Luís Sanches tem aqui a segunda participação na rubrica "A Palavra dos Outros". Depois do Manhua (Banda Desenhada chinesa) Feng Shen Ji, agora é a vez dos comics: Earth 2
Fiquem então com o Luís Sanches:
Antes de mais quero começar por dizer que sempre fui um leitor Marvel. Sempre li muita coisa que adorei da DC, mas a minha droga mensal predominantemente vinha da casa das ideias. Quando era miúdo, X-men, Superaventuras Marvel, Heróis da TV, Conan, e até o Aranha (colecção do meu irmão) eram tão importantes para mim como alguns membros da família. É claro que também tinha contacto com a DC, mas agora que olho para trás, reparo que se resumia principalmente a mini-séries, e eventos especiais que eu gostava bastante, mas que não me levavam a seguir os personagens mensalmente. A única excepção foi a brilhante Liga da Justiça de Keith Giffen, a única BD (juntamente com a colecção do Conan) que sobreviveu aos tempos em que vendia BD sempre que precisava de dinheiro na adolescência.
A razão desta introdução é para perceberem que comecei a ler Earth 2 sem saber nada ou quase nada dos seus personagens, e que portanto, alterações aos personagens que possam ter ofendido antigos leitores, a mim nem sequer me ocorreram.
Earth 2 – New 52
Este mundo não é aquele que conhecemos. Super-Homem, Batman, e a Mulher Maravilha caíram a impedir uma invasão de Apokolips. Alguns continentes foram devastados e o futuro é mais incerto do que alguma vez foi. E agora?
A premissa é mais ou menos esta. A mim, agarrou-me.
Para começar vou falar da arte. Espectacular. Das raras vezes que pego em revistas de super-heróis é isto que espero. Arte cheia de pormenor mas ao mesmo tempo extremamente expansiva. Nicolla Scott, na minha opinião, fez também um trabalho excelente no que toca a modernizar o aspecto dos personagens. Jay Garrick tem um novo design que na minha opinião está muito bom. A arte é de qualidade extremamente alta e consistente e conseguiu-me fazer nunca largar a história que estava a seguir. Quero só também referir o layout das páginas. Quantas vezes neste tipo de BD vemos o artista, por muito bom que seja, a enfiar tanta coisa numa página que não sabemos para onde olhar primeiro, ou que nos tira o contacto com o que se está a passar. Pois bem, com Nicolla Scott isso não acontece. Esta série está cheia de potenciais posters ou walpapers para o desktop mas o sentido de design do artista trás ordem a tudo e nunca nos deixa a vaguear pela página. Como disse, é isto que espero de uma revista de super-heróis bem feita.
Em relação à história, e aqui é que parecem estar os problemas para os leitores mais antigos, até agora estou a gostar bastante. Sim, Alan Scott é gay, mas pensei que fosse algo focado nos livros, visto ter lido tanta revolta sobre isso. No entanto, essa parte da história é quase, aliás, é menos do que uma nota de rodapé. Dos vinte e poucos números que li, isso nunca é algo focado ou sequer importante para a história. Pelo contrário, o que é focado é um tipo de Lanterna Verde que eu não conhecia e que adorei. Uma força da natureza que depende do planeta para sobreviver e que tem um sentido de vingança enorme. Adorei mesmo.
Jay Garrick foi o outro personagem que me agarrou a esta revista desde o principio. Tem um idealismo e uma forma de estar que é raro ver-se no mundo de hoje. Faz o bem porque, bem, porque é o que é suposto fazer-se. Não percebe sequer que possa ter outro tipo de comportamento. Um benfeitor algo ingénuo, mas não iludido, que nos ganha com essa simplificação de tomada de decisões. James Robinson conseguiu pegar numa característica que quase sempre dá uma dimensionalidade óbvia ao personagem e tornou-a em algo que a fortalece em termos de interesse perante todas as outras que a rodeiam.
A série tem um ou dois pontos fracos, mas irrelevantes e sem peso nenhum quando comparados com os pontos fortes. A DC agarrou-me com o que se está a passar na Earth 2. É algo a não perder sem duvida. Não sei se o resto dos Novos 52 estão com esta qualidade, mas se estiverem, a Marvel tem de melhorar o que anda a fazer e depressa.
Texto: Luís Sanches
O Luís Sanches também possui um blogue onde coloca os seus desenhos e pinturas. Façam uma visita para o conhecerem melhor!
A Tartaruga Celeste
Boas leituras
Terra 2 nessa fase do Robinson é uma beleza, pena que o autor não continuou o tempo que merecia ficar e as edições não tinham mais páginas. Essa desenhista me dá o mesmo prazer de ler a edição, como tinha quando era miúdo e lia os Titãs de George Perez, algo raro. O Lanterna Verde desse universo é um dos melhores de qualquer publicação, assim como o Flash 2, a Moça Gavião e diversos outros personagens que são reapresentados e modernizados para um novo século (menção honrosa para o design do novo Senhor Destino, sensacional) Parabéns pela resenha.
