quinta-feira, 27 de outubro de 2011
o pEQUENO dEUS cEGO
o pEQUENO dEUS cEGO é a mais recente edição da Kingpin, e apresenta mais uma estória plena de alegorias e significados imersos numa narrativa aparentemente simples de David Soares. Digo aparentemente porque se quisermos “ler” mais fundo torna-se uma leitura bastante mais densa, e que obriga a pensar sobre o que o autor nos quer transmitir com frases simples, mas plenas de significado.
David Soares gosta de “obrigar” os leitores a ler um pouco mais fundo, mas se fizermos uma leitura simples deste livro, continua a ser uma boa estória! E isto é de louvar, tanto dá para leitores mais exigentes, como para uma leitura mais superficial e leve. Acho que toda a gente ficará satisfeita. E não vou mentir a dizer que percebi toda a simbologia apresentada, porque seria mentira. A minha cultura não é assim tão vasta, percebi algumas alegorias, outras senti que estavam lá mas faltou-me qualquer coisa para as perceber por inteiro. Mas isso não me tirou o prazer desta leitura, apenas me fez tentar pensar mais um pouco do que é costume! Não gosto de me fazer daquilo que não sou, e seria fácil para mim usar aqui alguns chavões que aparecem repetidos no mundo da informação online (que até parecem bem) sobre este livro, mas ninguém diz exactamente o que achou do livro, pelo menos que eu tenha visto.
O que eu acho... é um excelente ensaio sobre a cegueira de quem tem olhos, e em antítese, a inteligência e coragem de quem não precisa deles para “ver”, apreender e entender emocionalmente o mundo que o rodeia. Não há dúvida de que quem consegue isto se aproxima de um dEUS. Pronto, também temos algumas entradas mais filosóficas muito bem encadeadas em toda a narrativa, excepto no caso do dragão. Aqui achei o monólogo deste muito extenso, partindo um pouco a vivacidade com que vinha a narrativa.
Pedro Serpa surpreendeu-me! Não conhecia o seu trabalho, mas este livro mostrou um traço simples e muito eficiente. Em muitas páginas foi muito forte na transmissão artística da narrativa de David Soares, noutras nem tanto. No geral gostei muito do trabalho dele, e penso que é um autor com larga margem de progressão. Não foi completamente homogéneo durante todo o livro, mas tem lá grandes páginas plenas de força! Aquele dragão em cima das caveiras está brutalíssimo!
A estória é contada num ambiente asiático com “uma” protagonista que acaba por ter vários nomes durante a narrativa, como Sem-Olhos, Caganita, Papa-Moscas… Esta pequena criança irá ser iniciada num rito inominável pela mãe, mas será que isso é o mais horrível da ainda curta vida de Sem-Olhos? Por certo que não… e quem ler esta obra vai ainda conhecer algo ainda mais horrendo. Mas o conhecimento traz coragem e “esta pequena”, acompanhada pelo seu amigo Panda (grande achado), e por um ancião que lhe traz luz e lhe abre o espírito, vai à procura da verdade! Uma obra sangrenta, mas comovente!
Bom livro! Estão todos de parabéns pelo resultado obtido, os autores e a editora!
Aliás, cada um no seu género, este Amadora BD está recheado de bons lançamentos, tivemos já Mahou: Na Origem da Magia, e a seguir iremos ter Dog Mendonça e PizzaBoy: Apocalipse! E não esquecer o novo livro de Ricardo Cabral, "Pontas Soltas - Cidades".
A BD portuguesa está viva e recomenda-se!
Boas leituras, bom festival… e comprem um livro no Amadora BD!
TPB
Criado por: David Soares e Pedro Serpa
Editado em 2011 pela Kingpin Books
Nota: 8 em 10
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Concordo com a maior parte do teu comentário. O discurso do dragão não me convenceu por aí além. Achei interessante a relação da criança e da mãe. A história da castração também me cativou.
ResponderEliminarDo Pedro Serpa gostei de quase tudo, os desenhos são quase todos muito bem conseguidos e têm uma energia e uma forma muito consistente que gostei. Só não gostei daquele panda. Berk! Mas recomendo a leitura deste livro.
Abraço
Meninos sem olhos?! Castrações... Um Jodorowsky português!
ResponderEliminarCreio que esta BD poderia ser um desses 'tebeos' poéticos e mitológicos pelos que eu desvairo em meu blog.
X
ResponderEliminarEu gostei do Panda! Fez-me lembrar algumas pessoas!
:D
Ismael
Acho que esta obra assenta nos teus gostos pessoais que nem uma luva!
:D
Cada vez estoy más interesado. Sería una maravilla si sacan una edición en castellano.
ResponderEliminarArion
ResponderEliminarPropõe isso à Kinpin Books! Nunca se sabe se estariam interessados numa versão em castelhano!
:)
tá vendo que é legaw o meu modo de ascrever!
ResponderEliminarMagdiel
ResponderEliminarehehehehheh
Só título do livro é que está escrito assim!
O resto não...
:D