, que por vezes falta. Mas na generalidade é uma arte bonita com algumas texturas bastante interessantes.
As sequências mais dinâmicas são muito boas, com algumas spread pages espectaculares, os movimentos são fáceis de ler, tornando as cenas de acção mais limpas que em algumas séries, em que é impossível de "acompanhar" os movimentos. Outra coisa boa, as personagens (até agora) são fáceis de identificar graficamente, sendo bastante diferentes umas das outras. Adorei as primeiras páginas coloridas, o kaiju está muito bom, acho que aqueles cores ficam a "matar" naquele bicho grande :D.
Quanto à narrativa. Acho que começou muito bem! Foi original na estrutura shounen, mesmo muito interessante. Esta estrutura é uma receita já muito batida que assenta muito nos grandes sucessos como por exemplo Naruto (que já se tinha baseado em Dragon Ball), em que temos o jovem herói, normalmente muito valente e voluntarioso e com uma maneira de ser diferente dos restantes (Son Goku e Naruto), temos a amiga (Bulma e Sakura), e o amigo normalmente mais introspectivo que faz o contrabalanço do herói (Vegeta e Sasuke). Depois destes vem o regimento dos coadjuvantes que são responsáveis pelas transições, momentos de humor e consistência na narrativa, ocupando os espaços vazios (Kuririn, Yamcha, Piccolo, etc, e Neji, Rock Lee, Choji, etc). São histórias cheias de acção, muitas batalhas, algum humor e com forte camaradagem entre as personagens "do bem".
Matsumoto foi original porque escolheu um protagonista "velho" de 32 anos, um fracassado na "cena heróica" e com um emprego do mais nojento que se poderia ter. Kafka Hibino, o protagonista limpa a esterqueira que fica depois da tropa de elite eliminar um monstro. Eles são enormes e alguém tem de limpar toda aquela carne, órgãos vários (intestinos em evidência)... e Kafka faz parte de uma empresa de limpeza de Kaijus mortos. Contrariando o esquema shounen, para além de "velho", ficamos a saber que ele é um desistente (tentou entrar para a tropa de elite devido a uma promessa, e desistiu). Os primeiros capítulos falam disto mesmo, dessa vida de fracasso e dos sonhos abandonados de pertencer à Defence Force, e em vez disso trabalhar na Monster Sweep Inc.
Daí eu achar que é um take diferente neste género de Manga.
É-lhe apresentado nesta altura um jovem, Reno, que vai trabalhar para a empresa dele, e que está lá para perceber melhor a anatomia dos monstros, visto que que vai candidatar à Defence Force para os combater. Este jovem não compreende como Kafka pode desistir do seu sonho...
Não vou spoilar muito por aqui, mas isto pode dizer-se porque está implícito no título, depois de um ataque de um kaiju, Kafka e Reno vão parar ao hospital. Aqui Kafka vira bicho (kaiju) devido a um episódio que eu não conto. E sim, ele vai concorrer à Defense Force, apesar de ser um zero à esquerda...
É aqui que a história perde um pouco a originalidade dentro do shounen, visto que daqui até ao fim será acção sobre acção, típico deste género. Não falei disso, mas aos poucos a personalidade de Kafka vai sendo construída, e descoberta pelo leitor, através de back stories que por norma são uma ferramenta que os japoneses gostam de usar, e fazem-no bem por norma.
Quero ler os dois próximos para fazer um juízo mais perfeito da série, pois tem muito potencial, e no hospital houve algo que foi dito que acho que vai dar um bom twist à série no futuro. É um bom primeiro livro dentro do género.
A ver vamos se me prende definitivamente, porque para eu ficar preso a uma narrativa especificamente escrita para jovens, é preciso ter algo de especial (ou no mínimo eu gostar muito só porque sim... :D )
Para o mês faço o segundo volume.
Boas leituras
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