ResponderEliminarSim, não me alonguei mais com os personagens porque o texto já ia grande, mas também adorei o Doutor Destino. Mesmo o alter ego está bem conseguido. (spoiler) Para mim o ponto mais fraco é o novo Batman. Até o bom Super Homem que aparece mais para os numeros 20 acho muito bem conseguido. A sério, até agora achei espectacular. O unico problema é ser tão recente. Bd assim gosto de ler aos 100 de uma vez :)
ResponderEliminarPS - Quero agradecer ao Nuno mais uma oportunidade para deixar aqui um texto meu.
Grande? Ná, eu escrevo quase o dobro disto. Não tenhas medo de dar informação.
ResponderEliminarAo contrário de ti, eu cheguei a Earth 2 com algumas pré-concebidas. Não tenho apego emocional ao All-Star Squadron, por exemplo, mas sempre gostei das várias fases da JSA moderna de James Robinson, onde ele sempre fazia um bom equilíbrio entre os elementos mais 'inocentes' da Sociedade da Justiça original e as histórias mais hardcore dos novos membros. Penso que o interesse dele no Black Adam e na Kobra (vilão criado por Kirby) contribuiu para essa veia mais realista.
Mas nada disso sobrevive em Earth 2. Nem a experiência dos membros originais, nem as personalidades dos novos recrutas. Parece que algumas pessoas foram modificadas só para serem diferentes (um egípcio como Senhor Destino, a completa inversão de personalidade do Flash, um Jimmy Olsen hacker com poderes e um Dick Grayson civil).
Não desgosto da ideia dos personagens do Quarto Mundo serem os némesis principais (ainda que tenha ficado mais intrigado com o novo Wotan - também suponho que não vale a pena ressuscitar o Per Degaton se o Terry Sloane aqui é um psicopata convencido), mas parece que acontece mais por falta de espaço para eles na Terra principal. O Senhor Milagre, por exemplo, está muito sub-aproveitado (ainda tive esperança que fosse ele, e não Thomas Wayne, o novo Batman).
Não me importo nada com estas linhas alternativas desde que tenham boas histórias e não virem completamente ao contrário a personalidade dos heróis... não me importo que os transformem mas não gosto quando os desvirtuam.
ResponderEliminarNão li nada de Earth2, já está na minha wishlist há muito tempo, mas não graveto para adquiri. Tenho curiosidade (bastante) porque li críticas muito boas a esta linha da DC
;)
Olá Paulo Costa (desculpa demorar tanto tempo a responder),
ResponderEliminarPois, o que me pareceu logo de inicio (e posso estar errado) é que eles estavam a pegar em pouquissimas coisas da antiga JSA. Acho que por um lado isso acabou. A JSA com a personalidade demarcada acho que acabou. Pelo menos a personalidade que tinha.
Pareceu-me que o que eles estão a tentar fazer com a Earth 2 é terem ali um sitio para brincar com muitas ideias à volta dos personagens mais famosos da DC (os da 'nossa' realidade) mas que nunca poderiam fazer nos titulos originais. Ou seja, arranjaram aqui o seu universo Ultimate como a Marvel, e a antiga JSA parece-me estar só a emprestar o nome.
Em relação a personagens que gosto menos, Batman e Hawkgirl (mas isto sou eu que tenho problemas com herois que tenham asas ou atirem flechas e andem ao lado de deuses como o super homem. O batman original é o unico que escapa).
O batman da Earth 2 parece-me estar lá só para haver um batman, e ainda por cima mais sombrio, mas que de batman só tem o nome. A Hawkgirl, não traz nada de especial à história. Parece-me que aqui estão apenas a manterem a personagem por causa dos fans.
Outra coisa que se nota é estarem a tentar ser mais modernos com a inclusão de outras etnias (o tal Dtr Destino egipcio, por exemplo).
Ah, e gostei bastante do novo Super Homem. A nova Lois aka Red Tornado é uma ideia ridicula (na minha opinião).
Mas como disse, é capaz de existir (E não é pouco) desvirtuamento dos personagens, mas quem entra ali sem saber ao que vai, a história está muito fixe. Há vários momentos mesmo bons ao longo da série.
Já que falamos em desvirtuamento de personagens, pá, o meu aranha favorito é o de 2099. O personagem tem um potencial enorme. Estive a ler a nova série e não desvirtuaram o personagem mas tornaram-no desinteressante. O que é pior? O que mata mais rápidamente um personagem? Não tenho a resposta mas fiquei a pensar nisso.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBom artigo.Para mim a linha ultimate dc é a Earth 1,quanto ao Aranha 2099 só li as participaçoes deste no Aranha Superior que deu origem ao novo titulo mensal já cancelado e Substituido por Secret Wars Avengers 2099.
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